domingo, 28 de fevereiro de 2010

O Mensageiro

Segundo o site icasualties.org, 4.698 soldados americanos morreram no Iraque desde 2003 (mais de 100 mil iraquianos foram mortos no mesmo período, segundo várias fontes). Um dos serviços do exército americano é o de informar as famílias das vítimas. O sargento Will Montgomery (Ben Foster) acabou de voltar do Iraque, onde foi ferido, e foi designado para este serviço sob a supervisão do Capitão Tony Stone (Woody Harrelson). Um veterano da primeira guerra do Iraque (em que não trocou nenhum tiro), Stone é um alcoólatra que ensina Montgomery a fazer tudo segundo as regras. "Siga o script", diz ele, "fale somente com o familiar do morto, nunca toque ou abrace ninguém". Montgomery não mostra entusiasmo com seu novo trabalho mas, ao acompanhar Stone em algumas visitas, percebe que comunicar a morte de um ente querido pode ser tão doloroso quanto um combate no campo de batalha.

"O Mensageiro" é mais um produto da Guerra do Iraque, que já se tornou um subgênero do cinema. Os soldados americanos retratados nestes filmes geralmente são brancos, jovens, escutam música pesada e são marcados pelos conflito. Montgomery segue este estilo, mas a interpretação de Ben Foster lhe dá nuances que o tornam extremamente humano. Ele tem um caso com uma namorada de infância, Kelly (Jena Malone), que arrumou outro namorado quando ele partiu para o Iraque. Ela agora está noiva, o que não a impede de transar com Montgomery quando volta da guerra. Will Montgomery parece um jovem frio e distante, mas as visitas às vítimas vão revelando sua empatia por elas e a quebrar as regras impostas por Stone. Um caso especial é o de Olívia (Samantha Morton), que reage de forma inusitada quando Montgomery e Stone a informam da morte do marido: "Deve ser difícil para vocês também", diz ela. Montgomery se interessa por ela e passa a vê-la, discretamente a princípio, depois com mais frequência. Ele está apenas tentando se aproveitar do luto dela ou apenas querendo curar a própria carência? Provavelmente os dois, mas isso não significa que o "relacionamento" entre os dois não tenha substância. Há uma ótima cena, extremamente bem interpretada por Foster e Morton, em que os dois atuam em um único take de mais de oito minutos, passados na cozinha da casa dela. Os dois se aproximam, tentam se beijar, depois se repelem, depois conversam sobre o marido morto e sobre o filho pequeno dela, se aproximam novamente... tudo sem cortes de câmera, sob a direção de Oren Moverman.

Um filme independente, "O Mensageiro" conquistou os críticos e duas indicações ao Oscar, de Roteiro Original (de Alessandro Camon e Oren Moverman) e de Ator Coadjuvante, para Woody Harrelson. Ele está muito bem, mas pessoalmente prefiro a interpretação de Ben Foster e Samantha Morton. Há alguns momentos não muito bem resolvidos, como na sequência em que Foster e Harrelson aparecem na festa de casamento de Kelly. E o Capitão Stone tem algumas opiniões contrárias à guerra que não soam muito verdadeiras, partindo de um oficial. Mas é um bom filme, centrado nos personagens e nas interpretações, mostrando que não é possível simplesmente "brincar" de guerra. Pessoas vão morrer de forma violenta, deixando para trás pais, mães, esposas e filhos.


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

PONYO

Há um curioso ar de “tranquilidade” no último filme produzido por Hayao Miyazaki, o mestre japonês da animação. “Ponyo”, feito em 2008 no Japão, mas sem previsão de chegar às telas brasileiras, é o décimo longa animado de Miyazaki, e dos mais tranqüilos e infantis de sua carreira. Baseado levemente em “A Pequena Sereia”, o desenho conta a história de uma “peixe dourado” chamada Ponyo, que é encontrada por um garoto de cinco anos presa em um pote de vidro. Ao quebrar o vidro para soltá-la, o garoto Sosuke (voz de Hiroki Doi) corta o dedo e uma gota de sangue cai na boca da peixinho, o que lhe dá o poder de se transformar em humana. Sosuke vive com a mãe Lisa (Tomoko Yamaguchi), que vive sozinha em uma casa à beira mar, e sente falta de Koichi, o pai de Sosuke, que é capitão de um navio. Lisa toma conta de umas senhoras em um asilo chamado Himawari (Girassol), e Sosuke vai à uma escola vizinha. O problema é que, ao retirar Ponyo do mar, Sosuke acaba causando um desequilíbrio ecológico que eleva o nível das águas e engole grande parte da cidade. O “pai” de Ponyo, um humano chamado Fujimoto (Jôji Tokoro), tenta a todo custo trazê-la de volta à água. Miyazaki conta esta história de forma predominantemente visual, em um saudoso estilo de animação feito à mão. Ao contrário de seus seguidores da Pixar (assumidamente fãs do mestre japonês, e responsáveis pela verão em inglês do filme), o mundo animado de Miyazaki não é fotorrealista como o mostrado em “Procurando Nemo”, por exemplo. Seu mundo tem tons coloridos que parecem quadros feitos em aquarela.

A seqüência inicial é bela e surrealista, mostrando o “pai” de Ponyo criando uma série de animais aquáticos através de uma espécie de poção mágica. Miyazaki não se preocupa em explicar muito quem é Fujimoto; o que saberemos durante o filme é que ele gerou Ponyo com uma deusa do mar. Assim como em “Totorô” (1988), no filme não há vilões. O tsunami e alagamento da cidade são mostrados não como uma catástrofe, mas como uma oportunidade para Miyazaki criar belas seqüências subaquáticas, cheias de peixes pré-históricos, que surgem sem muita explicação. Há uma sensação de sonho permeando toda a animação, sublinhada pela bela trilha sonora de Jou Hisaishi, tradicional colaborador de Miyazaki. A princípio, não parece um filme tão memorável como nos bons tempos de “Naushica do Vale dos Ventos” (1984), “Láputa, Castelo no Céu” (1986) ou “Totorô” (1988), clássicos de Miyazaki e do estúdio Ghibli. Mas é uma animação que "fica" com o espectador. E é sempre bom ver que Miyazaki está em atividade (ele já ameaçou se aposentar várias vezes), fazendo animações poéticas e mágicas como esta, que não tem apenas a intenção de vender brinquedos ou incitar a violência.


A propósito, "Ponyo" não foi indicado ao Oscar de Melhor Animação agora em 2010. Lamentável.

Câmera Escura

domingo, 21 de fevereiro de 2010

LUNAR

Este ótimo filme de ficção-científica, lamentavelmente, não foi exibido nos cinemas do Brasil, sendo lançado direto em DVD. "Lunar" ("Moon", no eficiente título original) é dirigido por Duncan Jones, filho do cantor David Bowie, e é seu primeiro filme. O clima, design de cenários e roteiro remetem ao clássico maior do gênero, "2001 - Uma Odisséia no Espaço", de Stanley Kubrick. Embora o diretor, em entrevista nos extras do DVD, diz que o filme é "baseado em filmes baseados em 2001".

Em um futuro indeterminado, os problemas de energia da Terra foram solucionados pela coleta, no lado distante da Lua, de Hélio 3, tirado diretamente da areia. Para extrair o gás, a empresa "Lunar" mantém uma base remota operada por um computador chamado Gerty (voz de Kevin Spacey) e apenas um ser humano, sob contrato de trabalho de três anos. Ele é Sam Bell (o ótimo Sam Rockwell) que está a apenas duas semanas do final do contrato. Cansado e solitário, Bell está no limite da sanidade mental após passar três anos sozinho na Lua. Além das tarefas de rotina, ele passa o tempo construindo uma maquete de sua cidade natal, cuidando de plantas, fazendo exercícios e recebendo mensagens em vídeo da esposa Tess (Dominique McElligott) e da filha Eve. Sua única companhia é o computador/robô Gerty, cuja voz calma de Kevin Spacey lembram muito o tom assustadoramente contido de HAL 9000, de "2001". Coisas estranhas começam a acontecer. Sam tem visões de uma garota vestida de amarelo e, mais assustador ainda, de si mesmo em outras situações. Um dia ele sofre um acidente grave fora da base e acorda, são e salvo, na enfermaria da estação, sob os cuidados de Gerty. Mas quem é aquela outra pessoa na sala? Por que ela se parece tanto com ele mesmo?

É complicado falar de "Lunar" sem revelar certos detalhes (o próprio trailer entrega o "segredo" do filme). Basta dizer que Sam Rockwell, auxiliado por algumas fantásticas tomadas de efeitos especiais, tem uma performance extraordinária. Formado em Filosofia, o diretor/roteirista Duncan Jones levanta questões muito interessantes e pertinentes, principalmente no que se relaciona à política de exploração de trabalho das grandes corporações. Também é interessante pensar sobre o que nos torna realmente humanos, e quão confiáveis são nossas lembranças e julgamento de valores. O físico de Sam vai decaindo a olhos vistos conforme seus três anos de "contrato" vão chegando ao final, enquanto o novo responsável pela estação, atônito, assiste a tudo.

O DVD vêm com bons extras detalhando a criação dos efeitos especiais, uma eficiente mistura de computação gráfica moderna com os bons e velhos modelos em escala usados anteriormente no cinema. O filme custou apenas 5 milhões de dólares e foi milimetricamente planejado para caber no orçamento.


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

A fita branca

A pequena sala 3 do Cine Topázio, em Campinas (o único da região a exibir os chamados "filmes de arte"), estava cheia. Ao final da sessão, muitos espectadores, confusos, sussurravam comentários a respeito do filme que acabara de terminar. Uma senhora se virou para a colega e, em voz alta, declamou: "Eu sou feliz e não sabia!".

A nova obra do diretor austríaco Michael Haneke (de "Violência Gratuita" e "Caché"), de fato, não é um filme de entretenimento. Haneke é um realizador frio como gelo, preciso, metódico em seus movimentos de câmera, e misterioso em seus roteiros. "A Fita Branca" se passa no início do século XX, às vésperas da I Guerra Mundial, em uma pequena vila na Alemanha. Tem uma bela fotografia em preto e branco de Christian Berger, que infelizmente não estava boa na cópia digital apresentada no cinema, cinza e sem contrastes. A trama é narrada pelo professor primário da vila (Ernst Jacobi na narração, como um idoso, e interpretado por Christian Friedel como jovem) que, a bem da verdade, não conhece todos os fatos da história que está contando. O caso é que estranhos "acidentes" começam a acontecer na vila. Um médico se fere gravemente quando seu cavalo tropeça em um arame colocado entre duas árvores. O filho do Barão, o empregador de metade dos habitantes da vila, é sequestrado e surrado por desconhecidos, e encontrado vivo na floresta. Karli, um garoto portador de síndrome de Down e filho da parteira, também é atacado e quase fica cego. Quem estaria por trás destes crimes? Quem teria motivo para cometê-los? Por que, em todas as ocasiões, as crianças da vila são vistas por perto?

O desenvolvimento da trama pode sugerir um filme de suspense, em que o espectador tem que descobrir o "culpado", mas não é tão simples. Assim como no enigmático (e, para alguns, insolúvel) enigma de "Caché", Haneke não está preocupado em entregar respostas prontas. Os crimes são pontos culminantes de longas sequências de acontecimentos aparentemente cotidianos que vão montando um quadro de abusos, autoritarismo e fanatismo religioso. O pastor da vila (o ótimo Burghart Kasner) amarra os braços do filho durante a noite para que ele "não ceda às tentações de seu corpo jovem". O médico, quando volta do hospital, trata com crueldade extrema sua amante, a parteira, e aparentemente abusa sexualmente da filha. O Barão trata mal sua esposa e empregados. A todo momento há a sensação de que algo terrível está para acontecer. Há quem diga que este "algo", na verdade, é a própria história da Alemanha no século XX, prestes a entrar em duas guerras mundiais e viver para sempre com o estigma do Nazismo. O elenco orquestrado por Haneke é ótimo, e vale ressaltar a interpretação das crianças. O que dizer do diálogo em que a irmã mais velha tenta explicar o que é a morte para seu irmão mais novo? Ou o pavor da garota que conta a seu professor um sonho premonitório que ela teve? Ou a felicidade de um garoto ao conseguir convencer seu pai de que pode cuidar de um passarinho doente? Poderiam estas crianças, símbolos tradicionais de pureza e esperança, serem capazes do que o filme sugere?

Haneke não responde. Apenas mostra, no último plano, a vila reunida na igreja, os adultos em baixo, confusos e, no balcão acima, confiantes e cantando uma canção, os alemães do futuro. Eles eram felizes e não sabiam.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Easy Riders, Raging Bulls - Como a geração sexo-drogas-e-rock-´n-roll salvou Hollywood

Por décadas, os grandes estúdios de Hollywood, Paramount, MGM, Universal, 20th Century Fox, entre outros, mandavam e desmandavam nos filmes criados sob seus domínios. Os diretores eram considerados apenas uma engrenagem na longa lista de técnicos responsáveis por uma produção, não mais importantes do que uma figurinista, e o produtor era a principal figura em um set. Com a chegada dos anos 60 tudo isso mudou. O público já estava cansado das fórmulas prontas dos estúdios, e fatos históricos como o festival de Woodstock e a Guerra do Vietnã pediam dos filmes uma visão mais realista do mundo. Os jovens cineastas americanos viam com inveja a liberdade desfrutada por diretores europeus como François Truffaut e Jean-Luc Goddard, e queriam fazer o mesmo nos Estados Unidos. Segundo o jornalista Peter Biskind, deste cenário teria nascido a última "era de ouro" do cinema americano. Jovens como Francis Ford Coppola, Brian de Palma, Peter Bogdanovich, Paul Schrader, George Lucas, Martin Scorsese e Steven Spielberg, entre outros, chegaram ao poder em Hollywood, mudaram as regras e produziram a última safra de filmes inteligentes e desafiadores do cinema americano, antes que a era dos "blockbusters" destruísse tudo novamente.

O livro é extremamente detalhista. Biskind se baseou em dezenas de entrevistas feitas por ele mesmo e coloca o leitor em contato direto com os bastidores de uma Hollywood distante do glamour costumeiro. A Hollywood de Biskind é habitada por pessoas talentosas mas extremamente egocêntricas, viciadas em vários tipos de drogas e capazes de tudo para ter seu nome nas telas. O título do livro faz menção a "Easy Riders", que no Brasil se chamou "Sem Destino", filme dirigido pelo ator Dennis Hopper, estrelando Peter Fonda, Jack Nicholson e o próprio Hopper. A produção foi uma bagunça. Hopper não tinha idéia de como se fazia um filme, era extremamente violento e egocêntrico e tão viciado que tinha marcado, no roteiro, que tipo de droga usaria para interpretar cada cena. Hopper não conseguia finalizar o filme e os financiadores tiveram que tirá-lo dele, cortando-o para uma duração apropriada. O filme acabou sendo um sucesso inesperado e deixou os estúdios sem saber o que fazer. Peter Fonda diz que os executivos antes pareciam confusos e faziam "não" com a cabeça. Depois do sucesso, eles passaram a fazer "sim" com a cabeça, mas continuavam confusos. Hopper se tornou cada vez mais viciado e fora de controle e nunca mais repetiu o sucesso.

"Ego" é uma palavra que aparece muito no livro. Peter Bogdanovich, que era um "nerd" viciado em cinema e crítico, dirigiu "A Última Sessão de Cinema" e foi chamado de "novo Orson Welles". Ele seguiu a carreira com outro sucesso, "Essa Pequena é uma Parada", com Barbra Streisend, e a fama lhe subiu à cabeça. Tornou-se igualmente odiado por toda a indústria, mas achava que era invencível. Acabou indo à falência após uma série de fracassos e por se envolver com uma coelhinha da Playboy que foi violentada e morta pelo ex-namorado.

Outros exemplos de cineastas destruídos pelo ego foram Francis Ford Coppola e William Friedkin. Coppola se achava um "artista", mas o diretor de fotografia Haskell Wexler o chama de "ladrão". Coppola é famoso por gastar muito o dinheiro dos outros, tendo como filosofia deixar os estúdios tão endividados que eles não poderiam mais cancelar seus filmes. Recusou fazer "O Poderoso Chefão" por diversas vezes, porque achava que estava "se vendendo" ao adaptar um livro comercial para o cinema. Fundou uma companhia chamada American Zoetrope e "emprestou" 300 mil dólares da Warner Brothers, dinheiro que nunca pagou de volta. Apesar de vários Oscars e filmes como a trilogia "O Poderoso Chefão" e "Apocalipse Now", Coppola acabou se tornando uma sombra de si mesmo. Hoje prefere fazer vinhos na Califórnia e assinar autógrafos para quem o visita na fazenda. Já William Friedkin ficou famoso com "Operação França" e teve como próximo projeto adaptar o livro "O Exorcista" para as telas. Friedkin era tão perfeccionista que passou dias e gastou milhares de dólares em uma cena em que tinha que filmar um pedaço de bacon fritando. Quando um padre de verdade, que estava atuando no filme, não conseguia transmitir a emoção que ele queria, Friedkin lhe perguntou: "Você confia em mim?". Quando o padre disse "sim", Friedkin lhe deu um tapa na rosto, conseguindo a interpretação que queria. "O Exorcista" foi um sucesso, mas Friedkin nunca mais conseguiu fazer nenhum filme bom.

Martin Scorsese era um garoto católico e asmático de Nova York que aprendeu com o professor a fazer filmes pessoais, sobre coisas que conhecia. "Caminhos Perigosos" deu ao mundo Robert DeNiro, com quem fez vários filmes juntos, como "Taxi Driver" e "Touro Indomável" (Raging Bull, também citado no título do livro). Scorsese se tornou viciado em cocaína e teve que ser internado vários dias em um hospital após ter um colapso nervoso. Está na ativa até hoje, talvez o melhor diretor americano das últimas décadas, mas longe da forma de outrora.

E há George Lucas e Steven Spielberg. É patente o esforço do autor em desacreditar estes dois cineastas e até em culpá-los pelos problemas do cinema americano dos anos 80. Pessoalmente, acho isso um pouco injusto. O caso é que Spielberg e Lucas não tinham tantas ambições "artísticas" quanto seus companheiros. Spielberg, especificamente, era um "nerd" que fazia filmes desde os 13 anos de idade, quando convocava os colegas da escola para fazer pequenos épicos em 8 mm. Um amigo emprestou dinheiro suficiente para que ele fizesse um curta em 35mm chamado "Amblin´", que impressionou tanto Sid Sheinberg, executivo na Universal, que ofereceu a Spielberg um inédito contrato de sete anos. "Encurralado", um filme feito para a televisão, era tão bom que foi exibido nos cinemas do mundo todo e levou Spielberg a fazer "Tubarão", o primeiro filme a arrecadar mais de 100 milhões de dólares na bilheteria. George Lucas até tinha idéias artísticas em seu primeiro longa, "THX 1138", uma ficção científica "cabeça" que poucos entenderam e o estúdio detestou. Lucas mudou de estratégia e fez "Loucuras de Verão", um filme leve sobre os anos 50 que rendeu muito dinheiro e agradou aos críticos. E foi então que Lucas fez um "pequeno" filme de ficção científica sobre um garoto que se junta a uma rebelião para lutar contra o Império, na figura de um vilão chamado Darth Vader. Quando Lucas apresentou um corte inicial para os amigos, Spielberg foi o único a lhe dizer que ele iria fazer muito dinheiro. Até a mulher de Lucas, Marcia, achava o filme bobo e infantil. Era "Guerra nas Estrelas", ou Star Wars, que quebrou todos os recordes de bilheteria. Quando foi relançado 20 anos depois, ainda arrecadou 250 milhões de dólares nos cinemas do mundo e já era parte da cultura popular.

O autor sugere que as obras de Lucas e Spielberg transformaram o cinema americano em uma fábrica de filmes infantilizados, sem nenhuma pretensão artística, focados apenas na bilheteria. Até certo ponto é verdade, mas é complicado culpar os dois por terem feito filmes tão bons e populares. É verdade que, depois, Lucas e Spielberg acabariam se tornando caricaturas deles mesmos. Lucas adulterou a própria obra nas "edições especiais" de Star Wars e cometeu três filmes anteriores da série que em nada lembravam os originais. Spielberg ainda fez bons filmes, mas tem a tendência a terminar todos com o inevitável final feliz hollywoodiano.

O fato é que o cinema dos anos 70 acabou sendo destruído por seus próprios criadores. O ego inflado e o acesso a grandes quantidades de dinheiro, sexo e drogas acabou com as idéias libertárias daqueles jovens e os transformaram em tiranos piores do que os estúdios contra os quais lutavam. Hoje, infelizmente, a maioria dos filmes americanos almeja apenas a bilheteria, baseando-se em histórias em quadrinhos ou antigas séries de televisão, sem se arriscar muito e lançados em milhares de salas ao mesmo tempo. Mas ainda há espaço para cineastas como Tarantino, os irmãos Coen, Soderbergh, Jason Reitman, entre outros.

Livro: "Easy Riders, Raging Bulls - Como a geração sexo-drogas-e-rock-´n-roll salvou Hollywood". Autor: Peter Biskind Editora: Intrínseca. 502 páginas. Tradução de Ana Maria Bahiana.
Abaixo, video realizado por mim em 2006 sobre Martin Scorsese e o cinema dos anos 70, similar ao tema do livro:


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Onde vivem os monstros

O mundo de um garoto pode ser um lugar bastante assustador. Nada foi feito para o tamanho dele, os adultos estão muito ocupados com "coisas de adultos", irmãos mais velhos podem ser cruéis e os professores vivem dizendo que o planeta vai ser destruído de diversas formas diferentes, isso se o Sol não morrer antes. Assim é a vida de Max (o excelente ator infantil Max Records), um garoto comum, filho de pais separados, que tenta dia a dia sobreviver neste mundo complicado. Ele ama a irmã mais velha mas, como toda adolescente, ela está mais preocupada com o telefone e com os amigos que com ele. Sua mãe (Catherine Keener) vive as agruras de ser uma mulher separada que tem que equilibrar carreira, vida amorosa e filhos. Um dia Max veste uma fantasia de lobo e começa a aprontar pela casa, até ser repreendido pela mãe. Ele foge, entra em uma floresta e, de repente, está à beira do mar. Ele pega em barquinho que está na praia e parte mar adentro, indo parar em uma estranha ilha habitada por monstros. A princípio eles querem devorá-lo mas, esperto, ele consegue convencê-los de que é um Rei de uma terra distante, e que agora é rei daquele lugar também.

Esta história simples, baseada em um livro de Maurice Sendak, foi transformada em filme por Spike Jonze (de "Quero ser John Malkovich"), um diretor considerado "alternativo" que fez um filme que os executivos em Hollywood devem ter quebrado a cabeça para classificar. Por um lado, é para todos os efeitos uma história infantil. Há um garoto, há monstros, há canções e cenas de ação. Por outro, é um filme feito com extremo "realismo" por um exército de técnicos em efeitos especiais, misturando bonecos com computação gráfica. Os monstros Carol (voz de James Gandolfini), Judith (Katherine O´Hara), Ira (Forest Whitaker), Douglas (Chris Cooper), Alexander (Paul Dano), KW (Lauren Ambrose) e uma espécie de "Touro" gigante (Michael Berry Jr) são uma mistura de animais diferentes, cada um com sua personalidade. O "chefe" Carol me lembrou muito "Totorô", o monstro bom criado por Hayao Miyazaki em animação de 1988. Um pouco como no "ET, O Extraterrestre" de Steven Spielberg, a história infantil é tratada por Jonze com seriedade, da mesma forma como as crianças levam suas brincadeiras extremamente a sério. Há momentos de pura diversão, quando o "rei" Max ordena que todos caiam na bagunça, destruindo árvores, rolando pelo chão e pulando, misturados com cenas ternas como quando todos pulam em cima uns dos outros e acabam dormindo juntos, como as crianças gostam de fazer.

Mas, como disse, é um filme difícil de classificar. Aqui no Brasil, para complicar mais as coisas, o filme foi lançado apenas em algumas cidades e com cópias legendadas, o que indica claramente que é considerado um filme adulto. Creio que nenhum garoto teria problemas em se identificar com Max e suas fantasias na ilha dos Monstros. Tecnicamente é um filme muito bem feito, com bela fotografia de Lance Acord (o mesmo de "Encontros e Desencontros") e trilha sonora inspirada de Karen O e Carter Burwell. Os efeitos especiais conseguem o feito de criar monstros que são, ao mesmo tempo, falsos mas realistas, uma mistura que só poderia sair da imaginação de uma criança.


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Guerra ao Terror

Para os americanos, estar em uma guerra é algo tão presente em suas vidas que praticamente toda geração teve a "sua" guerra (e seus filmes a respeito). Foram vários os filmes sobre a II Guerra Mundial, sobre a Guerra da Coréia, do Vietnã e assim por diante. A atual Guerra do Iraque já dura tempo suficiente para ter se tornado um novo "gênero" de filme. O mais recente exemplar, e um dos melhores, é "Guerra ao Terror" (The Hurt Locker, 2009), dirigido por Kathryn Bigelow. Esta obsessão tão americana pela guerra é explicada em uma frase que abre o filme: "O furor da batalha é um vício potente e frequentemente letal, porque a guerra é uma droga".

Em "Guerra ao Terror", este "furor" não é representado por cenas cheias de ação, pelo contrário. O filme foca nas atividades de um esquadrão antibombas trabalhando em Bagdá. A adrenalina, no caso, é resultado do fato de que cada pedaço de papel, cada caixa largada em uma rua da cidade iraniana pode esconder uma bomba, e os homens responsáveis por desativá-las são altamente especializados e, frequentemente, viciados nessa adrenalina. É o caso do sargento William James (Jeremy Reneer, indicado ao Oscar de Melhor Ator, merecidamente), típico "caipira" do interior dos Estados Unidos. Ele faz parte de um trio composto pelo experiente e cauteloso Sargento Sanborn (Antonhy Mackie) e o jovem Especialista Eldridge (Brian Geraghty). O grupo acabou de perder um líder querido e competente (na fantástica sequência que abre o filme) e não vê com bons olhos as atitudes irresponsáveis e temerárias de James. Ele não obedece ordens, corre riscos desnecessários e coloca todos em perigo, mas é inegável que ele é bom no que faz (até porque, como ele mesmo diz, a melhor maneira de fazer este serviço é não morrendo).

Bigelow, a diretora, e o roteirista Mark Boal deixam de lado as questões políticas envolvidas no conflito e focam nos homens que o vivem dia após dia. O elenco tem participações especiais e surpreendentes de atores como Guy Pierce, Ralph Fiennes, Evangeline Lili e David Morse, e é interessante como Bigelow brinca com o fato deles terem rostos conhecidos. Quando um (ou mais, não vou revelar quem) deles morre como se fosse um figurante qualquer, o choque é ainda maior para o espectador. Isso ajuda a mostrar como a vida, em uma guerra, é frágil. O roteirista acompanhou pessoalmente várias missões destes esquadrões antibomba e as transformou na trama do filme, com grande realismo. Bigelow por vezes abusa do recurso da "câmera nervosa" tão usado ultimamente, mas ela consegue criar sequencias de suspense ou emoção primorosas, com poucos recursos. Há uma ótima sequência que envolve um duelo entre atiradores "sniper", trocando tiros a centenas de metros de distância, que transformam a guerra em uma espécie de jogo de xadrez, metódico, paciente e sangrento. A sequência também serve para aproximar os personagens de forma inesperada.

Mas talvez a cena mais interessante do filme é a que se passa em um supermercado americano. Um soldado, de volta para casa, fica parado diante de uma gôndola enorme, com diversos tipos e marcas de cereais matutinos, e não sabe o que fazer. Uma ação tão cotidiana, após a vivência de uma guerra, se torna estranha e acaba revelando a futilidade de alguns dos "confortos" a que estamos acostumados. Como se milhares de vidas estivessem sendo destruídas inutilmente, apenas para defender os supermercados cheios de produtos do ocidente.

"Guerra ao Terror" está indicado a nove Oscars, com Kathryn Bigelow despontando como favorita ao prêmio de direção.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Consumido pelo Ódio

Dirigido por Yoishi Sai e contando com Takeshi Kitano no papel principal, o filme é uma deprimente repetição de uma mesma história. Kitano interpreta Kim Shumpei, um imigrante coreano que chega a Osaka, Japão, em 1923. Shumpei é um homem brutal que, logo nas primeiras cenas, é visto batendo e violentando a própria esposa, de quem ficou afastado vários anos. Ele então abre uma fábrica de "kamaboko" (massa de peixe) e, usando métodos violentos para explorar os trabalhadores, muitos deles seus filhos, consegue se enriquecer. Violento e machista, ele tem várias amantes e instala uma delas em uma casa em frente à sua. Sua esposa, filhos e filhas crescem sob constante ameaça de espancamento ou mesmo morte, como quando uma de suas filhas, após uma surra do pai, tenta se matar.
Há uma sensação constante de estrangulamento amplificada pela própria cenografia. O filme é quase todo passado em uma mesma rua (cenográfica) de Osaka, onde Shumpei é ao mesmo tempo respeitado e temido. Pode parecer uma versão japonesa de "O Poderoso Chefão", mas o problema é que o filme bate sempre na mesma tecla. Há uma série de sequências repetitivas em que Shumpei entra em um lugar e quebra tudo e todos que vê pela frente. Sua esposa tem a tradicional submissão feminina oriental, mas mesmo seus filhos não são páreos para ele. O que mais se ressente é Massao (Hirofumi Arai), que é quem narra o filme. Após a tentativa de suicídio da irmã, Massao tenta esfaquear o pai em um banho público e acaba com o nariz e algumas costelas quebradas. Outro filho de Shumpei se torna comunista e acaba preso pela polícia após um atentado. Para ampliar o clima depressivo do filme, uma das amantes de Shumpei tem um tumor do cérebro e se torna totalmente dependente dos outros para comer, se limpar e fazer as necessidades. As únicas cenas em que Shumpei demonstra algum traço humano, aliás, são as que o mostram tomando conta da amante doente. De resto, é uma sucessão de brigas, espancamentos, gritaria e estupros.
Takeshi Kitano, que também é um talentoso diretor, ator e editor de filmes, dá uma interpretação impressionante. Sua presença em tela, sem dúvida, é a melhor coisa do filme. O roteiro é baseado no livro do nipo-coreano Sogin Yan que tenta, em alguns momentos, levantar temas como mostrar a situação da comunidade coreana no Japão, sua dificuldade de adaptação e a saudade da terra pátria. Mas, no fundo, "Consumido pelo Ódio" é apenas a história de um homem cruel que leva sua maldade, literalmente, até o túmulo, em longas duas horas e vinte minutos de duração.


terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Indicados OSCAR 2010

Foram anunciadas hoje de manhã em Los Angeles as indicações ao prêmio Oscar, da Academia de Ciências e Artes Cinematográficas. Este ano a novidade é que são dez os indicados ao prêmio de Melhor Filme. Provavelmente uma jogada de marketing para a) tentar deixar o prêmio menos previsível e b) ajudar a campanha publicitária de mais filmes todo ano (uma indicação ao Oscar é garantia de aumento na bilheteria em milhões de dólares).

Dois filmes empataram com nove indicações cada, "Avatar", de James Cameron, e "Guerra ao Terror", de Kathryn Bigelow (que já foi casada com Cameron). Logo atrás, com oito indicações, vem "Bastardos Inglórios", de Quentin Tarantino. Bigelow ganhou o prêmio do sindicato dos diretores e é a provável vencedora do Oscar. "Avatar" é o filme tecnicamente mais ousado, o orçamento mais caro e (o mais importante no cinema americano), a maior bilheteria de todos os tempos, e ainda continua como favorito a Melhor Filme de 2010. Entre os outros indicados, boa surpresa e escolha foi "Distrito 9", uma ficção científica inteligente e implacável em sua alegoria ao racismo na África do Sul. Falando nisso, "Invictus", de Clint Eastwood, que trata de uma passagem no governo de Nelson Mandela, não foi indicado a Melhor Filme ou a Melhor Diretor. Levou as indicações a Morgan Freeman como Melhor Ator e a Matt Damon como Ator Coadjuvante (a aposta certa nesta categoria é Christoph Waltz, simplesmente perfeito em "Bastardos Inglórios"). Jeff Bridges e, quem diria, Sandra Bullock são considerados favoritos ao prêmios de melhor Ator e Atriz, respectivamente.

O filme animado da PIXAR, "Up - Altas Aventuras", conseguiu o feito de ser indicado tanto a Melhor Filme como a Melhor Animação, além das categorias Melhor Roteiro e Melhor Trilha Sonora. Há quem diga, com certa razão, que "Avatar", com sua profusão de imagens animadas criadas em computação gráfica, poderia concorrer na categoria Melhor Animação. Difícil de entender, no entanto, é a inclusão do filme na categoria "Melhor Fotografia".

O Brasil ficou de fora na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. O filme argentino "O Segredo de Seus Olhos", de Juan José Campanella (o mesmo diretor de "O Filho da Noiva") está entre os favoritos.

"2012", surpreendentemente, não está entre os indicados ao prêmio de Melhores Efeitos Visuais. Os candidatos são "Avatar", o surpreendente "Distrito 9" e o ótimo "Star Trek".

A cerimônia de entrega do Oscar será realizada dia 7 de março, domingo, em Los Angeles.

Confira os indicados ao Oscar 2010:

Melhor Filme

Avatar
Um Sonho Possível
Distrito 9
Educação
Guerra ao Terror
Bastardos Inglórios
Preciosa
Um Homem Sério
Amor sem Escalas
Up – Altas Aventuras

Melhor Diretor

Kathryn Bigelow (Guerra ao Terror)
James Cameron (Avatar)
Jason Reitman (Amor Sem Escalas)
Quentin Tarantino (Bastardos Inglórios)
Lee Daniels (Preciosa)

Melhor Ator

Jeff Bridges (Coração Louco)
Morgan Freeman (Invictus)
Jeremy Renner (Guerra ao Terror)
George Clooney (Amor Sem Escalas)
Colin Firth (Direito de Amar)

Melhor Atriz

Sandra Bullock (Um Sonho Possível)
Meryl Streep (Julie & Julia)
Carey Mulligan (Educação)
Helen Mirren (The Last Station)
Gaboury Sidibe (Preciosa)

Melhor Ator Coadjuvante

Christoph Waltz (Bastardos Inglórios)
Woody Harrelson (O Mensageiro)
Matt Damon (Invictus)
Stanley Tucci (Um Olhar do Paraíso)
Christopher Plummer (The Last Station)

Melhor Atriz Coadjuvante

Mo’Nique (Preciosa)
Anna Kendrick (Amor Sem Escalas)
Vera Farmiga (Amor Sem Escalas)
Maggie Gyllenhaal (Coração Louco)
Penelope Cruz (Nine)

Melhor Roteiro Original

Quentin Tarantino (Bastardos Inglórios)
Mark Boal (Guerra ao Terror)
Joel e Ethan Coen (Um Homem Sério)
Alessandro Camon e Oren Moverman (O Mensageiro)
Bob Peterson e Pete Docter (Up – Altas Aventuras)

Melhor Roteiro Adaptado

Jason Reitman e Sheldon Turner (Amor Sem Escalas)
Neill Blomkamp (Distrito 9″)
Nick Hornby (Educação)
Geoffrey Fletcher (Preciosa)
Jesse Armstrong, Samon Blackwell, Armando Iannucci e Tony Roche (In the Loop)

Melhor Animação

Coraline e o Mundo Secreto
O Fantástico Sr. Raposo
A Princesa e o Sapo
The Secret of Kells
Up – Altas Aventuras

Melhor Direção de Arte

Rick Carter, Robert Stromberg, Kim Sinclair (Avatar)
Dave Warren, Anastasia Masaro, Caroline Smith (O Mundo Imáginário do Dr. Parnassus)
John Myhre, Gordon Sim (Nine)
Sarah Greenwood, Katie Spencer (Sherlock Holmes)
Patrice Vermette, Maggie Gray (The Young Victoria)

Melhor Fotografia

Mauro Fiore (Avatar)
Bruno Delbonnel (Harry Potter e o Enigma do Príncipe)
Barry Ackroyd (Guerra ao Terror)
Robert Richardson (Bastardos inglórios)
Christian berger (A Fita Branca)

Melhor Figurino

Janet Patterson (O Brilho de uma Estrela)
Catherine Leterrier (Coco Antes de Chanel)
Monique Prudhomme (O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus)
Colleen Atwood (Nine)
Sandy Powell (The Young Victoria)

Melhor edição

Stephen Rivkin, John Refoua e James Cameron (Avatar)
Julian Clarke (Distrito 9)
Bob Murawski e Chris Innis (Guerra ao Terror)
Sally Menke (Bastardos Inglórios)
Joe Klotz (Preciosa)

Melhor Maquiagem

Aldo Signoretti e Vittorio Sodano (Il Divo)
Barney Burman, Mindy Hall e Joel Harlow (Star Trek)
Jon Henry Gordon e Jenny Shircore (The Young Victoria)

Melhor Trilha Original

James Horner (Avatar)
Alexandre Desplat (O Fantástico Sr. Raposo)
Marco Beltrami e Buck Sanders (Guerra ao Terror)
Hans Zimmer (Sherlock Holmes)
Michael Giacchino (Up – Altas Aventuras)

Melhor Canção Original

Almost There, de A Princesa e o Sapo (Música e Letra de Randy Newman
Down in New Orleans, de A Princesa e o Sapo (Música e Letra de Randy Newman
Loin de Paname, de Paris 36 (Música de Reinhardt Wagner; Letra de Frank Thomas)
Take It All, de Nine (Música e Letra de Maury Yeston)
The Weary Kind (Theme from Crazy Heart), de Louco Amor (Música e Letra de Ryan Bingham e T-Bone Burnett)

Melhor Edição de Som

Christopher Boyes e Gwendolyn Yates Whittle (Avatar)
Paul N.J. Ottosson (Guerra ao Terror)
Wylie Stateman (Bastardos Inglórios)
Mark Stoeckinger e Alan Rankin (Star Trek)
Michael Silvers and Tom Myers (Up – Altas Aventuras)

Melhor Mixagem de Som

Christopher Boyes, Gary Summers, Andy Nelson e Tony Johnson (Avatar)
Paul N.J. Ottosson e Ray Beckett (Guerra ao Terror)
Michael Minkler, Tony Lamberti e Mark Ulano (Bastardos Inglórios)
Anna Behlmer, Andy Nelson e Peter J. Devlin (Star Trek)
Greg P. Russell, Gary Summers e Geoffrey Patterson (Transformers: A Vingança dos Derrotados)

Melhores Efeitos Visuais

Joe Letteri, Stephen Rosenbaum, Richard Baneham e Andrew R. Jones (Avatar)
Dan Kaufman, Peter Muyzers, Robert Habros e Matt Aitken (Distrito 9)
Roger Guyett, Russell Earl, Paul Kavanagh e Burt Dalton (Star Trek)

Melhor Filme Estrangeiro

Ajami (Israel)
El Secreto de Sus Ojos (Argentina)
A Teta Assustada (Peru)
O Profeta (France)
A Fita Branca (Alemanha)

Melhor curta de animação

French Roast, de Fabrice O. Joubert
Granny O’Grimm’s Sleeping Beauty, de Nicky Phelan e Darragh O’Connell
The Lady and the Reaper (La Dama y la Muerte), de Javier Recio Gracia
Logorama, de Nicolas Schmerkin
A Matter of Loaf and Death, de Nick Park

Melhor Curta-metragem de Ficção

The Door, de Juanita Wilson e James Flynn
Instead of Abracadabra, de Patrik Eklund e Mathias Fjellström
Kavi, de Gregg Helvey
Miracle Fish, de Luke Doolan e Drew Bailey
The New Tenants, de Joachim Back e Tivi Magnusson

Melhor Documentário

Burma VJ, de Anders Østergaard and Lise Lense-Møller
The Cove
Food, Inc., de Robert Kenner and Elise Pearlstein
The Most Dangerous Man in America: Daniel Ellsberg and the Pentagon Papers, de Judith Ehrlich and Rick Goldsmith
Which Way Home, de Rebecca Cammisa

Melhor Documentário de Curta-metragem

China’s Unnatural Disaster: The Tears of Sichuan Province, de Jon Alpert e Matthew O’Neill
The Last Campaign of Governor Booth Gardner, de Daniel Junge e Henry Ansbacher
The Last Truck: Closing of a GM Plant, de Steven Bognar e Julia Reichert
Music by Prudence, de Roger Ross Williams e Elinor Burkett
Rabbit à la Berlin, de Bartek Konopka e Anna Wydr