domingo, 4 de fevereiro de 2024
Stillwater - Em busca da verdade (Stillwater, 2021)
segunda-feira, 13 de setembro de 2021
Madame (2017)
A americana organiza um jantar de gala em que até o prefeito de Londres estará presente, mas há um problema: o filho de Harvey Keitel, Steven (Tom Hughes) aparece de surpresa, o que faz com que a mesa tenha 13 convidados. Para fazer um número par, a patroa pede que a empregada coloque um vestido e se sente à mesa ("fale pouco, beba pouco"). Só que um convidado, um vendedor de arte inglês (Michael Smiley), acaba se apaixonando pela espanhola (que ele acredita ser da realeza da Espanha).
Está armada uma comédia de erros em que o rico inglês começa a sair com a empregada espanhola, acreditando que ela é uma rica excêntrica, enquanto que a patroa americana não se conforma que a empregada tenha uma vida amorosa melhor do que a dela. Toni Collette está muito bem como uma mulher rica mas mal amada, que acha que a empregada deve voltar "ao seu lugar". O tom cômico se torna mais dramático conforme o ciúme da patroa aumenta e ela começa a interferir no romance da empregada. Harvey Keitel está divertido e Rossy de Palma está muito bem. É um filme bem europeu, com produção francesa mas falado em inglês. O tema poderia ter rendido mais, mas não é um filme ruim. Disponível na Amazon Prime.
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
A Chave de Sarah
Câmera Escura
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Os Nomes do Amor
domingo, 19 de junho de 2011
Turnê

Joachim Zand (Amalric) não é um vilão, mas um decadente diretor que, um dia, já teve fama e sucesso. "Turnê" começa com seu retorno dos Estados Unidos, onde foi tentar a vida. Ele está acompanhado por um grupo bizarro de mulheres de meia idade que, também decadentes, são as estrelas de um show "burlesco" de dança, canto e striptease. Amalric, como diretor, adota um estilo documental de filmar o dia-a-dia destas pessoas, e o roteiro não é nada didático. A relação de Zand com "suas garotas" é de amor e ódio. Em um momento estão todos rindo e fumando juntos, nos bastidores, acompanhando a apresentação de uma delas no palco; em outro, as garotas jogam na cara dele que o show é delas e que ele não deve interferir. Há também uma cobrança constante sobre um prometido show em Paris que, aparentemente, Zand não vai conseguir produzir. Enquanto isso, a trupe perambula por cidades pequenas, se apresentando em teatros ou discotecas de segunda classe. Os shows (concebidos pelas próprias atrizes, segundo os créditos finais) variam do bizarro ao artístico. Há uma performance bastante boa de "Dream On", do Aerosmith, tocada ao piano. Há uma apresentação surpreendente em que um grande balão de festa é usado de forma criativa. Há vários tipos de striptease parcial. Tudo isso é filmado pelo diretor de fotografia de Amalric, Christophe Beaucarne, em cores fortes, geralmente do ponto de vista dos bastidores.
Há momentos muito interessantes, como quando Amalric parte para Paris em busca de um teatro. Ele para em um posto de gasolina e tem uma cena muito boa com uma operadora do caixa, que lhe pergunta onde está indo. "Vou buscar meus filhos", ele diz. A surpresa é que ele não está mentindo. Sem muitas explicações, Zand pega dois garotos em uma lanchonete e os arrasta junto com a turnê. Uma das suas "garotas", Mimi (Miranda Colclasure), é uma loira que está acima do peso e tem o corpo cheio de tatuagens. Aos poucos, um clima de romance (e ódio) começa a surgir entre ela e Joachim Zand, provavelmente causado pelo aparecimento dos garotos.
É um filme bastante melancólico e, a bem da verdade, um pouco indigesto para espectadores com pouca paciência. O roteiro é apenas um fio tênue que se arrasta de cena a cena, show a show, cidade a cidade. O final é, ao mesmo tempo, melancólico e fantasioso. Amalric se mostra um diretor sensível e aberto a improvisos. Suas garotas são um retrato triste de decadência misturada com a alegria de um grupo de turistas perambulando pela França. The show must go on.
sábado, 18 de junho de 2011
Meia-noite em Paris

A princípio, é a típica trama de Woody Allen. Owen Wilson (imitando Allen) é Gil Pender, um roteirista de cinema que é bem sucedido, mas está infeliz com os filmes superficiais que escreve. Ele se encontra em Paris com a noiva mimada e mandona, Inez (Rachel McAdams) e os sogros autoritários. Estão na cidade a negócios do pai de Inez, mas Gil quer se inspirar para terminar seu livro. Paris é a mítica cidade para onde os artistas iam para criar, e Gil que seguir os passos de Ernest Hemingway, entre tantos outros. A noiva mal presta atenção a ele e os sogros o acham um lunático. Para piorar, eles encontram um amigo de Inez, Paul (Michael Sheen) que é especialista em todos os assuntos possíveis, de vinho tinto a arte impressionista. Gil, o típico anti-herói "Alleniano", sente-se diminuído.
É então que a "mágica" acontece. Uma noite, perdido pelas ruas de Paris, Gil escuta o relógio dar doze badaladas e um carro antigo para na rua. Ele entra e, de repente, vai parar nos anos 20, que considera a "era dourada" de Paris. Começa então uma série de situações engraçadas e surpreendentes. Em uma festa, Gil encontra Scott e Zelda Fitzgerald. Ao piano, Cole Porter canta uma de suas obras primas. Em uma mesa de bar está Ernest Hemingway (Corey Stoll), que se recusa a ler o livro de Gil: "Se for ruim, vou odiar sua mediocridade. Se for bom, vou odiar minha inveja", diz Hemingway, que leva o manuscrito para Gertrude Stein (sim, Kathy Bates). Na casa de Stein, Gil conhece um pintor chamado Pablo Picasso, que está com sua nova amante, Adriana (a bela Marion Cotillard). Gil, é claro, se apaixona instantaneamente pela garota.
O roteiro de Allen mistura sequências passadas nos anos 20, noturnas, com outras contemporâneas, em que Gil tem que lidar com o estresse da noiva e a desconfiança dos sogros. Aos poucos, porém, sua autoconfiança cresce e ele passa a enfrentar o pedantismo do "sabe tudo" Paul e a conversa conservadora do sogro, republicano tradicional (que odeia a França). Claro que o noivado de Gil e Inez está com os dias contados, mas como resolver o problema de estar apaixonado por uma mulher dos anos 20? Há uma sequência ótima em que Gil tem uma conversa sobre o assunto com ninguém menos que Salvador Dalí (Adrien Brody, ótimo), Luiz Buñuel (Adrien de Van) e Man Ray (Tom Cordier) que, surrealistas, acham tudo muito normal.
A direção de fotografia, excelente, é do iraniano Darius Khondji, que já trabalhou com David Fincher em "Se7en" (1995) e "Quarto do Pânico" (2002). Há alguns planos muito bem feitos em "Meia-noite em Paris", como quando Gil, Inez, Paul e a esposa visitam o palácio de Versalhes, feito em plano-sequência. O roteiro, apesar de nostálgico, é paradoxalmente atual em mostrar que, em todas as eras, há pessoas que acham que o passado é melhor. Os anos 20 podem ter sido fantásticos mas, é de se pensar, não havia filmes de Woody Allen.
sábado, 11 de junho de 2011
Copacabana

Querendo mudar sua imagen diante da filha, Babou aceita um trabalho como vendedora de imóveis na cidade de Oostende, na Bélgica. Sempre exagerando na maquiagem e nas roupas e desbocada, Babou não é muito querida pelos outros vendedores com quem divide um apartamento mas, surpreendentemente, ela consegue atrair mais clientes que os outros; aos poucos, ganha a confiança de Lydie (Aure Atika, de "Mademoiselle Chambom"), sua encarregada. Também arruma rapidamente um amante (que se sente como um objeto sexual) e, por identificação, começa a ajudar um casal de moradores de rua.
Escrito e dirigido por Marc Fitoussi, o filme depende completamente da interpretação magistral de Isabelle Huppert. Interpretada de forma errada, Babou poderia facilmente cair em uma caricatura de mulher engraçada e decadente; Huppert faz da personagem (que, sim, é exagerada) uma mulher viva e cheia de defeitos, mas que fica realmente sentida por ter decepcionado a única filha. No fundo, ela não tem mau coração e tenta ajudar as companheiras de trabalho, mesmo sendo suas competidoras. O título vem da vontade de Babou, que já viajou por vários países da Europa, de um dia vir para o Brasil, mais especificamente (e tipicamente) para o Rio de Janeiro. A trilha sonora, aliás, é toda composta por samba e bossa-nova. "Copacabana" é um filme engraçado e vibrante, que deve ser visto pela interpretação de Huppert (que demonstra sua versatilidade quando comparada, por exemplo, com sua personagem fria e dura de "Minha Terra: África"). Visto como cortesia no Topázio Cinemas, em Campinas.
domingo, 26 de dezembro de 2010
Minha Terra, África

quarta-feira, 8 de setembro de 2010
O Profeta

segunda-feira, 26 de julho de 2010
O Pequeno Nicolau

sábado, 15 de maio de 2010
Robin Hood

terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Coco antes de Chanel

segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Stella

O filme começa com Stella sendo admitida em uma escola "de ricos". Logo no primeiro dia, ela volta para casa com um olho roxo adquirido em uma briga com um garoto. Seus pais, Roselyne e Serge (Karole Rocher e Benjamin Biolay), não são más pessoas, mas têm pouco estudo, trabalham muito e não sabem como cuidar de uma criança. Stella ajuda a atender o balcão e pode assistir TV até tarde e conversar com os frequentadores do lugar (segundo a garota, todos vão morrer de cirrose, o que ajuda a renovar a clientela). Ela tem uma paixão platônica por Alain Bernard (Guillaume Depardieu, que morreu ano passado, filho de Gerárd Depardieu), um dos clientes que moram em um quarto alugado no mesmo prédio.
Na escola, Stella não consegue se enturmar com as outras crianças, todas mais avançadas intelectualmente e financeiramente. Um dia, porém, uma garota chamada Gladys (Melissa Rodrigues) conversa com ela e as duas engatam uma daquelas amizades que só são possíveis nessa idade, honesta e livre de interesses. Gladys é filha de um psiquiatra argentino e mora em um belo apartamento na cidade e, de vez em quando, Stella passa a noite com ela. A amizade acaba fazendo bem também aos estudos de Stella, embora não da forma rápida que aconteceria em um filme menos realista. A influência da educação de Gladys se faz sentir aos poucos, como quando Stella vai à uma livraria comprar um livro de Balzac. A leitura, ao menos no início, não impede que ela seja vítima constante daqueles professores mal amados que se encontram nas escolas mundo afora, que descontam suas insatisfações nas crianças. Mas o filme mostra como as boas amizades e bons exemplos são fundamentais para instigar a educação de uma criança. Os pais de Stella, principalmente a mãe, só sabem educar agredindo verbalmente e a colocando para baixo. Aos poucos, porém, a menina vai percebendo que a escola nova pode ser um caminho para fora do bar e para um futuro melhor.
A diretora/roteirista leva o filme com uma sensibilidade invejável. A interpretação das meninas é totalmente verdadeira, e nos identificamos de imediato. O filme é passado em uma época que, no início, não é muito fácil de identificar. Aos poucos, porém, certos indícios como roupas, discos de vinil e fotos de Alain Delon nos colocam entre os anos 60 e 70. A data exata (1977) só aparece em uma cena em que Stella se dá bem em uma tarefa na escola, falando sobre um quadro.
Não é um filme infantil (a indicação etária é de 14 anos), mas extremamente realista sobre como é, na verdade, a passagem da infância para a pré-adolescência. Para uma mulher ainda há o peso extra das mudanças mais rápidas no corpo, a primeira menstruação e a passagem das bonecas para outros interesses. Um filme com produção modesta, mas raro na beleza e sensibilidade.
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Piaf, um hino ao amor

A menina, de saúde frágil, se torna a "mascote" das prostitutas do local, especialmente de Titine (Emmanuelle Seigner, que estreou no cinema com Harrison Ford em "Busca Frenética", em 1988), que a trata como filha. Uma infecção na vista deixa a menina cega, mas uma peregrinação para rezar a Santa Tereza a cura "milagrosamente". O retorno do pai lança Edith novamente em uma vida nômade, se apresentando com ele pelas ruas de Paris, onde seu talento para o canto é descoberto. O dono de um cabaré, Louis Lepplé (Gerard Depardieu, sempre ótimo), vê Edith cantando, aos 20 anos de idade, e a lança na carreira artística, adotando o nome de "La Môme Piaf" (O pequeno pardal). O filme não é muito diferente da biografia cinematográfica tradicional: a vida de Piaf é retratada como uma série de grandes sucessos entrecortados por tragédias pessoais. O roteiro é um pouco caótico, cortando aparentemente a esmo entre diversas fases da vida da cantora, o que torna o entendimento da sua cronologia um pouco difícil. Há uma sucessão de datas e lugares aparecendo na tela, de Paris à Normandia e à Nova York, com Edith Piaf sendo retratada desde criança até sua morte prematura, aos 48 anos de idade (apesar de, visualmente, ela parecer ser muito mais velha). Senti falta de um aprofundamento maior em alguns pontos da vida dela. A II Guerra Mundial (1939-1945), por exemplo, não é sequer citada no filme, o que é muito estranho, pois ocorreu justamente quando a carreira de Piaf estava no auge. E o filme não foca o processo criativo da cantora, como a composição das canções que a tornaram um ícone da música francesa. Piaf é vista como uma garota de rua talentosa que conseguiu chegar ao sucesso através de sua voz.
Problemas de roteiro à parte, tecnicamente o filme é muito bem produzido. Há um plano-seqüência excepcional em que a câmera, sem cortes, acompanha Piaf andando por um grande apartamento de Nova York, enquanto imagina estar tendo uma conversa com seu amado, o boxeador Marcel Cerdan (Jean-Pierre Martins). Quando o empresário e amigos lhe comunicam uma tragédia, Cotillard passa da alegria para a descrença e chega ao desespero, tudo em frente à câmera que, continuamente, vai registrando todas estas emoções. O plano termina em uma cena em que Piaf passa magicamente do quarto para um teatro lotado, em que termina uma canção dramática. Esta seqüência, e a maravilhosa interpretação de Marion Cotillard, já valem o filme. O espectador pode ficar um pouco confuso com relação à vida da cantora, mas leva de presente suas canções. Visto no espaço CPFL Cultura, em Campinas, em projeção em 35mm. Disponível em DVD.
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
Perfume - A história de um assassino

Tykwer mostra uma Paris que realmente parece mal cheirosa, suja, com suas ruas enlameadas, o chão do mercado coberto por restos de peixe, vermes, verduras, excremento. É neste ambiente que o recém-nascido Jean-Baptiste é abandonado pela mãe logo depois do parto. Ele é encontrado e levado a um orfanato, onde logo se vê que ele não é uma criança normal. A edição do filme mostra em planos rápidos as coisas que o bebê consegue cheirar com seu senso de olfato fora do comum. Além das imagens e da ótima reconstituição de época, a música também é usada para conseguir transmitir o cheiro das coisas. Há uma ótima seqüência quando vemos a primeira vez que Jean-Baptiste, já crescido (interpretado por Ben Whishaw), vai parar nas ruas de Paris. É lá que ele descobre o cheiro mais maravilhoso que já sentiu, o do corpo de uma vendedora de frutas, que ele passa a seguir. Mesmo adulto, ele ainda é como uma criança crescida e curiosa, e a garota acaba se tornando, acidentalmente, sua primeira vítima. Mas aparentemente ele nem se dá conta do que aconteceu. A única coisa que importa para ele é cheirar todo o corpo da moça, da cabeça aos pés. É então que descobre seu propósito na vida: ele quer descobrir como preservar o cheiro das coisas.
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
As Aventuras de Molière

domingo, 1 de junho de 2008
Trilogia das Cores



Kieslowski dirige com elegância e tem preferência por certos planos, como belos closes em perfil de suas atrizes, ou detalhes mecânicos como a roda do carro do primeiro filme, a esteira que transporta a mala no segundo, ou a sequência de abertura do terceiro, que acompanha os cabos telefônicos de um aparelho ao outro. Há uma série de dicas visuais ligando um filme ao outro, como as cores de certas roupas ou objetos de cena. Ou então certas piadas como uma senhora que aparece nos três filmes na mesma situação, tentando depositar uma garrafa de vidro em uma lixeira alta demais para ela. Só Irene Jacob, em "Fraternidade", ajuda a senhora a jogar a garrafa. Kieslowski declarou, terminada a trilogia, que estava se aposentando e que jamais faria outro filme. Os DVDs contém uma entrevista dada a Rubens Ewald Filho em que ele diz que cinema é apenas sua profissão, e que ele pode parar quando quiser. Soa um pouco duro escutar isso de alguém tão competente na fabricação de suas imagens. Se ele falava sério ou não, o caso é que o cinema perdeu Kieslowski, morto por um ataque cardíaco, dois anos após filmada sua bela e sensível trilogia.