
É então que Jack conhece Mathilde (Thekla Reuten), que tem uma encomenda para ele: uma arma. Com infinita paciência e atenção aos detalhes, é na fabricação de tal arma que Jack se revela um artista. Com equipe toda européia e dirigido pelo holandês Anton Corbijn (de "Control" e vários videoclips de bandas como U2), "Um Homem Misterioso" é um thriller despreocupado em criar cenas de ação desnecessárias. O filme é bastante lento e marcado por poucos diálogos. A rididez espartana de Jack se dissolve quando está fabricando a arma, lendo sobre borboletas ou quando está com Clara (Violante Placido), uma prostituta com quem fica envolvido. Há uma homenagem a Sergio Leone em uma cena em que "Era uma vez no Oeste" (1968) está passando na televisão, e a referência não é em vão. Há algo do diretor italiano nos longos planos abertos e no silêncio do personagem principal. É até possível imaginar Clint Eastwood fazendo o papel de Jack uns anos atrás. Clooney está muito bem em um papel atípico; Jack é um homem que pouco fala e muito menos sorri.
É na relação com as mulheres que está seu lado mais humano e, nesta profissão, o mais perigoso. Ao mesmo tempo em que percebe que está apaixonado por Clara, sente-se ameaçado pela frieza calculista da assassina Mathilde e vê possíveis ameaças em todo lugar. A relação com a prostituta também revela algo sobre ele mesmo, alguém pago para fazer algo eticamente imoral. Haverá saída para eles? Ou, como lhe diz o Padre Benedetto, a saída está no amor? Jack, com certa razão, acha que talvez seja tarde demais.
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