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terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Homem-Aranha: Sem Volta para Casa (Spider-Man: No Way Home, 2021)

Homem-Aranha: Sem Volta para Casa (Spider-Man: No Way Home, 2021). Dir: John Watts. SPOILERS MUITOS SPOILERS. Não tem como falar deste filme sem spoilers, então esteja avisado. Dos três atores que fizeram o Homem-Aranha nos últimos vinte anos (Tobey Maguire, Andrew Garfield e Tom Holland), o último é o que eu menos vi em filmes "solo". Vi Holland como o Aranha quando ele participou dos filmes dos Vingadores, mas creio que só tenha visto o primeiro dos filmes solo com ele. Achei que isso seria um grande problema ao ver este último, mas não foi. "Sem Volta para Casa", na verdade, me pareceu voltado exatamente para o fã por volta da minha idade ou, no mínimo, quem assistiu bastante os primeiros filmes com Tobey Maguire.

A Marvel, de forma esperta, conseguiu, no mínimo, um grande feito logístico com este filme, trazendo de volta não só os heróis como os vilões dos filmes anteriores. Claro que tem o fator "exploração da nostalgia" tão presente nos filme de hoje, ou o chamado "fan service". Mas ao contrário do (bom) filme dos "Ghostbusters" recente, em que os atores originais fazem uma ponta descartável no final, "Sem Volta para Casa" não usa Tobey Maguire, Andrew Garfield, Willem Dafoe, Jamie Foxx e Alfred Molina (entre outros) como simples "papel de parede". Os personagens têm função definida e fazem diferença na trama. Tobey Maguire talvez seja, ainda, em quem eu pense quando ouço falar em Homem-Aranha, mas sou dos poucos que gostou de Andrew Garfield no papel. Junta-se os dois com Tom Holland, que é muito carismático, e as cenas em que os três Peter Parker/Homem-Aranha dividem a tela são ótimas. Há até uma tentativa (bem sucedida, em minha opinião) de redimir os filmes do Andrew Garfield. Há uma química ótima entre os três e até um momento em que eles batem papo e comparam histórias sobre amores e vilões.

A única crítica que tenho é que o tom do filme varia bastante. A trama inicial, com Tom Holland, é bem leve e "bobinha". Chateado com o fato de que sua identidade secreta foi revelada, Parker se encontra com o Dr. Strange (Benedict Cumberbatch) para tentar fazer com que as pessoas se esqueçam dele. Strange, que deveria ser mais esperto, acaba se embananando e criando a situação que mistura o "multiverso" e trazendo vilões e heróis para uma mesma dimensão. A morte trágica da tia May (Marisa Tomei) me pareceu uma consequência muito forte para um deslize provocado por um capricho adolescente de Peter Parker. De qualquer forma, é um filme muito gostoso de se assistir; é sim bastante calcado em nostalgia, mas de forma inteligente, e é bom rever estes atores em papéis que os marcaram. Visto em enorme Imax, nos cinemas.

 

sábado, 10 de maio de 2014

O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro

O que a Marvel tem feito nos últimos anos, com esta longa série de filmes baseados em seus super-heróis, é aplicar uma mentalidade de quadrinhos em um meio cinematográfico. É bem comum no mundo das HQs que personagens vivam múltiplas linhas do tempo, com trajetórias diferentes, mortes, novos começos, realidades paralelas, etc. Os filmes de Sam Raimi sobre o Homem-Aranha nem haviam esfriado e o estúdio lançou um reboot há dois anos, substituindo o "chorão" Tobey Maguire por Andrew Garfield ("A Rede Social") e iniciando uma nova franquia. O filme não era ruim, mas era redundante, contando novamente a já batida história da origem do Homem-Aranha.

A continuação lançada agora, livre de ter que estabelecer novamente a origem do herói, começa com a ação em pleno vapor. Os efeitos especiais transformaram o aracnídeo em um verdadeiro acrobata, que voa por entre os prédios de Nova York fazendo piruetas, contando piadinhas para os pedestres e batendo papo com o vilão (um desperdiçado Paul Giamatti), ocupado em roubar uma carga de plutônio de um caminhão em movimento. Peter Parker chega atrasado à própria formatura (apesar de Garfield já ter 31 anos e aparentar a idade), onde é aguardado pela bela namorada Gwen Stacy (Emma Stone). Garfield e Stone são a melhor coisa nestes novos filmes dirigidos por Marc Webb ("500 Dias com Ela"). O casal é bem melhor do que a indecisa dupla Parker/MJ de Tobey Maguire e Kirsten Dunst dos filmes de Raimi. O problema é que os altos e baixos da relação entre os dois são muito abruptos e os problemas deles parecem mais uma invenção dos roteiristas do que algo a ser levado a sério. De qualquer forma, há cenas genuinamente tocantes entre Parker e Stacey, principalmente em um final surpreendente (para quem, como eu, não conhece a mitologia dos quadrinhos) e tocante. (leia mais abaixo)


E, claro, há os vilões. Jamie Foxx ("Django Live") é "Electro", um homem-elétrico criado (assim como o Aranha) acidentalmente pela maligna empresa "Oscorp". Foxx passa metade do filme com um penteado ridículo e a outra metade como um efeito especial, mas consegue fazer um bom trabalho. Quem está melhor é Dane DeHaan, que interpreta Harry Osborn, um rapaz de 20 anos que herdou do pai (uma aparição rápida de Chris Cooper) tanto as empresas "Oscorp" quanto uma doença degenerativa que pode ser fatal. Osborn acredita que sua cura pode ser encontrada no sangue do Homem-Aranha, que não está muito interessado em doá-lo. O filme tem pelo menos 30 minutos a mais que o necessário (o que aconteceu com os filmes de 90 a 120 minutos de antigamente?), tempo dedicado a vilões aleatórios e cenas criadas apenas para fazerem sentido nos próximos capítulos da "saga".

Confesso que esperava um filme muito pior e, talvez por isso, o tenha apreciado mais do que ele mereça. O fato é que há um filme muito melhor dentro deste, esperando a chance de aparecer mas enterrado em cenas descartáveis de ação e efeitos especiais.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Django Livre

Quentin Tarantino continua fazendo seu tipo característico de cinema, parte paródia, parte homenagem. Desde "Cães de Aluguel" (1992), passando por "Pulp Fiction" (1994), "Jackie Brown" (1997), "Kill Bill" (2003 e 2004), "À prova de  morte" (2007) a "Bastardos Inglórios" (2009), Tarantino recriou e reciclou filmes de guerra, artes marciais, "blacksploitation", etc. Com "Django Livre", a coisa fica ainda mais complicada. É um "faroeste", mas não do tipo feito por mestres como John Ford. "Django Livre" é a paródia da paródia, um filme americano ao estilo dos "faroestes spaghetti" feitos pelos italianos nas décadas de 1960 e 1970. Tarantino inclusive "empresta" o título, os letreiros iniciais e até a trilha sonora de "Django" (1966), filme de Sergio Corbucci com Franco Nero (assista aqui). Nero, aliás, aparece em uma ponta rápida.

Django (Jamie Foxx) é um escravo que é liberto por um caçador de recompensas alemão chamado Dr. King Schultz (o ótimo Christoph Waltz, de "Bastardos Inglórios" e "Deus da Carnificina"). A princípio, Schultz precisa que Django reconheça um trio que ele está procurando, mas os dois acabam formando uma parceria. Schultz fica comovido com a história de Django, que quer encontrar a esposa e libertá-la. O alemão também fica impressionado pelo fato dela se chamar Broonhilda, assim como em um mito germânico. Schultz e Django matam uma série de criminosos na primeira parte do filme e então, após o inverno, partem para a fazenda de Calvin Candie (Leonardo DiCaprio), onde a esposa de Django supostamente está servindo como escrava. O filme tem ótimas cenas, como uma em que Schultz mata o xerife de uma cidadezinha e sai ileso após um discurso que faz ao delegado. Longos diálogos, aliás, são outra marca registrada de Tarantino, e podem ser tanto um deleite quanto um problema. Este é um filme com quase três horas de duração e parte se deve a cenas esticadas demais pelos diálogos. É de se estranhar, também, algumas repetições escritas por Tarantino; logo no início, quando é liberto por Schultz, Django monta em um cavalo e acompanha o alemão através de uma cidade, e a frase "nunca vi um negro montando a cavalo" é repetida diversas vezes. Outra frase usada por Django, quando se refere ao prazer de ganhar dinheiro por matar brancos, também é repetida algumas vezes. O filme também tem um sério problema de ritmo e montagem. Quando um grupo da Ku Klux Klan (a organização racista do sul dos Estados Unidos) ataca o acampamento em que o Dr. Schultz e Django estariam dormindo, por exemplo, a cena é cortada por um momento engraçado em que os homens encapuzados reclamam que não conseguem ver nada através das máscaras. Apesar de ser o momento mais cômico do filme, a cena não faz sentido como está montada. O final também sofre quando um banho de sangue, que deveria ser a conclusão da história, é interrompido desnecessariamente (para continuar uns 15 minutos depois). Vale citar que a editora de todos os filmes de Tarantino, Sally Menke, morreu em 2010 e foi substituída neste filme por Fred Raskin, que era assistente dela, o que pode explicar alguns dos problemas.

Fãs do diretor, no entanto, vão se deleitar. "Django Livre" é bastante violento, divertido, bem interpretado e tem ótimos momentos. O fato de Tarantino ter tratado de um tema delicado como a escravidão causou controvérsia; o diretor Spike Lee declarou que o filme é desrespeitoso com seus ancestrais e que a escravidão não era um faroeste italiano, mas um Holocausto. Deve-se levar em conta que o mundo retratado nos filmes de Tarantino não é o real, mas sim uma realidade alternativa criada por sua imaginação. Interessante também o fato de que nada menos que três grandes produções de Hollywood neste ano ("Django", "Lincoln" e "A Viagem") tenham usado o tema da escravidão. "Django Livre" está indicado aos Oscar de Melhor Filme, Melhor Fotografia (Robert Richardson), Melhor Ator Coadjuvante (Christoph Waltz), Melhor Roteiro Original (Quentin Tarantino) e Melhor Edição de Som (Wylie Stateman).