
Após uma primeira parte exageradamente longa, "As Relíquias da Morte: Parte 2" flui muito melhor. Potter e seus amigos ainda estão procurando as "horcruzes", partes da alma de Voldemort que estão espalhadas em objetos tão diferentes quanto uma taça ou uma tiara. Diz a lenda que, destruídas estas partes, Voldemort seria morto. Mas os três amigos, agora entrando na vida adulta, não têm tarefa fácil. O exército do "mal" está determinado a destruir Potter e a Escola de Hogwarts. Algumas cenas soam apressadas, como se, depois dos longos silêncios e momentos vazios da primeira parte, o roteirista Steve Kloves estivesse espremendo momentos chave do livro para caber no filme. A volta de Potter à Hogwards, por exemplo, pareceu extremamente fácil e rápida, é de se imaginar que no livro seja melhor explicado. A relação dúbia entre Potter e Draco Malfoy também carece de uma explicação melhor. Por outro lado, há sim momentos cinematográficos bastante bons, como a sequência em que a Professora McGonagall (Maggie Smith), auxiliada por outros bruxos, coloca uma proteção mágica sobre toda a Escola de Hogwards. A sequência em que Harry Potter fica sabendo sobre o passado do Professor Snape (Alan Rickman, um pouco desperdiçado nos últimos filmes), também é bastante interessante.
O melhor, sem dúvida, é Ralph Fiennes como Lorde Voldemort. Ele é verdadeiramente assustador e Fiennes consegue transmitir apenas com olhares e a expressão corporal toda a maldade (e sofrimento) do personagem. Vale repetir a cena citada no início do texto. A "alegria" momentânea de Voldemort, interpretada por Fiennes, dá gosto de ver. A série de falsos clímaxes e duelos entre Harry Potter e Voldemort é um pouco cansativa e confusa, o que chega a diluir a força do confronto final entre os dois personagens. Há um ar de seriedade, melancolia e morbidez talvez grande demais para um filme supostamente infanto-juvenil (mas isso já havia nos livros). Mas é uma produção caprichada e, para um blockbuster de férias, acima da média, merecendo respeito.