sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Um Homem Misterioso

George Clooney é um astro tão grande que pode se dar ao luxo de, de vez em quando, fazer um tipo de filme diferente. "Um Homem Misterioso" ("The American", no título original) começa com três mortes em menos de cinco minutos; uma delas é bastante surpreendente. Clooney é Jack, um americano que escapa de uma tentativa de assassinato na Suécia e foge para Roma, Itália. Lá ele liga para um homem chamado Pavel (Johan Leysen), que lhe dá as chaves de um carro e o manda para um pequeno vilarejo nas montanhas. Precavido (ou paranóico?) Jack se instala no vilarejo vizinho ao ordenado, e espera. Espera pelo que? Não sabemos. Jack passa seus dias fingindo ser um fotógrafo e tentando não chamar a atenção, mas não é bem sucedido. O padre local, Benedetto (Paolo Bonacelli) percebe que Jack é um homem em conflito, uma bomba relógio a ponto de estourar.

É então que Jack conhece Mathilde (Thekla Reuten), que tem uma encomenda para ele: uma arma. Com infinita paciência e atenção aos detalhes, é na fabricação de tal arma que Jack se revela um artista. Com equipe toda européia e dirigido pelo holandês Anton Corbijn (de "Control" e vários videoclips de bandas como U2), "Um Homem Misterioso" é um thriller despreocupado em criar cenas de ação desnecessárias. O filme é bastante lento e marcado por poucos diálogos. A rididez espartana de Jack se dissolve quando está fabricando a arma, lendo sobre borboletas ou quando está com Clara (Violante Placido), uma prostituta com quem fica envolvido. Há uma homenagem a Sergio Leone em uma cena em que "Era uma vez no Oeste" (1968) está passando na televisão, e a referência não é em vão. Há algo do diretor italiano nos longos planos abertos e no silêncio do personagem principal. É até possível imaginar Clint Eastwood fazendo o papel de Jack uns anos atrás. Clooney está muito bem em um papel atípico; Jack é um homem que pouco fala e muito menos sorri.

É na relação com as mulheres que está seu lado mais humano e, nesta profissão, o mais perigoso. Ao mesmo tempo em que percebe que está apaixonado por Clara, sente-se ameaçado pela frieza calculista da assassina Mathilde e vê possíveis ameaças em todo lugar. A relação com a prostituta também revela algo sobre ele mesmo, alguém pago para fazer algo eticamente imoral. Haverá saída para eles? Ou, como lhe diz o Padre Benedetto, a saída está no amor? Jack, com certa razão, acha que talvez seja tarde demais.


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