terça-feira, 30 de julho de 2013

Tese sobre um Homicídio

"Filme argentino com Ricardo Darín" já se tornou praticamente um chavão. O competente ator de 56 anos é figura quase obrigatória no cinema de nossos vizinhos (ou, talvez, só venham para cá os filmes em que ele interpreta?). O caso é que só neste site, nos últimos anos, resenhamos "Elefante Branco", "O Segredo dos seus Olhos", "Abutres", "Um Conto Chinês", "Amorosa Soledad", "A Dançarina e o Ladrão" e "O Filho da Noiva".

Darín está de volta com o mesmo visual e praticamente o mesmo personagem que fez em "O Segredo dos seus Olhos", ou seja, um advogado que se envolve com a investigação de um crime brutal cometido contra uma moça. Ele é Roberto Bermudez, um professor de Direito Criminal que testemunha, junto com sua sala de pós-graduação, a cena de um crime: em pleno estacionamento da imponente Faculdade de Direito de Buenos Aires é encontrado o corpo de Valeria Di Natale, uma garçonete que foi violentada, estrangulada e ainda esfaqueada. Um detalhe chama a atenção de Roberto; um pingente em forma de borboleta lhe faz lembrar de uma conversa que teve com um de seus alunos, Gonzalo (Alberto Ammann), que lhe dissera que "todos os dias uma borboleta é morta sem que seja feita justiça". Em uma daquelas montagens que lembram o seriado americano "CSI", Roberto imagina a cena do assassinato e fica convencido de que o criminoso é Gonzalo. O aluno é filho de um conhecido de Roberto e há uma suspeita de que, no passado, Roberto teria tido um caso com a mãe do rapaz.

O filme, dirigido por Hernán Goldfrid, é tecnicamente competente (o trabalho sonoro é muito bem feito) e se baseia nas fórmulas clássicas do suspense. O roteiro de Patricio Vega pretende deixar uma dúvida na platéia: Roberto tem razão em suas suspeitas contra Gonzalo ou é tudo fruto da sua imaginação? Estaria Roberto agindo contra o aluno simplesmente pela arrogância do rapaz? Ou por estar obcecado com a garota morta? Suas ações se tornam ainda mais duvidosas quando ele se envolve com a irmã da vítima, Laura (Calu Rivero), a quem ele quer, ao mesmo tempo, proteger e usar para pegar o assassino. Há várias referências ao mestre do gênero, Alfred Hitchcock, como a cena em que Darín dá o pingente da morta para a irmã usar (em um plano tirado diretamente de "Um Corpo que Cai", de 1958). O último plano, então, é praticamente uma refilmagem do final de "Cidadão Kane", clássico de Orson Welles, de 1941. O final é problemático. É interessante a ideia de deixar o espectador na dúvida sobre o que aconteceu ou não, mas um thriller de suspense pede, mesmo que clichê, uma resolução, e fica a impressão que os realizadores não quiseram se comprometer. Visto no Topázio Cinemas, em Campinas.

sábado, 27 de julho de 2013

Wolverine: Imortal

Em minha crítica para "X-Men Origens: Wolverine" (2009), o péssimo filme solo do herói interpretado por Hugh Jackman, eu dizia que "não há como ter muita empatia com um personagem indestrutível, imortal e que ainda se esquece de tudo o que aconteceu." O filme afundou nas bilheterias  e os produtores resolveram se redimir do erro. Dirigido pelo competente James Mangold (de "Os Indomáveis", 2007), "Wolverine: Imortal" faz de tudo para humanizar Logan levando o personagem para o Japão, onde ele encontra um homem que lhe oferece a chance de se tornar mortal.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

A Espuma dos Dias

Há dezenas de coisas acontecendo ao mesmo tempo em cada quadro de "A Espuma dos Dias", e é certo que o filme pode ser estudado infinitamente por pesquisadores de semiótica, discurso, poética ou mesmo entusiastas por efeitos especiais antigos. O que não significa, porém, que o mais novo filme de Michel Gondry seja bom. Com mais de duas horas de duração e passado em um mundo bizarro que mais parece uma viagem pelos sonhos e pesadelos de uma noite mal dormida, "A Espuma dos Dias" atira para todos os lados, indo do romance ao drama, do doce ao violento, do intelectual ao mundano.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

O Homem de Aço

A cena mais interessante de "O Homem de Aço", infelizmente, é breve. A icônica figura do Superman é vista algemado e escoltado por soldados. Este é um ser com poderes quase infinitos que, em um momento que poderia ser chamado de "nobreza", decide se entregar à Humanidade. Ele saiu do esconderijo onde se manteve por 33 anos (a "idade de Cristo", em uma das várias referências religiosas do filme) em resposta à chegada à Terra do louco General Zod (Michael Shannon, de "Foi apenas um sonho", 2008). Mas estou me adiantando.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Meu Malvado Favorito 2

O cinema precisava de uma continuação para "Meu Malvado Favorito"? Não. Mas como o filme foi um grande sucesso entre crianças e adultos em 2010, era de se esperar que, mais cedo ou mais tarde, Gru e as crianças estariam de volta. Assim, férias, criançada em casa, onde levá-los? Ver "Meu Malvado Favorito 2" que, assim como o primeiro filme, é tão inofensivo quanto divertido, o que é uma boa surpresa.

Gru (voz original de Steve Carell) deixou de ser um vilão "profissional" para se dedicar às filhas adotivas, Margô, Edith e Agnes. Este é um dos

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Truque de Mestre

Filmes sobre assaltos têm muito em comum com truques de mágica. "Onze homens e um segredo" e suas continuações, por exemplo, seguem sempre a mesma fórmula, um plano elaborado para enganar não só os policiais mas (principalmente) a platéia. O dinheiro some magicamente do cofre, os alarmes de segurança não funcionam, e assim por diante. "Truque de Mestre" tem uma premissa bastante interessante. Que tal misturar a fórmula consagrada dos filmes de assalto com truques de mágica? Melhor ainda, que tal acrescentar um elenco de primeira classe, com nomes como Michael Caine e Morgan Freeman, para tornar tudo mais atraente? Premissa boa, elenco afinado, faltava um roteiro à altura, e é aí que os problemas de "Truque de Mestre" começam.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Game of Thrones - 3ª Temporada

Passado quase um mês da exibição do capítulo final da terceira temporada de "Game of Thrones", imagino que quem estava interessado na série já a assistiu. Para quem não viu ainda, fica o aviso de que o texto a seguir contém vários SPOILERS, ou seja, detalhes sobre o enredo e o destino dos personagens.

A terceira temporada de "Game of Thrones", ao contrário das duas anteriores, não segue inteiramente um livro de George R. R. Martin, autor da série "As Crônicas de Gelo e Fogo". O terceiro livro da saga, "A Tormenta de Espadas" ("A Storm of Swords"), foi considerado muito longo pelos produtores D.B. Weiss e David Benioff e dividido em duas temporadas. São dez episódios com quase uma hora de duração, em uma superprodução da HBO ao custo aproximado de 50 milhões de dólares. Há muito a HBO é reconhecida por ser um reduto de filmes e séries adultas na televisão americana. Enquanto os filmes de Hollywood sofrem por terem que atingir um público cada vez maior (o que resulta em uma infantilização crescente), a HBO ousa em produtos que abusam na quantidade de cenas de violência, nudez e sexo. E poucas séries têm tanta violência, nudez e sexo como "Game of Thrones".

A terceira temporada representa também um grande avanço em termos visuais. É visível