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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

The Casual Vacancy ("Morte Súbita", livro)

Acabei de ler "The Casual Vacancy" ("Morte Súbita"), de J.K. Rowling, e ainda estou surpreso. Não sei exatamente o que esperava. Achei que, depois de ficar bilionária e de passar tantos anos escrevendo a série Harry Potter, ela faria um livro "light", tranquilo, seguro. Pelo pouco que havia lido a respeito, achei que fosse uma daquelas comédias britânicas passadas em uma cidade pequena, talvez com um pouco de humor negro.

Pelo contrário, "The Casual Vacancy" é um livro sério, muito bem escrito e com personagens ricos em história pessoal, cada um com seu modo de ver o mundo e encarar a vida na pequena cidade de Pagford, Inglaterra. Tudo começa com a morte súbita de Barry Fairbrother, um homem de bem que defendia um bairro pobre da cidade e comandava uma equipe de remo feminino. Sua morte acaba afetando a vida de várias pessoas, de várias maneiras. Os habitantes mais tradicionais querem aproveitar a morte dele para conseguir separar o bairro pobre da cidade e fechar uma clínica de tratamento de drogas mantida pela paróquia local. Os que o apoiavam tentam, cada um a sua maneira, manter vivos seus ideais. Como ele era membro do Conselho da cidade, sua cadeira fica vaga e uma eleição é organizada para ocupá-la, o que desencadeia uma série de jogos políticos na pequena cidade.

Não estamos em Hogwards. Vários dos personagens são adolescentes e eles são jovens de verdade, do século XXI. Fumam maconha, procuram (e fazem) sexo, brigam com os pais. Uma família pobre sofre com a adicção de drogas da mãe, que se prostitui para conseguir heroína. Em outra família, o pai surra a mulher e os filhos frequentemente. Há uma cena de estupro. Uma mulher de meia idade tem fantasias sexuais com os membros da "boy band" que a filha gosta. Uma garota se corta frequentemente com uma gilette por causa do bullying que sofre na escola.

Rowlling consegue lidar com todas estas tramas e personagens paralelos com muita habilidade. A série Harry Potter era bem escrita, mas a autora sempre podia "apelar" para alguma explicação mágica, ou os personagens podiam tirar suas varinhas e apontar para os inimigos. Este é um livro passado em um mundo real, cínico e bastante cruel, descrito sem cerimônias por Rowling, que consegue chegar a um final satisfatório e tocante. Bom livro.

Lido em formato de e-book. The Casual Vacancy. 2012. Publicado por Little, Brown and Hachette Digital.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2

Há uma cena neste capítulo final da saga Harry Potter em que Lorde Voldemort, por um momento, acredita ter vencido. E é então que Ralph Fiennes, o grande ator que o interpreta (debaixo de uma maquiagem que o desfigura) solta uma risada que faz com que ele pareça quase humano. Crédito para o diretor David Yates, que teve a arriscada honra de fechar a série iniciada há exatos dez anos por Chris Columbus. Havia rumores, na época, de que Steven Spielberg seria o responsável pela transposição do bruxo criado pela escritora J.K. Rowling, mas ele teria desistido (ou sido dispensado) por querer fazer mudanças no livro original. Os sete livros se transformaram em oito filmes que, até certo ponto, conseguiram manter uma boa continuidade, principalmente por lidar com um elenco infantil praticamente criado para os papéis principais: Daniel Radcliffe como Harry Potter, Rupert Grint como Ron Weasley e Emma Watson como Hermione Granger. Ajudou também o fato de que grandes atores britânicos como Richard Harris, Alan Rickman, Maggie Smith, John Hurt, Gary Oldman, Helena Bonhan Carter, Michael Gambon e muitos outros completaram os papéis secundários.

Após uma primeira parte exageradamente longa, "As Relíquias da Morte: Parte 2" flui muito melhor. Potter e seus amigos ainda estão procurando as "horcruzes", partes da alma de Voldemort que estão espalhadas em objetos tão diferentes quanto uma taça ou uma tiara. Diz a lenda que, destruídas estas partes, Voldemort seria morto. Mas os três amigos, agora entrando na vida adulta, não têm tarefa fácil. O exército do "mal" está determinado a destruir Potter e a Escola de Hogwarts. Algumas cenas soam apressadas, como se, depois dos longos silêncios e momentos vazios da primeira parte, o roteirista Steve Kloves estivesse espremendo momentos chave do livro para caber no filme. A volta de Potter à Hogwards, por exemplo, pareceu extremamente fácil e rápida, é de se imaginar que no livro seja melhor explicado. A relação dúbia entre Potter e Draco Malfoy também carece de uma explicação melhor. Por outro lado, há sim momentos cinematográficos bastante bons, como a sequência em que a Professora McGonagall (Maggie Smith), auxiliada por outros bruxos, coloca uma proteção mágica sobre toda a Escola de Hogwards. A sequência em que Harry Potter fica sabendo sobre o passado do Professor Snape (Alan Rickman, um pouco desperdiçado nos últimos filmes), também é bastante interessante.

O melhor, sem dúvida, é Ralph Fiennes como Lorde Voldemort. Ele é verdadeiramente assustador e Fiennes consegue transmitir apenas com olhares e a expressão corporal toda a maldade (e sofrimento) do personagem. Vale repetir a cena citada no início do texto. A "alegria" momentânea de Voldemort, interpretada por Fiennes, dá gosto de ver. A série de falsos clímaxes e duelos entre Harry Potter e Voldemort é um pouco cansativa e confusa, o que chega a diluir a força do confronto final entre os dois personagens. Há um ar de seriedade, melancolia e morbidez talvez grande demais para um filme supostamente infanto-juvenil (mas isso já havia nos livros). Mas é uma produção caprichada e, para um blockbuster de férias, acima da média, merecendo respeito.



sábado, 11 de dezembro de 2010

Harry Potter e as Relíquias da Morte

O último livro da saga Harry Potter foi dividido em dois filmes. Os fãs vão adorar, pois isso significa que praticamente cada palavra do enorme livro vai ser transposta para as telas. Para quem tem só um interesse cinematográfico ou passageiro no personagem, no entanto, a idéia soa como um grande golpe de marketing, para atrair duas bilheterias em lugar de uma.

Não é um filme ruim. Dirigido por David Yates, "As Relíquias da Morte" é bem feito, tem uma bela direção de fotografia e direção de arte inventiva. Mas sofre do problema de ter um público muito específico. É extremamente lento, pesado e, a bem da verdade, apenas um meio para se chegar ao final verdadeiro, em episódio que será lançado em julho de 2011.

Após a morte de Alvo Dumbledore (Michael Gambon) no final do filme anterior, o mundo está tomado pelos poderes das trevas, lideradas pelo malígno Lorde Voldemort (Ralph Fiennes, ótimo ator, escondido sob uma maquiagem que faz seu rosto parecer com o de uma cobra). Harry Potter (Daniel Radcliffe) e os amigos inseparáveis Ron Weasley (Rupert Grint) e Hermione (Emma Watson) têm que encontrar as "horcruzes", artefatos que contem partes da alma de Voldemort, e destruí-las. Só assim o vilão poderia ser destruído. Mas onde estariam os tais artefatos? Dumbledore deixou algumas pistas na herança que deixou para Potter e seus amigos, e eles partem para encontrá-los.

Ao contrário dos filmes anteriores, que se passavam na escola de Hogwarts e arredores, "Relíquias da Morte" tem longas sequências passadas em florestas cobertas de neve ou penhascos cheios de pedras. O grande número de personagens do início do filme dá lugar a cenas intermináveis em que os três amigos, agora adolescentes, caminham por estes cenários desolados enquanto escutam, no rádio, o nome dos bruxos mortos ou desaparecidos na guerra que está acontecendo à distância. O fato deles não serem mais crianças traz problemas novos entre os três, como o ciúme de Ron por Harry Potter por causa do suposto interesse dele por Hermione.

Com 147 minutos de duração, é realmente um filme voltado exclusivamente aos fãs fervorosos da série. Boas sequências, como quando Potter volta à sua terra natal e encontra o túmulo dos pais, estão perdidas em meio a cenas intermináveis, deprimentes e sombrias. Personagens importantes como Snape (Alan Rickman) aparecem momentâneamente para nunca mais voltar. Hermione passa grande parte do tempo tentando explicar o próprio enredo a Potter e Weasley, que também parecem cansados. Há, porém, uma sequência extraordinária quando um personagem conta a história das "Relíquias da Morte" para Harry Potter. Toda feita em animação, a sequência é como um curta metragem à parte, magnificamente projetado e criado em computação gráfica. É um exemplo de síntese que, infelizmente, não foi aplicado ao resto do filme.