
domingo, 2 de janeiro de 2011
Contos da Era Dourada

sábado, 23 de agosto de 2008
Curtas em Sampa

- Dossiê Rê Bordosa - direção: César Cabral (dur: 16 min): espetacular animação com bonecos que, em forma de documentário investigativo, tenta desvendar o caso da morte da personagem Rê Bordosa, do cartunista Angeli. A animação é muito boa e foi feita quadro a quadro pelo próprio diretor, em um processo que levou um ano (mais seis meses de pós produção). O roteiro, engraçadíssimo, conta com a presença de outros personagens de Angeli, como Bob Cuspe e Bibelô, além de amigos e colegas, todos transformados em bonecos animados. Clássico instantâneo.
- Blackout - direção: Daniel Rezende (dur: 10 min): curioso que um montador famoso pelos cortes rápidos de "Cidade de Deus" tenha decidido fazer seu primeiro filme em um longo plano sequência. Um deputado suplente (Wagner Moura) e um Assessor da Assembléia Legislativa (Augusto Madeira) entram em uma sala em Brasília para fumar um baseado e fofocar sobre um outro deputado, que estaria em apuros. Há boatos de que este deputado estaria transando com a esposa de um governador e que um escândalo está para acontecer. É então que eles percebem que há uma bomba no fundo da sala. Para piorar, a bomba está amarrada ao deputado de quem eles estavam falando. Para piorar (sempre pode ficar pior, diz Wagner Moura em uma frase do filme), a porta da sala está emperrada e um blackout acontece em Brasília, deixando todos no escuro. O curta é todo filmado de um único ponto de vista, o da bomba no fundo da sala, e é muito bem dirigido. Rezende, em um debate após a sessão, disse que o plano sequência também tem edição, só que ela é feita no próprio set de filmagem. O curta foi rodado em apenas um dia, após alguns dias de ensaio, e tem a fotografia de César Charlone e montagem de Valéria de Barros. Charlone, a propósito, faz uma ponta no curta como o político amarrado à bomba.
Veja a programação completa do Festival aqui
domingo, 30 de março de 2008
Cada um com seu cinema (2007)

Engraçado que, apesar de todos os curtas serem resultado de cineastas, a maioria se revela o trabalho de cinéfilos. Não há menção ao se fazer cinema, mas sim o prazer de se assistir cinema...e NO CINEMA. Uma certa nostalgia e a sensação, talvez, de que esta seja uma arte em extinção (e me refiro à ARTE de se assistir cinema) também permeiam as obras. Há outros pontos em comum; o tema da LUZ, principalmente a luz do projetor e seu contrário, a escuridão, rendem alguns roteiros semelhantes. A escuridão dá margem a comportamentos escondidos, como namorar e fazer amor, ou criminosos mesmo, como no curta em que um garoto tateia por entre as poltronas para roubar espectadores incautos. Andrei Konchalovski usa a luz do projetor e a compara com a luz que vem da porta que dá para a rua, enquanto uma senhora se delicia assistindo “Fellini 8½” e um casal faz amor apaixonadamente entre as fileiras escuras. A vida vem da tela ou da rua?
Pode-se sentir também o fetiche do cinema como algo físico, representado pela figura do projetor, do ato de se passar o filme por entre as engrenagens, se ligar a grande máquina e escutar o barulhinho de cinema. Em “O primeiro beijo”, de Gus Van Sant, o projecionista é um belo adolescente que acaba subindo à tela para beijar uma garota na praia. “Cinema ao ar livre”, de Raymond Depardon mostra uma “sala” que funciona na cobertura de um prédio, a imagem projetada vindo do outro lado da rua. Claude Lelouch conta a história do encontro dos próprios pais em “O cinema da esquina”, uma comovente auto biografia através dos tempos por meio do cinema. E assim por diante.