Sempre que se faz uma adaptação de um livro ou HQ para cinema há quem diga que o material original era melhor. Que a forma escrita tem mais possibilidades de descrever os estados de alma dos personagens ou clarificar partes da trama que a tela do cinema não consegue. Quando o material original é uma HQ, a transcrição fica teoricamente mais fácil, pois o suporte original já é visual, quase um storyboard pronto para ser filmado. Ainda assim, quando se trata de uma graphic novel extensa e profunda como "Watchmen" (escrita por Alan Moore e desenhada por David Gibbons) , a contraparte cinematográfica pode sair prejudicada. O debate tem sua razão de ser, embora não seja muito útil. Livro é livro e filme é filme. O melhor, talvez, seja se aproximar da forma cinematográfica sem ter conhecimento do material original. Foi meu caso em Watchmen. Sem ter lido os quadrinhos, pude ver o filme sem preconceitos e de um ponto de vista puramente cinematográfico. O resultado foi um filme extremamente bem feito, profundo e até perturbador. Uma história de super-heróis de adultos para adultos, com quase três horas de duração, o que pode explicar a recepção morna nas bilheterias. sábado, 28 de março de 2009
Watchmen
Sempre que se faz uma adaptação de um livro ou HQ para cinema há quem diga que o material original era melhor. Que a forma escrita tem mais possibilidades de descrever os estados de alma dos personagens ou clarificar partes da trama que a tela do cinema não consegue. Quando o material original é uma HQ, a transcrição fica teoricamente mais fácil, pois o suporte original já é visual, quase um storyboard pronto para ser filmado. Ainda assim, quando se trata de uma graphic novel extensa e profunda como "Watchmen" (escrita por Alan Moore e desenhada por David Gibbons) , a contraparte cinematográfica pode sair prejudicada. O debate tem sua razão de ser, embora não seja muito útil. Livro é livro e filme é filme. O melhor, talvez, seja se aproximar da forma cinematográfica sem ter conhecimento do material original. Foi meu caso em Watchmen. Sem ter lido os quadrinhos, pude ver o filme sem preconceitos e de um ponto de vista puramente cinematográfico. O resultado foi um filme extremamente bem feito, profundo e até perturbador. Uma história de super-heróis de adultos para adultos, com quase três horas de duração, o que pode explicar a recepção morna nas bilheterias. domingo, 22 de março de 2009
Madame Butterfly
Hoje pude conferir a exibição digital de Madame Butterfly no cinema. O evento é parte de uma nova tendência mundial, o uso das salas de cinema para exibir não apenas filmes "tradicionais", mas também shows musicais e óperas. Organizado no Brasil pela Moviemobz, uma série de óperas da Metropolitan Opera de Nora York será exibida em formato digital de alta definição. Nos Estados Unidos, estas projeções são transmitidas ao vivo e em alta definição de Nova Yorke para vários cinemas país afora. Em Campinas, os cines Topázio e Box Cinemas fazem parte do grupo que exibe as óperas do Metropolitan. Resta saber se a idéia vai vingar. Assisti à ópera no Box Cinemas, no Campinas Shopping, conhecido por ser um shopping "popular" e longe do centro da cidade. Um total de 17 pessoas (dos 120 lugares da sala) assistiu à projeção, na maioria pessoas da terceira idade, descendentes de japonês (sem dúvida pelo tema da ópera) ou então ligados ao mundo da música.veja Patricia Racette cantando uma ária de Madame Butterfly
Gran Torino
Walt Kowalski é o típico americano tradicional. Veterano de guerra, durão, racista e incompreendido pelos filhos, ele vive sozinho em uma casa de Detroit. A esposa morreu recentemente e ele passa o dia sentado na varanda, tomando cerveja, "conversando" com o cachorro e reclamando da decadência da vizinhança. Ex-funcionário da Ford, ele guarda na garagem uma relíquia, um carro Gran Torino, 1972, que ele mesmo montou nos seus dias de linha de montagem. Na casa vizinha mora uma família de asiáticos do povo Hmong (originalmente da região do Laos e Vietnam). Eles também são tradicionais à sua maneira, e o filho mais novo, Thao (Ben Vang), está tendo problemas com uma gangue. Eles querem que ele se "inicie" no grupo roubando o Gran Torino de Kowalski. Thao falha na tarefa e ainda é quase morto por Kowalski que, armado de um rifle, embosca o rapaz dentro da garagem. Para se redimir do crime de Thao, a família Hmong oferece seus serviços para Kowalski, e uma relação que mistura repulsa e amizade se inicia.O filme é dirigido e interpretado por Clint Eastwood, que já se tornou uma lenda viva. Há boatos de que este seja seu último filme como ator, o que seria uma pena. Clint faz de Kowalski uma caricatura de sua personagem cinematográfica mais conhecida, o policial durão "Dirty Harry". Mas Eastwood é muito mais esperto e "antenado"; os tempos mudaram, acabou a era Bush e é hora de se abrir para o mundo e aceitar suas diferenças. O modo como o velho Kowalski se aproxima lentamente da família de asiáticos é engraçado e tocante. Também é interessante o "assédio" que ele recebe do jovem padre da paróquia local, que havia prometido à esposa de Kowalski que o faria se confessar. Kowalski chama o rapaz de "um virgem de 27 anos educado demais e que não entende nada da vida e da morte". Veterano da Guerra da Coréia, Kowalski viu a morte de frente tanto nos companheiros que perdeu quanto nos jovens que teve que matar. "O pior não é o que você foi obrigado a fazer", diz ele ao padre, "mas o que você fez mesmo não sendo obrigado".
Trabalhando com atores em sua maioria amadores, Eastwood faz um filme de baixo orçamento e que se passa quase todo em apenas algumas ruas. Quase todos os americanos se mudaram da vizinhança de Kowalski e a região está tomada por imigrantes asiáticos ou comunidades negras. Ele salva a irmã de Thao, Sue (Ahney Her, muito bem no filme), de um grupo que quer atacá-la, em uma cena em que Eastwood, novamente, parodia "Dirty Harry", usando a mão como quem carrega uma Magnum 44. O filme se equilibra entre a comédia leve e o drama sério. Mais para o final as coisas vão ficando mais pesadas e o filme corre o risco de desabar, mas Eastwood leva o roteiro com firmeza até um final que, se não é muito verossímil, ao menos faz justiça ao personagem.
Trailer (atenção, o trailer revela muitas cenas do filme)
domingo, 8 de março de 2009
Quem quer ser um milionário?
O filme é sem dúvida um fenômeno. Feito na Índia, com dinheiro inglês e indiano, sem nenhum astro internacional e contando uma história simples e previsível, "Quem quer ser um Milionário?" venceu praticamente todos os prêmios de cinema a que concorreu. No último dia 22 de fevereiro, levou para casa oito Oscars, inclusive os de Melhor Filme, Diretor e Roteiro Adaptado. É a consagração, no Ocidente, do cinema indiano, também chamado de "Bollywood", de onde sai a maior produção mundial de filmes. Para os brasileiros, o filme tem uma curiosidade: seu estilo de fotografia e edição é praticamente uma cópia do consagrado "Cidade de Deus", de Fernando Meirelles. Há até uma cena de perseguição por entre as ruelas de uma favela em Mumbai que conta com a "marca registrada" de Cidade de Deus, uma galinha correndo. Muldialmente aceito pelo público e mesmo por grande parte da crítica, o filme é acusado por alguns de ser uma exploração da pobreza da Índia, um filme feito "para inglês ver", espetacularizando a miséria do país.