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sexta-feira, 14 de junho de 2024

Eric (2024)

 

Eric (2024). Dir: Lucy Forbes. Netflix. "Eric" é uma minissérie em seis capítulos que é tão ambiciosa quanto decepcionante. A princípio, "Eric" trata do desaparecimento de um menino de uns dez anos, Edgar (Ivan Howe), na Nova York de 1985. O pai, Vincent (Benedict Cumberbatch) é um "bonequeiro" estilo Jim Henson que tem um programa infantil de sucesso na televisão educativa. Vincent é um gênio na criação de bonecos, mas é um "mala" profissional. Insuportável, ele briga com tudo e com todos, dos companheiros de trabalho à esposa, Cassie (Gaby Hoffmann), com quem tem um relacionamento conturbado. Uma manhã o menino vai sozinho à escola e desaparece no caminho.

O que parece ser o início de uma série sobre o sequestro de uma criança, estilo "O Resgate" ou "Os Suspeitos", acaba se transformando em várias outras coisas. Entra o personagem do policial Ledroit (McKinley Belcher III), um detetive negro que esconde um segredo (ele é homossexual); nos EUA dos anos 1980, Ledroit esconde a vida privada, que divide com um namorado à beira da morte (é o auge da epidemia de AIDS) e vive culpado por não ter encontrado outro garoto perdido, que sumiu há quase um ano.

As tramas, ao invés de trabalharem juntas, por vezes competem entre si e parece que estamos vendo séries diferentes. Em uma, Cumberbatch procura pelo filho, mas também quer lançar um personagem novo no programa infantil, quer tentar salvar o casamento e batalha com o alcoolismo. Há também uma trama envolvendo a relação difícil dele com o pai, um rico empreendedor imobiliário. Na outra trama, o policial Ledroit procura pelo garoto branco, investiga policiais corruptos, tenta lidar com a mãe do outro garoto desaparecido e ainda tem que lidar com a própria identidade. Há também outra trama lidando com um político corrupto e o combate aos moradores de rua no submundo de Nova York. A série, de seis capítulos, tenta equilibrar todos esses temas mas nem sempre consegue.

Destaque para a ótima reconstituição de época, que mostra Nova York nos anos 1980 em bela fotografia e efeitos visuais. A série, na verdade, foi rodada em estúdios em Budapeste, mas você acredita que está na "Big Apple" o tempo todo. Tá na Netflix. 

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

True Detective Terra Noturna (True Detective Night Country, 2024)

True Detective Terra Noturna (True Detective Night Country, 2024). Criada por Issa López. HBO Max. "Terra Noturna" começa muito bem em uma pequena cidade no Alasca. É o final do ano e o Sol está se pondo pela última vez por semanas, deixando tudo e todos na escuridão e frio extremos. Um acontecimento bizarro desafia a chefe de polícia local, Liz Danvers (Jodie Foster); um grupo de pesquisadores de uma estação científica desapareceram em pleno ar. Há muitos mistérios envolvendo o caso, assim como um ar meio sobrenatural. Os homens são finalmente encontrados, nus e com expressões desesperadas, congelados como estátuas. Para uma outra policial, Evangeline Navarro (Kali Reis), o caso estaria ligado à morte violenta de uma ativista, anos antes. POSSÍVEIS SPOILERS ADIANTE.


O clima da série, assim como o local, é frio e escuro. Há muito suspense no ar, a premissa é intrigante e o elenco, ótimo. Por que, então, a série chega ao final dos seus seis capítulos como uma grande decepção? É uma pena, mas os roteiristas acabam levantando muito mais perguntas do que respostas. A personagem de Liz, por melhor que seja interpretada por Jodie Foster, acaba caindo naquele clichê de mulher solteirona, chata e mandona, que deixa todos a sua volta malucos. Lembra muito a personagem de Kate Winslet em outra série da HBO, "Mare of Easttown" (que também tinha uma filha lésbica e carregava um trauma do passado, envolvendo um filho). O suspense envolvendo os corpos congelados, que dura os primeiros três episódios, de repente some no ar. Personagens são criados, aparentemente, só para morrer de repente, causando uns dez minutos de drama, para depois também serem esquecidos.

John Hawkes, que é um grande ator, tem toda uma trama envolvendo solidão, problemas com o filho e o envolvimento com os vilões da série para, de repente, chegar a um fim forçado. Outros que "desaparecem" nos últimos capítulos são o superior de Jodie Foster, com quem ela tem um caso e sabe um "podre" do passado dela, e a diretora da mineradora. A série chega ao final com um monte de pontas soltas e mesmo sem saber o destino de personagens importantes. Uma coisa é criar ambiguidade, outra é não saber terminar uma história. Disponível na HBO Max.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

O Mundo Depois de Nós (Leave the World Behind, 2023)

 O Mundo Depois de Nós (Leave the World Behind, 2023). Dir: Sam Esmail. Netflix. Suspense pós-apocalíptico bem interessante que estreou hoje na Netflix. O elenco é ótimo, Ethan Hawke, Julia Roberts, Mahershala Ali, entre outros. É aquele tipo de suspense que Shyamalan poderia ter feito (me lembrou bastante "Sinais", de 2002). Pena que o filme comece muito bem mas vá "esvaziando" para o final.

O filme começa com uma família indo para uma casa na praia. Ela é enorme e moderna, muito bem decorada e com uma bela piscina. Tudo muito bonito, mas algumas coisas estão erradas; a internet está com problemas; o celular começa a falhar e, em seguida, a televisão sai do ar. Na praia, em uma bela sequência, um petroleiro enorme sai de curso e invade a areia. À noite, há uma batida na porta e um homem negro (Mahershala Ali) muito bem vestido, está na varanda, acompanhado da filha. "Essa é nossa casa", ele diz. Ele explica que houve um blecaute em Nova York e eles gostariam de passar a noite.

O que se segue é uma série de situações cada vez mais estranhas e assustadoras. Assim como em "Sinais", em que a família de Mel Gibson estava isolada em uma casa enquanto "alguma coisa" estava acontecendo no mundo, aqui não é diferente. O clima de tensão vai ficando cada vez maior conforme coisas inexplicáveis acontecem, como ruídos ensurdecedores que acontecem no meio da noite; algumas poucas notícias, desencontradas, aparecem em forma de mensagem de texto.

Há uma tensão racial (e sexual) constante na relação entre a família branca e "perfeita" e a outra, de pai e filha negros. A personagem de Julia Roberts, em um racismo pouco velado, não consegue acreditar que Mahershala Ali seja o dono de uma casa tão grande, e seja tão culto e rico. Ele, por outro lado, claramente sabe mais do que ele está falando, e tenta proteger a filha, Ruth (Myha'la). Já os filhos de Ethan Hawke e Julia Roberts vivem sob uma bolha; Rose, a menina, está desesperada porque queria ver o episódio final de "Friends" e a internet não está funcionando. Há referências a outras séries de TV como "The West Wing" (e uma cena me lembrou bastante "Lost"). É um bom suspense, que lida com nossas paranoias como a pandemia e imagina como seríamos inúteis se acordássemos, um dia, sem internet e celular. Tá na Netflix.

domingo, 22 de outubro de 2023

Jogo Justo (Fair Play, 2023)

Jogo Justo (Fair Play, 2023). Dir: Chloe Domont. Netflix. Há uma cena de sexo no começo de "Jogo Justo" que mistura paixão, romantismo, fruto proibido e sangue menstrual que estabelece o tom do filme. Essa, definitivamente, não é uma comédia romântica. Nunca ouvi falar de Phoebe Dynevor (estrela de série "Bridgerton", da Netflix), mas ela está ótima aqui como Emily, uma analista em uma firma financeira de Nova York. Alden Ehrenreich, sempre competente, é Luke; ele é colega de trabalho de Emily e os dois têm um romance por baixo dos panos (é contra a política da empresa).

"Jogo Justo" se passa quase o tempo todo nesta empresa, com suas jogadas financeiras movendo milhões de dólares para lá e para cá como em um cassino. O chefe, interpretado por Eddie Marsan, observa a tudo como um tubarão. A paixão de Emily e Luke é abalada por uma promoção que coloca Emily em um cargo alto na empresa. A princípio, a diferença de cargos não parece atrapalhar o casal, mas a adulação, responsabilidade e comissões altas transformam paixão em ressentimento.

O roteiro, da diretora Chloe Domont, mostra como o companheirismo se transforma em competição ou sabotagem (e auto sabotagem). Luke se sente castrado. Emily tenta compensar buscando uma promoção para ele, mas o mundo das finanças não perdoa os menores erros. Em um mundo masculino, sua promoção é questionada pelo próprio companheiro. Assim como na cena inicial, o filme vai mais fundo do que a gente imagina e não é nada confortável. Tá na Netflix.

Camaleões (Reptile, 2023)

Camaleões (Reptile, 2023). Dir: Grant Singer. Netflix. Filme policial que vale a pena quase que exclusivamente por causa de Benicio Del Toro. O porto-riquenho carrega o filme nas costas com uma interpretação e tanto, quieto, inteligente, observador. Ele é um policial chamado a investigar a morte brutal de uma corretora de imóveis. De cara ele desconfia do namorado dela, um sujeito interpretado por Justin Timberlake; mas há outros suspeitos promissores, como o ex-marido da moça e um vizinho estranho interpretado (pelo estranho) Michael Pitt.

É o tipo de filme policial que vai se desenrolando aos poucos. Del Toro tem uma esposa esperta interpretada por Alicia Silverstone, que estava sumida das telas há um tempo. Os dois fazem um grande casal e ela o ajuda a pensar sobre o caso e a manter sua sanidade. A direção é de Grant Singer, especialista em video clips que estreia no longa metragem. Ele é bem seguro e cria cenas com bastante clima e suspense.

Uma pena que o roteiro se perca bastante mais para o final. Há descobertas e reviravoltas interessantes que são mal aproveitadas e, acabado o filme, você fica tentando entender exatamente o que aconteceu, ou como. Diversas pistas ficam sem explicação e dá a impressão que tiveram que terminar o filme sem se importar muito com o que veio antes. Vale a pena? Como disse, no mínimo vale pela presença de Del Toro e suas cenas com Silverstone. Tá na Netflix.

sábado, 14 de outubro de 2023

O Sacrifício do Cervo Sagrado (The Killing of a Sacred Deer, 2017)

 
O Sacrifício do Cervo Sagrado (The Killing of a Sacred Deer, 2017). Dir: Yorgos Lanthimos. HBO Max. Difícil classificar este filme... terror psicológico? O grego Yorgos Lanthimos é especialista em filmes estranhos, como "O Lagosta" ou "A Favorita" (este mais normalzinho), e "O Sacrifício do Cervo Sagrado" não é exceção.

Colin Farrell é um cirurgião renomado, bem casado com uma oftalmologista (Nicole Kidman) e pai de um casal de adolescentes; mas algo está errado. Ele tem encontros frequentes com um rapaz (Barry Keoghan), a quem dá presentes caros e passeia pela cidade. É filho de outro casamento? Filho ilegítimo? O quê? O rapaz vai visitar a família de Farrell e é muito polido e educado mas, novamente, algo parece fora de lugar. Ele aparece sem avisar no hospital; é visto fora da casa de Farrell, observando quieto. Uma noite, ele leva Farrell para jantar em sua casa e a mãe dele (Alicia Silverstone), fica bastante interessada no médico. Farrell tenta cortar relações mas o rapaz continua ligando e aparecendo sem avisar.

Contar mais pode estragar o filme (ou não). Esta é daquelas produções que você assiste desconfortável, inquieto. Lembra um pouco "Caché" (2005), do austríaco Michael Haneke. Visualmente, Lanthimos empresta as lentes grande angular e os movimentos de câmera de Stanley Kubrick (há ecos de "Laranja Mecânica" e "O Iluminado"), além da trilha sonora composta por clássicos. A trama é bastante simbólica (o personagem de Keoghan chega a dizer isso abertamente). O médico interpretado por Farrell vai ter que enfrentar erros do passado e tomar decisões terríveis no presente. Racionalmente, nada faz muito sentido, mas Lanthimos está lidando com fábulas e mitologia aqui. Estranho. Disponível na HBO Max. PS: curioso que tanto Farrell quanto Keoghan atuariam juntos em "Os Banshees de Inisherin" alguns anos depois, um filme também metafórico, embora completamente diferente.

A Garota na Fita (La Chica de Nieve, 2023)

A Garota na Fita (La Chica de Nieve, 2023). Dir: David Ulloa e Laura Alvea. Netflix. Minissérie de suspense em seis capítulos na Netflix. Em 2010, em Málaga, Espanha, uma garota de seis anos é sequestrada durante uma festividade. Os pais (Loreto Mauleón e Raúl Prieto) se desesperam, naturalmente, e colocam a polícia para investigar (o ator que faz o pai da menina parece um clone do Vladimir Brichta). A personagem principal da série, no entanto, é uma jovem jornalista chamada Miren (Milena Smit, de "Mães Paralelas", de Almodóvar). A moça carrega um trauma pesado e acaba se envolvendo, talvez mais do que deveria, no sumiço da menina. Ela tem um mentor, um jornalista mais experiente, interpretado por Jose Coronado.


A séria é boa em criar suspense e apresentar uma série de suspeitos plausíveis do rapto da criança. Há os clichês habituais como os pais dando coletivas de imprensa emocionantes ou a investigadora parada na frente de uma parede cheia de fotos, recortes de jornal e linhas vermelhas se cruzando. Milena Smit está muito bem como uma jovem traumatizada, de poucas palavras, que procura no trabalho um modo de se salvar. O mistério não é assim tão complicado e se a polícia não fosse tão incompetente saberia onde procurar, mas o objetivo da série é menos solucionar um crime e mais criar bom suspense em uma rede de personagens e tramas. A minissérie tem um final, mas fica a impressão de que poderemos ver outros casos no futuro. Tá na Netflix.

quarta-feira, 12 de julho de 2023

Caçada (Hunter Hunter, 2020)

Caçada (Hunter Hunter, 2020). Dir: Shawn Linden. HBO Max. Suspense psicológico com mais de uma pitada de terror (e uma cena brutalmente violenta), "Caçada" é dos bons. Em um floresta do Canadá mora uma família de caçadores; pai (Devon Sawa), mãe (Camille Sullivan) e filha (Summer H. Howell) vivem de caçar pequenos animais para comer e vender a pele. Só que o mercado está em baixa e o que eles caçam mal dá para eles sobreviverem. Para piorar, um grande lobo está rondando pela região, atacando as presas e ameaçando a família. O pai decide que vai dar um fim nele e sai para caça-lo pela floresta. É então que ele acha "alguma coisa" que o assusta mais do que qualquer lobo.

O filme é escrito e dirigido por Shawn Linden, que é muito competente em criar suspense. Scorsese costuma dizer que "cinema é o que está ou não está dentro do quadro", e Linden cria boas cenas de suspense ao mostrar os atores olhando para alguma coisa que você não sabe o que é... e só depois revelar o quadro geral. O filme também é bom em mostrar os detalhes nada fáceis de se morar na floresta. Há várias cenas em que se mostram animais sendo caçados e limpos, para se obter a carne e a pele. O pai é orgulhoso e diz que esta é a vida que ele escolheu. Mãe e filha fazem o que podem, mas estão cada vez mais com fome (literalmente). A ameaça do lobo, aos poucos, dá lugar a algo muito mais sinistro e aterrorizante. Há uma cena de arrepiar. Disponível na HBO Max. 

domingo, 9 de julho de 2023

A Extorsão (La extorsión, 2023)

A Extorsão (La extorsión, 2023). Dir: Martino Zaidelis. HBO Max. Guillermo Francella é Alejandro, um piloto baseado em Buenos Aires. Ele faz voos internacionais, é bem casado e adora a profissão. Uma manhã ele é convocado a prestar depoimento a pessoas que se dizem do serviço de inteligência argentina. Um homem chamado Saavedra (Pablo Rago) mostra a Alejandro uma série de fotos dele com a amante, uma médica (que também adulterou relatórios que poderiam forçar sua aposentadoria). Saavedra pode acabar com a carreira e o casamento de Alejandro, mas lhe oferece uma proposta: se ele levar para Madrid uma mala, como se fosse sua, sua carreira estaria protegida.

É um bom suspense, embora a gente imagina que, sendo um filme argentino, ele seria melhor com Ricardo Darín, rs; mas Guillermo Francella não faz feio. Claro que a situação dele fica cada vez mais complicada, ainda mais quando um chefe de polícia começa a observá-lo de perto, tentando fazer com que ele entregue o esquema de extorsão do qual é vítima. O que haveria nas malas que ele leva à Europa? Quem mais estaria envolvido? Disponível na HBO Max. 

domingo, 21 de maio de 2023

Quedida Alice (Alice, darling. 2022)

Quedida Alice (Alice, darling. 2022). Dir: Mary Nighy. Amazon Prime Video. Anna Kendrick construiu a carreira em filmes de comédia ou musicais; ela sempre esteve bem neles, mas nunca a havia visto em algo que exigisse algo a mais dela. Até este filme.

Kendrick interpreta Alice, uma mulher de uns 30 anos que está em um relacionamento sério com um artista chamado Simon (Charlie Carrick). Ela também tem duas melhores amigas, Sophie (Wunmi Mosaku) e Tess (Kaniehtiio Horn) que querem que ela vá passar uns dias com elas em uma cabana no campo. Alice aceita o convite e vai com as amigas, mas claramente há alguma coisa errada. Ela está sempre nervosa e, de vez em quando, arranca tufos do cabelo com as mãos. A edição insere pequenos trechos em que vemos o rosto de Simon, o namorado dela, a criticando de alguma forma ou ameaçando sutilmente. As amigas também percebem que algo está errado, mas não sabem como intervir.

É um filme bastante sutil e feminino. A presença de Anna Kendrick e a história de três amigas indo passear até passam a ideia de que estamos vendo alguma comédia bobinha, mas este é um drama e tanto. Kendrick está muito bem como uma mulher tão fragilizada que parece que vai quebrar a qualquer momento. Os sinais do relacionamento tóxico em que ela se encontra se revelam sutilmente, no modo como ela está sempre se arrumando ou fica assustada com qualquer vibração do celular. Há uma subtrama que trata de uma moça desaparecida que, de certo modo, espelha a situação de Alice. O filme vai aquecendo a trama em "banho maria", elevando a tensão até ficar bastante desconfortável. Anna Kendrick revela que pode fazer mais do que comédias românticas. Disponível na Amazon Prime Video. 

sexta-feira, 12 de maio de 2023

Encurralados (Boga Boga, 2023)

Encurralados (Boga Boga, 2023). Dir: Onur Saylak. Netflix. Filme de suspense turco que funciona melhor como uma comédia de erros. Yalin (Kivanç Tatlitug) é um banqueiro que se refugia em um vilarejo com a esposa, Beyza (Funda Eryigit), depois de enfrentar problemas com a lei. Há um clima estranho no ar, toda vez que Yalin cruza com alguém da vila recebe um olhar desconfiado, ou de ódio. O caso é que Yalin foi responsável por um esquema financeiro que causou a ruína de centenas de pessoas; algumas se recusam a servi-lo em suas lojas. Outros querem matá-lo.

O ator que faz Yalin mal abre a boca e está sempre com cara de poucos amigos. Para complicar sua situação, ele acaba cometendo uma série de crimes bizarros enquanto tenta se defender dos que querem acabar com ele. Pelo telefone, o advogado diz que fez um acordo com o promotor e que ele deve se comportar da melhor forma possível. "Nem passe em um sinal vermelho". O ritmo é lento e o filme faz algumas referências ao rico passado do lugar (o filósofo Aristóteles teria vivido na região). A situação de Yalin também faz paralelos com os problemas financeiros da Europa e à questão dos refugiados, tudo mencionado de passagem. O final é "curioso". Não é um filme muito fácil. Tá na Netflix.

sábado, 14 de janeiro de 2023

As Linhas Tortas de Deus (Los renglones torcidos de Dios, 2022)

 
As Linhas Tortas de Deus (Los renglones torcidos de Dios, 2022). Dir: Oriol Paulo. Netflix. Se eu tivesse ganhado um real para cada pessoa que me falou deste filme eu estaria rico, rs. "As Linhas Tortas de Deus" é mais um filme do espanhol Oriol Paulo, especialista em suspenses confusos e cheios de reviravoltas como "Um Contratempo", "O Corpo" e a série "O Inocente". Ele dirige bem e sabe criar suspense; o problema é que suspense pelo suspense, sem uma conclusão, é masturbação cinematográfica; não é porque você não entendeu um filme que ele necessariamente tenha um roteiro inteligente... enfim.

Alícia (Bárbara Lennie) é uma mulher bonita que é internada em um sanatório. A chegada dela é acompanhada de uma carta do médico dizendo que ela é extremamente inteligente e ardilosa. Quando pega na mentira, ela rapidamente sabe criar uma explicação. Ela é acusada de tentar envenenar o marido, mas ela diz que ele só se interessa pela fortuna dela. Alícia então começa a dizer que, na verdade, é uma detetive particular que está ali para desvendar a morte de um interno. O diretor do sanatório (Eduard Fernández) diz que ela é perigosa e está mentindo. Os outros médicos e enfermeiros não têm tanta certeza.
Tudo isso é contado em uma série de sequências que incluem longos flashbacks (reais ou não) de Alícia investigando o caso. Já outras sequências mostram as mesmas cenas, mas do ponto de vista de uma Alícia doente, com problemas mentais. Há clara influência de "Ilha do Medo", de Martin Scorsese, em que Leonardo DiCaprio vai investigar o desaparecimento de uma mulher em um sanatório. Muita gente adorou "As Linhas Tortas de Deus", o que é ótimo, mas confesso que não é meu tipo de filme. Oriol Paulo é mestre em criar belos castelos de cartas que parecem bonitos e intrigantes, mas que podem cair em um sopro. O final pode querer dizer várias coisas, dependendo do que você acredita que aconteceu (isso depois de duas horas e trinta e cinco minutos de filme). Afinal, ela é maluca ou não? Depende. E é isso. Tá na Netflix.

domingo, 8 de janeiro de 2023

O Pálido Olho Azul (The Pale Blue Eye, 2022)

O Pálido Olho Azul (The Pale Blue Eye, 2022). Dir: Scott Cooper. Netflix. Suspense histórico que vale mais pelo elenco e pela atmosfera sombria do que pelo desfecho. Em 1830, Christian Bale é chamado à academia militar de West Point para investigar a morte de um soldado que havia sido encontrado enforcado na floresta. O "detalhe" macabro é que o corpo havia sido violado... alguém havia retirado o coração do rapaz.

O personagem de Bale é auxiliado na investigação por um soldado da academia que é um poeta chamado Edgar Allan Poe (sim, aquele Edgar Allan Poe), interpretado muito bem por Harry Melling. O elenco ainda conta com bons nomes como Lucy Boynton, Charlotte Gainsbourg, Toby Jones, Timothy Spall, Simon McBurney.... um monte de atores britânicos se passando por americanos. Há também a participação de Robert Duvall e de Gillian Anderson.

Roteiro e direção são de Scott Cooper, que já trabalhou com Christian Bale antes em "Tudo por Justiça" (2013) e "Hostis" (2017). O filme tem uma atmosfera sombria e fria, em boa direção de fotografia de Masanobu Takayanagi, acompanhada pela trilha sonora de Howard Shore. Pena que o desfecho, cheio de "plot twists", seja um tanto decepcionante, mas não é um filme ruim. Tá na Netflix.

domingo, 13 de novembro de 2022

Um lugar bem longe daqui (Where the Crawdads Sing, 2022).

Um lugar bem longe daqui (Where the Crawdads Sing, 2022). Dir: Olivia Newman. HBO Max. Típico "filme de Supercine", rs, "Um lugar bem longe daqui" é baseado em um bestseller de Delia Owens. Kya Clark (Daisy Edgar-Jones) é uma garota que mora em uma cabana no pântano, na Carolina do Norte. Ela é chamada de "Menina do Brejo" pelos habitantes da cidade vizinha, que sempre a trataram mal. Garotos de bicicleta descobrem o corpo de um rapaz no brejo e, claro, a garota é acusada de matá-lo. Nem fica muito claro se houve um crime ou se o rapaz simplesmente sofreu um acidente, mas a garota é presa e a trama se torna um filme de tribunal.

Longos flashbacks mostram como Kya, quando criança, sofreu nas mãos de um pai abusivo. A mãe, as irmãs e o irmão vão embora, um a um (sem nem se preocupar com a irmã mais nova?) e a criança, sozinha, aprende a se manter vendendo mariscos, que caça todas as manhãs. Quando adulta, Kya é interpretada pela inglesa Daisy Edgar-Jones, que mais parece uma boneca de porcelana do que com uma mulher que passou a vida inteira trabalhando sob o Sol. Com a ajuda de um rapaz, Tate (Taylor John Smith), ela não só aprende a ler e a escrever como consegue, nos anos 1960, publicar um livro sobre os animais e plantas da região (com ilustrações em aquarela e nome em latim e tudo). Detalhe: ela faz isso tudo por correspondência (home office?), sem nunca encontrar os editores. De uma cabana. No pântano.

Ah, sim, o filme de tribunal. O grande David Strathairn se oferece para ser o advogado na moça, mas o caso era tão sem fundamento, desde o início, que fica difícil se importar muito com o resultado. Uma das produtoras é a atriz Reese Whiterspoon, que comprou os direitos do livro (que vendeu 12 milhões de cópias). A adaptação para o roteiro foi escrita por Lucy Alibar, que escreveu outro livro sobre uma garota crescendo no brejo, "Indomável Sonhadora" (2012). Para passar o tempo. Disponível na HBO Max.

terça-feira, 8 de novembro de 2022

Não se Preocupe, Querida (Don´t Worry Darling. 2022)


Não se Preocupe, Querida (Don´t Worry Darling. 2022). Dir: Olivia Wilde. HBO Max. Alice (Florence Pugh) vive a vida perfeita. Ela mora em uma comunidade planejada em algum lugar ensolarado do oeste americano. Tem uma casa enorme, que ela mantém sempre limpa e arrumada. Ela é casada com Jack (Harry Styles), um rapaz bonito que a ama e, todas as manhãs, sai para trabalhar em seu carrão colorido. Todos os maridos da vizinhança saem para trabalhar na mesma hora, se despedindo das esposas perfeitas e sorridentes. Eles trabalham em um "projeto secreto" em um lugar chamado "Victory". É o sonho americano concretizado. Claro que alguma coisa está errada.

"Não se preocupe, querida" chega à HBO Max depois de um tempo nos cinemas e uma campanha publicitária mais preocupada com as fofocas de bastidores do que com o roteiro. Talvez porque as fofocas fossem melhores. Não que o filme seja ruim, pelo contrário. Tecnicamente, é lindo. Os cenários, figurinos e fotografia parecem uma versão para cinema da série Mad Men (Don Draper se sentiria em casa naqueles cenários). Florence Pugh está excelente. O problema é que, em pleno 2022, nós já vimos episódios de Black Mirror e filmes de Shyamalan o suficiente para adivinhar o que está acontecendo. Quando o final chega, ao invés de "uau", nós apenas dizemos "ah...ok". O roteiro abre, sim, discussões sobre o patriarcado e a visão masculina do mundo (os anos 60 mandaram lembrança). É tudo tão bem feito e interpretado que você não deixa de prestar atenção. Mas... é só isso.

Infelizmente, fica difícil competir com as semanas de intrigas de bastidores que estavam na internet o tempo todo. Se Harry Styles tinha ou não cuspido em Chris Pine em uma exibição do filme. Se Florence Pugh odiava a diretora Olivia Wilde ou só decidiu se afastar das entrevistas. Se Shia LaBeouf havia sido demitido mesmo do filme (como afirmava Wilde) ou não (como os áudios dele provavam). Se Olivia Wilde estava ou não tendo um caso com Harry Styles. E assim por diante. Para quem estiver interessado no filme, está disponível na HBO Max. 

domingo, 6 de novembro de 2022

O Enfermeiro da Noite (The Good Nurse, 2022)

 
O Enfermeiro da Noite (The Good Nurse, 2022). Dir: Tobias Lindholm. Netflix. Baseado em uma história real, este é um bom filme de suspense. É também bastante... comedido. Digo, havia diversas oportunidades na trama para transformá-lo em algo sensacionalista, mas não é este tipo de filme.

Jessica Chastain é Amy, uma mãe solteira que trabalha como enfermeira no período noturno em um hospital particular. Ela é atenciosa com os pacientes, que trata pelo primeiro nome, mas ela própria tem um problema no coração que precisa de atenção médica urgente; ironicamente, ela só vai ter direito a um plano de saúde depois de trabalhar um ano no hospital. É então que chega Charlie (Eddie Redmayne), enfermeiro recém contratado para ajudar Amy; ele é calmo, compreensivo e rapidamente conquista a amizade dela, ajudando-a não só no hospital como em sua vida particular, com as filhas dela.

Só que Charlie não é o que parece. Pacientes começam a morrer inexplicavelmente. A polícia se envolve no caso mas enfrenta resistência do próprio hospital, que tem medo de processos. O detetive interpretado por Noah Emmerich tenta mostrar a Amy que Charlie pode ser responsável pelas mortes; ele havia trabalhado em pelo menos nove hospitais, que simplesmente o demitiram e passaram o problema para o próximo empregador. Parece algo kafkaniano, mas realmente aconteceu. Como disse, o filme poderia partir para cenas de ação, ameaças às filhas de Amy ou coisas do tipo, mas prefere ser comedido e até frio a respeito. O terror fica implícito na ideia de que alguém contratado para cuidar de você, indefeso no hospital, pode ser o responsável pela sua morte. Tá na Netflix.

sábado, 22 de outubro de 2022

O Desconhecido (The Stranger, 2022)

 
O Desconhecido (The Stranger, 2022). Dir: Thomas M. Wright. Netflix. Bom filme de suspense australiano lançado na Netflix esta semana, "O Desconhecido" não está interessado em pegar o espectador pela mão e explicar tudo. Pelo contrário, leva um bom tempo para você entender o que está acontecendo, e porquê. Baseado em um crime real ocorrido na Austrália em 2003, o filme tem um quê de David Fincher, um clima pesado, bastante lento e introspectivo.

Fica até difícil fazer uma sinopse ou evitar spoilers, mas a trama envolve um homem chamado Henry (Sean Harris, excelente) que entra para um grupo criminoso ao voltar para o oeste da Austrália. Ele conhece Mark (Joel Edgerton, igualmente excelente), que o apresenta a seus superiores e fica responsável por ele. Há várias cenas em que Henry é levado de um lado para outro dentro de um carro, conhece pessoas, recebe envelopes e (assim como o espectador) tenta entender o que está acontecendo. Aos poucos percebemos que as coisas não são como parecem, e a trama tem a ver com o desaparecimento e morte de um garoto ocorrida oito anos antes.
Imagino que este tipo de crime seja raro na Austrália, porque a escala da operação policial é enorme. Leva um bom tempo para você entender quem é quem e como eles planejam revelar o culpado. Tudo isso, porém, acaba sendo secundário em um filme mais interessado em desenvolver um angustiante clima de suspense através das boas interpretações, fotografia e trilha sonora. Joel Edgerton, quase monossilábico, lida mal com a pressão do trabalho e tem pesadelos frequentes com o suposto assassino. O fato de que ele tem que cuidar de um filho pequeno alguns dias da semana só aumenta sua angústia.

Não espere um filme policial com perseguições e tiroteios. "O Desconhecido" está mais para "Mindhunter" e "Zodíaco" do que para "Resgate" (filme de ação com Chris Hemsworth). Tá na Netflix.

sábado, 8 de outubro de 2022

A Queda (Fall, 2022)

A Queda (Fall, 2022). Dir: Scott Mann. Bom filme de suspense com uma premissa simples. Depois de perder o marido em uma escalada, Becky (Grace Caroline Currey) decide subir em uma das torres de comunicação mais altas do mundo. A torre tem 600 metros de altura, fica no meio do deserto e está abandonada há anos. Becky é acompanhada pela melhor amiga, Hunter (Virginia Gardner), uma Youtuber em busca de adrenalina que fica gravando a aventura com seu celular.


A trama vira um filme de sobrevivência de roer as unhas quando as duas amigas se veem presas no alto da torre, sem conseguir descer, sem comida e com pouca água. É claramente um filme de baixo orçamento, mas bem filmado e com várias sequências de efeitos especiais invisíveis. As duas atrizes são fraquinhas e o único conhecido do elenco é Jeffrey Dean Morgan (de The Walking Dead), que aparece rapidinho como o pai de Becky.

Mas este não é um filme de interpretações. É um bom exercício de suspense bem conduzido pela direção, fotografia e edição. O roteiro arruma novos modos de complicar a vida das garotas, seja por problemas com o sinal do celular, tempestades ou abutres que rondam o topo da torre. Simples e eficaz. Nos cinemas.

quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Lou (2022)

 
Lou (2022). Dir: Anna Foerster. Netflix. Em um (raro) bom filme de suspense e ação produzido pela Netflix. Allison Janney (The West Wing, Eu Tônia) é uma ex agente da CIA que está escondida em uma ilha isolada na costa dos EUA (embora, vamos combinar, se ela está se escondendo, está fazendo um péssimo trabalho; todos na cidadezinha próxima a conhecem pelo nome). Estamos nos anos 1980, como mostram imagens do presidente Reagan na TV e pela trilha sonora composta por sucessos como "Africa", do Toto.

Uma vizinha, Hannah (Jurnee Smollett), tem a filha pequena sequestrada por um homem misterioso, Phillip (Logan Marshall-Green, que é um CLONE de Tom Hardy) e é então que Lou se revela como uma especialista em armas e em seguir rastros em uma floresta encharcada. Lou e Hannah partem em busca da menina debaixo de uma tempestade e, no caminho, as peças do quebra cabeça vão se juntando para revelar quem é quem, de verdade.

Janney, que geralmente interpreta personagens cômicas ou sarcásticas, está bem em um filme de ação. Ela carrega marcas físicas e psicológicas no corpo das coisas que teve que fazer em décadas na CIA. Hannah também carrega marcas pelo corpo, resultado de um relacionamento tóxico. É um filme de ação de um ponto de vista feminino, o que inclui discussões sobre maternidade e relacionamentos abusivos. Tá na Netflix. 

sábado, 17 de setembro de 2022

Boa noite, mamãe! (Goodnight Mommy, 2022)

Boa noite, mamãe! (Goodnight Mommy, 2022). Dir: Matt Sobel. Amazon Prime Video. Filme de suspense que é a versão americana de uma produção austríaca de 2014 (que eu não vi). Não posso comparar esta versão com a original, mas este filme estrelado por Naomi Watts é apenas razoável.

Dois garotos gêmeos, Elias e Lukas (Cameron Crovetti e Nicholas Crovetti) são levados pelo pai até uma casa de campo isolada (daquele tipo que só existe em filmes de terror). Lá eles se encontram com a mãe (Naomi Watss), que não viam há algum tempo. A mãe está com a cabeça coberta por bandagens; só os olhos, nariz e a boca podem ser vistos. Há um clima tenso entre a mãe e os garotos; ela estabelece regras (não brincar em um celeiro próximo, manter as janelas fechadas) e é fria com Elias quando este lhe dá um desenho que fez. Os garotos, por sua vez, começam a achar que aquela mulher, com o rosto coberto, talvez não seja realmente a mãe deles.

Como disse, não vi o filme original, mas algo me diz que a versão europeia é mais interessante. O clima inicial de suspense acaba substituído por uma série de situações bizarras em que não sabemos o que é real ou imaginação das crianças. A trama esconde um segredo que, sinceramente, não é muito difícil de descobrir. Naomi Watss, que andava meio subida das telas, passa grande parte do filme com o rosto coberto. Não é um filme ruim, mas também não é grande coisa (fiquei com vontade de ver o original). Disponível na Amazon Prime Video.