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segunda-feira, 1 de abril de 2024

Holy Spider (2022)

Holy Spider (2022). Dir: Ali Abbasi. Netflix. Filme bastante pesado baseado na história real de um assassino em série que, entre 2000 e 2001, matou dezesseis prostitutas na cidade de Mashad, no Irã. O assassino não se considerava um criminoso, mas sim alguém que estava "limpando a cidade do pecado". Uma jornalista de Teerã, Arezoo Rahimi (Zar Amir Ebrahimi), vai até Mashad investigar as mortes e se depara com uma polícia inerte e um jornalismo amador.

A moça também tem que enfrentar o machismo da cultura local; quando chega em um hotel, sozinha, o gerente lhe diz que houve um erro na reserva dela e que ela deve ir embora. Quando ela revela ser jornalista, o "erro" desaparece e acabam dando um quarto a ela. O filme não tenta fazer suspense sobre quem é o assassino. Ele é mostrado logo no início, um pedreiro comum, com esposa, duas filhas e um filho, Saeed Azimi (Mehdi Bajestani) é ex-combatente na guerra Irã-Iraque e religioso fanático. Ele pega as prostitutas de moto, à noite, e as leva para seu apartamento. As cenas em que ele as estrangula são bem fortes e violentas.

Além de ser um thriller de suspense, o filme também é um retrato de uma sociedade machista/religiosa. Quanto mais mulheres Saeed mata, mais apoio ele tem da população em geral, que acha que ele está fazendo um bem para a sociedade. A mãe de uma das vítimas diz à jornalista que a polícia não tem interesse em prendê-lo pois ele está limpando a cidade para eles. Ebrahimi, que faz a jornalista, ganhou o prêmio de melhor atriz em Cannes e recebeu centenas de ameaças de seu país de origem. O filme foi feito fora do Irã (filmado na Jordânia) e foi condenado pelo governo.

"Holy Spider" é pesado e difícil de assistir, mas poderoso. Tá na Netflix

domingo, 6 de novembro de 2022

O Enfermeiro da Noite (The Good Nurse, 2022)

 
O Enfermeiro da Noite (The Good Nurse, 2022). Dir: Tobias Lindholm. Netflix. Baseado em uma história real, este é um bom filme de suspense. É também bastante... comedido. Digo, havia diversas oportunidades na trama para transformá-lo em algo sensacionalista, mas não é este tipo de filme.

Jessica Chastain é Amy, uma mãe solteira que trabalha como enfermeira no período noturno em um hospital particular. Ela é atenciosa com os pacientes, que trata pelo primeiro nome, mas ela própria tem um problema no coração que precisa de atenção médica urgente; ironicamente, ela só vai ter direito a um plano de saúde depois de trabalhar um ano no hospital. É então que chega Charlie (Eddie Redmayne), enfermeiro recém contratado para ajudar Amy; ele é calmo, compreensivo e rapidamente conquista a amizade dela, ajudando-a não só no hospital como em sua vida particular, com as filhas dela.

Só que Charlie não é o que parece. Pacientes começam a morrer inexplicavelmente. A polícia se envolve no caso mas enfrenta resistência do próprio hospital, que tem medo de processos. O detetive interpretado por Noah Emmerich tenta mostrar a Amy que Charlie pode ser responsável pelas mortes; ele havia trabalhado em pelo menos nove hospitais, que simplesmente o demitiram e passaram o problema para o próximo empregador. Parece algo kafkaniano, mas realmente aconteceu. Como disse, o filme poderia partir para cenas de ação, ameaças às filhas de Amy ou coisas do tipo, mas prefere ser comedido e até frio a respeito. O terror fica implícito na ideia de que alguém contratado para cuidar de você, indefeso no hospital, pode ser o responsável pela sua morte. Tá na Netflix.

domingo, 23 de janeiro de 2022

O Assassino de Clovehitch (The Clovehitch Killer, 2018)

O Assassino de Clovehitch (The Clovehitch Killer, 2018). Dir: Duncan Skiles. Netflix. Suspense razoável que funciona muito melhor na primeira metade, "O Assassino de Clovehitch" se passa em uma cidade pequena dos EUA. Um serial killer havia matado dez mulheres na região há uma década, mas a cidade ainda está em luto pelas vítimas. Os crimes pararam de repente, mas todos os anos a cidade faz uma homenagem aos mortos. Tyler (Charlie Plummer) um típico adolescente de 16 anos, vive com uma família religiosa comandada pelo seu pai, Don (Dylan McDermott); Don é sempre alto astral e é líder dos escoteiros da cidade, o que significa que ele é bom em fazer nós.

Ok, uma noite Tyler sai para namorar na van do pai e a garota encontra uma foto perturbadora de uma mulher nua, amarrada em pose sadomasoquista. Logo a cidade toda acha que Tyler é um "pervertido", mas o rapaz começa a desconfiar que o pai, religioso e "homem de bem", não é o que parece. Como agir quando se desconfia que o próprio pai seja um serial killer? Esta primeira metade do filme, como disse, é a melhor e cria um bom suspense. Mais para frente, no entanto, os acontecimentos se tornam meio forçados e difíceis de acreditar. Tyler é auxiliado na investigação pela garota "nerd" da cidade, Kassi (Madisen Beaty), que obviamente tem um motivo pessoal para procurar pelo assassino.

O filme não é ruim, mas não me envolveu muito. As crises de consciência do rapaz por desconfiar do próprio pai não me soaram honestas e a relação entre os dois me pareceu mais a de um tio e sobrinho do que entre pai e filho. Há uma reviravolta interessante no terceiro ato mas o final, se você pensar um pouco, não faz muito sentido. Tá na Netflix.

domingo, 1 de agosto de 2021

Os Pequenos Vestígios (The Little Things, 2021)

Os Pequenos Vestígios (The Little Things, 2021). Dir: John Lee Hancock. HBO Max. (Ok, assinei a HBO Max, vamos ver se vale a pena). Este filme é como se pegassem uma temporada de "True Detective" e transformassem em um longa metragem. Temos os atores classe A (Denzel Washington, Rami Malek, Jared Leto), temos um serial killer que mata mulheres, temos aqueles quartos escuros que parecem ficar ainda mais tenebrosos quando alguém acende a luz, temos aquelas cenas de autópsia com uma mulher nua exposta sobre a mesa, temos um clima pesado e depressivo... enfim, você já viu tudo isso antes.

O que não significa que o filme seja ruim. Quem gosta de um suspense policial bem feito, mesmo que clichê, pode assistir sem medo. O melhor de "Os Pequenos Vestígios", claro, é Denzel Washington. Ele já fez filmes do tipo antes (como "O Colecionador de Ossos", 1999, com Angelina Jolie) e é meio surpreendente que tenham conseguido contratá-lo para este filme, mas ele está muito bem. Denzel interpreta um xerife de uma cidade do interior que vai até Los Angeles buscar umas provas para um caso. Ao chegar lá, é reconhecido por vários outros policiais e ficamos sabendo que ele já havia trabalhado como detetive em Los Angeles. Rami Malek é o detetive que substituiu Denzel quando ele saiu da cidade, há cinco anos. Malek, ao contrário de Denzel Washington, está muito estranho. Ele não me convenceu em nenhum momento como um detetive "estrela" de homicídios. A bem da verdade, em vários momentos ele ainda parece estar interpretando Freddie Mercury, rs. Malek está investigando uma série de mortes de mulheres em Los Angeles e (coincidência) o caso pode ter ligação com uma investigação antiga de Denzel. E então entra Jared Leto, interpretando o louco de sempre, que pode (ou não) ser o principal suspeito do caso.

Como disse, não há nada de novo. David Fincher (Seven, Garota Exemplar, Zodíaco) teria feito um trabalho bem melhor. Nas mãos de John Lee Hancock, "Os Pequenos Vestígios" é intrigante e atmosférico o suficiente para prender a atenção. A crítica, em geral, falou muito mal do filme. Em cartaz na HBO Max.
 

domingo, 25 de julho de 2021

Bosch - 1ª Temporada (Bosch, 2015)

Bosch - 1ª Temporada (Bosch, 2015). Amazon Prime. Boa série policial que já está na sétima temporada, creio, mas só comecei a ver agora. Produzida pela Amazon, a série é baseada nos livros de Michael Connelly, que é um dos produtores e roteiristas. Eric Overmyer, que já produziu "The Wire" e "Law & Order", entre outras coisas, é o responsável pela produção.

Titus Welliver é Harry Bosch, um detetive veterano da polícia de Los Angeles. Ele mora em uma casa com uma bela vista e está sempre escutando discos de jazz. Bosch não chega a ser violento como o Dirty Harry de Clint Eastwood, mas é encrenqueiro e, aparentemente, responsável por investigar todos os casos "quentes" de Los Angeles. A temporada (de 10 capítulos) tem várias tramas, todas envolvendo Bosch de uma forma ou outra. Há o caso dos ossos de um garoto encontrados em uma ravina de Los Angeles. Há o caso de um serial killer chamado Raynard Waits (Jason Gedric), que mata garotos de programa. Há um julgamento envolvendo Bosch, que teria (ou não) matado um homem desarmado. Há também espaço para a vida pessoal dele, como uma ex-mulher e uma filha que ele não vê há anos. E há um romance conturbado com uma policial principiante, Julia (Annie Wersching), que não tem paciência para a rotina das ruas.

Há vários clichês do gênero e nada é muito novo, mas a produção é de primeira classe e os atores são bons. O visual lembra filmes de Michael Mann como "Fogo contra Fogo" ou "Colateral" (as imagens digitais noturnas lembram particularmente este último). Titus Welliver é ótimo como Harry Bosch e se sobressai mesmo quando o roteiro dá umas derrapadas. Ouvi dizer que a série é ainda melhor nas próximas temporadas. Veremos. Disponível na Amazon Prime.
 

segunda-feira, 28 de junho de 2021

Erased (Boku dake ga inai machi, 2016)

Erased (Boku dake ga inai machi, 2016). Dir: Tomohiko Itō. Netflix. Gostei muito desta série de suspense disponível na Netflix. Nunca deixo de me surpreender com a  capacidade dos japoneses em criar material sério e adulto através da animação, e "Erased" é um dos melhores exemplos. São doze capítulos (por volta de 20 minutos cada) contando a história de Satoru, um desenhista de 29 anos que tem um "poder": em momentos aleatórios, ele é capaz de voltar alguns minutos no tempo e salvar alguém de algum perigo, como um garoto que ia ser atropelado por um caminhão, por exemplo.

Quando a mãe de Satoru é brutalmente assassinada, o rapaz acaba sendo jogado 18 anos no passado, quando era um garoto na gelada província de Hokkaido, norte do Japão. Por que ele voltou tanto no tempo? O que ele pode fazer para impedir a morte da mãe, 18 anos no futuro? A trama, baseada em um mangá escrito por Kei Sanbe, envolve um serial killer, abuso infantil e outros assuntos pesados. O diretor trabalhou em outro anime pesado japonês, o ótimo "Death Note", e ele consegue aqui um equilíbrio delicado entre assuntos pesados e ótimas sequências de companheirismo, amizade e a relação entre pais e filhos. Satoru é um homem de 29 anos no corpo de um menino de 11 mas, depois de uns dias ele não consegue evitar agir e reagir como uma criança. Ainda assim, ele tenta de tudo para evitar o sequestro e assassinato de companheiros da escola, como a garota Kayo Hinazuki, que é constantemente agredida pela mãe. A trama então lida com aquele velho dilema das histórias que envolvem viagens no tempo: é possível mudar o futuro? Ou as coisas se repetem não importa o que você faça?

Há algumas idas e vindas entre presente e passado, mas certamente os melhores episódios são os que tratam da infância de Satoru. A animação é tecnicamente bem feita, com um bom jogo de luzes e sombras nos momentos de suspense. Dando uma lida pela internet soube que há também um filme e uma série com atores (disponível na Netflix) baseada no mesmo mangá, e que esta série animada teria modificado a trama original. Recomendo. Tá na Netflix.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Perfume - A história de um assassino

A CPFL, em Campinas, exibe toda quarta-feira, às 19 horas, um filme em 35mm, gratuitamente. A programação é muito boa, e pode ser conferida aqui. Nesta quarta-feira pude conferir o ótimo "Perfume - A História de um Assassino". O filme foi baseado em um livro de Patrick Süskind e dirigido pelo alemão Tom Tykwer. Ele foi o diretor responsável por "Corra, Lola, Corra", de 1998, com seu visual contemporâneo e edição de videoclip. Nada poderia ser mais distante do que o estilo de "Perfume", passado na França do século 18. É lá que nasceu Jean-Baptiste Grenouille, um órfão que veio ao mundo em pleno mercado de Paris. Segundo o narrador (John Hurt), um dos lugares com pior cheiro na cidade. Curioso que o sentido do olfato seja um dos poucos que ainda não puderam ser incorporados ao cinema, de modo que o diretor teve que se valer de outros sentidos para tentar passar os cheiros, que são tão importantes neste filme.

Tykwer mostra uma Paris que realmente parece mal cheirosa, suja, com suas ruas enlameadas, o chão do mercado coberto por restos de peixe, vermes, verduras, excremento. É neste ambiente que o recém-nascido Jean-Baptiste é abandonado pela mãe logo depois do parto. Ele é encontrado e levado a um orfanato, onde logo se vê que ele não é uma criança normal. A edição do filme mostra em planos rápidos as coisas que o bebê consegue cheirar com seu senso de olfato fora do comum. Além das imagens e da ótima reconstituição de época, a música também é usada para conseguir transmitir o cheiro das coisas. Há uma ótima seqüência quando vemos a primeira vez que Jean-Baptiste, já crescido (interpretado por Ben Whishaw), vai parar nas ruas de Paris. É lá que ele descobre o cheiro mais maravilhoso que já sentiu, o do corpo de uma vendedora de frutas, que ele passa a seguir. Mesmo adulto, ele ainda é como uma criança crescida e curiosa, e a garota acaba se tornando, acidentalmente, sua primeira vítima. Mas aparentemente ele nem se dá conta do que aconteceu. A única coisa que importa para ele é cheirar todo o corpo da moça, da cabeça aos pés. É então que descobre seu propósito na vida: ele quer descobrir como preservar o cheiro das coisas.

"Perfume" é daquele tipo de filme fascinante que, mesmo a contragosto, nos faz torcer pelo assassino. Jean-Baptiste é uma espécie de artista, misto de gênio e de psicopata, cuja vida complicada não lhe deu as condições mínimas de saber se comportar como um ser humano decente. Sua figura maltrapilha andando por entre as ruas de Paris me fez lembrar de Mowgli, o menino-lobo, ou mesmo de Tarzan, o homem-macaco. Ele sem dúvida é um assassino, e cada vez mais calculista com o decorrer do filme, mas parece agir mais por instinto do que por maldade. Dustin Hoffman (cuja persona atrapalha um pouco a aceitação dele como um perfumista italiano) passa a Jean-Baptiste seus conhecimentos em troca das fórmulas para novos perfumes, que lhe rendem uma fortuna. É também de Hoffman que Jean-Baptiste aprende que um bom perfume é feito com 12 essências (mais uma 13ª, que pode ser apenas lendária), que formam seus "acordes". Jean-Baptiste parte para a cidade de Grasse onde aprende a técnica da "eflorescência", que consistiria em retirar lentamente o perfume de uma flor enquanto ela está morrendo. Não demora muito, Jean-Baptiste está usando desses conhecimentos para tentar retirar a "essência" do próprio ser humano (ou, no caso, mulheres jovens e bonitas), que ele começa a matar para suas experiências.

Pena que, mais para o final, o filme tome ares cada vez mais fantásticos, fugindo completamente do plausível, culminando com um final, em aberto, que me pareceu simbólico. Mesmo assim, ele não deixa de ser sempre fascinante. O bom elenco ainda conta com Alan Rickman como o pai de uma das garotas que atraem a atenção de Jean-Baptiste. Disponível em DVD.