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quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Cavalgada dos Proscritos (Netflix)

"Cavalgada dos Proscritos" (título moralista para "The Long Riders") é um filme de 1980 dirigido por Walter Hill (que faria sucesso com "48 Horas" em 1982). É um bom faroeste com uma sacada interessante de elenco: irmãos na vida real interpretam irmãos na ficção. David, Keith e Robert Carradine interpretam os irmãos Younger; James e Stacy Keach são Jesse James e Frank James; Dennis e Randy Quaid são os irmãos Miller; Christopher e Nicholas Guest são os irmãos Ford.

O filme trata da história do famoso bandido americano Jesse James (James Keach), que depois da Guerra de Secessão assaltou vários bancos e trens no estado do Missouri. A ferrovia contratou a famosa Agência de Detetives Pinkerton para caçar James e seu bando.

Os irmãos Keach, além de atuarem, também co-escreveram e co-produziram o filme, que tem bela fotografia em tons dourados feita por Ric Waite e trilha sonora de Ry Cooder. A história foi contada novamente em 2007 no longo e introspectivo "O Assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford", de Andrew Dominik, estrelado por Brad Pitt. (leia mais abaixo)


A versão de Hill é mais crua e realista, no estilo dos anos 1970. Há uma espetacular sequência de tiroteio quando um roubo a banco não sai como se esperava, com ótima edição e uma quantidade inacreditável de tiros trocados pelos bandidos e os agentes da lei. O elenco é bom, embora o papel de Jesse James seja interpretado pelo ator mais fraco do grupo, James Keach (Stacy Keach, por outro lado, está ótimo). "Cavalgada dos Proscritos" está disponível no Brasil na Netflix.

João Solimeo

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford

Há o caso, em alguns filmes, em que a qualidade técnica de algum aspecto da produção chega a ser superior ao filme como um todo. Isso pode acontecer com a trilha sonora, com os efeitos especiais, com a montagem. No caso do descritivamente chamado "O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford", é a excepcional fotografia de Roger Deakins que se destaca. Ele é um veterano na arte de filmar, com um currículo invejável. Sua parceria com os irmãos Coen rendeu praticamente todos os filmes da dupla, como "Barton Fink", "O Homem que não estava lá", "Fargo", "Onde os Fracos não Têm Vez", entre outros. É dele também a ótima fotografia de "A Vila", de M. Night Shyamalan, ou "Um Sonho de Liberdade", de Frank Darabont.

O que faz um Diretor de Fotografia? Depois do diretor, ele tem a maior responsabilidade dentro de um set de filmagem. Ele é o responsável pela iluminação, pela escolha da câmera e do tipo de filme, lentes e filtros que serão usados para capturar (fotografar) a imagem. Basicamente, ele é o responsável pelo "look" do filme. Um bom diretor de fotografia pode dar a um filme um tom antigo, ou moderno, "quente", "frio", "sujo". As cores podem ser usadas para distinguir épocas ou locais diferentes dentro de um mesmo filme (como em "Traffic", por exemplo). Tudo isso pode ser feito na pós produção, mas geralmente já é feito na fotografia. No Oscar de 2008, dos cinco filmes indicados para Melhor Fotografia, Roger Deakins estava indicado em dois deles ("O Assassinato de Jesse James..." e "Onde os Fracos não Têm Vez"), perdendo para "Sangue Negro", fotografado por Robert Elswit.

Há alguns momentos em "O Assassinato de Jesse James" que parecem uma pintura. Jesse James foi um dos criminosos mais famosos dos Estados Unidos. É sintomático que ele seja interpretado por Brad Pitt, já que James, a seu modo, pode ser considerado um precursor da "cultura das celebridades" moderna. Jesse James e seu irmão mais velho Frank (o sóbrio Sam Shepard) fizeram fama e fortuna assaltando bancos e trens no século 19. O mais novo, Jesse, de temperamento irrequieto, se tornou estrela principal de vários livros baratos que os jovens da época, ávidos por aventura, liam com interesse. Um desses jovens era Robert Ford (Casey Affleck, muito mais talentoso que seu irmão Ben). Ford mantinha os livros de aventura de Jesse James embaixo da própria cama e, quando apareceu a oportunidade de trabalhar para seu herói, foi como um sonho se tornando realidade. O crítico americano Roger Ebert, em sua resenha sobre o filme, aponta a óbvia conotação homossexual que existe na ligação entre Jesse James e seu seguidor. A sequência do último assalto a trem perpetrado pelos irmãos James é fotografada por Roger Deakins como uma espécie de sonho. Surgindo da escuridão completa, a locomotiva se aproxima da barreira colocada sobre os trilhos e suas luzes iluminam, como fantasmas, os capangas do grupo à espreita na floresta.

Após o assalto, o grupo se desmembra, mas Jesse James mantém Robert Ford por mais uns dias em sua casa, onde mora com a esposa Zee (Mary-Louise Parker) e um casal de filhos. O filme então se alonga por mais de duas horas, basicamente contando a história descrita no título. Sim, é um filme em que Jesse James é assassinado pelo covarde Robert Ford. Mas é quase como se James estivesse cansado da vida, na verdade, e resolvesse arriscar um jogo mórbido com seu maior fã. Há vários momentos de beleza, em que novamente é a direção de fotografia que se destaca, e o elenco faz um bom trabalho (principalmente Sam Rockwell como o irmão mais velho de Robert). Um narrador distante conta a história, desapaixonado, quase que didaticamente, do que aconteceu. O filme ainda segue a vida de Robert Ford após o assassinato e, sem dúvida, sua história é irônica. Ele esperava glória e fortuna por ter matado um criminoso, mas passou para a História como um covarde.

O filme tem direção de Andrew Dominik, baseado no livro de Ron Hansen. É lento, pensativo, por vezes profundo. O tipo de filme, descobri, que acaba fazendo o espectador pensar nele depois. Mas é lento, longo e requer paciência. Disponível em DVD.