sábado, 13 de março de 2010

500 Dias com Ela

Esta é uma "anti-comédia-romântica". E é nesse fato que reside sua originalidade. Summer (Zooey Deschanel) é uma garota linda, jovem, solteira, desimpedida. Tom (Joseph Gordon-Levitt) se apaixona à primeira vista por ela. Mas há um problema: Summer é daquelas garotas que acham que podem sair com um cara, passear com ele, ter encontros com ele e mesmo transar com ele, sabendo que ele está apaixonado, e ainda assim dizer que "não é nada sério". Tom, claro, até concorda com o "esquema" da garota, até porque é a única alternativa para poder continuar com ela. Mas há certo sadismo em acompanhar o sofrimento do pobre Tom conforme ele fica cada vez mais apaixonado, e Summer cada vez menos "séria".

Dirigido por Marc Webb, o filme conta a história de "não-amor" de Tom e Summer de forma não linear, separando as sequências por um letreiro que mostra em qual dos "500 dias" estamos. É triste ver como o relacionamento entre os dois está leve e tranquilo nos primeiros dias, com os dois rindo das coisas mais banais e, no momento seguinte vê-los cansados, frios e distantes um do outro. O roteiro (de Scott Neustadter e Michael H. Weber) é muito observador no modo de ser de homens e mulheres "modernos". O comediante Jerry Seinfeld disse em um de seus shows que, para um homem, não importa a profissão de uma mulher, ele pode se apaixonar por ela do mesmo modo. O contrário, segundo Seinfeld, não é verdadeiro, a mulher tem que gostar da profissão do homem para se apaixonar por ele. Em "500 dias com Ela", Tom é formado em Arquitetura, mas trabalha escrevendo frases de amor em uma daquelas firmas que criam cartões de "Dia dos Namorados", "Dia das Mães", etc. Ele é muito bom nisso, talvez pelo fato de que realmente acredite que o Amor exista, ao contrário de Summer. Os dois se conhecem na firma de Tom, e é ela quem se aproxima dele. Mas fica patente que, quanto mais Summer acha que Tom está perdendo tempo na firma de cartões, menos ela o respeita. Tom, por sua vez, por mais que Summer declare que "não quer nada sério", menos acredita nela, visto que os dois estão constantemente saindo juntos, indo ao cinema e fazendo amor (?) juntos.

Interessante como, no mundo moderno, um filme como este seja possível. E que seja tão correto em observar como os papeis masculinos e femininos estão mudando, e o que se espera de cada gênero. É o homem que está querendo uma mulher por quem se apaixonar e um relacionamento sério. Já Summer se justifica dizendo simplesmente que está "feliz", e não quer mais complicações. Será que é assim mesmo? O final do filme acaba mostrando que não é bem assim, mas sem dúvida as histórias de amor de hoje estão bem diferentes.

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