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quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

A Fuga das Galinhas: A Ameaça dos Nuggets (Chicken Run: Dawn of the Nugget, 2023)

 
A Fuga das Galinhas: A Ameaça dos Nuggets (Chicken Run: Dawn of the Nugget, 2023). Dir: Sam Fell. Netflix. Quase 24 anos depois do lançamento de "A Fuga das Galinhas", produção da britânica Aardman com a americana Dreamworks, a Netflix lança uma continuação. É até melhor do que eu esperava, embora esteja longe do charme e originalidade do primeiro.

Depois de liderar a fuga das companheiras da granja no primeiro filme, a galinha Ginger vive em paz com o marido, Rocky, em uma ilha no interior da Inglaterra. Ela e as amigas construíram um pequeno paraíso e vivem muito bem, até que Ginger e Rocky têm uma filha, Molly. A menina é tão rebelde quanto a mãe e, ao chegar à adolescência, quer saber o que existe no mundo "lá fora". Ela acaba fugindo da ilha e indo parar em uma granja industrial em que ela e outras centenas de galinhas correm o risco de virarem nuggets crocantes. Cabe a Ginger e às companheiras tentar resgatar a filha.

É uma continuação direta do primeiro filme e os personagens estão todos lá, embora a maioria com vozes novas; Mel Gibson, que fazia Rocky, foi substituído por Zachary Levi. Thandiwe Newton tomou o lugar de Julia Sawalha como Ginger. Bella Ramsey (de The Last of Us) é a filha Molly. O roteiro é bem menos inspirado que o do primeiro, mas tem bons momentos. Interessante como os britânicos não fogem de situações "desconfortáveis", como mostrar algumas galinhas morrendo, mesmo em um filme infantil. Quanto a Molly, pelo que vi ela é a única criança no bando todo... acho que não quiseram mostrar Rocky como promíscuo (rs). A boa trilha sonora é de Harry Gregson-Williams, que no primeiro fez parceria com John Powell.

A produção durou vários anos, visto que a animação é feita na trabalhosa técnica do stop-motion. Dá para notar que usaram computação gráfica em cenários e, provavelmente, para replicar as dezenas de galinhas. É divertido, embora pouco memorável. Tá na Netflix.

domingo, 6 de junho de 2010

Mary e Max - Uma Amizade Diferente

Em 2003, Adam Elliot ganhou o Oscar de Melhor Curta Metragem de Animação (além de vários outros prêmios, inclusive o Animamundi do Rio de Janeiro) com "Harvie Krumpet", uma história agridoce sobre um personagem com problemas mentais, todo feito com a técnica da "animação de massinhas" (ou claymation). Veja o curta no final deste texto.

Os prêmios e o prestígio conseguidos com o curta abriram caminho para a produção do longa metragem "Mary e Max - Uma Amizade Diferente", em cartaz no Cine Topázio de Campinas. Elliot é daqueles animadores que vão contra a corrente da computação gráfica e, assim como seus colegas da Aardman Animation (a produtora inglesa responsável por Wallace & Gromit), ainda faz seus filmes de forma artesanal, movimentando bonecos e cenários milímetros por vez e fotografando quadro a quadro. O mundo de Adam Elliot é todo particular. Também ao contrário de animações "fofinhas" para crianças, ele cria um quadro bastante adulto (e muito bem humorado) da sociedade, expondo as neuroses do homem moderno, seus medos perante o mundo e um tom geral bem distante das animações estilo Disney (que cumprem seu papel). Tanto que "Mary e Max" é mostrado em versão legendada, destinado a adultos.

O humor negro e visão perturbadora da vida presente em "Harvie Krumpet" retornam em "Mary e Max". O filme toma emprestada a trama de "Nunca te vi, sempre te amei", de 1986, que contava a história de duas pessoas (Anne Bancroft e Anthony Hopkins), em cantos diferentes do globo, que por anos mantiveram uma amizade por meio de cartas. Mary Daisy Dinkle é uma garota de 8 anos que mora em uma cidade pequena na Austrália, com a mãe alcoólatra e o pai taxidermista. Ela tem uma marca de nascença de cor chocolate na testa, usa óculos de grau e é solitária. Sua visão de mundo é distorcida pela história da mãe, que lhe disse que ela foi um "acidente", e do avô, que lhe diz que os bebês são encontrador no fundo de canecas de cerveja. Um dia ela encontra uma lista telefônica de Nova York e, aleatoriamente, resolve escrever para uma pessoa, em busca de amizade. O escolhido é Max Jerry Horovitz, um judeu de 44 anos, obeso, solitário e com muitos problemas. Max explica a Mary que os bebês, nos Estados Unidos, não são encontrados em canecas de cerveja, mas nascem de ovos colocados por rabinos (se forem judeus), freiras (se forem católicos) ou por prostitutas (se forem ateus). Max, um leitor de ficção-científica que nunca dormiu com uma mulher, se considera ateu.

O filme é quase todo sem diálogos, composto pela narração de Barry Humphries e pelas vozes (nas cartas de Mary e Max), de Toni Collette e Philip Seymour Hoffman. O filme é lento e cheio de detalhes irônicos e sarcásticos. Max é um caso típido de depressivo das grandes cidades, solitário e com um problema de peso, do qual ele tenta se curar frequentando reuniões dos "Comedores Compulsivos Anônimos". Mary é a garota feia, tímida e impopular na escola. Ela gostaria de receber mais atenção do pai ausente e da mãe alcoólatra, mas só está feliz quando assiste sua série preferida na televisão, ao lado do galo de estimação e comendo uma lata de leite condensado. A vida de Mary, de oito anos, e a de Max, muito mais velho mas com a idade mental de uma criança, começa a mudar quando eles encontram finalmente um amigo através das cartas. Eles trocam experiências (distorcidas) de vida, receitas de sanduíches de chocolate e leite condensado e tentam, principalmente, encontrar conforto para a solidão.

A animação é elegante, com boa direção de fotografia e cenário rico em detalhes. Há piadas escondidas pelo roteiro e pelo cenário, como o fato do gato de Max se chamar HAL e ter apenas um olho (assim como o computador do filme "2001 - Uma Odisséia no Espaço").



Veja aqui "Harvie Krumpet", curta metragem de Adam Elliot: