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quinta-feira, 1 de abril de 2010

3D Toy Story (e o futuro da Pixar)

O primeiro Toy Story surgiu nos cinemas em 1995, há 15 anos. Era o primeiro filme feito totalmente em computação gráfica na História (apesar da controvérsia de que o brasileiro "Cassiopéia", lançado alguns meses depois, tenha sido criado primeiro), e iniciou o domínio dos estúdios Pixar no gênero. Inicialmente um braço menor da Industrial Light & Magic, a empresa de efeitos especiais de George Lucas, a Pixar foi vendida por míseros 5 milhões de dólares para Steve Jobs, o cabeça da Apple, e revolucionou o cinema de animação. Produziu uma série impecável de filmes como os dois Toy Story (1995/1999), Vida de Inseto (1998), Monstros S.A. (2001), Procurando Nemo (2003), Os Incríveis (2004), Carros (2006), Ratatouille (2007), Wall-e (2008) e Up (2009). O poder da empresa está em uma combinação perfeita de técnica com criatividade aparentemente inesgotáveis, com o talento de pessoas como John Lasseter, Andrew Stanton, Pete Docter, Brad Bird, Lee Unkrich, entre centenas de técnicos. Desde 2006, a Pixar foi comprada pela Disney, a principal concorrente, em um negócio que, na verdade, deu ainda mais poder à Pixar e a John Lasseter, que se tornou diretor criativo de ambas.

A Pixar encontra-se agora em uma encruzilhada, em que vai ter que se provar novamente. Com a moda de filmes 3D fazendo fortunas mundo afora, o estúdio relançou os dois primeiros Toy Story em versões no formato, preparando terreno para a vinda de Toy Story 3. Esta terceira parte de Toy Story foi gerada sob muita controvérsia. Quando a Pixar surgiu, eles fizeram um acordo de distribuição com a Disney para três filmes. O sucesso de Toy Story gerou uma continuação que seria originalmente lançada diretamente em home video, mas que ficou tão boa que a Disney resolveu lançá-lo nos cinemas. Só que a empresa não quis incluir este filme entre os três do contrato de distribuição com a Pixar, que queria mais liberdade. A Disney chegou até a ameaçar fazer Toy Story 3 por conta própria, sem John Lasseter, mas era provavelmente um blefe. Com a junção das empresas, o filme volta a sair do papel, com a benção de Lasseter e com a produção da Pixar por trás.

Toy Story, até agora, foi o único filme Pixar a ter continuações. A empresa sempre se notabilizou por sua filosofia de criar produtos originais de alta qualidade voltados para a família, algo que a própria Disney, com suas dezenas de continuações caça-níqueis lançadas diretamente em home video, já havia perdido. Será que agora a Pixar vai perder seu "toque" de ouro? Além de Toy Story 3, já foi anunciada a continuação de "Carros" (também de John Lasseter), que foi um filme extremamente bem feito mas, a bem da verdade, longo e pouco interessante. É esperar por Toy Story 3 e ver se ainda tem algo para contar ou se é apenas uma produção para ganhar uns trocados em cima da "franquia" e do sistema 3D.


terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Indicados OSCAR 2010

Foram anunciadas hoje de manhã em Los Angeles as indicações ao prêmio Oscar, da Academia de Ciências e Artes Cinematográficas. Este ano a novidade é que são dez os indicados ao prêmio de Melhor Filme. Provavelmente uma jogada de marketing para a) tentar deixar o prêmio menos previsível e b) ajudar a campanha publicitária de mais filmes todo ano (uma indicação ao Oscar é garantia de aumento na bilheteria em milhões de dólares).

Dois filmes empataram com nove indicações cada, "Avatar", de James Cameron, e "Guerra ao Terror", de Kathryn Bigelow (que já foi casada com Cameron). Logo atrás, com oito indicações, vem "Bastardos Inglórios", de Quentin Tarantino. Bigelow ganhou o prêmio do sindicato dos diretores e é a provável vencedora do Oscar. "Avatar" é o filme tecnicamente mais ousado, o orçamento mais caro e (o mais importante no cinema americano), a maior bilheteria de todos os tempos, e ainda continua como favorito a Melhor Filme de 2010. Entre os outros indicados, boa surpresa e escolha foi "Distrito 9", uma ficção científica inteligente e implacável em sua alegoria ao racismo na África do Sul. Falando nisso, "Invictus", de Clint Eastwood, que trata de uma passagem no governo de Nelson Mandela, não foi indicado a Melhor Filme ou a Melhor Diretor. Levou as indicações a Morgan Freeman como Melhor Ator e a Matt Damon como Ator Coadjuvante (a aposta certa nesta categoria é Christoph Waltz, simplesmente perfeito em "Bastardos Inglórios"). Jeff Bridges e, quem diria, Sandra Bullock são considerados favoritos ao prêmios de melhor Ator e Atriz, respectivamente.

O filme animado da PIXAR, "Up - Altas Aventuras", conseguiu o feito de ser indicado tanto a Melhor Filme como a Melhor Animação, além das categorias Melhor Roteiro e Melhor Trilha Sonora. Há quem diga, com certa razão, que "Avatar", com sua profusão de imagens animadas criadas em computação gráfica, poderia concorrer na categoria Melhor Animação. Difícil de entender, no entanto, é a inclusão do filme na categoria "Melhor Fotografia".

O Brasil ficou de fora na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. O filme argentino "O Segredo de Seus Olhos", de Juan José Campanella (o mesmo diretor de "O Filho da Noiva") está entre os favoritos.

"2012", surpreendentemente, não está entre os indicados ao prêmio de Melhores Efeitos Visuais. Os candidatos são "Avatar", o surpreendente "Distrito 9" e o ótimo "Star Trek".

A cerimônia de entrega do Oscar será realizada dia 7 de março, domingo, em Los Angeles.

Confira os indicados ao Oscar 2010:

Melhor Filme

Avatar
Um Sonho Possível
Distrito 9
Educação
Guerra ao Terror
Bastardos Inglórios
Preciosa
Um Homem Sério
Amor sem Escalas
Up – Altas Aventuras

Melhor Diretor

Kathryn Bigelow (Guerra ao Terror)
James Cameron (Avatar)
Jason Reitman (Amor Sem Escalas)
Quentin Tarantino (Bastardos Inglórios)
Lee Daniels (Preciosa)

Melhor Ator

Jeff Bridges (Coração Louco)
Morgan Freeman (Invictus)
Jeremy Renner (Guerra ao Terror)
George Clooney (Amor Sem Escalas)
Colin Firth (Direito de Amar)

Melhor Atriz

Sandra Bullock (Um Sonho Possível)
Meryl Streep (Julie & Julia)
Carey Mulligan (Educação)
Helen Mirren (The Last Station)
Gaboury Sidibe (Preciosa)

Melhor Ator Coadjuvante

Christoph Waltz (Bastardos Inglórios)
Woody Harrelson (O Mensageiro)
Matt Damon (Invictus)
Stanley Tucci (Um Olhar do Paraíso)
Christopher Plummer (The Last Station)

Melhor Atriz Coadjuvante

Mo’Nique (Preciosa)
Anna Kendrick (Amor Sem Escalas)
Vera Farmiga (Amor Sem Escalas)
Maggie Gyllenhaal (Coração Louco)
Penelope Cruz (Nine)

Melhor Roteiro Original

Quentin Tarantino (Bastardos Inglórios)
Mark Boal (Guerra ao Terror)
Joel e Ethan Coen (Um Homem Sério)
Alessandro Camon e Oren Moverman (O Mensageiro)
Bob Peterson e Pete Docter (Up – Altas Aventuras)

Melhor Roteiro Adaptado

Jason Reitman e Sheldon Turner (Amor Sem Escalas)
Neill Blomkamp (Distrito 9″)
Nick Hornby (Educação)
Geoffrey Fletcher (Preciosa)
Jesse Armstrong, Samon Blackwell, Armando Iannucci e Tony Roche (In the Loop)

Melhor Animação

Coraline e o Mundo Secreto
O Fantástico Sr. Raposo
A Princesa e o Sapo
The Secret of Kells
Up – Altas Aventuras

Melhor Direção de Arte

Rick Carter, Robert Stromberg, Kim Sinclair (Avatar)
Dave Warren, Anastasia Masaro, Caroline Smith (O Mundo Imáginário do Dr. Parnassus)
John Myhre, Gordon Sim (Nine)
Sarah Greenwood, Katie Spencer (Sherlock Holmes)
Patrice Vermette, Maggie Gray (The Young Victoria)

Melhor Fotografia

Mauro Fiore (Avatar)
Bruno Delbonnel (Harry Potter e o Enigma do Príncipe)
Barry Ackroyd (Guerra ao Terror)
Robert Richardson (Bastardos inglórios)
Christian berger (A Fita Branca)

Melhor Figurino

Janet Patterson (O Brilho de uma Estrela)
Catherine Leterrier (Coco Antes de Chanel)
Monique Prudhomme (O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus)
Colleen Atwood (Nine)
Sandy Powell (The Young Victoria)

Melhor edição

Stephen Rivkin, John Refoua e James Cameron (Avatar)
Julian Clarke (Distrito 9)
Bob Murawski e Chris Innis (Guerra ao Terror)
Sally Menke (Bastardos Inglórios)
Joe Klotz (Preciosa)

Melhor Maquiagem

Aldo Signoretti e Vittorio Sodano (Il Divo)
Barney Burman, Mindy Hall e Joel Harlow (Star Trek)
Jon Henry Gordon e Jenny Shircore (The Young Victoria)

Melhor Trilha Original

James Horner (Avatar)
Alexandre Desplat (O Fantástico Sr. Raposo)
Marco Beltrami e Buck Sanders (Guerra ao Terror)
Hans Zimmer (Sherlock Holmes)
Michael Giacchino (Up – Altas Aventuras)

Melhor Canção Original

Almost There, de A Princesa e o Sapo (Música e Letra de Randy Newman
Down in New Orleans, de A Princesa e o Sapo (Música e Letra de Randy Newman
Loin de Paname, de Paris 36 (Música de Reinhardt Wagner; Letra de Frank Thomas)
Take It All, de Nine (Música e Letra de Maury Yeston)
The Weary Kind (Theme from Crazy Heart), de Louco Amor (Música e Letra de Ryan Bingham e T-Bone Burnett)

Melhor Edição de Som

Christopher Boyes e Gwendolyn Yates Whittle (Avatar)
Paul N.J. Ottosson (Guerra ao Terror)
Wylie Stateman (Bastardos Inglórios)
Mark Stoeckinger e Alan Rankin (Star Trek)
Michael Silvers and Tom Myers (Up – Altas Aventuras)

Melhor Mixagem de Som

Christopher Boyes, Gary Summers, Andy Nelson e Tony Johnson (Avatar)
Paul N.J. Ottosson e Ray Beckett (Guerra ao Terror)
Michael Minkler, Tony Lamberti e Mark Ulano (Bastardos Inglórios)
Anna Behlmer, Andy Nelson e Peter J. Devlin (Star Trek)
Greg P. Russell, Gary Summers e Geoffrey Patterson (Transformers: A Vingança dos Derrotados)

Melhores Efeitos Visuais

Joe Letteri, Stephen Rosenbaum, Richard Baneham e Andrew R. Jones (Avatar)
Dan Kaufman, Peter Muyzers, Robert Habros e Matt Aitken (Distrito 9)
Roger Guyett, Russell Earl, Paul Kavanagh e Burt Dalton (Star Trek)

Melhor Filme Estrangeiro

Ajami (Israel)
El Secreto de Sus Ojos (Argentina)
A Teta Assustada (Peru)
O Profeta (France)
A Fita Branca (Alemanha)

Melhor curta de animação

French Roast, de Fabrice O. Joubert
Granny O’Grimm’s Sleeping Beauty, de Nicky Phelan e Darragh O’Connell
The Lady and the Reaper (La Dama y la Muerte), de Javier Recio Gracia
Logorama, de Nicolas Schmerkin
A Matter of Loaf and Death, de Nick Park

Melhor Curta-metragem de Ficção

The Door, de Juanita Wilson e James Flynn
Instead of Abracadabra, de Patrik Eklund e Mathias Fjellström
Kavi, de Gregg Helvey
Miracle Fish, de Luke Doolan e Drew Bailey
The New Tenants, de Joachim Back e Tivi Magnusson

Melhor Documentário

Burma VJ, de Anders Østergaard and Lise Lense-Møller
The Cove
Food, Inc., de Robert Kenner and Elise Pearlstein
The Most Dangerous Man in America: Daniel Ellsberg and the Pentagon Papers, de Judith Ehrlich and Rick Goldsmith
Which Way Home, de Rebecca Cammisa

Melhor Documentário de Curta-metragem

China’s Unnatural Disaster: The Tears of Sichuan Province, de Jon Alpert e Matthew O’Neill
The Last Campaign of Governor Booth Gardner, de Daniel Junge e Henry Ansbacher
The Last Truck: Closing of a GM Plant, de Steven Bognar e Julia Reichert
Music by Prudence, de Roger Ross Williams e Elinor Burkett
Rabbit à la Berlin, de Bartek Konopka e Anna Wydr

sábado, 5 de setembro de 2009

UP - Altas Aventuras

O diretor de "Up", Pete Docter, foi um dos escritores do último animado da Pixar, "Wall-e", e pode-se notar a semelhança estilistica em uma ótima sequência inicial. Assim como no filme do robô, há longos momentos sem diálogos em "Up". Considerando que vivemos em uma época saturada de informação, em que os filmes parecem querer "gritar" o tempo todo pela atenção do espectador, é reconfortante que ainda haja artistas corajosos como os animadores da Pixar. "Up" quebra alguns outros paradigmas das animações modernas. Para começar, é um filme em que o personagem principal é um velho. E apesar de seu coadjuvante em grande parte da trama ser um garoto, ele é um garoto bastante "comum", não é um gênio em computação nem alguém que se transforma em monstros. Tecnicamente, "Up" também embarcou na onda de filmes 3D mas, ao contrário da maioria dos exemplos do gênero, a produção não fica "jogando" objetos em direção ao espectador só para exibir a técnica. O 3D de "Up" é mais sutil e utilitário. O roteiro começa muito bem mas, assim como em Wall-e, a qualidade decai do meio para o final, infelizmente. Ainda assim, estamos diante de mais um exemplar de alto nível técnico e artístico do estúdio que tomou o lugar da Disney como lider mundial na animação.

O filme conta a história de Carl Fredricksen (voz de Chico Anísio na dublagem brasileira), um senhor que vive solitário na última casa de um bairro em constante reconstrução. A melhor sequência do filme é a que mostra a vida feliz que Carl teve com a esposa Ellie, que conheceu quando os dois eram crianças e fãs de um explorador chamado Charles Muntz. Eles prometem que um dia vão viajar à América do Sul em uma aventura, mas o tempo passa e a vida toma outros rumos. Tocante em um desenho animado ver uma história de vida e morte ser contada de forma tão natural assim. Quando Ellie se vai, Carl fica sozinho e se transforma no protótipo do velho ranzinza. Quando os homens de um asilo vem buscá-lo, eles se assustam quando Carl parte rumo às nuvens, com casa e tudo, carregado por centenas de balões de festa. É tudo muito bonito e bem feito, e o filme se torna cheio de possibilidades. Pena que o resultado fique aquém do esperado. Carl parte para a América do Sul com uma carona inesperada, um escoteiro cuja missão na vida é ajudar um idoso para ganhar a última medalha que falta na sua coleção.

O resto do filme envolve alguns momentos muito engraçados e bem escritos, misturados com outros que deixam a desejar. Infelizmente o toque humano acaba se chocando com uma trama que envolve cachorros falantes, um pássaro misterioso e um herói de infância que se revela um vilão. O visual continua impressionante e as máquinas voadoras lembram alguma coisa que o mestre japonês Hayao Miyazaki poderia ter imaginado (ou já fez melhor em filmes como "Láputa, Castelo no Céu"), mas fica a sensação de uma oportunidade perdida. "Up", mesmo assim, é divertimento de alto nível para as crianças e adultos.