
Aos poucos, e seguindo as rígidas convenções da época, um romance platônico se estabelece entre os dois. Campion enche a tela de imagens de grande beleza enquanto Fanny e Keats passeiam por jardins floridos, conversam, flertam e, mais tarde, trocam cartas de amor. Como é bom ver um filme que celebra a arte e a beleza das palavras. Uma paixão cada vez maior cresce entre os dois jovens mas, apesar do idílio presente, o futuro não é muito promissor. Keats não tem dinheiro e seus poemas não vendem. Ele vive dos recursos do amigo Brown, que o trata mal e tem ciúmes da atenção que ele dá a Fanny.
Como todo bom poema romântico, a história de Fanny e Keats está fadada a passar pelas dores da paixão. Visualmente, o filme acompanha a decadência da saúde do poeta, e os campos floridos dão lugar a paisagens frias, chuva e neve. Keats contrai tuberculose, o que significava uma sentença de morte no século XIX, e os colegas juntam dinheiro para mandá-lo à Itália, o que significaria a separação de Fanny. Aos olhos dos relacionamentos de hoje, os impedimentos à união do casal parecem absurdos, mas eram os costumes da época. Por quase três anos Fanny Browne e John Keats dividiram o mesmo teto, já que Keats e o amigo eram inquilinos da família de Fanny. Ainda assim, o relacionamento entre eles se manteve casto. Campion representa isso visualmente, colocando barreiras como janelas e paredes entre o casal. Quando Keats fica realmente doente e ele tem que passar alguns dias sob os cuidados de Fanny e sua mãe, eles se tornam noivos para não causar embaraços.
John Keats morreu em 1821, na Itália, aos 25 anos, e é considerado um dos maiores poetas românticos da literatura inglesa. O filme de Campion consegue a difícil tarefa de passar das palavras escritas para a imagem em movimento. Destaque deve ser dado à atriz infantil Edie Martin, que interpreta Toots, irmã de Fanny, que rouba algumas cenas. "Brilho de uma Paixão" está em cartaz, em Campinas, no Topázio Cinemas.