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domingo, 12 de março de 2017

Kong: A Ilha da Caveira (2017)

Há um curioso ar analógico em "Kong: Ilha da Caveira". Passado nos anos 1970, o filme está cheio de imagens de discos de vinil, gravadores de rolo, câmeras de 16mm, Super-8 e filmes fotográficos de 35mm. Estas imagens contrastam com os monstrões criados digitalmente pelos mágicos dos efeitos especiais e são bem-vindas.

"Kong: A Ilha da Caveira" é uma divertida (e completamente sem noção) volta de King Kong aos cinemas. O personagem surgiu pela primeira vez na década de 1930, subindo em uma miniatura do Empire State nos ótimos efeitos especiais em stop motion de Willis O´Brien. O macacão apareceu em alguns filmes japoneses de monstro nos anos 1960, em desenhos animados, em superprodução de Dino de Laurentis na década de 1970 e em um longo épico de três horas de Peter Jackson em 2005.

Esta versão de Kong é parte de um plano da Warner de fazer uma série de filmes de monstros culminando com um duelo entre King Kong e Godzilla. Assim, esta versão de Kong é gigantesca. Esqueça aquele gorila que subia em edifícios de Nova York; este é do tamanho de um prédio, o que é ao mesmo tempo majestoso e ridículo. O diretor Jordan Vogt-Roberts não perde tempo em revelar o monstrão quando um grupo de cientistas e soldados chega à Ilha da Caveira. Em termos de elenco, é um time e tanto: John Goodman, Samuel L. Jackson, Tom Riddleston, Brie Larson, John C. Reilly e uma dezena de coadjuvantes destinados a virar purê estão no filme, levando tudo divertidamente a sério. Não dá para falar mal de um filme que tem John Goodman e Samuel L. Jackson. O primeiro é um cientista que acredita em uma teoria da "Terra Oca", onde monstros mitológicos vivem. O segundo é um coronel que acabou de perder a Guerra do Vietnã e está com sede de vingança. John C. Reilly, ótimo, é um tenente do exército americano que está na ilha desde a 2ª Guerra Mundial (o que rende boas piadas, como ele não saber o que é rock ´n roll ou que o homem chegou à Lua em 1969).

A inspiração direta para Kong, curiosamente, é o clássico "Apocalypse Now" (1979), de Francis Ford Coppola. Quando dezenas de helicópteros (que, sinceramente, ainda não entendi de onde partiram) chegam à Ilha da Caveira, Vogt-Roberts recria a genial sequência de Coppola do ataque de helicópteros no Vietnã; a única diferença é que Wagner foi trocado por clássicos de rock. Em poucos minutos estes helicópteros estão sendo derrubados como moscas pelo gigantesco Kong, que não gosta de ver sua ilha invadida. Os sobreviventes são divididos em diversos grupos pela ilha e logo são alvo de outros monstros, como aranhas gigantes e lagartos que parecem ter saído de uma produção de J.J. Abrams.

"Kong: A Ilha da Caveira", obviamente, não pode ser levado a sério,  mas é bastante divertido como "filme B de luxo" e rende algumas ótimas sequência de luta entre monstros do tamanho de montanhas.

PS: claro que, estilo Marvel, há cenas depois dos créditos, esteja avisado.

João Solimeo


domingo, 18 de maio de 2014

Godzilla

O primeiro filme do monstro Godzilla foi lançado há 60 anos. O Japão havia sido devastado pela 2ª Guerra Mundial, tendo sofrido dois ataques nucleares, em 1945. Menos de dez anos depois o diretor Ishiro Honda lançou "Godzilla", que contava a história de um monstro acordado por um explosão nuclear. Ele fez tanto sucesso que gerou uma série de quase 30 filmes, inclusive uma versão americana (universalmente detestada) dirigida por Roland Emmerich ("Independence Day", "2012", "O Dia depois do Amanhã") em 1998.

Apesar do lagartão ter protagonizado alguns filmes japoneses neste novo milênio, era inevitável que Hollywood acabasse tentando novamente, o que aconteceu agora no aniversário de 60 anos do monstro. O responsável pelo filme é o diretor britânico Gareth Edwards, um garoto prodígio dos efeitos especiais que fez um longa metragem (chamado "Monstros"...claro) em 2010 em que foi diretor, produtor, roteirista e responsável pelos efeitos visuais. O novo "Godzilla", sem mais delongas, é uma decepção. Uma brilhante campanha publicitária criou trailers cheios de suspense em que pouca coisa era revelada; alguns usaram até a música do romeno Gyorgy Ligeti (usada em "2001 - Uma Odisseia no Espaço") e a narração de J. Robert Oppenheimer (o criador da Bomba Atômica) para da um ar mais "sério" ao filme. Pouco se via do próprio Godzilla ou detalhes do roteiro.

(Atenção, o texto abaixo contém SPOILERS sobre o filme. Caso não queira saber detalhes, leia somente depois de vê-lo)


O filme que chega aos cinemas, no entanto, está longe das boas sacadas da campanha publicitária. A começar pelo fato de que Bryan Cranston (famoso pela série "Breaking Bad", mas que também esteve em bons filmes como "Drive" e "Argo") não só não é o protagonista como "desaparece" rapidamente, deixando o filme nas costas de Aaron Taylor-Johnson (de "Anna Karenina"). O vazio deixado pela morte precoce de Cranston é enorme e o filme cai nos clichês de sempre. Johnson é um soldado americano que precisa "voltar para a família" e, convenientemente, é um especialista em bombas, o que já deixa implícito como é que o filme vai terminar. Dois monstros chamados  de "Muto" causam destruição por onde passam e o exército quer tentar matá-los usando bombas nucleares, mesmo tendo sido alertados pelo personagem interpretado pelo japonês Ken Watanabe de que eles se alimentam de radiação. Ele tenta também convencer os americanos de que o melhor é deixar a "Natureza encontrar seu equilíbrio" na forma de Godzilla, um lagarto de centenas de metros de altura que, neste filme, não é o vilão que fomos levados a acreditar. Além disso, o diretor fica brincando de esconde-esconde com Godzilla e os monstros e, estranhamente, deixa de mostrar quase todos os confrontos entre eles, preferindo cortar para os personagens humanos, ainda mais superficiais que os bichões digitais, ou para reportagens na TV. Se a proposta ao menos fosse como a do (tremendamente superior) "Cloverfield", produzido por J.J. Abrams, em que o monstro era visto propositalmente apenas de relance, ainda daria para entender. Do modo como foi feito por Edwards, a opção não faz sentido. E como explicar que a explosão de uma bomba nuclear na baía de São Francisco não cause a morte de toda a cidade?

Bons atores como David Strathairn, Ken Watanabe, Sally Hawkins (de "Blue Jasmine") e Juliette Binoche estão desperdiçados em personagens patéticos ou clichês, e Aaron Taylor-Johnson (que mantém a mesma expressão facial o filme todo) simplesmente não tem carisma para segurar a trama sozinho. O filme (ruim) de 1998, ao menos, sabia se divertir com as próprias falhas.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

2012

"Roland Emmerich: orgulhosamente destruindo o mundo desde 1996". Este deveria ser o "slogan" deste diretor alemão que se especializou em elevar o gênero do "disarter movie" quase que a uma forma de arte. Em 1996 ele lançou "Independence Day", em que alienígenas hostis destruíam ícones americanos como a Casa Branca e o edifício Empire State com raios poderosos. Na época, as cenas de destruição em massa foram consideradas espetaculares. O próprio Emmerich foi mais longe na destruição do mundo em seu "O dia depois do amanhã", em 2004. Agora ele lançou o "disaster movie" mais espetacular de sua carreira e, provavelmente, de toda história do cinema. "2012" não se limita a mostrar alguns prédios explodindo ou pessoas morrendo. O filme mostra a Natureza engolindo cidades inteiras em gigantescos terremotos, que são seguidos por tsunamis, acompanhados por vulcões, chuva de lava fumegante, fumaça e assim por diante.

John Cusack interpreta o típico "herói" de Emmerich, um cara inteligente, abandonado pela mulher e sub-aproveitado em alguma ocupação inferior à sua real capacidade. Ele é pai de um casal de crianças e os olhos de sua ex-mulher Kate (Amanda Peet) ainda brilham quando ele aparece para buscar os filhos. Ele é um escritor que vendeu menos de 500 cópias de seu livro de ficção científica mas, ainda assim, é reconhecido quando é pego pelo governo em uma área proibida do parque Yellowstone. O elenco ainda conta com Chiwetel Ejiofor como o cientista que, auxiliado por colegas da Índia, descobre que o mundo está para terminar em alguns anos, devido a neutrinos perigosos enviados pelo Sol. A data, 2012, coincidiria com antigas previsões Maias que marcam a data como o fim do mundo. Ejiofor, Cusack e Peet são acompanhados no elenco por participações especiais de Woody Harrelson como um locutor de rádio maluco que também havia previsto o fim do mundo, por Danny Glover como o presidente dos Estados Unidos e por Thandie Newton como sua filha.

É um filme de efeitos especiais, e os 250 milhões de dólares do orçamento podem ser claramente vistos na tela. O roteiro é formado por uma série de sequencias que envolvem antecipação, desastre natural e fuga espetacular dos heróis de perigos cada vez maiores. E quem foi ao cinema para ver cenas de destruição não vai sair decepcionado. As fugas começam com uma limosine que consegue fugir da onda de choque de um terremoto em Los Angeles, seguida por outra sequencia espetacular em um avião particular em que o espectador é levado pelo ar enquanto edifícios inteiros se desintegram à sua volta. "2012" é desnecessariamente longo, com duas horas de quarenta minutos de duração, e a parte final se arrasta. Claro que é absurdo e não deve ser levado a sério nem por um segundo. Mas é o tipo do filme em que se deve deixar o cérebro na sala de espera do cinema e se divertir.