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sábado, 9 de abril de 2011

Sidney Lumet (1924 - 2011)

Morreu o grande cineasta Sidney Lumet. Estava com 86 anos, mas bastante ativo. Seu último filme foi "Antes que o diabo saiba que você está morto" (2007), com Philip Seymour Hoffman, Ethan Hawke e Marisa Tomei, que mostrava a ousadia e força de um diretor em início de carreira.

Lumet teve uma carreira prolífica e marcante.

Em 1957 dirigiu Henry Fonda em "12 Homens e uma Sentença". A parceria com Al Pacino deu ao mundo "Serpico" (1973) e "Um dia de Cão" (1975); quem pode se esquecer de Pacino gritando "Attica! Attica!"?
Em 1976, fez um dos filmes mais corrosivos sobre o mundo do jornalismo, "Rede de Intrigas", com o famoso discurso de Peter Finch revelando, ao vivo, os "podres" da mídia televisiva. Com Paul Newman, James Mason e Charlotte Rampling fez o drama de tribunal "O Veredicto" (1982).

E mais uma série de filmes de todos os tipos, bons e ruins, sempre interessantes e com algo a dizer.

Parte Lumet, ficam seus filmes. Sua morte deixa o cinema menos inteligente.








sábado, 27 de setembro de 2008

Morre Paul Newman

O cinema perde um de seus grandes astros, o ator Paul Newman (1925-2008), que faleceu de câncer sexta-feira, 26 de setembro. Conhecido pelos seus olhos azuis, o ator começou seguindo a linha de atuação "metódica" desenvolvida pelo Actor´s Studio, famosa escola de interpretação de onde saíram Marlon Brando, James Dean, Al Pacino e dezenas de outros. Newman era do tipo clássico do herói americano, rebelde, sarcástico, solitário. Mas alguns de seus maiores sucessos vieram com os dois filmes que fez com o colega Robert Redford. Em 1969 fez o western "Butch Cassidy and the Sundance Kid", retratando de forma romanceada a vida de dois assaltantes de trem. Das cenas famosas há a luta resolvida rapidamente por Newman com outro membro da gangue, um salto de um precipício para um rio e o famoso final, quando a dupla é emboscada em uma cidade da Bolívia. Em 1973 se juntou novamente com Redford e o diretor George Roy Hill e fez "Golpe de Mestre" (The Sting), que levou o Oscar de Melhor Filme. É dos melhores filmes de gângster do cinema e Newman faz o líder de um grupo que pretende dar um golpe em um gângster rival (vivido por Robert Shaw). Em tom nostálgico, o filme tinha bela direção de arte, a música de piano de Scott Joplin e um final surpreendente. No ano seguinte se juntou a um grande elenco para fazer "Inferno na Torre" (Towering Inferno, 1974), um dos vários filmes de desastre que se fez nos anos 1970. O filme contava com nomes como Steve McQueen, Fred Astaire, William Holden, Faye Dunaway no grande elenco.

Newman foi indicado ao Oscar de Melhor Ator diversas vezes, mas só levou em 1986 com "A Cor do Dinheiro", de Martin Scorsese. Newman interpretava Eddie Felson, papel que já havia vivido antes, em 1961, no filme "Desafio à Corrupção". Em "A Cor do Dinheiro", Newman é um vendedor de bebidas de segunda classe que fica impressionado com um jovem jogador de sinuca vivido por Tom Cruise. Ele se oferece para empresariar o jovem e sai Estados Unidos afora com Cruise e sua bela namorada (Mary Elisabeth Mastrantonio). Paul Newman havia completado 60 anos e era considerado um ator em decadência quando o filme saiu. O Oscar colocou o ator de volta no mercado e ainda gerou grandes interpretações como em "A Roda da Fortuna" (The Hudsucker Proxy,1994, dos irmãos Coen), ou "Estrada para a Perdição" (Road to Perdition, 2002, Sam Mendes). Uma de suas melhores interpretações, em minha opinião, foi em "O Veredito" (The Veredict, 1982, de Sydney Lumet), em que interpreta um advogado decadente e alcoólatra que é contratado para defender uma paciente vítiva de erro médico. Com elenco formado por atores como o grande James Mason e Charlotte Rampling, Neswman está estraordinário e vale o filme.

Casado com a atriz Joanne Woodward por mais de 40 anos, Newman também se interessava por corridas de carro (teve uma equipe de fórmula Indy) e tinha importante trabalho filantrópico, com uma linha de alimentos com seu nome cuja venda era revertida totalmente à obras de caridade. Ator que conseguiu prevalecer por várias fases do cinema, que trabalhou com grandes diretores como Alfred Hitchcock, Sidney Lumet, Robert Altman e Martin Scorsese, além de inúmeros outros, Newman fará falta por sua brilhante interpretação e por seu trabalho humanitário. Descanse em paz.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Antes que o diabo saiba que você está morto

Filme do veterano diretor americano Sidney Lumet (Dia de Cão, Sérpico), com ótimo elenco e edição fragmentada, o filme nem sempre funciona direito, mas quando funciona é ótimo. Lumet ganhou um Oscar honorário por sua carreira quando completou 80 anos. Ao invés de se aposentar, continua trabalhando e fazendo filmes como este, com a vitalidade de um garoto. "Antes que o diabo saiba que você está morto" é um filme de assalto, gênero muito usado no cinema americano, mas é mais do que isso. O assalto serve de ponto central de uma trama que envolve problemas familiares, traição, sexo e drogas. Ethan Hawke (que começou no cinema com "Sociedade dos Poetas Mortos", em 1989) é Hank, um personagem que os americanos chamam de "looser" (perdedor, derrotado). Ele está separado da esposa, que não perde uma oportunidade sequer de cobrar os meses atrasados da pensão alimentícia que ele deve à filha adolescente. Hawke cria um homem patético, sempre com um sorriso no rosto que tenta, sem sucesso, disfarçar um desespero constante. Ele tem um irmão mais velho, Andy (o sensacional Philip Seymour Hoffman), que é aparentemente bem sucedido e bem casado com Gina (Marisa Tomei, extremamente sexy, mas frágil). Só que as aparencias enganam. Andy é viciado em drogas, está desfalcando a empresa em que trabalha e o imposto de renda está no seu pé. A esposa tem problemas de auto-estima e está tendo um caso com o cunhado.


Um dia Andy chama Hank e lhe apresenta um plano: roubar a joalheria de um shopping em um sábado de manhã. É o plano perfeito: o local é meio afastado, não haveria muitos clientes no local, o seguro pagaria tudo e, por ser um negócio familiar, a única pessoa tomando conta seria uma velha senhora. Detalhe: os donos da joalheria são os pais de Andy e Hank. Claro que vai dar tudo errado.


Lumet apresenta esta história de forma não linear, tendo o roubo como ponto de partida para, em montagens paralelas que vão e voltam no tempo, ir apresentando a história dos personagens. Às vezes é um pouco confuso, mas sempre intrigante. E, nos dias puritanos e infantis por que passa o cinema americano, é bom ver um filme que não tem pudores ao apresentar cenas de violência e de sexo. A primeira cena do filme, aliás, mostra uma das cenas mais ousadas de sexo (entre Philip Seymour Hoffman e Marisa Tomei) que vi nos últimos anos. Marisa Tomei, aliás, está surpreendente. Ela sempre foi uma atriz mediana, que ganhou um Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por "Meu Primo Vinny", de 1992, que muita gente acha que foi um engano, ou uma brincadeira do apresentador, Jack Palance. E falar bem da interpretação de Philip Seymour Hoffman já se tornou lugar comum. Notem como ele tenta passar um ar "cool", de quem está em controle o tempo todo, mas aos poucos vai perdendo a paciência principalmente com o irmão mais novo. O elenco ainda conta com Albert Finney como o pai de Andy e Hank, um homem que sempre foi muito duro com o filho mais velho e leniente com o mais novo.


Cheio de reviravoltas, "Antes que o diabo saiba que você está morto" é um bom filme, de um veterano do cinema.