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sábado, 5 de fevereiro de 2011

Santuário

Esta aventura usa duas "grifes": o nome James Cameron e o sistema 3D de projeção. Despois do sucesso de "Avatar", um praticamente virou sinônimo do outro, e o diretor de "Titanic" e "O Exterminador do Futuro" assina a produção executiva de "Santuário". Mas se o roteiro de "Avatar" já era bem simples, "Santuário" mais parece um falso documentário de televisão. Curiosamente, a ligação com Cameron também faz lembrar seu filme de 1989, "O Segredo do Abismo", em que mergulhadores descobriam uma civilização extraterrestre no fundo do oceano.

"Santuário" não passa da exibição de belas imagens em três dimensões povoada por personagens bidimensionais. Todos os clichês possíveis podem ser encontrados. O início do filme é praticamente igual a Jurassic Park, lançado por Steven Spielberg em 1993: "Santuário" começa com a chegada (em um helicóptero) de um milionário excêntrico, Carl (Ioan Gruffud) a uma ilha coberta por florestas tropicais. Lá se encontra o maior sistema de cavernas do mundo, que está sendo explorada por cientistas. O problema é que uma chuva se transforma inesperadamente em um ciclone e deixa a todos presos na caverna, enfrentando a fúria da Natureza. Em "Santuário" não há nem os dinossauros de Spileberg nem os extraterrestres de Cameron; assim, metade do filme é dedicado a mostrar as pessoas entrando na caverna e a outra metade os mostra tentando sair dela. Continuando com os clichês, há o relacionamento conturbado entre um pai linha dura, Frank (Richard Roxburgh) e seu filho adolescente, Josh (Rhys Wakefield). Há também uma mergulhadora (que além de mulher se chama "Jude", judia) que logo na primeira cena fica assustada e, claro, morre no mergulho. Há também uma cena em que um personagem começa a tossir, o que significa doença grave, e ele não dura muito tempo.

De clichê em clichê, o diretor Alister Grierson leva o espectador pelos vários "níveis" da caverna que, como em um videogame, vai ficando cada vez mais perigosa. Um aviso no início do filme diz que "Santuário" foi inspirado em uma história real, uma forma de dar "credibilidade" ao roteiro de John Garvin e Andrew Wight. O site oficial informa que Wight realmente ficou preso por dois dias com uma equipe de filmagem em uma caverna na Austrália, mas este é o limite de "realidade" presente em "Santuário". A produção sem dúvida é bem feita; cenários enormes foram usados para simular o interior da caverna, além de cenas reais de mergulho filmadas em cavernas australianas. Mas "Santuário" é muito fraco. Teria sido mais interessante, talvez, se fosse um documentário de verdade.


domingo, 7 de março de 2010

Vencedores OSCAR 2010

22:45
MELHOR ATOR COADJUVANTE
Christoph Waltz, “Bastardos Inglórios

22:58
MELHOR ANIMAÇÃO LONGA METRAGEM
"Up - Altas Aventuras"

23:02
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
“The Weary Kind”, de Coração Louco

23:15
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Mark Boal, por "Guerra ao Terror"

23:20
HOMENAGEM A JOHN HUGHES

23:30
MELHOR CURTA METRAGEM ANIMAÇÃO
"Logorama" - Nicolas Schmerkin

23:33
MELHOR CURTA METRAGEM DOCUMENTÁRIO
"Music by Prudence" - Roger Ross Williams e Elinor Burkett

23:36
MELHOR CURTA METRAGEM
"The New Tenants" - Joachim Back e Tivi Magnusson

23:41
MELHOR MAQUIAGEM
"Star Trek" - Barney Burman, Mindy Hall e Joel Harlow

23:50
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Geoffrey Fletcher, por "Preciosa"

23:57
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Mo'Nique, por "Preciosa"

00:08
MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
"Avatar" - Rick Carter, Robert Stromberg e Kim Sinclair

00:10
MELHOR FIGURINO
"A Jovem Vitória" - Sandy Powell

00:25
MELHOR EDIÇÃO DE SOM
"Guerra ao Terror" - Paul N.J. Ottosso

00:28
MELHORES EFEITOS SONOROS
"Guerra ao Terror" - Paul N.J. Ottosso e Ray Beckett

00:35
MELHOR FOTOGRAFIA
"Avatar" - Mauro Fiore

00:45
MELHOR TRILHA SONORA
"Up - Altas Aventuras" - Michael Chiacchino

00:55
MELHORES EFEITOS ESPECIAIS
"Avatar" - Joe Letteri, Stephen Rosenbaum, Richard Baneham e Andrew R. Jones

01:05
MELHOR DOCUMENTÁRIO LONGA METRAGEM
"The Cove" - Louie Psihoyos e Fisher Stevens

01:07
MELHOR MONTAGEM (EDIÇÃO)
"Guerra ao Terror" - Bob Murawski e Chris Innis

01:15
MELHOR FILME ESTRANGEIRO
"O Segredo de seus Olhos" - Juan José Campanella

01:32
MELHOR ATOR
Jeff Bridges - "Coração Louco"

01:50
MELHOR ATRIZ
Sandra Bullock - "Um Sonho Possível"

01:55
MELHOR DIREÇÃO
Kathryn Bigelow - "Guerra ao Terror"

2:00
MELHOR FILME
"GUERRA AO TERROR"

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Indicados OSCAR 2010

Foram anunciadas hoje de manhã em Los Angeles as indicações ao prêmio Oscar, da Academia de Ciências e Artes Cinematográficas. Este ano a novidade é que são dez os indicados ao prêmio de Melhor Filme. Provavelmente uma jogada de marketing para a) tentar deixar o prêmio menos previsível e b) ajudar a campanha publicitária de mais filmes todo ano (uma indicação ao Oscar é garantia de aumento na bilheteria em milhões de dólares).

Dois filmes empataram com nove indicações cada, "Avatar", de James Cameron, e "Guerra ao Terror", de Kathryn Bigelow (que já foi casada com Cameron). Logo atrás, com oito indicações, vem "Bastardos Inglórios", de Quentin Tarantino. Bigelow ganhou o prêmio do sindicato dos diretores e é a provável vencedora do Oscar. "Avatar" é o filme tecnicamente mais ousado, o orçamento mais caro e (o mais importante no cinema americano), a maior bilheteria de todos os tempos, e ainda continua como favorito a Melhor Filme de 2010. Entre os outros indicados, boa surpresa e escolha foi "Distrito 9", uma ficção científica inteligente e implacável em sua alegoria ao racismo na África do Sul. Falando nisso, "Invictus", de Clint Eastwood, que trata de uma passagem no governo de Nelson Mandela, não foi indicado a Melhor Filme ou a Melhor Diretor. Levou as indicações a Morgan Freeman como Melhor Ator e a Matt Damon como Ator Coadjuvante (a aposta certa nesta categoria é Christoph Waltz, simplesmente perfeito em "Bastardos Inglórios"). Jeff Bridges e, quem diria, Sandra Bullock são considerados favoritos ao prêmios de melhor Ator e Atriz, respectivamente.

O filme animado da PIXAR, "Up - Altas Aventuras", conseguiu o feito de ser indicado tanto a Melhor Filme como a Melhor Animação, além das categorias Melhor Roteiro e Melhor Trilha Sonora. Há quem diga, com certa razão, que "Avatar", com sua profusão de imagens animadas criadas em computação gráfica, poderia concorrer na categoria Melhor Animação. Difícil de entender, no entanto, é a inclusão do filme na categoria "Melhor Fotografia".

O Brasil ficou de fora na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. O filme argentino "O Segredo de Seus Olhos", de Juan José Campanella (o mesmo diretor de "O Filho da Noiva") está entre os favoritos.

"2012", surpreendentemente, não está entre os indicados ao prêmio de Melhores Efeitos Visuais. Os candidatos são "Avatar", o surpreendente "Distrito 9" e o ótimo "Star Trek".

A cerimônia de entrega do Oscar será realizada dia 7 de março, domingo, em Los Angeles.

Confira os indicados ao Oscar 2010:

Melhor Filme

Avatar
Um Sonho Possível
Distrito 9
Educação
Guerra ao Terror
Bastardos Inglórios
Preciosa
Um Homem Sério
Amor sem Escalas
Up – Altas Aventuras

Melhor Diretor

Kathryn Bigelow (Guerra ao Terror)
James Cameron (Avatar)
Jason Reitman (Amor Sem Escalas)
Quentin Tarantino (Bastardos Inglórios)
Lee Daniels (Preciosa)

Melhor Ator

Jeff Bridges (Coração Louco)
Morgan Freeman (Invictus)
Jeremy Renner (Guerra ao Terror)
George Clooney (Amor Sem Escalas)
Colin Firth (Direito de Amar)

Melhor Atriz

Sandra Bullock (Um Sonho Possível)
Meryl Streep (Julie & Julia)
Carey Mulligan (Educação)
Helen Mirren (The Last Station)
Gaboury Sidibe (Preciosa)

Melhor Ator Coadjuvante

Christoph Waltz (Bastardos Inglórios)
Woody Harrelson (O Mensageiro)
Matt Damon (Invictus)
Stanley Tucci (Um Olhar do Paraíso)
Christopher Plummer (The Last Station)

Melhor Atriz Coadjuvante

Mo’Nique (Preciosa)
Anna Kendrick (Amor Sem Escalas)
Vera Farmiga (Amor Sem Escalas)
Maggie Gyllenhaal (Coração Louco)
Penelope Cruz (Nine)

Melhor Roteiro Original

Quentin Tarantino (Bastardos Inglórios)
Mark Boal (Guerra ao Terror)
Joel e Ethan Coen (Um Homem Sério)
Alessandro Camon e Oren Moverman (O Mensageiro)
Bob Peterson e Pete Docter (Up – Altas Aventuras)

Melhor Roteiro Adaptado

Jason Reitman e Sheldon Turner (Amor Sem Escalas)
Neill Blomkamp (Distrito 9″)
Nick Hornby (Educação)
Geoffrey Fletcher (Preciosa)
Jesse Armstrong, Samon Blackwell, Armando Iannucci e Tony Roche (In the Loop)

Melhor Animação

Coraline e o Mundo Secreto
O Fantástico Sr. Raposo
A Princesa e o Sapo
The Secret of Kells
Up – Altas Aventuras

Melhor Direção de Arte

Rick Carter, Robert Stromberg, Kim Sinclair (Avatar)
Dave Warren, Anastasia Masaro, Caroline Smith (O Mundo Imáginário do Dr. Parnassus)
John Myhre, Gordon Sim (Nine)
Sarah Greenwood, Katie Spencer (Sherlock Holmes)
Patrice Vermette, Maggie Gray (The Young Victoria)

Melhor Fotografia

Mauro Fiore (Avatar)
Bruno Delbonnel (Harry Potter e o Enigma do Príncipe)
Barry Ackroyd (Guerra ao Terror)
Robert Richardson (Bastardos inglórios)
Christian berger (A Fita Branca)

Melhor Figurino

Janet Patterson (O Brilho de uma Estrela)
Catherine Leterrier (Coco Antes de Chanel)
Monique Prudhomme (O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus)
Colleen Atwood (Nine)
Sandy Powell (The Young Victoria)

Melhor edição

Stephen Rivkin, John Refoua e James Cameron (Avatar)
Julian Clarke (Distrito 9)
Bob Murawski e Chris Innis (Guerra ao Terror)
Sally Menke (Bastardos Inglórios)
Joe Klotz (Preciosa)

Melhor Maquiagem

Aldo Signoretti e Vittorio Sodano (Il Divo)
Barney Burman, Mindy Hall e Joel Harlow (Star Trek)
Jon Henry Gordon e Jenny Shircore (The Young Victoria)

Melhor Trilha Original

James Horner (Avatar)
Alexandre Desplat (O Fantástico Sr. Raposo)
Marco Beltrami e Buck Sanders (Guerra ao Terror)
Hans Zimmer (Sherlock Holmes)
Michael Giacchino (Up – Altas Aventuras)

Melhor Canção Original

Almost There, de A Princesa e o Sapo (Música e Letra de Randy Newman
Down in New Orleans, de A Princesa e o Sapo (Música e Letra de Randy Newman
Loin de Paname, de Paris 36 (Música de Reinhardt Wagner; Letra de Frank Thomas)
Take It All, de Nine (Música e Letra de Maury Yeston)
The Weary Kind (Theme from Crazy Heart), de Louco Amor (Música e Letra de Ryan Bingham e T-Bone Burnett)

Melhor Edição de Som

Christopher Boyes e Gwendolyn Yates Whittle (Avatar)
Paul N.J. Ottosson (Guerra ao Terror)
Wylie Stateman (Bastardos Inglórios)
Mark Stoeckinger e Alan Rankin (Star Trek)
Michael Silvers and Tom Myers (Up – Altas Aventuras)

Melhor Mixagem de Som

Christopher Boyes, Gary Summers, Andy Nelson e Tony Johnson (Avatar)
Paul N.J. Ottosson e Ray Beckett (Guerra ao Terror)
Michael Minkler, Tony Lamberti e Mark Ulano (Bastardos Inglórios)
Anna Behlmer, Andy Nelson e Peter J. Devlin (Star Trek)
Greg P. Russell, Gary Summers e Geoffrey Patterson (Transformers: A Vingança dos Derrotados)

Melhores Efeitos Visuais

Joe Letteri, Stephen Rosenbaum, Richard Baneham e Andrew R. Jones (Avatar)
Dan Kaufman, Peter Muyzers, Robert Habros e Matt Aitken (Distrito 9)
Roger Guyett, Russell Earl, Paul Kavanagh e Burt Dalton (Star Trek)

Melhor Filme Estrangeiro

Ajami (Israel)
El Secreto de Sus Ojos (Argentina)
A Teta Assustada (Peru)
O Profeta (France)
A Fita Branca (Alemanha)

Melhor curta de animação

French Roast, de Fabrice O. Joubert
Granny O’Grimm’s Sleeping Beauty, de Nicky Phelan e Darragh O’Connell
The Lady and the Reaper (La Dama y la Muerte), de Javier Recio Gracia
Logorama, de Nicolas Schmerkin
A Matter of Loaf and Death, de Nick Park

Melhor Curta-metragem de Ficção

The Door, de Juanita Wilson e James Flynn
Instead of Abracadabra, de Patrik Eklund e Mathias Fjellström
Kavi, de Gregg Helvey
Miracle Fish, de Luke Doolan e Drew Bailey
The New Tenants, de Joachim Back e Tivi Magnusson

Melhor Documentário

Burma VJ, de Anders Østergaard and Lise Lense-Møller
The Cove
Food, Inc., de Robert Kenner and Elise Pearlstein
The Most Dangerous Man in America: Daniel Ellsberg and the Pentagon Papers, de Judith Ehrlich and Rick Goldsmith
Which Way Home, de Rebecca Cammisa

Melhor Documentário de Curta-metragem

China’s Unnatural Disaster: The Tears of Sichuan Province, de Jon Alpert e Matthew O’Neill
The Last Campaign of Governor Booth Gardner, de Daniel Junge e Henry Ansbacher
The Last Truck: Closing of a GM Plant, de Steven Bognar e Julia Reichert
Music by Prudence, de Roger Ross Williams e Elinor Burkett
Rabbit à la Berlin, de Bartek Konopka e Anna Wydr

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

AVATAR

Avatar não é um filme comum. É uma experiência sensorial. Como tal, é de tal forma rica em detalhes, cores, movimentos de câmera e profundidade tridimensional que o espectador se sente diante de um novo tipo de espetáculo. É uma animação? É "live-action"? Como já foi devidamente explorado e divulgado massivamente pela máquina de marketing hollywoodiana, Avatar é o novo filme de James Cameron, o primeiro depois de doze anos longe das telas. Sendo que o anterior foi um filme que, antes de ser lançado, também gerou ansiedade entre os espectadores e preocupação entre os estúdios. "Titanic" tinha tudo para ter sido, com o perdão do trocadilho, uma "canoa furada", mas a grandiosidade do espetáculo criado por Cameron fez do naufrágio mais famoso da História o filme de maior bilheteria de todos os tempos e levou 11 Oscars. No discurso de agradecimento, quando Cameron usou uma frase de Titanic ("Eu sou o rei do mundo!"), muita gente o considerou um diretor magelomaníaco e arrogante. É possível, mas não há dúvidas de que ele é competente.

Avatar custou entre 250 e 350 milhões de dólares, e o resultado realmente está na tela. Cameron levou anos experimentando com novas tecnologias de cinema 3D e se juntou à empresa de efeitos especiais WETA (de Peter Jackson), a mesma que fez de Gollun o personagem em computação gráfica mais real de todos os tempos. O roteiro, do próprio Cameron, lembra muito um de seus filmes menos vistos, "O Segredo do Abismo" (1989), que mostrava como um grupo de humanos em uma fossa abissal no fundo do oceano entrava em contato com seres de outro planeta. Foi naquele filme, aliás, que Cameron revolucionou em uma cena curta de computação gráfica, quando um pseudópodo marinho passeava por dentro da base humana. Avatar se passa em um planeta chamado Pandora, onde os seres humanos estão explorando o solo atrás de um minério raro. O problema é que o povo original do planeta, os Na´vi, estão causando problemas aos humanos com seus costumes "selvagens" e seu apego à natureza. Para melhorar a diplomacia entre os humanos e os Na´vi, foram desenvolvidos "avatares", que são corpos geneticamente criados para serem idênticos aos Na´vi, só que "habitados" por humanos, que os controlam mentalmente. Um destes humanos é o fuzileiro americano Jake Sully (Sam Worthington), que ficou paraplégico na guerra e que, ao se tornar um Avatar, pode experimentar a sensação de andar de novo. Após um acidente, Jake acaba sendo acolhido pelos Na'vi e tenta aprender a viver como um deles.

A trama segue a linha de vários outros filmes do gênero "um estranho no ninho", em que alguém de fora tem que aprender os costumes de um povo para se enturmar e, no processo, acaba se tornando um deles. Filmes como "Lawrence da Arábia", "Dança com Lobos" ou "O Último Samurai". A diferença é que Jake não está dividido apenas mentalmente entre seu lado humano e Na´vi, mas também fisicamente. Ele literalmente está em dois lugares ao mesmo tempo, seu corpo Na´vi na floresta enquanto o humano está na câmera de controle, mais ou menos como acontecia com os personagens de Matrix. Mas as "regras do jogo" não são muito claras. Se algo acontecer ao corpo Na´vi de Jake, ele também sofre como humano? Se ele não corre perigo de morrer realmente, quando é um Na´vi, por que ele lutaria tanto por sua vida? Quando e como, exatamente, se dá a mudança de um para o outro? Em alguns momentos, a confusão atrapalha um pouco o roteiro, e a separação entre o mundo humano (duro, realista) e Na´vi (colorido, animado) dá uma sensação de realidade versus sonho que, desconfio, não era a intenção de Cameron.

Muito se tem criticado o roteiro por ser piegas demais, até mesmo brega, e ecologicamente correto. De fato, alguns momentos são excessivamente "new age" para um filme de fantasia/ficção científica. Por outro lado, a experiência de ver o filme, principalmente em 3D, é tão avassaladora, que é complicado criticar o filme por causa destes detalhes. Há um "jogo" muito inteligente acontecendo dentro e fora da tela. Considere o fato de que os próprios atores, em frente a grandes telas verdes e cercados por scanners digitais por todos os lados, tinham que "vestir" seus "avatares" virtuais para poder interpretar seus personagens. O processo chamado de "performance capture" permite que computadores capturem as expressões e os movimentos dos atores para transformá-los em personagens digitais, na tela. O "jogo" também inclui a própria platéia, que precisa vestir óculos especiais para poder acompanhar o filme em 3D. Assim, há uma curiosa simbiose entre o real e o imaginário acontecendo durante todo o processo tanto de criação quanto de assistir a este filme. Não chega a ser "revolucionário" como a fábrica de marketing está vendendo, mas sem dúvida assistir a Avatar é algo que mexe, ou deveria mexer, com qualquer pessoa interessada no mundo audiovisual.