Assisti a "Feliz Natal", longa de estréia de Selton Mello na direção, no I Festival Pauínia de Cinema, em julho de 2008. O clima era de festa, era a estréia no filme, com presença do próprio Selton Mello e um verdadeiro exército de pessoas da equipe, entre elenco, produtores e equipe técnica. O ambiente sem dúvida colaborou para que o filme não fosse visto de forma mais focada, de modo que resolvi revê-lo agora, quase seis meses depois, em uma sessão "comum" de cinema. O resultado é que "Feliz Natal" é, sem sombra de dúvida, um filme extremamente poderoso.segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
Feliz Natal (o filme revisto)
Assisti a "Feliz Natal", longa de estréia de Selton Mello na direção, no I Festival Pauínia de Cinema, em julho de 2008. O clima era de festa, era a estréia no filme, com presença do próprio Selton Mello e um verdadeiro exército de pessoas da equipe, entre elenco, produtores e equipe técnica. O ambiente sem dúvida colaborou para que o filme não fosse visto de forma mais focada, de modo que resolvi revê-lo agora, quase seis meses depois, em uma sessão "comum" de cinema. O resultado é que "Feliz Natal" é, sem sombra de dúvida, um filme extremamente poderoso.quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
Sete Vidas
"Deus criou o mundo em sete dias", diz Ben Thomas (Will Smith), "eu destrui o meu em sete segundos". Esta é uma das várias informações que o espectador recebe nos primeiros minutos de "Sete Vidas" (Seven Pounds, 2008), a mais nova colaboração entre o astro Will Smith e o diretor Gabriele Muchino. Os dois trabalharam juntos no bem sucedido "À Procura da Felicidade", e aqui retomam a parceria. O filme, deliberadamente lento, vai nos apresentando informações e situações que, perplexos, tentamos entender. Ben Thomas é visto em cenas aparentemente desconexas. Ele é cruel com um operador de telemarketing cego em uma cena para, em seguida, ser gentil e atencioso com uma senhora que está sendo maltratada em uma casa de repouso. Ele é visto como o diretor de uma empresa de engenharia aeronáutica, feliz, casado e bem sucedido, dirigindo um carro esporte. Em outra cena, ele se apresenta como um fiscal do imposto de renda. Ele encontra uma bela moça chamada Emily Posa (Rosario Dawson), que sofre de problemas cardíacos. Thomas diz que ela está passando por uma auditoria (o chamado "pente fino" do imposto de renda). Mas ele não age como um fiscal comum. Ele a visita no hospital, inconsciente; ele a segue pelos corredores; ele se oferece para levar o cachorro dela para passear. Por fim, ele lhe diz que ela terá uma "trégua" do imposto de renda por mais seis meses, livre de multa.segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
O Castelo de Cagliostro
Este é o primeiro longa-metragem dirigido por Hayao Miyazaki, o mestre japonês da animação. O DVD foi lançado no Brasil (coisa rara para um longa de Miyazaki) este ano pela Focus Filmes. Miyazaki se tornou mais conhecido no ocidente depois que ganhou o Oscar de Melhor Animação com "A viagem de Chihiro" (Sen to Chihiro no Kamikakushi, 2001), mas já era cultuado no Japão e mundo afora há anos. "Cagliostro" já mostra algumas características que seriam vistas depois em seus longas metragens no Estúdio Ghibli.Boas festas...
domingo, 21 de dezembro de 2008
Na natureza selvagem
Em 1990, o jovem Christopher McCandless (Emile Hirsch), recém graduado, aluno brilhante e de família de classe média alta americana, resolveu abandonar tudo e partir. Ele doou os 24 mil dólares que tinha em seu fundo universitário para a caridade e trocou a chance de estudar direito em Harvard pelo vento das estradas. Não era uma simples aventura. Era mais um suicídio cultural. Ou, quem sabe, um renascimento.terça-feira, 16 de dezembro de 2008
Rede de Mentiras
O que leva um diretor como Ridley Scott a fazer um filme como “Rede de mentiras”? Scott é um diretor eclético, tendo dirigido desde ficções científica cultuadas como o primeiro “Aliens” e o clássico “Blade Runner” até épicos como “Gladiador” e “1492”. Mas, de vez em quando, ele embarca em bobagens militares como “Falcão Negro em Perigo” ou este “Rede de Mentiras”. Não que o filme seja um desastre completo. Scott tem bom olho para enquadramentos e um grande senso estético, sendo sem dúvida competente no visual e na técnica cinematográficas. Mas “Rede de Mentiras”, além de ser um amontoado de clichês comuns a vários filmes de guerra e espionagem, tem também paralelos curiosos com outro filme de espionagem chamado “Jogos de Espiões”, dirigido pelo irmão mais novo (e menos talentoso) de Ridley, chamado Tony Scott (de “Top Gun, Ases Indomáveis”).Em “Jogos de Espiões”, tínhamos um veterano da CIA (interpretado por Robert Redford) que era comandante e “mentor” de um jovem agente (interpretado por Brad Pitt), que era quem ia a campo realizar suas missões. Em “Rede de Mentiras”, também temos um veterano chamado Ed Hoffman (Russell Crowe, sempre camaleão, gordo e envelhecido para o papel) que, de seu posto nos Estados Unidos, supervisiona as operações de um jovem agente chamado Ferris (Leonardo DiCaprio) em missão no Iraque. Em “Jogos de Espiões” o personagem de Brad Pitt se envolvia com uma enfermeira que trabalhava com refugiados de guerra. Em “Rede de Mentiras”, DiCaprio se envolve com a enfermeira de um hospital em Amã, Jordânia, que lhe trata dos ferimentos após ter sido atacado por cães raivosos. A única diferença é que enquanto em “Jogos de Espiões” havia uma camaradagem e amizade entre o velho e o novo espião, em “Rede de Mentiras” há uma estranha relação de amor e ódio entre Ed Hoffman e Ferris. Os dois mantém contato telefônico (que maravilha de conexão têm seus celulares) entre os EUA e o Oriente Médio. Russell Crowe é geralmente visto como um “homem de família”, sempre levando os filhos à escola ou os acompanhando em atividades esportivas enquanto, pelo celular, comanda assassinatos e estratégias do outro lado do Globo. DiCaprio é o “herói” do filme mas, nesses tempos em que a popularidade dos EUA no mundo está em baixa, seu personagem é também um frio assassino e explorador de possíveis fontes de informação.
O filme, no entanto, não se sustenta. O espectador fica sentado por mais de duas horas vendo seqüência após seqüência espetacular de perseguições, explosões de bombas e imagens de satélite enquanto é jogado de um canto a outro do Oriente Médio. “Rede de Mentiras” fica melhor quando acalma um pouco em suas passagens na Jordânia. DiCaprio se aproxima de um líder chamado Hani (Mark Strong) que é possivelmente o melhor personagem do filme. Hani aceita fornecer ajuda da Jordânia à CIA, com uma condição: DiCaprio jamais pode mentir para ele. Claro que isso não vai acontecer. E há uma seqüência passada na casa da enfermeira Aisha (Golshifteh Farahani) que, por um momento, até traz alguma humanidade ao filme. Mas é tudo muito rápido. Logo estamos de volta às mesmas explosões e imagens tecnológicas de sempre. “Rede de Mentiras”, infelizmente, acaba se revelando um desperdício para os talentos de Crowe, DiCaprio e Ridley Scott.
domingo, 14 de dezembro de 2008
Um Crime de Mestre (2007)
Filme mediano de suspense elevado a "algo mais" pela produção e elenco, "Um Crime de Mestre" é boa pedida em DVD. Dirigido por Gregory Hoblit e produzido pela New Line Cinema, "Fracture" (no título original) tem Anthony Hopkins como Ted Crawford, um homem extremamente inteligente e manipulador que descobre que está sendo traído pela esposa. Ele a espera chegar em casa, conversa educadamente com ela, fala sobre o caso e, sem mais delongas, lhe dá um tiro na cabeça. A polícia é chamada e o leva para a delegacia, onde ele assina uma confissão de tentativa de assassinato (a esposa, gravemente ferida, é internada em estado de coma e mantida viva por aparelhos).Parece um caso simples para um jovem e ambicioso promotor chamado Willy Beachum (Ryan Gosling), que está de mudança marcada para um emprego muito melhor em uma empresa privada. Mas conforme a polícia investiga, ele percebe que não será tão fácil condenar Crowford. A arma encontrada no local do crime não combina com a balística. A confissão assinada na delegacia não pode ser aceita no tribunal depois que uma nova descoberta põe tudo a perder: o policial que prendeu Crowford teria tido um caso com a vítima, o que invalida a confissão. A arma do crime não é encontrada em parte alguma e o desprepado de Beachum, o promotor, por achar que o caso era tão fácil, podem acabar levando o réu a ser libertado.
Anthony Hopkins, claro, é a estrela do filme. Eternizado no papel do assassino em série Hannibal Lecter em "O Silêncio dos Inocentes", ele está à vontade novamente como um criminoso inteligente e educado. Mas não é apenas uma repetição de Lecter; reparem nos detalhes e nuances que Hopkins trás ao personagem nas suas cenas de tribunal, ou em suas conversas com Beachum. Também no elenco, em um papel secundário, está o ótimo David Strathairn (de Boa Noite, e Boa Sorte), como o chefe de Ryan Gosling (que faz o possível ao contracenar com atores como estes). A bela fotografia de Kramer Morgenthau dá ao filme tons dourados e um ar de cinema "noir" moderno. O roteiro, quando tudo se esclarece, não se sustenta. Mas o filme, enquanto se desenrola, faz um bom trabalho em deixar o espectador interessado na resolução do caso e em imaginar o que teria acontecido.
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
Queime depois de ler
"Onde os fracos não têm vez", filme anterior dos irmãos Coen, foi muito elogiado pela crítica e até levou o Oscar de Melhor Filme mas, é fato, não foi nenhum sucesso de público. O estilo lento e principalmente o final em aberto deixou muita gente confusa (ou brava mesmo) com os dois irmãos mais criativos do cinema americano. Pois bem, eles agora retornam com um filme cheio de astros e um estilo bem mais leve e acessível. O que não significa que "Queime depois de ler" seja um filme "convencional". Joel e Etan Coen são famosos por seu estilo meticuloso, ritmo lento e diálogos bem escritos. Tudo está presente na nova produção da dupla, mas em doses menores. Adiciona-se uma boa dose de humor negro e temos esta comédia de erros que satiriza os filmes de espionagem e a paranóia americana.segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Procedimento Operacional Padrão
Errol Morris tem um estilo único de documentário. Ele se especializou em capturar depoimentos em que o entrevistado olha diretamente para a câmera, através de um equipamento que ele idealizou e batizou de “Interrotron” (simplificando, o aparelho projeta uma imagem de Morris na frente da lente da câmera, que é para onde o entrevistado fica olhando). O resultado é que temos contato visual direto com os entrevistados, ao invés do padrão geralmente seguido na televisão e no cinema, em que o entrevistado fica sempre olhando para alguém fora de quadro, ao lado da câmera. Isso resulta em uma intimidade maior com o entrevistado e com o assunto. Após uma série de documentários e de programas de televisão, Morris venceu o Oscar em 2004 com o perturbador “A Névoa da Guerra” (The Fog of War), em que o entrevistado é Robert McNamara, considerado um dos “pais” da Guerra do Vietman.Em “Procedimento Operacional Padrão” (Standard Operating Procedure), Morris investiga as famosas (e terríveis) fotos feitas pelos soldados americanos na Prisão de Abu Ghraib, Iraque. Elas revelam todo tipo de crueldade e desrespeito praticado por homens e mulheres americanos contra os presos iraquianos, como humilhação, tortura e até morte. Ou será que não? Os soldados mostrados nas fotos são os responsáveis pelos abusos mostrados? E se não foram eles, quem é que realmente praticou os atos de tortura mostrados nas fotos? O filme é apenas parcialmente bem sucedido em responder a estas questões. O documentário conta com depoimentos dos próprios soldados mostrados nas fotos mas, infelizmente, Morris parece preocupado demais com o visual do filme, em detrimento do assunto tratado. “Procedimento Operacional Padrão” conta com um visual extremamente estilizado e cheio de gráficos e recriações dos eventos narrados pelos personagens. A música de Danny Elfman emula com perfeição Philip Glass, colaborador habitual de Morris, com seus padrões repetitivos e constantes. Mas o que os entrevistados estão dizendo, afinal? Que ao posar sorrindo ao lado de um prisioneiro que foi torturado até a morte, eles estão isentos de culpa? Que empilhar prisioneiros nus em pirâmides humanas ou em posições sexuais é apenas uma forma de diversão? Uma das soldados, uma mulher chamada Lynndie England, aparece em uma foto segurando um prisioneiro com uma coleira. Em seu depoimento, no entanto, ela diz que se pode ver que a corda está frouxa, e que ela não estaria realmente puxando o prisioneiro. As fotos seriam, então, apenas “encenações” dos soldados. Um nome em especial é repetido com freqüência, um tal Sargento Graner (que não aparece no filme), que teria sido o “diretor” da maioria dessas encenações para a câmera.
Isso significa, então, que as torturas não foram reais? Não exatamente. Os prisioneiros mostrados nas fotos, assim alegam os soldados entrevistados, haviam sido torturados sim, não por eles, mas por agências do governo como a CIA e o FBI. Um soldado diz que era prática comum a CIA aparecer com um prisioneiro “fantasma”, que não deveria ser registrado oficialmente ou revelado para a Cruz Vermelha. No caso do prisioneiro morto que aparece em algumas das fotos, ele teria sido envolvido em sacos de gelo e deixado em um dos banheiros, com a porta trancada. Os soldados americanos, usando uma chave reserva, lá entraram e tiraram fotos como aquela em que Sabrina Harman aparece sorrindo e fazendo sinal de “positivo” com o polegar.
O assustador no documentário é a constatação de que, não fossem as tais fotos (encenadas ou não, “brincadeiras” ou não), as torturas de Abu Ghraib não seriam reveladas. Vivemos na chamada “Era da Informação” que, na verdade, é a “Era da Imagem”. Os soldados mostrados nas fotos (todos de patente relativamente baixa) foram punidos pelas torturas ou simplesmente por terem posado para as fotos? E o que acontecia quando não havia câmeras por perto?
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
Vicky Cristina Barcelona
Há algo de "almodovariano" no mais novo filme de Woody Allen. Quem sabe, talvez seja apenas um clichê, sentir a "presença" do diretor espanhol em um filme habitado por Penélope Cruz e Javier Barden. Allen continua em sua "fase européia", mudando o foco de seus filmes dos Estados Unidos (geralmente Manhattan) para fazer filmes na Inglaterra (como o ótimo "Machpoint" e o razoável "O Sonho de Cassandra") e, no caso deste, em Barcelona. "Vicky Cristina Barcelona" é também dos mais engraçados e divertidos dos últimos trabalhos de Woody Allen, e um de seus filmes mais "femininos".A trama se complica quando a ex-mulher de Juan Antonio, a "caliente" Maria Elena (Penélope Cruz) reaparece depois de uma tentativa de suicídio e volta para a casa dele, que já está morando com Cristina. O noivo de Vicky, para complicar, resolve se juntar a ela em Barcelona e propõe que os dois se casem lá mesmo, antes de voltarem para os Estados Unidos. Formam-se assim vários triângulos amorosos. Juan Antonio, Cristina e Maria Elena, que no início se odeiam, acabam formando uma relação à três. O outro triângulo é formado por Vicky, o noivo e, na imaginação de Vicky, por Juan Antonio, de quem ela não consegue se esquecer. Rebecca Hall faz um ótimo trabalho na criação de Vicky, que me pareceu a personagem mais plausível do filme. Há algo de genuíno em sua confusão entre a segurança possivelmente entediante representada pelo noivo e a aventura e paixão representados por Juan Antonio. Scarlett Johansson, no entanto, está me parecendo cada vez mais fraca como atriz. Não ajuda muito o fato de seu personagem ser uma pseudo-artista, uma pessoa em busca de algo que nem sabe o que é e que, a bem da verdade, soa um pouco fútil. Javier Barden e Penélope Cruz, especialmente, são perfeitos. A fotografia de Javier Aguirressarobe dá um tom quente e colorido a todo filme. Woody Allen escreve e dirige praticamente um filme por ano, para o bem e para o mal. "Vicky Cristina Barcelona" pode não ser uma obra prima, mas é dos melhores filmes de Allen dos últimos anos, e tem ido bem nas bilheterias.
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Romance
Guel Arraes e Jorge Furtado são, possivelmente, os dois melhores roteiristas brasileiros hoje. Os dois tem a característica de saber misturar o popular com o erudito de forma inteligente e engraçada. Arraes vem de programas como a adaptação de "As Comédias da Vida Privada" para a televisão, do humorístico "TV Pirata" e da minissérie (também lançada como filme) "O Auto da Compadecida". Furtado é o roteirista/diretor do curta brasileiro mais premiado do cinema, "Ilha das Flores", e de longas como "O Homem que Copiava" e "Saneamento Básico". Agora os dois se juntaram para escrever o roteiro de "Romance", em que exploram a lenda romântica de "Tristão e Isolda" e a transferem para os dias atuais. O filme é dirigido por Guel Arraes.trailer de Romance:
Vertigo, de Alfred Hitchcock:
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
Ninguém pode saber
Keiko Fukushima chega em casa tarde da noite. Ela está bêbada. Acorda os quatro filhos, um de cada pai diferente, com suas risadas e histórias para contar. Akira, o mais velho, tem 12 anos, mas aparenta ser mais maduro do que a própria mãe. Com calma, ele separa a louça e prepara um chá para todos. Nenhum deles (dois garotos e duas meninas) freqüenta a escola. Com exceção de Akira, que foi apresentado aos senhorios do pequeno prédio de apartamentos onde vivem, nenhuma das outras crianças pode fazer barulho ou ser vista por ninguém. Oficialmente, elas não estão morando lá. Elas chegaram ao apartamento com a mudança, dentro das malas.terça-feira, 11 de novembro de 2008
Orquestra dos Meninos
Dirigido por Paulo Thiago, "Orquestra dos Meninos" intercala momentos de extrema simplicidade e interpretação quase documental com outros por demais teatrais, quase amadores. Mas, apesar do elenco global entre os papéis principais, há um ar interessante de obra não industrial que que, na maior parte do tempo, é bem vindo.O roteiro é baseado na história real de um músico pernambucano chamado Mozart Vieira (Murilo Rosa) que, desde criança sonhou em ser músico e conduzir uma orquestra. Influenciado pelo avô, que regia a bandinha local da pequena cidade de São Mariano, no agreste nordestino, Mozart cresce e resolve colocar em prática seus sonhos. Movido por um grande amor à música e muito entusiasmo, ele convence a diretora de uma escola a ceder um espaço para que um pequeno grupo de crianças e adolescentes comece a praticar. Munidos de instrumentos velhos e usados, as crianças começam a aprender Bach, Mozart, Beethoven e Villa-Lobos, e a pegar gosto pela música. Entre as crianças está uma não tão jovem Priscila Fantin, fazendo o que pode para parecer feia e desajeitada, tocando um fagote enorme.
A pequena orquestra de Mozart Vieira começa a fazer tanto sucesso que atrai a atenção de um marketeiro político que a usa para eleger o próximo governador. Em troca, o governador promete construir uma Fundação na cidade e dar instrumentos novos para o grupo de Mozart. Isso acaba atraindo a ira e inveja dos políticos locais, liderados por Moisés (Othon Bastos, com um aviso de "vilão" escrito no rosto desde a primeira cena do filme). Atual prefeito, ele era professor de matemática na mesma escola em que Mozart ensaiava com a orquestra, e vê nele um adversário político. Sem papas na língua, Mozart não quer entrar no jogo de Moisés e acaba conquistando um inimigo perigoso. Um dos garotos da orquestra é seqüestrado, espancado e fica quase cego, e Mozart é acusado de pedofilia e aliciamento de menores.
O filme é melhor quando se concentra na música. Há belas passagens da pequena orquestra interpretando Bach e Villa-Lobos. Mas o roteiro, por vezes, é por demais rasteiro. Há uma personagem feminina, por exemplo, que aparece apenas para gerar ciúme em Priscila Fantin. Um efeito de câmera lenta é usado desnecessariamente, e uma cena de chuva termina com uma declaração de amor não só fora de hora, mas inconseqüente (não vemos resultado nas cenas seguintes). Apesar de certa teatralização, o circo político é plausível e podemos imaginar o que o verdadeiro professor deve ter passado para conquistar o que conseguiu. Nos créditos finais vemos imagens do verdadeiro Mozart Vieira e acompanhamos o destino de muitos de seus músicos, seguidos de uma frase que resume a moral do filme: "o artista só se curva para seu público". Filme irregular, mas bom.
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
007 - Quantum of Solace
Bond, James Bond. Eu sempre me perguntei a lógica por trás desta frase. Por que um agente secreto sairia declarando seu nome verdadeiro o tempo todo, para todo mundo? Brincadeiras a parte, o espião mais famoso do cinema sobreviveu a seis atores diferentes, vinte e dois filmes oficiais e quarenta e seis anos de história. A ultima encarnação de Bond voltou na forma do ator Daniel Craig, escolha que desagradou muita gente. Loiro, durão e com cara de poucos amigos, Craig estava longe do charme normalmente associado ao personagem, ainda mais quando comparado a seu antecessor, Pierce Brosnan. Mas Craig atendia às demandas dos filmes de ação do século XXI, pós Jason Bourne. A trilogia estrelada por Matt Damon impôs um ritmo e um realismo impressionantes ao gênero dos filmes de ação, o que forçou uma reformulação do próprio James Bond. Foram-se o charme, o ar refinado e os brinquedos tecnológicos, dando lugar a um James Bond muito mais frio, preciso e indestrutível.quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Morreu Michael Crichton
Um post rápido sobre a morte de Michael Crichton. Ele tinha apenas 66 anos e morreu de câncer nesta terça-feira, dia 4 de novembro, em Los Angeles. De formação médica, Crichton fez fortuna escrevendo best sellers que, invariavelmente, iam parar na telona dos cinemas, fazendo ainda mais dinheiro. É dele o livro "Jurassic Park" que, em 1993, se tornou um dos últimos filmes "for fun" de Steven Spielberg (antes de virar diretor "sério" e ganhar seus Oscar). Coincidentemente, estava folheando o livro esses dias. Crichton tinha um estilo de escrita direto, cheio de termos técnicos que davam alguma credibilidade científica a suas fantasias, como recriando dinossauros via DNA pré-histórico no citado Jurassic Park. Ele também se aventurou no cinema, dirigindo filmes como "Westworld" (1973), uma espécie de pré-Jurassic Park (o mesmo tema do parque de diversões em que tudo dá errado), em que Yul Brynner (de Sete Homens e Um Destino), parodiava a si mesmo. Ele interpretava um caubói andróide que se revoltava contra seus criadores e começava a matar os turistas. Crichton também foi o criador da série televisiva E.R., no ar desde 1994.quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Mar Adentro
Antes de começar, dois avisos: a resenha a seguir contém opiniões minhas sobre eutanásia. Segundo aviso: caso não tenha visto o filme e não queira saber de detalhes, recomendo que alugue o DVD e depois volte aqui.domingo, 2 de novembro de 2008
Programa Vitrine, 18 Anos
Um post televisivo. Ontem, 01 de novembro de 2008, a TV Cultura de São Paulo exibiu um programa especial de 18 anos do Vitrine. Eu sou fã "nerd" da TV Cultura desde criança, quando assistia a programas infantis como "Bambalalão" ou, na adolescência, aos ótimos programas de auditório como "Quem Sabe, Sabe", "É Proibido Colar" e "Enigma". É...saudade da época em que se fazia televisão inteligente. Mas, apesar de uma certa banalização e a lamentável abertura da TV Cultura aos comerciais (assistir propaganda das Casas Bahia, com todo respeito, na TV Cultura, é algo difícil de engolir), a Fundação Padre Anchieta manteve e mantém certa qualidade de programação até os dias de hoje.Prova disso é o Programa Vitrine, no ar há 18 anos. Sim, eu me lembro do lançamento do programa, ao vivo, com os apresentadores Nelson Araújo (nos últimos anos no Globo Rural) e Maria Antônia Demasi, e assisti a vários programas apresentados depois por Cassia Mello, Leonor Corrêa e Renata Ceribelli. Minhas fases preferidas, porém, foram as apresentadas por Maria Cristina Poli (entre 1994 e 1998) e pelo genial Marcelo Tas (1998 a 2004). Poli deu um ar mais internacional e jornalístico ao programa. Viajou a vários países e me lembro de assistir com interesse a seus programas direto do Japão (em 1998, eu mesmo partiria para lá, onde passei um ano).
Marcelo Tas, já prata da TV Cultura por suas participações e criações nos programas infantis como Rá-Tim-Bum (além de criador e diretor do Telecurso 2000), assumiu o programa em 1998, em pleno surgimento da internet no país. O Vitrine voltou a ser ao vivo, toda quarta feira, "dez e meeeeeeia da noite" (como anunciava Tas) e era muito bom. O programa se tornou cada vez mais interativo, com participação ao vivo de internautas via e-mail, e havia ótimas (e às vezes surpreendentes) entrevistas, como a de Ana Maria Braga. Rodrigo Rodrigues e Fernanda Danelon realizavam as reportagens externas.
Por um tempo o Vitrine passou por alguns problemas (que até hoje não entendi direito, pois fiquei sem acesso a TV Cultura por um tempo). Ele deixou de ser ao vivo e Marcelo Tas fez algumas apresentações do exterior, ou então havia reprises no lugar do programa. Voltei a acompanhar o Vitrine a partir do ano passado, agora sob o comando de Rodrigo Rodrigues e da bela Sabrina Parlatore. O programa, gravado, continua com boas reportagens e ainda é bem superior ao nível médio da televisão brasileira. No programa especial de ontem, todos os ex-apresentadores estavam presentes. Marcelo Tas está fazendo sucesso com o CQC, na TV Bandeirantes. Renata Ceribelli está na Globo. Leonor Corrêa na Record. Maria Cristina Poli, que havia voltado para a Globo, mas já saiu novamente, está produzindo programas independentes.
O site do programa é bastante informativo e é possível, inclusive, assistir a reportagens online desde 2001.
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Pai, Filhos & Etc
A CPFL Cultura exibiu nesta quarta feira, em 35mm em seu cinema "Café Filosófico" a comédia dramática "Pais, Filhos & Etc" (Père et fils, 2003), produção franco-canadense dirigida por Michel Boujenah. O filme conta a história de um velho pai, Léo (o ótimo Philippe Noiret), que tem três filhos crescidos. David (Charles Berling), o mais velho, é um empresário bem sucedido mas ocupado demais para cuidar da vida pessoal. Mal visita o pai e está brigado com seu irmão Max (Bruno Putzulu). Os dois se desentenderam e não se falam há cinco anos, para desgosto do pai. E há Simon (Pascal Elbé), que é praticamente um adulto que esqueceu de crescer. O velho sofre um mal estar e vai parar no hospital para exames de rotina, mas ele tem um plano. Quando seus dois filhos mais velhos vão visitá-lo (separadamente), ele conta a cada um deles a mesma mentira: ele estaria com uma grave doença de coração e iria passar por uma arriscada cirurgia em duas semanas. Seu último sonho seria viajar junto com os filhos para o Canadá, "para ver as baleias" (Léo havia acabado de assistir a um documentário sobre isso na TV). Ao mais novo, Simon, Léo diz apenas que a família está saindo de férias.terça-feira, 28 de outubro de 2008
Rebobine, Por Favor
Esta é uma curiosa e nostálgica mistura de filmes de Frank Capra, "Alta Fidelidade", ficção-científica "B" e, para completar, uma pitada de "Cinema Paradiso". O diretor é Michel Gondry, responsável pelo ótimo "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças", com Jim Carrey, do roteiro de Charlie Kauffmann. O próprio Gondry escreveu "Rebobine, por favor", e o filme parece se passar em algum universo paralelo. Digo, que locadora de filmes, nos dias de hoje, teria apenas fitas VHS em seu acervo? As fitas estão lá por duas razões.segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Última Parada 174
O desfecho de "Última Parada 174" todo mundo já conhece. Em julho de 2000, com toda a imprensa acompanhando ao vivo, um jovem chamado Sandro Nascimento estava dentro de um ônibus da linha 174. Ele estava de revólver em punho e mantinha vários reféns. Após horas de negociações, e já fora do ônibus, um policial do Bope tentou atirar nele, errou o alvo e matou a refém que Sandro segurava. A refém morreu e Sandro, levado a uma viatura, morreu oficialmente por "asfixia". O caso interessou o cineasta José Padilha, que realizou um bom documentário, "Ônibus 174". Mais tarde, Padilha resolveu mostrar o outro lado da moeda e quis fazer um filme sob o ponto de vista dos policiais. O resultado foi o polêmico "Tropa de Elite".quarta-feira, 22 de outubro de 2008
O Açougueiro (1970)
Com o bom "Uma Garota Dividida em Dois" ainda nos cinemas, decidi assistir a alguns filmes mais antigos do mestre francês Claude Chabrol. Ele foi um dos jovens franceses da geração da nouvelle vague, cineastas que tinham formação original de críticos de cinema e se tornaram autores cinematográficos, como François Truffaut. Chabrol (assim como Truffaut), viu no inglês radicado nos Estados Unidos, Alfred Hitchcock, um gênio do cinema (na época, Hitch ainda era considerado um diretor "menor" nos EUA). Tanto Chabrol quanto Truffaut escreveriam verdadeiras teses sobre o mestre do suspense inglês, e Chabrol viria a ser, à moda francesa, um de seus seguidores.O Açougueiro (Le Boucher, 1970) tem vários dos elementos hitchcockianos do suspense. Em uma pequena cidade do interior da França, uma bela mulher (loira e fria como as de Hitchcock), chamada Helene (Stéphane Audran) é professora e diretora de uma escola para crianças.
Um ex-soldado, o açougueiro Popaul (Jean Yanne) a conhece em uma festa de casamento que abre o filme. É curioso como a festa é filmada de modo quase documental, com muito uso de "zoom" e enquadramentos "desleixados". Quando Popaul e Helene saem da festa, o filme se torna meticulosamente filmado e enquadrado. Um longo plano contínuo acompanha o casal da festa até a casa da moça, que fica na própria escola. O suspense vai sendo criado aos poucos, nem tanto pelo que acontece na tela, mas sim fora dela. Uma garota é brutalmente assassinada em um bosque da cidade, mas Chabrol não mostra nem o crime nem o corpo. Apenas ficamos sabendo do fato por causa de uma conversa entre duas crianças, alunos de Helene, e pela presença da polícia correndo pela cidade.
Não é muito difícil saber quem é o assassino, mas esta não é a questão. Hitchcock já ensinava que suspense é diferente de surpresa. Em um filme em que se tem que descobrir o assassino geralmente há uma surpresa, algum acontecimento que ninguém esperava e que acaba revelando a identidade do criminoso. Suspense se cria quando o espectador já sabe de alguma coisa, mas não pode fazer nada. Uma bomba que explode de repente é surpresa. Saber que há uma bomba em um quarto, e imaginar se ela vai explodir ou não, é suspense. A relação entre a professora Helene e o açougueiro Popaul é claramente uma bomba esperando para explodir. Os dois passam a se ver com frequência, mas o caso não passa de amizade por causa de Helene. Em uma conversa no bosque (o mesmo em que foi encontrado o corpo, provavelmente) ela lhe diz que teve um grande amor no passado e que não quer sofrer novamente. Isso não impede que ela o convide para jantar, ou ao cinema.
É a própria Helene quem encontra o segundo corpo, durante uma excursão com suas crianças. Ela também encontra algo que pode indicar a identidade do assassino mas, curiosamente, ela não passa a informação para a polícia. As cenas finais são do mais puro suspense. Sozinha na escola, à noite, Helene vai fechando todas as portas e janelas do lugar em um ótimo jogo de luz e sombra, até o confronto final. A única coisa a se lamentar no filme é a trilha sonora, composta por uma série de sons dissonantes e claramente datados, típicos do final dos anos 1960. De resto, um belo trabalho do diretor francês, fazendo grande suspense e ótimo cinema.
domingo, 19 de outubro de 2008
Caos Calmo
Pietro Paladini (Nanni Moretti) é um executivo de uma grande empresa. Um dia ele está na praia com o irmão e escuta um pedido de socorro. Os dois correm para a água e salvam duas mulheres de morrer afogadas. Justo neste momento heróico, Pietro é atingido por uma tragédia; ao retornar para casa, sua esposa está morta, caída no jardim. A filha pequena, chorando, se joga em seus braços. Ele a abraça e fica olhando o corpo da esposa.segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Nas filmagens de "Jean Charles"
Neste final de semana visitei o set de filmagem do filme "Jean Charles" (título provisório), que tem parte de sua cenas filmadas na cidade de Paulínia, interior de São Paulo. Soube que estavam procurando por centenas de figurantes para uma cena passada no velório de Jean Charles, filmado em uma igreja do bairro Betel, Paulínia, sábado passado. Segundo informações obtidas com a produção, por volta de 500 figurantes compareceram às filmagens, que começaram no sábado (11/10) e vão até quinta feira agora. Estavam presentes no set os atores Daniel Oliveira, Vanessa Giácomo e Luiz Miranda. Dirigido por Henrique Goldman, o filme trata do caso trágico do imigrante brasileiro morto pela polícia em 2005, na Inglaterra, ao ser confundido com um terrorista. Selton Mello (sempre ele) interpreta o papel principal, mas ele não estava presente a estas filmagens. Suas cenas já foram filmadas na Inglaterra. O filme é uma co-produção entre a Inglaterra e o Brasil e, de fato, parte da equipe presente a Paulínia sábado era britânica. Segundo o site imdb.com, Stephen Frears ("Alta Fidelidade", "Ligações Perigosas") é um dos co-produtores.sábado, 11 de outubro de 2008
U23D
Durante a canção hino "Sunday Bloody Sunday", Bono olha para você, estica a mão enquanto canta "Wipe your tears away...wipe your tears away..." e parece que, se você estender a mão, poderá tocá-lo. Este é o efeito provocado pela espetacular tecnologia 3D empregado na produção deste show. Uma equipe da National Geographic, munida de câmeras especiais, documentou a turnê "Vertigo", em 2006, durante sua passagem pela América Latina e Austrália. O resultado, diziam, seria quase tão bom quanto presenciar pessoalmente um show da banda. Na verdade, em termos de visão de palco, é melhor. As cenas gravadas do ponto de vista da platéia são, de fato, impressionantes em seu realismo. As pessoas "na sua frente" levantam as mãos e, instintivamente, você desvia a cabeça para tentar ver melhor. A vantagem sobre estar lá é que as câmeras gravam o show sob diversos ângulos e perto o suficiente para parecer que você vai levar um golpe da guitarra de The Edge quando ele está tocando.Filmes em 3D não são novidade. Experimentos em três dimensões datam do início da história do cinema, e a tecnologia vem sendo desenvolvida e usada nos cinemas há décadas, principalmente em filmes de aventura, em que objetos parecem ser jogados em direção da platéia. O ponto fraco sempre foi o uso de óculos coloridos desconfortáveis e que nem sempre produziam o efeito desejado. A produção é mais cara tanto do ponto de vista da filmagem quando da exibição, e o processo nunca vingou realmente. U23D foi produzido utilizando um processo digital criado pela empresa 3ality Digital, que gravou diversos concertos durante todo o ano de 2006, sob a direção de Catherine Owens e Mark Pellington. A platéia ainda tem que usar óculos especiais, mas eles são leves e com uma lente especial (não colorida) que transforma a imagem da tela em 3D. Outra aspecto técnico que me impressionou foram os efeitos de pós produção e o uso, em 3D, de gráficos e frases que literalmente saltam da tela. Há um momento em que Bono finge desenhar uma TV no ar, com o dedo, e um gráfico em 3D aparece conforme ele desenha.
Isso não passaria apenas de um exercício técnico interessante se não fosse pelo conteúdo do filme. A banda irlandesa U2 sempre chamou a atenção tanto pelos aspectos musicais quanto por seu lado militante. É certamente uma das bandas mais bem sucedidas, constantes e duradouras da história do rock. A bateria de Larry Mullen Jr e o baixo de Adam Clayton mantém o ritmo para as viagens sonoras da guitarra de The Edge e a performance sempre apaixonada de Bono, que parece cantar como se fosse seu último show. Os críticos têm certa razão em reclamar de certa teatralidade ou megalomania, mas quantas bandas "pop" dos últimos vinte anos têm a energia do U2 no palco? O show, composto por 14 músicas, passa por sucessos recentes e revisita os clássicos que marcaram a história do grupo, principalmente no que considero seu auge, o lançamento do álbum "The Joshua Tree" (com músicas como "Where the streets have no name", "With or without you" e "Bullet the blue sky"), e anteriores, como "New year´s day", "Pride (In the name of love)" e "Sunday Bloody Sunday". A seleção de músicas para o filme foi feita levando-se em conta a popularidade das canções, mas há boa continuidade entre elas. Há até o que se poderia chamar de um "bloco político" composto pela sequência "Sunday Bloody Sunday", "Bullet the Blue Sky", "Miss Sarayevo" (com uma leitura da Declaração dos Direitos Humanos) e "Pride".