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sábado, 24 de setembro de 2016

Sete Homens e Um Destino (2016)

Claro que o que todo mundo vai perguntar se este filme é melhor do que a versão consagrada de 1960, dirigida por John Sturges. A resposta, claro, é não. Poucas coisas são mais cool do que Yul Brynner em um cavalo, certo? Ainda mais quando acompanhado de gente como Steve McQueen, Charles Bronson, James Coburn, Robert Wagner, etc (sem falar de Eli Wallach). A nova versão, porém, é bem melhor do que se poderia esperar, principalmente por causa do elenco.

Denzel Washington todo de preto montado em um cavalo não é nenhum Brynner, mas é, a seu modo, bastante cool. Chris Pratt está bem como o substituto de McQueen e o resto do elenco é composto por um ótimo Ethan Hawke (um pistoleiro traumatizado pela Guerra Civil), Vincent D´Onofrio como um rastreador, Buyng-hung Lee como um chinês especializado em facas, Manuel Garcia-Hulfo como um pistoleiro mexicano e Martin Sensmeier como um índio comanche. Como se vê, a versão "século XXI" da história primeiro contada por Akira Kurosawa em "Os Sete Samurais" (1954) tenta ser bem mais "inclusiva" do que o elenco totalmente branco do Western de Sturges. Há ainda um papel feminino bastante forte interpretado por Haley Bennett, que faz uma viúva que contrata Washington e seu bando para proteger uma pequena cidade de um cruel minerador chamado Bogue (Peter Sarsgaard, apropriadamente asqueroso mas um tanto exagerado).


O roteiro (co-escrito por Nic Pizzolatto, da extraordinária série True Detective, da HBO) segue de perto as versões de Kurosawa e Sturges, com algumas modificações. O grupo montado por Denzel Washington não só é mais diverso como também é mais ambíguo, principalmente na sua motivação. A versão de 1960 deixava claro que os camponeses podiam pagar muito pouco para os pistoleiros; já aqui, apesar do pagamento também ser pequeno, há implícita a promessa da divisão da grande quantidade de ouro que há nas minas da cidade. A direção é de Antoine Fuqua, que já trabalhou com Denzel Washington antes em "Dia de Treinamento" (também com Ethan Hawke) e "O Protetor". Fuqua dirige bem, sem pressa nem aquelas câmeras tremidas da maioria dos filmes modernos de ação. Há um bom senso da geografia da cidade e seus arredores. Os atores são bem dirigidos e há boa química entre Washington, Pratt e a garota, Bennett. A trilha foi a última composta por James Horner, que morreu em acidente aéreo em 2015, e tem várias de suas assinaturas conhecidas (como uso da flauta japonesa, o shakuhachi).

O ritmo lento é uma vantagem e um desvantagem. As (boas) cenas de ação acabam ficando um pouco dispersas pelos 132 minutos de filme. Quando as balas começam a voar, porém, vale a pena a espera. Dificilmente vai virar um clássico, mas para um Western moderno esta versão rende uma boa sessão de cinema.

João Solimeo

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Atraídos pelo Crime

Não há nada de novo em "Atraídos pelo crime", filme policial que estréia neste final de semana. O que o impede de ser dispensável, no entanto, é um bom elenco sob a direção segura de Antoine Fuqua. O filme conta a história de três policiais, em situações que você já viu antes: Eddie (Richard Gere) é um policial que está a uma semana da aposentadoria. Ele é alcoólatra e mal visto pelos colegas de farda. Sal (Ethan Hawke) é casado, tem vários filhos e a esposa está grávida de gêmeos. Para complicar, ela é asmática e sofre com o mofo nas paredes da casa velha onde vivem. Sal não é exatamente um tira corrupto, mas vem roubando dinheiro apreendido em batidas policiais para comprar uma casa nova para a família. Tango (Don Cheadle) é um policial infiltrado na comunidade negra e amigo do chefão local, Caz (Wesley Snipes), que acabou de sair da prisão. O sonho de Tango é deixar o trabalho infiltrado e ter um trabalho policial "normal", atrás de uma mesa de escritório.

Todas essas histórias são clichês do gênero policial, assim como a estratégia do roteiro de mantê-las em linhas separadas de ação, entrecortadas pela montagem. Mas, como disse, a direção e interpretação mantêm a experiência interessante. Don Cheadle, particularmente, está muito bem como o policial infiltrado que, como costuma acontecer nestas situações, não sabe mais direito a quem deve lealdade. Todas as suas cenas com Wesley Snipes são muito bem conduzidas, em diálogos rápidos e bem interpretados. Ethan Hawke é um ótimo ator, apesar de estar se repetindo. Ele já interpretou o mesmo "tipo", até com o mesmo penteado e barba, em vários outros filmes, como "Antes que o diabo saiba que você está morto", ou "Dia de Treinamento", do mesmo Antoine Fuqua. Richard Gere faz o que pode com o velho clichê do policial que está para se aposentar. As três histórias (ou quatro, contando Wesley Snipes) se cruzam em alguns momentos, mas vão em um crescendo até um ótimo (e violento) final, que vale o filme.

ps: há várias cenas neste filme em que as legendas brancas do cinema são praticamente invisíveis. Para quem entende inglês, tudo bem, mas várias pessoas estavam reclamando. As distribuidoras deveriam investir no tipo de legenda com borda ou sombra, mais visíveis.