"A Voz Suprema do Blues" (Ma Rainey´s Black Botton, 2020). Dir: George C. Wolfe. Netflix. Último trabalho de Chadwick Boseman antes de morrer, precocemente, aos 43 anos, "A voz suprema do blues" é baseado em uma peça de August Wilson. Ao contrário de "Uma Noite em Miami", também baseado em uma peça e que me pareceu muito teatral (no mau sentido), o diretor George C. Wolfe conseguiu um trabalho bastante cinematográfico nesta adaptação. As cores da fotografia de Tobias Schliessler, aliadas à bela recriação de época, retratam uma Chicago do final dos anos 1920 quente e vibrante.
A grande Viola Davis interpreta Ma Rainey, a "rainha do blues". Ela é chamada a Chicago para gravar um disco em um estúdio comandado por brancos, e é daquelas pessoas que não levam desaforo para casa. Todos tentam agradá-la e fazer suas vontades, menos Levee (Chadwick Boseman), um trompetista que sonha em ter a própria banda e gravar seus discos. Ele é criativo e talentoso, mas jovem e impaciente. Os outros membros da banda (muito bem interpretados por Colman Domingo, Glynn Turman e Michael Potts) reconhecem o talento do rapaz, mas tentam fazê-lo entender que quem manda é Ma Rainey. Viola Davis, como sempre, está extraordinária. Ela tem o olhar de quem já engoliu muito sapo mas sabe que está em uma situação de poder, ao menos enquanto os brancos do estúdio não têm sua voz gravada. Com muita maquiagem e a pele suada, Davis comanda cada cena em que aparece. Boseman não fica atrás, e um monólogo em que Levee relata um trauma da infância é de tirar o fôlego.
É um bom filme. Viola Davis e Chadwick Boseman estão indicados ao Oscar e é aposta certa que Boseman leve um prêmio póstumo de melhor ator no próximo domingo. O filme também está indicado aos prêmios de melhor maquiagem, figurino e direção de arte. Tá na Netflix.
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quarta-feira, 21 de abril de 2021
domingo, 26 de fevereiro de 2017
Palpites para o OSCAR 2017
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terça-feira, 24 de janeiro de 2017
Um Limite entre Nós (Fences, 2016)
"Um Limite entre Nós" (Fences, 2016) é um belo filme produzido, dirigido e interpretado por Denzel Washington (em uma das melhores interpretações de sua carreira). O roteiro foi adaptado por August Wilson de sua própria peça e é perceptível a origem teatral da obra na marcação dos atores e nos longos monólogos, mas não chega a ser um "teatro filmado". Washington dirige um ótimo grupo de atores em cenas passadas em grande parte nos fundos de uma casa em Pittsburgh dos anos 1950. Os EUA acabaram de sair vitoriosos da 2ª Guerra Mundial e algumas mudanças estão ocorrendo na vida dos negros americanos, mas o patriarca Troy Maxson (Washington) não acredita nelas. Trabalhador, autoritário com os filhos e amigo de uma garrafa de Gim, Troy se ressente de não ter sido jogador de beisebol profissional e é daquele tipo de pai que joga na cara dos filhos que é ele quem paga o sustento deles.
O filho mais velho, Lyons (Russell Hornsby) é um músico que só aparece para pedir dinheiro emprestado do pai. O mais novo, Cory (Jovan Adepo) é um rapaz estudioso e dedicado a quem foi oferecida uma bolsa para jogar futebol americano na faculdade, mas o pai não quer nem ouvir falar sobre o assunto. "O brancos nunca vão deixá-lo chegar perto de uma boa", ele diz. "Você só tem medo de que eu seja melhor que você", retruca o garoto. A família ainda conta com o irmão de Troy, Gabe (Mykelti Williamson), um veterano de guerra que ficou com sequelas mentais depois de ter sido ferido na cabeça. Ele recebeu 3 mil dólares do governo como indenização, que Troy usou para comprar a casa em que ele vive com a família.
Viola Davis está excelente como Rose, a esposa de Troy. Ela aguenta os abusos do marido, mantém a casa e cria os filhos da melhor maneira que pode, mas não é uma vida fácil. Troy é claramente apaixonado por ela, o que não o impede de "arrastar asa" para outras mulheres da vizinhança. É um filme com muitos diálogos e monólogos típicos de uma peça teatral, mas Washington faz o que pode para filmá-los de forma interessante. Há algumas poucas cenas que marcam a passagem do tempo e das estações e algumas cenas externas de Pittsburgh muito bem feitas na reconstrução de época. "Cercas" foi indicado aos Oscars de "Melhor Filme", "Melhor Ator" (Washington), "Melhor Atriz Coadjuvante" (Viola Davis) e "Melhor Roteiro Adaptado".
João Solimeo
sábado, 24 de setembro de 2016
Sete Homens e Um Destino (2016)
Claro que o que todo mundo vai perguntar se este filme é melhor do que a versão consagrada de 1960, dirigida por John Sturges. A resposta, claro, é não. Poucas coisas são mais cool do que Yul Brynner em um cavalo, certo? Ainda mais quando acompanhado de gente como Steve McQueen, Charles Bronson, James Coburn, Robert Wagner, etc (sem falar de Eli Wallach). A nova versão, porém, é bem melhor do que se poderia esperar, principalmente por causa do elenco.
Denzel Washington todo de preto montado em um cavalo não é nenhum Brynner, mas é, a seu modo, bastante cool. Chris Pratt está bem como o substituto de McQueen e o resto do elenco é composto por um ótimo Ethan Hawke (um pistoleiro traumatizado pela Guerra Civil), Vincent D´Onofrio como um rastreador, Buyng-hung Lee como um chinês especializado em facas, Manuel Garcia-Hulfo como um pistoleiro mexicano e Martin Sensmeier como um índio comanche. Como se vê, a versão "século XXI" da história primeiro contada por Akira Kurosawa em "Os Sete Samurais" (1954) tenta ser bem mais "inclusiva" do que o elenco totalmente branco do Western de Sturges. Há ainda um papel feminino bastante forte interpretado por Haley Bennett, que faz uma viúva que contrata Washington e seu bando para proteger uma pequena cidade de um cruel minerador chamado Bogue (Peter Sarsgaard, apropriadamente asqueroso mas um tanto exagerado).
O roteiro (co-escrito por Nic Pizzolatto, da extraordinária série True Detective, da HBO) segue de perto as versões de Kurosawa e Sturges, com algumas modificações. O grupo montado por Denzel Washington não só é mais diverso como também é mais ambíguo, principalmente na sua motivação. A versão de 1960 deixava claro que os camponeses podiam pagar muito pouco para os pistoleiros; já aqui, apesar do pagamento também ser pequeno, há implícita a promessa da divisão da grande quantidade de ouro que há nas minas da cidade. A direção é de Antoine Fuqua, que já trabalhou com Denzel Washington antes em "Dia de Treinamento" (também com Ethan Hawke) e "O Protetor". Fuqua dirige bem, sem pressa nem aquelas câmeras tremidas da maioria dos filmes modernos de ação. Há um bom senso da geografia da cidade e seus arredores. Os atores são bem dirigidos e há boa química entre Washington, Pratt e a garota, Bennett. A trilha foi a última composta por James Horner, que morreu em acidente aéreo em 2015, e tem várias de suas assinaturas conhecidas (como uso da flauta japonesa, o shakuhachi).
O ritmo lento é uma vantagem e um desvantagem. As (boas) cenas de ação acabam ficando um pouco dispersas pelos 132 minutos de filme. Quando as balas começam a voar, porém, vale a pena a espera. Dificilmente vai virar um clássico, mas para um Western moderno esta versão rende uma boa sessão de cinema.
João Solimeo
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quarta-feira, 3 de junho de 2015
Dicas NETFLIX 03/06/2015
Separamos dois dramas e uma comédia para você ver (ou rever). Confira!
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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013
O Voo
É bom ver o diretor Robert Zemeckis de volta ao cinema com atores de carne e osso. Desde o ano 2000, quando lançou "O Náufrago" e "Revelação", Zemeckis trabalhou apenas com animações ("O Expressso Polar", "A Lenda de Beowulf" e "Os Fantasmas de Scrooge"). Diretor da série "De Volta para o Futuro" e de filmes como "Forrest Gump", Zemeckis sempre esteve envolvido com produções que lidavam com muitos efeitos especiais ou novas tecnologias. "O Voo", apesar de uma sequencia espetacular de desastre aéreo, mostra um cinema mais humano de Zemeckis, principalmente pela escolha de Denzel Washington para interpretar o papel principal.
Washington é William Whitaker, um piloto de avião que é alcoolatra e também usa drogas. Na noite anterior a um voo para Atlanta, Whitaker passa a noite com uma comissária de bordo e aparece no avião com claros sinais de embriaguez, assustando o co-piloto. Apesar do estado, Whitaker é bom piloto e, após uma falha mecânica na aeronave, consegue evitar um desastre maior realizando uma manobra ousada e pousando em um campo aberto. Quatro passageiros e dois tripulantes morrem no acidente, mas Whitaker consegue salvar mais de 90 passageiros da morte e, normalmente, seria considerado um herói. O problema é que seu exame de sangue revela alta quantidade de alcool e drogas e o advogado do sindicato dos pilotos tenta, a todo custo, proteger a companhia aérea da má publicidade e, ainda por cima, impedir que Whitaker seja condenado a prisão perpétua por homicídio. A sequência do acidente aéreo é muito bem feita, apesar da manobra absurda utilizada por Whitaker para estabilizar a aeronave (ele coloca o avião para voar de cabeça para baixo a poucos metros do solo). O cena do acidente é tão forte que causa um problema de ritmo ao resto do filme que, em comparação, fica muito lento. A ação dá lugar a várias cenas em que o alcoolismo do personagem de Washington o coloca em situações cada vez piores. Ele se junta a uma outra viciada chamada Nicole (Kelly Reilly) que tenta levá-lo a reuniões do AA, sem sucesso. Enquanto isso, Don Cheadle e Bruce Greenwood tentam mantê-lo longe da bebida até que a investigação criminal chegue ao fim. John Goodman faz uma participação especial muito engraçada como o traficante que fornece drogas ao piloto.
Denzel Washington mantém o filme nos eixos, apesar de algumas turbulências no roteiro. Washington consegue transmitir os problemas causados pelo alcoolismo e o dilema moral pelo qual tem que passar no final, quando tem que decidir se assume sua doença ou não. O roteiro de John Gatins está concorrendo ao Oscar, assim como Denzel Washington. É o filme mais adulto feito por Robert Zemeckis, com cenas de nudez, consumo de drogas e álcool.
Câmera Escura
Obs: O trailer abaixo revela praticamente o filme todo. Esteja avisado.
Câmera Escura
Obs: O trailer abaixo revela praticamente o filme todo. Esteja avisado.
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