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domingo, 21 de maio de 2023

Quedida Alice (Alice, darling. 2022)

Quedida Alice (Alice, darling. 2022). Dir: Mary Nighy. Amazon Prime Video. Anna Kendrick construiu a carreira em filmes de comédia ou musicais; ela sempre esteve bem neles, mas nunca a havia visto em algo que exigisse algo a mais dela. Até este filme.

Kendrick interpreta Alice, uma mulher de uns 30 anos que está em um relacionamento sério com um artista chamado Simon (Charlie Carrick). Ela também tem duas melhores amigas, Sophie (Wunmi Mosaku) e Tess (Kaniehtiio Horn) que querem que ela vá passar uns dias com elas em uma cabana no campo. Alice aceita o convite e vai com as amigas, mas claramente há alguma coisa errada. Ela está sempre nervosa e, de vez em quando, arranca tufos do cabelo com as mãos. A edição insere pequenos trechos em que vemos o rosto de Simon, o namorado dela, a criticando de alguma forma ou ameaçando sutilmente. As amigas também percebem que algo está errado, mas não sabem como intervir.

É um filme bastante sutil e feminino. A presença de Anna Kendrick e a história de três amigas indo passear até passam a ideia de que estamos vendo alguma comédia bobinha, mas este é um drama e tanto. Kendrick está muito bem como uma mulher tão fragilizada que parece que vai quebrar a qualquer momento. Os sinais do relacionamento tóxico em que ela se encontra se revelam sutilmente, no modo como ela está sempre se arrumando ou fica assustada com qualquer vibração do celular. Há uma subtrama que trata de uma moça desaparecida que, de certo modo, espelha a situação de Alice. O filme vai aquecendo a trama em "banho maria", elevando a tensão até ficar bastante desconfortável. Anna Kendrick revela que pode fazer mais do que comédias românticas. Disponível na Amazon Prime Video. 

quinta-feira, 19 de maio de 2022

Pai Nosso? (Our Father, 2022)

Pai Nosso? (Our Father, 2022). Dir: Lucie Jourdan. Netflix. Documentário com uma história tão bizarra que um dos produtores é Jason Blum, especializado em filmes de terror, "Pai Nosso?" começa com o depoimento de Jacoba Ballard. Loira de olhos azuis, ela desconfiou que não fosse filha biológica de seus pais e descobriu que a mãe havia passado por um tratamento de fertilidade com um especialista chamado Donald Cline. Até aí, tudo bem. A coisa começou a ficar estranha quando ela fez um teste de DNA que apontou que ela teria outros sete meio irmãos listados no banco de dados de um site especializado em árvores genealógicas. O especialista em fertilidade havia assegurado à mãe de Jacoba que os doadores de esperma eram usados em, no máximo, três fecundações. Investigando mais a fundo, Jacoba e seus meio irmãos chegaram à uma suspeita assustadora; tudo indicava que eles compartilhavam o mesmo DNA do Dr. Cline, o médico que havia feito o "tratamento" de fertilidade nas mães deles.

O documentário entrevista vários destes meio irmãos, todos bastante parecidos fisicamente, que descobriram que não eram filhos biológicos de quem chamavam de pais. As mães, horrorizadas, se deram conta de que foram inseminadas não com o esperma dos maridos, ou doadores anônimos, mas do próprio médico. Há um "contador" que aparece de tanto em tanto tempo na tela mostrando o número, cada vez maior, de pessoas que se descobriram filhos do médico. Para piorar, a comunidade em que eles viviam era relativamente pequena, o que aumentava a chance de que pessoas que nem sabiam serem irmãos haviam se conhecido, talvez até mesmo namorado ou tido filhos.

O áudio original das conversas do Dr. Cline com Jacoba, que o denunciou publicamente, é ouvido diversas vezes. Ela levou o caso às autoridades mas, bizarramente, os promotores não encontravam na lei uma forma de condenar o médico; o que ele fez foi estupro? Fraude? Ou as mães haviam apenas conseguido o que foram buscar, ou seja, uma gravidez bem sucedida? O documentário poderia ser mais aprofundado nos motivos que levaram o médico a fazer o que fez. Há menções a uma sociedade religiosa que prega que as pessoas tenham o maior número de filhos possível. O Dr. Cline era frequentador da igreja e benquisto na comunidade. Andava, também, com uma arma na cintura. Assustador. Tá na Netflix.
 

domingo, 2 de janeiro de 2022

7 Prisioneiros (2021)

7 Prisioneiros (2021). Dir: Alexandre Moratto. Netflix. Enquanto assistia ao bom "7 Prisioneiros", filme brasileiro na Netflix, me lembrei de "99 Casas", de Ramin Bahrani. Pois bem, Bahrani é um dos produtores de "7 Prisioneiros", junto com Fernando Meirelles (Cidade de Deus). Em "99 Casas", Andrew Garfield era um rapaz que, após ter sido despejado de sua casa e jogado na rua, passou a trabalhar para o homem responsável por isso (interpretado por Michael Shannon); depois de um tempo ele descobriu que era bom no serviço que ele tanto odiava.

Em "7 Prisioneiros", Mateus (Christian Malheiros) é um rapaz do interior que se muda para São Paulo com a promessa de um emprego registrado. Ao chegar a um ferro velho, porém, descobre que ele (e alguns companheiros) são mantidos em regime de escravidão. O chefe, Luca (Rodrigo Santoro), mantém os empregados trancados no ferro velho e os ameaça não só com uma arma, mas com a promessa de que as famílias deles sofreriam caso eles tentassem escapar. O esquema envolve policiais e políticos.

Mateus, que sabe ler e escrever e é mais desenvolto que os companheiros, começa a negociar acordos com Luca, inicialmente para melhorar as condições de trabalho dos companheiros. Com o tempo, porém, ele acaba recebendo mais responsabilidades do chefe e se vê em uma posição de superioridade com relação aos colegas. Ele é um traidor ou apenas alguém tentando melhorar de vida? O filme, dirigido por Alexandre Moratto, mostra um lado das cidades grandes que poucos conhecem (ou querem ver); imigrantes haitianos e coreanos, além de brasileiros do interior, são negociados como escravos em mercados paralelos. Centenas de mulheres trabalham longas horas do dia para costurar roupas para grandes lojas. No "ferro velho" em que Mateus trabalha, carros roubados são desmanchados para virar peças de reposição. "Há muitos como eu por aí?", pergunta Mateus a Luca. "O suficiente para manter a cidade em pé", responde ele. Tá na Netflix.