
"Rango" conta a história de um camaleão que cai do carro de seus donos e se vê perdido em pleno deserto de Mojave, no oeste americano. Ele recebe ajuda de um misterioso tatu que só fala por meio de metáforas e que o direciona no caminho da pequena cidade de "Dirt" (poeira), no meio do deserto. "Dirt" é a típica cidade do velho oeste, com o "saloon", o banco, a prefeitura, o ferreiro e a funerária. Todos estão passando por dificuldades pela falta de água, que misteriosamente deixou de correr pela região. Há um sem número de referências cinematográficas no roteiro, mas a influência principal é dos faroestes italianos de Sergio Leone. Há um "coro" de corujas que nos conta a história e acompanham a trilha sonora. A questão da falta de água e suas implicações políticas vêm diretamente do clássico "Chinatown", dirigido por Roman Polanski em 1974. Até o prefeito da cidade, uma tartaruga inteligente e traiçoeira, é claramente baseada no personagem que John Huston interpretou naquele filme.
O camaleão se faz passar por um sujeito durão e adota o nome de "Rango" (tirado do rótulo de uma bebida chamada "Durango"). Toda a cidade fica impressionada com ele quando, por acidente, ele mata a principal ameaça do lugar, uma águia. O prefeito faz dele o novo cherife e ele logo se vê envolvido em uma investigação; quem teria roubado a água do banco? Por que a fazendeira "Feijão" (uma lagarta que vai se apaixonar por Rango) afirma ter visto água ser despejada no deserto? Por que é que o prefeito parece ser o único da região a não sofrer com a falta de água? Todas estas perguntas e intrigas são desenvolvidas no ótimo roteiro escrito por John Logan, que faz uma mistura de velhos filmes de faroeste com a intriga de "Chinatown". A trilha de Hanz Zimmer flerta com os clássicos que Ennio Morricone compôs para Sergio Leone ou com a música de "Sete Homens e um Destino", composta por Elmer Bernstein.
"Rango" já é opção certa para o Oscar de Melhor Animação para 2012. Seu roteiro é inteligente e, tecnicamente, eleva a computação gráfica a um nível de realismo impressionante. Se cuide, Pixar.