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segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

O Homem Mais Procurado (Netflix)

Este é último filme a ter o grande Philip Seymour Hoffman no papel principal. Hoffman, infelizmente, morreu de overdose no início deste ano, deixando para trás uma carreira brilhante em papéis variados. Em "O Homem Mais Procurado" ele é Günther Bachmann, o chefe de um grupo de espionagem baseado em Hamburgo, Alemanha. O mundo vive a paranoia pós 11 de Setembro e as autoridades alemãs não querem que nenhum atentado atinja a cidade portuária.

Baseado em um livro de John Le Carré, o roteiro de Andrew Bovell é complicado na medida certa, com vários personagens e sem a preocupação de explicar tudo didaticamente ao espectador, o que é ótimo. Este é daqueles filmes que requerem atenção. Considerem o personagem de Issa Karpov (Grigoriy Dobrygin), um imigrante ilegal que chega a Hamburgo; filho de chechenos e russos, é muçulmano e atrai a atenção do grupo anti-terrorismo de Günther. Karpov alega que tem uma fortuna a receber da herança do pai militar e recebe a ajuda de uma jovem advogada especializada em refugiados, Annabel (Rachel McAdams). Ela encaminha Karpov a um banqueiro interpretado por Willem Dafoe. Quem é Karpov, afinal? É apenas um refugiado, como alega, ou é um terrorista disfarçado, arrecadando dinheiro para um grande atentado? (leia mais abaixo)


O filme é dirigido com muita competência por Anton Corbijn, que começou a carreira como um celebrado fotógrafo e diretor de videoclips para bandas como Joy Division e U2. No cinema, já dirigiu bons filmes como "Control", que contava a biografia do líder do Joy Division, Ian Curtis e "Um Homem Misterioso", com George Clooney. Corbijn conduz "O Homem Mais Procurado" sem pressa e é metódico em detalhar tanto os procedimentos policiais quanto o estado de espírito dos personagens.

Hoffman se despede do cinema com seu habitual brilhantismo. Günther é um homem muito inteligente, mas tem que lidar tanto com o combate ao terrorismo quanto com as politicagens internas do serviço de inteligência alemão. O elenco, que ainda conta com a ótima Robin Wright (de "House of Cards"), é tão bom que se dá ao luxo de ter um ator como Daniel Brühl ("Rush") como mero coadjuvante. "O Homem Mais Procurado" está disponível na Netflix.

João Solimeo
Câmera Escura

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras

A versão "bombada" de Sherlock Holmes criada pelo diretor Guy Ritchie e pelo ator Robert Downey Jr está de volta. O cerebral detetive criado por Arthur Conan Doyle no século XIX teve várias encarnações cinematográficas, mas o Holmes de Downey Jr é uma mistura do charme do ator com a hiperatividade paranóica dos filmes de ação do século XXI. Downey já encarnou o personagem em filme de 2009, tendo Jude Law como seu companheiro Watson. A produção foi muito bem sucedida nas bilheterias do mundo, o que trouxe esta inevitável continuação.

O bom elenco quase consegue fazer a coisa funcionar. Downey Jr sempre foi bom ator e, mesmo americano, já encarnou britânicos antes no cinema (como Charles Chaplin, em filme de 1992), e trabalha bem ao lado de Jude Law. O problema é que o filme trata o personagem como um alucinado, e a técnica acompanha. Os cortes rápidos e a estética de vídeo clip prejudicam a direção de arte e o espectador mal tem tempo de apreciar as paisagens de Londres, Paris e da Suíca no final do século XIX. No início do filme, Holmes tem dois problemas: um é seu inimigo, o professor James Moriarty (Jared Harris), um gênio quase tão inteligente quanto o detetive e, claro, com um plano diabólico; uma série de atentados a bomba acontecem por toda Europa, supostamente executados por anarquistas. Na verdade, é Moriarty que, dono de uma fábrica de armas, planeja fornecer material para uma guerra mundial. Mas Holmes está preocupado com seu outro problema: o casamento de Watson. Se o "relacionamento" entre Holmes e Watson foi apenas sugerido no primeiro filme (e é motivo de debate há décadas), "Jogo de Sombras" só falta colocar os dois na mesma cama. Há uma série de piadas bem diretas e cenas de ciúme entre os dois companheiros enquanto, em plena lua-de-mel, combatem Moriarty Europa afora. O ator Stephen Fry faz uma participação especial (e desperdiçada) como Mycroft, o irmão de Holmes.

Com duas horas e dez minutos de filme, há diversas cenas de ação que variam de lutas corpo a corpo (estilizadas e em câmera lenta) a verdadeiros bombardeios, com os atores desviando de balas de diversos tipos e calibres. Em meio a toda correria, há boas cenas isoladas entre Holmes e Moriarty, embora Jared Harris interprete o vilão de forma fria demais (é o único a levar o filme a sério, aparentemente). O filme termina com uma sequência que quase engana os espectadores, mas é claro que a franquia precisa deixar a porta aberta para "Sherlock 3". Resta saber até quando o charme de Robert Downey Jr, sozinho, vai conseguir trazer bilheteria para a série. Visto no Topázio Cinemas.


sábado, 18 de junho de 2011

Meia-noite em Paris

Woody Allen volta em um dos seus filmes mais belos e nostálgicos. Após filmar em Londres e Barcelona, Allen agora pinta Paris com uma fotografia dourada que, no início do filme, até faz uma homenagem com a cidade; por vários minutos, vê-se os pontos turísticos de Paris em toda a sua glória. É, ao mesmo tempo, um clichê e uma novidade; onde estão os famosos créditos brancos sobre fundo preto, costumeiros de Allen? Eles surgem, rápidos, após as imagens da cidade, e o filme se inicia.

A princípio, é a típica trama de Woody Allen. Owen Wilson (imitando Allen) é Gil Pender, um roteirista de cinema que é bem sucedido, mas está infeliz com os filmes superficiais que escreve. Ele se encontra em Paris com a noiva mimada e mandona, Inez (Rachel McAdams) e os sogros autoritários. Estão na cidade a negócios do pai de Inez, mas Gil quer se inspirar para terminar seu livro. Paris é a mítica cidade para onde os artistas iam para criar, e Gil que seguir os passos de Ernest Hemingway, entre tantos outros. A noiva mal presta atenção a ele e os sogros o acham um lunático. Para piorar, eles encontram um amigo de Inez, Paul (Michael Sheen) que é especialista em todos os assuntos possíveis, de vinho tinto a arte impressionista. Gil, o típico anti-herói "Alleniano", sente-se diminuído.

É então que a "mágica" acontece. Uma noite, perdido pelas ruas de Paris, Gil escuta o relógio dar doze badaladas e um carro antigo para na rua. Ele entra e, de repente, vai parar nos anos 20, que considera a "era dourada" de Paris. Começa então uma série de situações engraçadas e surpreendentes. Em uma festa, Gil encontra Scott e Zelda Fitzgerald. Ao piano, Cole Porter canta uma de suas obras primas. Em uma mesa de bar está Ernest Hemingway (Corey Stoll), que se recusa a ler o livro de Gil: "Se for ruim, vou odiar sua mediocridade. Se for bom, vou odiar minha inveja", diz Hemingway, que leva o manuscrito para Gertrude Stein (sim, Kathy Bates). Na casa de Stein, Gil conhece um pintor chamado Pablo Picasso, que está com sua nova amante, Adriana (a bela Marion Cotillard). Gil, é claro, se apaixona instantaneamente pela garota.

O roteiro de Allen mistura sequências passadas nos anos 20, noturnas, com outras contemporâneas, em que Gil tem que lidar com o estresse da noiva e a desconfiança dos sogros. Aos poucos, porém, sua autoconfiança cresce e ele passa a enfrentar o pedantismo do "sabe tudo" Paul e a conversa conservadora do sogro, republicano tradicional (que odeia a França). Claro que o noivado de Gil e Inez está com os dias contados, mas como resolver o problema de estar apaixonado por uma mulher dos anos 20? Há uma sequência ótima em que Gil tem uma conversa sobre o assunto com ninguém menos que Salvador Dalí (Adrien Brody, ótimo), Luiz Buñuel (Adrien de Van) e Man Ray (Tom Cordier) que, surrealistas, acham tudo muito normal.

A direção de fotografia, excelente, é do iraniano Darius Khondji, que já trabalhou com David Fincher em "Se7en" (1995) e "Quarto do Pânico" (2002). Há alguns planos muito bem feitos em "Meia-noite em Paris", como quando Gil, Inez, Paul e a esposa visitam o palácio de Versalhes, feito em plano-sequência. O roteiro, apesar de nostálgico, é paradoxalmente atual em mostrar que, em todas as eras, há pessoas que acham que o passado é melhor. Os anos 20 podem ter sido fantásticos mas, é de se pensar, não havia filmes de Woody Allen.


segunda-feira, 4 de abril de 2011

Uma Manhã Gloriosa

Há muitos anos existe um debate entre o que é entretenimento e o que é notícia. Nos Estados Unidos até se criou o termo "infotainment", ou "infoentretenimento", que englobaria aqueles programas matinais como o icônico "Today Show", da rede NBC, que mistura as notícias da manhã com receitas de bolo e matérias sobre obesidade. Como vivemos em plena era da publicidade, infelizmente o jornalismo clássico tem perdido terreno para o sensacionalismo e os programas apelativos. "Uma Manhã Gloriosa" trata destes assuntos, ironicamente, de forma leve e divertida, embora seria injusto exigir algo mais profundo de um produto que é, descaradamente, entretenimento.

Rachel McAdams, mais adorável do que nunca, é Becky Fuller, uma produtora de TV workaholic que assume a produção executiva do programa "Daybreak", da fictícia emissora IBS, em Nova York. "Daybreak" está com péssima audiência e a emissora está pensando em cancelá-lo, mas Becky, com uma dedicação patológica, começa a fazer mudanças. A mais drástica é demitir o âncora do programa e, em seu lugar, colocar o lendário (e ranzinza) jornalista Mike Pomeroy (Harrison Ford, assumindo a idade). Pomeroy representa o jornalista clássico, hard news, e só se interessa pela verdade e por sua inabalável integridade. Baseado em Mike Wallace (do programa 60 Minutes), Pomeroy aceita o trabalho pelo dinheiro, mas se recusa e entrar no "clima" do programa matutino. Becky, além dos problemas de audiência, precisa também controlar a briga de egos entre Pomeroy e a outra apresentadora do "Daybreak", Collen (Diane Keaton), que já foi Miss Arizona.

Dirigido por Roger Michell, "Uma Manhã Gloriosa" parece um sitcom bem produzido e está mais para filmes como "O Diabo Veste Prada" do que para clássicos sobre jornalismo como "Todos os Homens do Presidente" (Alan J. Pakula, 1976) ou mesmo filmes mais leves como "Broadcast News" (de James L. Brooks, 1987). Mas o carisma do elenco, principalmente de Rachel McAdams, mantém "Uma Manhã Gloriosa" razoavelmente interessante. As mudanças que a produtora tem que fazer para aumentar a audiência mostram como nossa sociedade está mais interessada em coisas bizarras do que em notícias sérias. Um dos repórteres mais antigos do programa, por exemplo, começa a fazer "matérias" que mostram sua reação desesperada ao andar em uma montanha russa ou saltar de paraquedas. Mas Mike Pomeroy acaba mostrando, mais para o final, que ainda há lugar para o jornalismo sério. Mesmo que venha entre uma matéria sobre vidas passadas e uma receita de omelete.


segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Sherlock Holmes

O nome "Sherlock" é sinônimo de detetive particular. De inteligência, astúcia e, acima de tudo, método. Criação de Arthur Conan Doyle, Sherlock Holmes tinha o hábito de chegar às conclusões mais surpreendentes ao simplesmente encontrar uma pessoa. Através de pistas e de um suposto "pensamento científico", Holmes conseguia saber quem a pessoa era, onde havia estado, qual sua profissão e o que estava fazendo ali. Como companheiro de aventuras, Holmes tinha o Dr. Watson, sábio mas um tanto medroso, que acompanhava Holmes enquanto este descobria seus casos. O personagem já foi adaptado às telas do cinema incontáveis vezes e encarnado por uma série de atores.

Eis então que chegam o produtor da série "Máquina Mortífera", Joel Silver, e o diretor de "Snatch - Porcos e Diamantes", Guy Ritchie, e resolvem fazer uma versão do século XXI para o grande detetive inglês. O resultado só não é pior do que se poderia esperar por causa dos dois nomes principais do elenco, os ótimos Robert Downey Jr (Holmes) e Jude Law (Watson). O filme funciona melhor, na verdade, quanto menos se pensar que estamos vendo um filme de Sherlock Holmes. Nesta versão acelerada e "bombada" de Ritchie, Holmes é uma espécie de super herói atormentado, competente tanto nas deduções incríveis quanto nas lutas de rua. Logo no início do filme ele salva uma mulher de morrer em um ritual satânico promovido pelo cruel Lord Blackwood (Mark Strong). Blackwood é condenado à forca e é executado mas, claro, retorna dos mortos para aterrorizar Londres com um plano diabólico que me lembrou aqueles vilões dos filmes de James Bond.

O roteiro é basicamente feito de uma série de sequências em que Holmes e Watson tentam descobrir os planos secretos de Blackwood, em uma Londres do século XIX por vezes muito bem feita e interessante, em outras um efeito ruim em computação gráfica. Holmes tem encontros com sociedades secretas que acreditam em magia e desafiam as crenças científicas dele. No lado pessoal, Watson está para se casar com uma mulher chamada Mary, o que ataca os ciúmes do companheiro Sherlock, também às voltas com uma mulher misteriosa chamada Irene Adler (Rachel McAdams). (Se o objetivo do filme era ser inovador, por que os produtores não resolveram tirar Sherlock e Watson do armário e assumir o romance?).

O filme não é exatamente ruim. As interpretações de Downey e Law salvam grande parte das cenas, com alguns bons diálogos e troca de insinuações. Há cenas muito boas de Londres e da recriação de época. Há uma tentativa de desmistificar o personagem e lhe tirar aquele "verniz" inglês e esnobe. Mas, no fundo, há muita verdade na piada que anda pela internet que chama o filme de uma mistura de "Statch", "Clube da Luta" e "Homem de Ferro". Para uma recriação muito melhor do personagem, deve-se assistir ao ótimo filme feito por Barry Levinson e produzido por Steven Spielberg em 1985, chamado "Young Sherlock Holmes" (ou "O Enigma da Pirâmide").


domingo, 21 de junho de 2009

Intrigas de Estado

"Intrigas de Estado" segue a linha de produções que mostram jornalistas investigando casos que envolvem conspirações entre grandes empresas, o poder e subserviência da mídia e o envolvimento de políticos em escândalos. Pode-se citar "Todos os Homens do Presidente" (de Alan J. Pakula), ou "O Informante" (de Michael Mann) como outros exemplos do gênero. Adaptado de uma série da televisão britânica, "Intrigas de Estado" é dirigido por Kevin MacDonald ("O Último Rei da Escócia") e foi escrito por Matthew Michael Carnahan ("Leões e Cordeiros") e Tony Gilroy, ótimo roteirista de toda a série "Bourne" e diretor de "Conduta de Risco" (Michael Clayton). Essa equipe classe "A" é acompanhada por um grande elenco, composto por Russell Crowe, Helen Mirren, Robin Wright Penn, Rachel McAdams, Jeff Daniels e Ben Affleck.

A trama envolve um deputado chamado Stephen Collins (Affleck) que está encabeçando uma CPI sobre a terceirização do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Baseado em fatos reais, a "vilã" do filme é uma empresa chamada Pointcorp, empregada pelo governo americano para agir no Iraque e que fatura bilhões de dólares. Fundada e operada por ex-militares, a empresa é acusada de abusos no campo de batalha e por falcatruas internas. No início do filme, vemos três crimes aparentemente não relacionados que chamam a atenção de um repórter da velha guarda do "Washington Globe", Cal McAffrey (Crowe). Ele e Collins estudaram na faculdade juntos, e quando a principal investigadora de Collins é morta de forma suspeita no metrô, a imprensa cai em cima dele ao descobrir que o deputado estava tendo um caso com a garota. Cal estava investigando o assassinato de um morador de rua e de um simples entregador de pizza e descobriu que estes crimes estão ligados à morte da pesquisadora de Collins. Tudo aponta para uma conspiração da Pointcorp, que estaria interessada em desmoralizar Collins na Comissão de Inquérito.

O filme também toca na questão dos rumos do jornalismo neste milênio. Há uma demanda crescente dos donos do jornal para vender a qualque custo, e Cal torce o nariz para uma novata da redação, Della Frye (McAdamns), que escreve para a parte online do diário. Mas os dois acabam se tornando parceiros na investigação, e Russel Crowe mais uma vez se mostra um grande ator. Seu personagem é um jornalista das antigas, sempre com uma caneta e bloco na mão, com contatos em todo lugar e conhecido de policiais e políticos. Sua mesa na redação é aparentemente uma bagunça, assim como o carro velho que dirige. Interessante que a direção de arte tenha feito a redação do jornal com uma aparência que me lembrou um presídio. Há linhas verticais cortando a tela que lembram barras e o ambiente é escuro, mas Cal ainda acredita que a "verdade" tenha de ser buscada lá fora, nas ruas. Há uma complicação adicional no fato de que ele e a esposa de Collins, Anne (a bela Robin Wright Penn), terem tido um caso que vem desde a época da faculdade, e há um estranho triângulo amoroso entre o jornalista, o congressista e sua esposa, em que todos aparentemente sabem da situação mas nunca a comentam.

O filme é bem escrito, bem interpretado e dirigido. Há bons momentos de suspense e uma idéia de que ainda vale a pena lutar por alguma coisa.