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quinta-feira, 1 de setembro de 2016
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
Procurando Nemo 3D
Quando John Lasseter apresentou "Luxo Jr." (assista aqui), primeiro curta metragem feito pela "Pixar Animation Studios" em uma feira de tecnologia, em 1986, um figurão da área veio conversar com ele. Lasseter já estava esperando alguma pergunta técnica sobre algoritmos mas, ao invés disso, lhe perguntaram se a luminária maior era a mãe ou o pai da menor. Mais do que a tecnologia, o trunfo da "Pixar" sempre foi o lado humano da história, a preocupação com o roteiro.
"Procurando Nemo" é de 2003 e já pode ser considerado um clássico. A animação está de volta aos cinemas em versão 3D; sim, pode ser considerado mais um relançamento "caça-níqueis" de um estúdio explorando os próprios filmes, mas "Procurando Nemo" é tão bom que vale voltar ao cinema para vê-lo na tela grande. O roteiro é um primor e é possível imaginar o grupo de roteiristas da "Pixar" ao redor de uma mesa jogando ideias como: "E se Dory tivesse um problema de memória?"; ou "Vamos colocar uns tubarões na história, mas que tal fazê-los em uma reunião dos Alcoólicos Anominos?"; ou mesmo "Já que o aquário fica em um consultório dentário, por que não escrever um diálogo em que os peixes discutem as técnicas usadas pelo dentista para tratar de um paciente?". São estes detalhes, e centenas de outros, que sempre colocaram a "Pixar" acima dos outros estúdios de animação. Ou, ao menos, até recentemente, quando o estúdio parece ter perdido a originalidade. Mas esta é outra discussão.
"Procurando Nemo" conta a história de Marlin, um peixe-palhaço que faz de tudo para reencontrar o filho Nemo depois que este foi capturado por mergulhadores nos recifes de coral na Austrália. Marlin (voz original de Albert Brooks) é um pai traumatizado por ter perdido a esposa e centenas de filhotes que foram devorados por uma barracuda. Nemo foi o único sobrevivente e o pai sempre foi excessivamente protetor. A jornada de Marlin do recife de coral até Sydnei, para onde o filho foi levado, é acompanhada por Dory, uma peixinha azul que sofre de memória curta. Quando está com Marlin, estranhamente, ela se sente melhor e é a única que se lembra do endereço dos mergulhadores, que ela leu em uma máscara de mergulho derrubada no mar. A viagem dos dois é uma aventura em que eles enfrentam tubarões, um cardume de águas-vivas, um passeio em alta velocidade por uma corrente marítima e até passam um tempo dentro de uma baleia gigante. Em paralelo, Nemo tem que encontrar um modo de tentar fugir do aquário em que foi colocado, onde encontra peixes como Gil (voz original de Willen Dafoe), um veterano do mar que há anos também tenta escapar. O filme foi escrito e dirigido por Andrew Stanton que, cinco anos depois, faria outra obra-prima da "Pixar", "Wall-E". "Procurando Nemo" e "Wall-E", a propósito, são provavelmente as duas animações mais belas visualmente produzidas pelo estúdio. As cenas passadas no recife de coral, com suas centenas de espécies de peixes, anêmonas, estrelas do mar, arraias, etc, são extremamente realistas e coloridas, e o efeito tridimensional, no caso, até veio adicionar ao encanto.
Interessante como o roteiro é, no fundo, uma homenagem aos contadores de histórias. Marlin começa o filme como um peixe-palhaço que não sabe nem mesmo contar uma piada. Suas aventuras, no entanto, fazem com que ele tenha o que contar e ele narra sua busca pelo filho para vários personagens no caminho. Há uma sequência muito boa em que se vê sua história ser passada para frente pelos peixes até chegar aos ouvidos de Nemo, que sabe que o pai está vindo. Assim, mesmo que seja um relançamento, "Procurando Nemo" vale a visita à telona. Visto no Kinoplex, Campinas.
segunda-feira, 14 de julho de 2008
Wall-E

O robô é chamado de Wall-e (que é a sigla para "alocador de lixo terrestre", ou algo assim), e sua única missão na vida é compactar o lixo em cubos e empilhá-lo em montanhas de dejetos. Estamos aproximadamente no ano de 2800, se minhas contas estiverem corretas, e a Terra se tornou, literalmente, um monte de lixo da superfície até a órbita, cheia de restos de satélites. O filme começa com uma surpresa, uma canção do musical "Hello Dolly", dirigido pelo gênio sapateador Gene Kelly, em 1969, com Barbara Streisend e Walter Matthau no elenco. Explica-se, a música é tocada pelo pequeno robô o tempo todo durante seu turno de trabalho, e ele guarda uma velha (muito velha) fita VHS do filme em sua "casa", um furgão cheio de bugigangas e peças de reposição. O cenário é impressionante e a trama vai sendo revelada aos poucos através de objetos de cena e outdoors animados que vão contando a história da humanidade: o mundo se tornou inabitável e os seres humanos fugiram para o espaço. Para trás ficaram robôs como Wall-e com a missão de limpar tudo e tornar o planeta habitável novamente. Mas 700 anos se passaram, o lixo se acumulou em pilhas maiores que os arranha-céus das metrópoles e os robôs foram parando um por um, com exceção de Wall-e que, fiel a seu propósito, continua trabalhando sem parar.
O filme é co-escrito e dirigido por Andrew Stanton, responsável por "Procurando Nemo", e ele comete algumas ousadias. Grande parte do animado é passado sem nenhum diálogo, apenas com imagens e expressões de Wall-e para passar a história. Há um sem número de referências, mas a principal (e que vai se tornando cada vez mais óbvia) é o clássico "2001 - Uma Odisséia no Espaço", de Stanley Kubrick, que também tinha uma longa primeira parte passada no "silêncio" de uma Terra sem seres humanos. O filme tem um visual espetacular e uma "câmera" quase sempre em movimento, com constantes mudanças de foco e pequenos movimentos que parecem sugerir o ponto de vista de outra máquina. A tecnologia da computação gráfica percorreu um longo caminho desde que Toy Story estreou nos cinemas em 1995.
A solidão do pequeno robô termina quando uma gigantesca nave desce dos céus e dela sai outro robô, muito mais avançado tecnicamente do que Wall-e. Na verdade é "uma" robô chamada EVA, que veio à Terra procurar por sinais de vida. Wall-e se "apaixona" perdidamente por ela e tenta conquistá-la seguindo as cenas que sempre viu no musical "Hello Dolly". EVA só quer saber de sua missão e, de fato, ela encontra uma pequena planta e entra em "hibernação". A nave volta e retorna ao espaço com EVA a bordo, e Wall-e vai de carona. As cenas da viagem espacial são de uma poesia tocante e servem de ponte para a segunda parte do filme, passada dentro de uma gigantesca nave espacial onde os descendentes da Humanidade vivem. E a visão não deixa de ser assustadora. A nave (ou o novo lar dos humanos) é mostrado como um gigantesco shopping center em que as pessoas, gordas e sedentárias, são conduzidas de um lado para o outro em cadeiras flutuantes, se comunicando apenas por programas de "chats" e seguindo a mesma moda. É obviamente uma crítica à sociedade de consumo que produziu todo aquele lixo que destruiu o planeta e um retrato do americano médio, consumista, gordo e infantilizado. Se não estivesse assistindo a uma animação "para crianças" feita por um grande estúdio americano, juro que acharia que estava vendo uma crítica ácida e adulta ao mundo em que vivemos.
Wall-e tem um pouco de E.T., um pouco de Star Wars, um pouco de 2001, e muito da cultura pop atual. Quando Wall-e liga, por exemplo, faz o mesmo som que meu iMac 600 da Apple fazia (e, creio, os Macs ainda fazem ao ligar). A mensagem ecológica está meio batida hoje em dia, mas o filme é maior do que isso. E a PIXAR impressiona novamente com sua mágica de conseguir misturar alta tecnologia na produção com um coração que bate em seus roteiros elaborados. E que venha o próximo Oscar.
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