domingo, 26 de novembro de 2023

Albert Brooks: Rindo da Vida (Albert Brooks: Defending My Life, 2023)

Albert Brooks: Rindo da Vida (Albert Brooks: Defending My Life, 2023). Dir: Rob Reiner. HBO Max. Albert Brooks talvez não seja muito conhecido no Brasil, a não ser por fãs de cinema. Começou como comediante nos anos 1970, em aparições lendárias em vários talk shows, se enveredou pelo cinema, onde foi escritor, diretor, ator e produtor de vários bons filmes, como "Romance Moderno" (1981) ou "Um visto para o Céu" (1991). Foi também um dos idealizadores do programa de TV "Saturday Night Life".

Neste documentário, o amigo e também diretor Rob Reiner (Conta Comigo, Questão de Honra) senta com ele em uma mesa de restaurante e eles têm uma conversa franca sobre como se conheceram na escola e sobre a carreira de Brooks, família, amor e filmes. Como cinema, é meio "quadradinho" e seguro. Há vários depoimentos de pessoas como Chris Rock, Judd Apatow, Sarah Silverman, Larry David, James L. Brooks e até Steven Spielberg que, eu não sabia, era amigo de Albert Brooks e, juntos, fizeram alguns curtas em Super 8 nos anos 1970.

Há várias cenas dos filmes de Brooks, claro, e aparições em TV. Filho de um comediante que morreu no palco, após uma apresentação e uma mãe atriz e cantora, o nome real de Brooks era Albert Einstein, piada que ele atribui à mãe. O documentário é curto, uma hora e vinte minutos, e vale para quem quiser conhecer sobre a carreira dele. Fiquei com vontade de rever alguns de seus filmes. Disponível na HBO Max.

sexta-feira, 10 de novembro de 2023

O Assassino (The Killer, 2023)

O Assassino (The Killer, 2023). Dir: David Fincher. Netflix. Michael Fassbender é um assassino profissional. Pelos primeiros vinte minutos do filme, nós o vemos em um apartamento de Paris esperando por sua vítima. Em uma narração em off, o assassino descreve seu método, seu perfeccionismo. Fincher, sendo Fincher, filma tudo imaculadamente. Cada plano é uma pintura, cada corte preciso. O áudio é excelente. Criador e criatura parecem uma máquina precisa de matar/filmar. E aí dá tudo errado.
Acho que gostar de "O Assassino" depende do modo como você vê filmes. Esse não é daquele tipo de filme para se ver com a luz acesa, levantando para ir ao banheiro ou olhando o celular (na real, nenhum filme é). É um balé lindamente coreografado por Fincher e seu grupo habitual de colaboradores (Kirk Baxter na edição, Erik Messerschmidt na fotografia, Atticus Ross e Trent Reznor na trilha sonora). Há poucos diálogos e uma ação leva à outra. Fassbender está excelente. Há uma cena com Tilda Swinton que é tão boa que parece que o filme vai terminar. E aí acontece uma coisa estranha... o filme não termina e se estende por uma meia hora que me pareceu desnecessária. O final é meio irônico, meio anticlimático.
Assim como seu personagem, Fincher parece querer mostrar que, no fundo, também é humano. "O Assassino" não é ótimo como um "A Rede Social" ou "Garota Exemplar", mas é bonito pra caramba de se ver. Tá na Netflix.

quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Sly (2023)

Sly (2023). Dir: Thom Zimny. Netflix. Documentário estranhamente melancólico sobre a vida e carreira de Sylvester Stallone. Conhecido por personagens "musculosos" como Rocky e Rambo, pouca gente sabe que Stallone é, antes de tudo, um roteirista. É, também, produtor e diretor. Cansado de ser rejeitado pelos estúdios nos anos 1970, Stallone escreveu "Rocky" e se recusou a vender o roteiro a não ser que ele próprio interpretasse o personagem principal. "Rocky" ganharia o Oscar de Melhor Filme e Stallone seria indicado tanto como roteirista quanto por ator.
É uma história fascinante e, aos trancos e barrancos, Stallone conseguiu se manter no topo de Hollywood por décadas. Por que, então, este documentário acaba decepcionando? O próprio Stallone conta sua história em uma série de entrevistas, grande parte delas dadas dentro de uma de suas mansões, cercado por figuras dele mesmo. Bustos e estátuas de Rocky, Rambo e outros personagens cercam o ator; nas estantes, roteiros dos seus filmes. Nas paredes, quadros dele mesmo. Achei carregado demais. Há momentos intimistas, principalmente quando ele fala da relação complicada com o pai, um homem competitivo e violento. A morte do filho, Sage Stallone, no entanto, passa meio batida e sem muitas explicações. Há poucos depoimentos de outras pessoas (Quentin Tarantino, Talia Shire e Schwarzenegger os maiores destaques).
Há diversos trechos de seus filmes (principalmente Rocky e Rambo) mas, por questões de direitos autorais, as icônicas trilhas sonoras não são usadas. Faltou um olhar mais crítico sobre o papel de Stallone na cultura pop do cinema dos anos 1980. Há, porém, diversos bons momentos, principalmente nas cenas de bastidores das filmagens de Rocky (que tinha orçamento bastante modesto) e na ligação biográfica entre a vida de Stallone e seus personagens. Pessoalmente, achei mais interessante a minissérie recente sobre Schwarzenegger. Tá na Netflix.