segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Meu Filho (My Son, 2021)

Meu Filho (My Son, 2021). Dir: Christian Carion. Amazon Prime Video. Suspense com bom elenco, James McAvoy e Claire Foy, que interpretam um casal divorciado cujo filho desaparece de um acampamento nas montanhas da Escócia; ele teria se perdido na floresta? Foi raptado?

O filme é a versão em inglês de um filme francês feito pelo mesmo diretor em 2017. Segundo informações da internet, James McAvoy não recebeu o roteiro do filme, tendo que improvisar seus diálogos de acordo com as falas dos outros atores. Ele está muito bem como um pai que trabalha para uma empresa de petróleo e tem que passar longos períodos fora de casa. Isso levou ao divórcio da esposa e acusações de ser um pai ausente. Há boas cenas de drama e suspense entre McAvoy e Claire Foy, mas o filme termina com mais perguntas que respostas, o que é decepcionante. Disponível na Amazon Prime Video.


Licorice Pizza (2021)

Licorice Pizza (2021). Dir: Paul Thomas Anderson. O filme é uma delícia, embora desconfie que seja daquele tipo de filme mais amado por cinéfilos do que pelo público em geral. Paul Thomas Anderson produz, escreve, dirige e faz a fotografia deste retrato de Los Angeles no começo dos anos 1970. Não há exatamente uma "trama", mas uma série de eventos acompanhando um romance "diferente" entre um ex-ator infantil e uma moça (um pouco) mais velha. Ele é Gary Valentine (Cooper Hoffman, filho do grande Philip Seymour-Hoffman) e ela é Alana Kane (Alana Haim, cantora e música do trio de pop rock "Haim"). Os dois estão estrelando nos cinemas pela primeira vez, o que é impressionante; Alana é um furacão, natural como uma atriz veterana. Cooper Hoffman (ainda) não tem o talento do pai, mas está no caminho.

O roteiro mostra como pano de fundo para o "romance" entre Gary e Alana eventos dos EUA e do mundo nos anos 1970, como a Guerra do Vietnam e a crise do petróleo. Gary, que luta com a mãe solteira para sobreviver, está sempre atrás de um novo "esquema", e Alana (que aparentemente não quer romance mas está intrigada pelo garoto) se torna sua sócia. Juntos eles vendem colchões de água, fazem testes em filmes, se juntam a uma campanha para prefeito e embarcam na onda dos fliperamas. Astros como Sean Penn e Bradley Cooper fazem participações especiais. A família de verdade de Alana aparece como a família dela (pai, mãe e irmãs). Há momentos em que parece que estamos vendo um filme caseiro de alto orçamento. Há também algo de "Era uma vez... em Hollywood", de Quentin Tarantino, no modo como Anderson recria a Los Angeles da época. O filme está indicado aos Oscars de Melhor Filme, Diretor e Roteiro Original. Em cartaz nos cinemas.

 

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Inventando Anna (Inventing Anna, 2022)

Inventando Anna (Inventing Anna, 2022). Netflix. Criada pela celebrada roteirista Shonda Rhimes, "Inventando Anna" é baseada na história real de uma trambiqueira russa chamada Anna Sorokin. Ela chegou em Nova York com sonhos na cabeça e, esperta e com muito senso de moda e negócios, convenceu muita gente da chamada "elite" que ela era uma herdeira alemã, com um fundo de 60 milhões de euros em seu nome que aguardava a liberação do pai.

Na série, Anna é interpretada muito bem por Julia Garner, que está em evidência desde que deu as caras na série "Ozark" (também da Netflix) e alguns filmes, como "A Assistente". "Inventando Anna" até que começa bem e é interessante nos primeiros três ou quatro episódios; o roteiro é uma crítica à sociedade de consumo em que a imagem vale mais do que o conteúdo, e Anna é mestre em passar a imagem certa no lugar certo. O problema é que logo você percebe que o que poderia ser contado em quatro ou cinco episódios é esticado para longos, intermináveis nove episódios de uma hora (ou mais). Confesso que os últimos capítulos eu assisti com o controle remoto na mão, pulando para frente as várias cenas repetitivas. Garner estudou os maneirismos da Anna original e recriou seu estranho sotaque, uma mistura de inglês, alemão e russo, que fica irritante rapidamente.

Pior, o roteiro tenta pintar Anna como uma espécie de vítima da sociedade; há um péssimo episódio em que a jornalista que investiga a história dela, Vivian (Anna Chlumsky), vai até a Alemanha tentar entender o que haveria "por trás" da história da moça, e ficam tentando explicar/justificar os golpes dela com psicologia barata. Vale pelos primeiros episódios (mas se quiser saber como termina, melhor ir na wikipédia do que enfrentar os nove episódios). Tá na Netflix.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Mães Paralelas (Madres Paralelas, 2021)

Mães Paralelas (Madres Paralelas, 2021). Dir: Pedro Almodóvar. Netflix. Belo filme do espanhol Almodóvar, um delicado conto que mistura maternidade, guerra civil, memórias, escavações, segredos, vida e morte. Parece muito, mas o espanhol sabe equilibrar como poucos tantos temas em um melodrama que beira o exagero, mas é dirigido e interpretado com tanto talento que tudo parece honesto.

Penélope Cruz, excelente, é Janis Martínez, uma fotógrafa de Madrid que está para dar à luz; no mesmo quarto está Ana (Milena Smit), uma adolescente também muito grávida. As duas têm bebês praticamente ao mesmo tempo, gerando duas meninas. Elas trocam telefones e prometem manter contato. Em uma trama paralela, Penélope Cruz procura por um arqueólogo forense para escavar uma vala comum em sua vila natal; lá estariam enterradas dez pessoas mortas durante a Guerra Civil Espanhola, entre elas seu bisavô. O responsável pela escavação é Arturo (Israel Elejalde), que é o pai da filha de Penélope Cruz.

Falar mais sobre a trama provavelmente revelará segredos que devem ser descobertos vendo o filme. Evite saber detalhes. O que vale, repito, é a maestria com que o veterano diretor espanhol desenrola seu melodrama, auxiliado por colaboradores tradicionais como Alberto Iglesias (indicado ao Oscar pela trilha sonora) e colorida fotografia de José Luis Alcaine. Penélope Cruz (indicada ao Oscar), que fez vários filmes com Almodóvar, está ótima. O roteiro faz paralelos interessantes entre as mães que perderam seus filhos na Guerra Civil com os problemas enfrentados pelas mães solteiras modernas. Repare como exames de DNA são usados para situações tão diversas. Belo filme. Tá na Netflix (assim como várias outras obras de Almodóvar, aproveite).

domingo, 20 de fevereiro de 2022

Kimi: Alguém está escutando (Kimi, 2022)

 

Kimi: Alguém está escutando (Kimi, 2022). Dir: Steven Soderbergh. HBO Max. Zoë Kravitz é Angela, uma mulher que trabalha como técnica de uma empresa estilo Amazon, que tem um aparelho chamado "Kimi". O aparelho, como uma Alexa, obedece comandos verbais dos usuários; só que, de vez em quando, a máquina não entende o comando e um ser humano (como Angela) tem que intervir, escutando a gravação e modificando o código da programação para facilitar o trabalho da máquina. Angela mora em um apartamento enorme em Seattle e nunca sai dele; ela tem problemas com espaços abertos e a pandemia só piorou seu trauma. Um dia ela está ouvindo os áudios da "Kimi" e ela escuta algo perturbador: gritos abafados de "socorro", em meio a uma música alta. Soderbergh é um mestre na parte técnica e a investigação que Angela faz com o áudio é algo bonito de se ver (eu até reconheci uma placa de áudio e um equalizador que ela usa para melhorar o som). E agora? Para quem ela denuncia o que parece ser um caso de abuso ouvido por acaso?

"Kimi" é um bom suspense de Soderbergh, muito bem escrito pelo veterano David Koepp (Quarto do Pânico). Além de diretor, Soderbergh também faz a direção de fotografia e a edição dos seus filmes, que ele produz aos montes. "Kimi" tem referências tão diferentes quanto "Janela Indiscreta", "A Conversação" e até "Esqueceram de Mim" (juro, rs). Zoë Kravitz está muito bem como uma mulher traumatizada que está tentando fazer a coisa certa. Ela poderia simplesmente ignorar o áudio entre as centenas de chamadas que ela resolve por dia, mas o áudio mexe com ela de forma especial. O filme tem enxutos 90 minutos muito bem aproveitados. Disponível na HBO Max.

sábado, 5 de fevereiro de 2022

Mundo em Caos (Chaos Walking, 2021)

Mundo em Caos (Chaos Walking, 2021). Dir: Doug Liman. Amazon Prime Video. Uma bomba que nem consegue ser aquele tipo de filme que é "tão ruim que é bom". Considerando os nomes envolvidos, é uma pena; Tom Holland, Daisy Ridley, Mads Mikkelsen, David Oyelowo, Cynthia Erivo, Nick Jonas estão perdidos em um filme dirigido por Doug Liman, que já fez filmes muito melhores (como o primeiro Jason Bourne e "No Limite do Amanha", por exemplo). A produção passou por uma série de problemas, tendo sido iniciada em 2017, passado por várias refilmagens, mudanças de roteiro e, dizem, foi terminado pelo diretor Fede Alvarez. Até Charlie Kaufman teria escrito uma versão.

O filme se passa no século 23 em um mundo distante colonizado por humanos. Todos os habitantes são homens, sobreviventes da primeira onda de colonização, e eles são capazes de escutar os pensamentos uns dos outros. A premissa, no papel, até é interessante, mas isso se manifesta em uma espécie de "nuvem" colorida que aparece acima da cabeça dos atores, às vezes acompanhadas por imagens (sim, é meio ridículo). Todas as mulheres teriam sido mortas pelos nativos locais (uma clara referência aos índios americanos). Não fica claro o que é que eles esperam do futuro, já que sem mulheres... não há futuro. O caso é que, do espaço, cai uma nave trazendo Rey Skywalker (risos), ou Daisy Ridley, em pessoa. Tom Holland, que nunca havia visto uma mulher antes, fica olhando para ela, com cara de tonto, enquanto que escutamos seus pensamentos o tempo todo ("ela vai me beijar agora"?).

E é isso. Soube que o roteiro é baseado em uma série de livros escritos por Patrick Ness, que eram considerados "infilmáveis". Deveriam tê-los deixado só no papel. Disponível na Amazon Prime Video.