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segunda-feira, 18 de julho de 2011

Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2

Há uma cena neste capítulo final da saga Harry Potter em que Lorde Voldemort, por um momento, acredita ter vencido. E é então que Ralph Fiennes, o grande ator que o interpreta (debaixo de uma maquiagem que o desfigura) solta uma risada que faz com que ele pareça quase humano. Crédito para o diretor David Yates, que teve a arriscada honra de fechar a série iniciada há exatos dez anos por Chris Columbus. Havia rumores, na época, de que Steven Spielberg seria o responsável pela transposição do bruxo criado pela escritora J.K. Rowling, mas ele teria desistido (ou sido dispensado) por querer fazer mudanças no livro original. Os sete livros se transformaram em oito filmes que, até certo ponto, conseguiram manter uma boa continuidade, principalmente por lidar com um elenco infantil praticamente criado para os papéis principais: Daniel Radcliffe como Harry Potter, Rupert Grint como Ron Weasley e Emma Watson como Hermione Granger. Ajudou também o fato de que grandes atores britânicos como Richard Harris, Alan Rickman, Maggie Smith, John Hurt, Gary Oldman, Helena Bonhan Carter, Michael Gambon e muitos outros completaram os papéis secundários.

Após uma primeira parte exageradamente longa, "As Relíquias da Morte: Parte 2" flui muito melhor. Potter e seus amigos ainda estão procurando as "horcruzes", partes da alma de Voldemort que estão espalhadas em objetos tão diferentes quanto uma taça ou uma tiara. Diz a lenda que, destruídas estas partes, Voldemort seria morto. Mas os três amigos, agora entrando na vida adulta, não têm tarefa fácil. O exército do "mal" está determinado a destruir Potter e a Escola de Hogwarts. Algumas cenas soam apressadas, como se, depois dos longos silêncios e momentos vazios da primeira parte, o roteirista Steve Kloves estivesse espremendo momentos chave do livro para caber no filme. A volta de Potter à Hogwards, por exemplo, pareceu extremamente fácil e rápida, é de se imaginar que no livro seja melhor explicado. A relação dúbia entre Potter e Draco Malfoy também carece de uma explicação melhor. Por outro lado, há sim momentos cinematográficos bastante bons, como a sequência em que a Professora McGonagall (Maggie Smith), auxiliada por outros bruxos, coloca uma proteção mágica sobre toda a Escola de Hogwards. A sequência em que Harry Potter fica sabendo sobre o passado do Professor Snape (Alan Rickman, um pouco desperdiçado nos últimos filmes), também é bastante interessante.

O melhor, sem dúvida, é Ralph Fiennes como Lorde Voldemort. Ele é verdadeiramente assustador e Fiennes consegue transmitir apenas com olhares e a expressão corporal toda a maldade (e sofrimento) do personagem. Vale repetir a cena citada no início do texto. A "alegria" momentânea de Voldemort, interpretada por Fiennes, dá gosto de ver. A série de falsos clímaxes e duelos entre Harry Potter e Voldemort é um pouco cansativa e confusa, o que chega a diluir a força do confronto final entre os dois personagens. Há um ar de seriedade, melancolia e morbidez talvez grande demais para um filme supostamente infanto-juvenil (mas isso já havia nos livros). Mas é uma produção caprichada e, para um blockbuster de férias, acima da média, merecendo respeito.



quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Perfume - A história de um assassino

A CPFL, em Campinas, exibe toda quarta-feira, às 19 horas, um filme em 35mm, gratuitamente. A programação é muito boa, e pode ser conferida aqui. Nesta quarta-feira pude conferir o ótimo "Perfume - A História de um Assassino". O filme foi baseado em um livro de Patrick Süskind e dirigido pelo alemão Tom Tykwer. Ele foi o diretor responsável por "Corra, Lola, Corra", de 1998, com seu visual contemporâneo e edição de videoclip. Nada poderia ser mais distante do que o estilo de "Perfume", passado na França do século 18. É lá que nasceu Jean-Baptiste Grenouille, um órfão que veio ao mundo em pleno mercado de Paris. Segundo o narrador (John Hurt), um dos lugares com pior cheiro na cidade. Curioso que o sentido do olfato seja um dos poucos que ainda não puderam ser incorporados ao cinema, de modo que o diretor teve que se valer de outros sentidos para tentar passar os cheiros, que são tão importantes neste filme.

Tykwer mostra uma Paris que realmente parece mal cheirosa, suja, com suas ruas enlameadas, o chão do mercado coberto por restos de peixe, vermes, verduras, excremento. É neste ambiente que o recém-nascido Jean-Baptiste é abandonado pela mãe logo depois do parto. Ele é encontrado e levado a um orfanato, onde logo se vê que ele não é uma criança normal. A edição do filme mostra em planos rápidos as coisas que o bebê consegue cheirar com seu senso de olfato fora do comum. Além das imagens e da ótima reconstituição de época, a música também é usada para conseguir transmitir o cheiro das coisas. Há uma ótima seqüência quando vemos a primeira vez que Jean-Baptiste, já crescido (interpretado por Ben Whishaw), vai parar nas ruas de Paris. É lá que ele descobre o cheiro mais maravilhoso que já sentiu, o do corpo de uma vendedora de frutas, que ele passa a seguir. Mesmo adulto, ele ainda é como uma criança crescida e curiosa, e a garota acaba se tornando, acidentalmente, sua primeira vítima. Mas aparentemente ele nem se dá conta do que aconteceu. A única coisa que importa para ele é cheirar todo o corpo da moça, da cabeça aos pés. É então que descobre seu propósito na vida: ele quer descobrir como preservar o cheiro das coisas.

"Perfume" é daquele tipo de filme fascinante que, mesmo a contragosto, nos faz torcer pelo assassino. Jean-Baptiste é uma espécie de artista, misto de gênio e de psicopata, cuja vida complicada não lhe deu as condições mínimas de saber se comportar como um ser humano decente. Sua figura maltrapilha andando por entre as ruas de Paris me fez lembrar de Mowgli, o menino-lobo, ou mesmo de Tarzan, o homem-macaco. Ele sem dúvida é um assassino, e cada vez mais calculista com o decorrer do filme, mas parece agir mais por instinto do que por maldade. Dustin Hoffman (cuja persona atrapalha um pouco a aceitação dele como um perfumista italiano) passa a Jean-Baptiste seus conhecimentos em troca das fórmulas para novos perfumes, que lhe rendem uma fortuna. É também de Hoffman que Jean-Baptiste aprende que um bom perfume é feito com 12 essências (mais uma 13ª, que pode ser apenas lendária), que formam seus "acordes". Jean-Baptiste parte para a cidade de Grasse onde aprende a técnica da "eflorescência", que consistiria em retirar lentamente o perfume de uma flor enquanto ela está morrendo. Não demora muito, Jean-Baptiste está usando desses conhecimentos para tentar retirar a "essência" do próprio ser humano (ou, no caso, mulheres jovens e bonitas), que ele começa a matar para suas experiências.

Pena que, mais para o final, o filme tome ares cada vez mais fantásticos, fugindo completamente do plausível, culminando com um final, em aberto, que me pareceu simbólico. Mesmo assim, ele não deixa de ser sempre fascinante. O bom elenco ainda conta com Alan Rickman como o pai de uma das garotas que atraem a atenção de Jean-Baptiste. Disponível em DVD.