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sexta-feira, 12 de maio de 2023

Air, A História por Trás do Logo (Air, 2023)

Air, A História por Trás do Logo (Air, 2023). Dir: Ben Affleck. Amazon Prime Video. Pouco mais de um mês depois de estrear nos cinemas, o filme de Ben Affleck sobre um tênis chega à Amazon Prime Video. É leve, interpretado por um bom elenco encabeçado por Matt Damon (com participação especial de Viola Davis), mas que não é muito mais do que um comercial de longa metragem.
A tal "história por trás do logo", no subtítulo ridículo brasileiro, é na verdade a história por trás de uma campanha de marketing que transformou um tênis em um dos produtos mais lucrativos da história. Estamos claramente nos anos 80 (como nos mostram um monte de referências a "Um Tira da Pesada", "Ghostbusters", Cindy Lauper e videogames) e a Nike é a empresa "patinho feio" do mundo dos tênis. A alemã Adidas reina suprema e a Converse patrocina as maiores estrelas da NBA. Mas um diretor da divisão de basquete da Nike, Sonny Vaccaro (Matt Damon), resolve investir todas as fichas da empresa em um astro novato, Michael Jordan. O modo como Jordan é tratado pelo filme é quase religioso, como comentou o crítico inglês Mark Kermode. Tanto que Jordan nunca é mostrado de frente (assim como Jesus em Ben-Hur). Ao invés disso, um dublê o interpreta entrando e saindo de reuniões sem mostrar o rosto ou dizer uma palavra, enquanto que a mãe (a grande Viola Davis) e o pai (Julius Tennon) negociam seu contrato com as grandes empresas.
O filme deve ser mais interessante para grandes fãs de Jordan ou, talvez, para estudantes de publicidade. Com o perdão do trocadilho, "Air" é leve como o ar, inofensivo como uma brisa. Mas é tranquilo de se assistir em casa, do sofá. Disponível na Amazon Prime Video.

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Imperdoável (The Unforgivable, 2021)

Imperdoável (The Unforgivable, 2021). Dir: Nora Fingscheidt. Netflix. Dramalhão de Supercine que dá para assistir pelo bom elenco. Sandra Bullock estava já com 56 anos nas filmagens e, pelo que entendi, interpreta uma mulher de uns 45. Ela está bem, apesar do rosto bem plastificado. Ela é Ruth Slater, uma mulher que é solta da prisão após cumprir 20 anos pelo assassinato de um policial. A cena do crime é vista em fragmentos durante o filme e é propositalmente confusa. Ruth estava defendendo a própria casa de uma reintegração de posse e não queria se separar da irmã mais nova, Kate.

Vinte anos depois, livre da prisão, Ruth tem como missão reencontrar a irmã, que foi adotada por outra família e tem apenas vagas lembranças do passado. O elenco, como disse, é bom. Vincent D´Onofrio interpreta um advogado que aceita ajudar Ruth. A esposa dele é a grande Viola Davis, totalmente desperdiçada e que faz só umas três cenas. Jon Bernthal é um companheiro de trabalho. Richard Thomas (caramba.... o John Boy?? rs) é o pai adotivo de Kate (Aisling Franciosi).

As filmagens foram interrompidas pela pandemia e retomadas depois, o que talvez explique o sumiço do personagem de D'Onofrio na parte final. Um cara que interpreta o chefe de Sandra Bullock também some sem explicações. É filme de Supercine, mas tem seus momentos. Tá na Netflix.
 

quarta-feira, 21 de abril de 2021

A Voz Suprema do Blues (Ma Rainey´s Black Botton, 2020)

"A Voz Suprema do Blues" (Ma Rainey´s Black Botton, 2020). Dir: George C. Wolfe. Netflix. Último trabalho de Chadwick Boseman antes de morrer, precocemente, aos 43 anos, "A voz suprema do blues" é baseado em uma peça de August Wilson. Ao contrário de "Uma Noite em Miami", também baseado em uma peça e que me pareceu muito teatral (no mau sentido), o diretor George C. Wolfe conseguiu um trabalho bastante cinematográfico nesta adaptação. As cores da fotografia de Tobias Schliessler, aliadas à bela recriação de época, retratam uma Chicago do final dos anos 1920 quente e vibrante.

A grande Viola Davis interpreta Ma Rainey, a "rainha do blues". Ela é chamada a Chicago para gravar um disco em um estúdio comandado por brancos, e é daquelas pessoas que não levam desaforo para casa. Todos tentam agradá-la e fazer suas vontades, menos Levee (Chadwick Boseman), um trompetista que sonha em ter a própria banda e gravar seus discos. Ele é criativo e talentoso, mas jovem e impaciente. Os outros membros da banda (muito bem interpretados por Colman Domingo, Glynn Turman e Michael Potts) reconhecem o talento do rapaz, mas tentam fazê-lo entender que quem manda é Ma Rainey. Viola Davis, como sempre, está extraordinária. Ela tem o olhar de quem já engoliu muito sapo mas sabe que está em uma situação de poder, ao menos enquanto os brancos do estúdio não têm sua voz gravada. Com muita maquiagem e a pele suada, Davis comanda cada cena em que aparece. Boseman não fica atrás, e um monólogo em que Levee relata um trauma da infância é de tirar o fôlego.

É um bom filme. Viola Davis e Chadwick Boseman estão indicados ao Oscar e é aposta certa que Boseman leve um prêmio póstumo de melhor ator no próximo domingo. O filme também está indicado aos prêmios de melhor maquiagem, figurino e direção de arte. Tá na Netflix.
 

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Um Limite entre Nós (Fences, 2016)

"Um Limite entre Nós" (Fences, 2016) é um belo filme produzido, dirigido e interpretado por Denzel Washington (em uma das melhores interpretações de sua carreira). O roteiro foi adaptado por August Wilson de sua própria peça e é perceptível a origem teatral da obra na marcação dos atores e nos longos monólogos, mas não chega a ser um "teatro filmado". Washington dirige um ótimo grupo de atores em cenas passadas em grande parte nos fundos de uma casa em Pittsburgh dos anos 1950. Os EUA acabaram de sair vitoriosos da 2ª Guerra Mundial e algumas mudanças estão ocorrendo na vida dos negros americanos, mas o patriarca Troy Maxson (Washington) não acredita nelas. Trabalhador, autoritário com os filhos e amigo de uma garrafa de Gim, Troy se ressente de não ter sido jogador de beisebol profissional e é daquele tipo de pai que joga na cara dos filhos que é ele quem paga o sustento deles.

O filho mais velho, Lyons (Russell Hornsby) é um músico que só aparece para pedir dinheiro emprestado do pai. O mais novo, Cory (Jovan Adepo) é um rapaz estudioso e dedicado a quem foi oferecida uma bolsa para jogar futebol americano na faculdade, mas o pai não quer nem ouvir falar sobre o assunto. "O brancos nunca vão deixá-lo chegar perto de uma boa", ele diz. "Você só tem medo de que eu seja melhor que você", retruca o garoto. A família ainda conta com o irmão de Troy, Gabe (Mykelti Williamson), um veterano de guerra que ficou com sequelas mentais depois de ter sido ferido na cabeça. Ele recebeu 3 mil dólares do governo como indenização, que Troy usou para comprar a casa em que ele vive com a família.

Viola Davis está excelente como Rose, a esposa de Troy. Ela aguenta os abusos do marido, mantém a casa e cria os filhos da melhor maneira que pode, mas não é uma vida fácil. Troy é claramente apaixonado por ela, o que não o impede de "arrastar asa" para outras mulheres da vizinhança. É um filme com muitos diálogos e monólogos típicos de uma peça teatral, mas Washington faz o que pode para filmá-los de forma interessante. Há algumas poucas cenas que marcam a passagem do tempo e das estações e algumas cenas externas de Pittsburgh muito bem feitas na reconstrução de época. "Cercas" foi indicado aos Oscars de "Melhor Filme", "Melhor Ator" (Washington), "Melhor Atriz Coadjuvante" (Viola Davis) e "Melhor Roteiro Adaptado".

João Solimeo

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Histórias Cruzadas

A maior força de "Histórias Cruzadas" está no elenco encabeçado por Viola Davis, que interpreta a empregada doméstica Aibileen Clark. Davis venceu o prêmio do Sindicado dos Atores, foi indicada ao Globo de Ouro e é a principal aposta para o Oscar. O elenco ainda conta com Jessica Chastain (de "A Árvore da Vida"), muito bem como uma dona de casa problemática, e Octavia Spencer, que venceu o prêmio de Melhor Coadjuvante no Globo e Ouro e também concorre ao Oscar.

"Histórias Cruzadas" é um filme cheio de boas intenções e que toca no delicado tema do racismo nos Estados Unidos, mas não tem nada de novo para contar. Baseado em um livro de Kathryn Stockett, o filme tem roteiro e direção de Tate Taylor e conta a história de uma recém formada jornalista que volta da faculdade para a pequena cidade de Jackson, no estado do Mississipi. Ela é Skeeter Phelan (Emma Stone, de "Amor a toda prova"), uma jovem independente que, ao contrário das amigas na cidade, não tem interesse em se casar e ter filhos.  Ela arruma um emprego no jornal local para escrever uma coluna sobre prendas domésticas, assunto que não domina. Ela então procura a ajuda das empregadas negras da cidade, em particular Aibileen Clark (Viola Davis), mas o contato com elas a faz mudar o foco de suas matérias. Skeeter fica interessada na vida das empregadas e babás negras e em um estranho fenômeno: as crianças brancas são criadas pelas mulheres negras mas, ao crescerem, se tornam patroas insensíveis e racistas. Aibileen e outra empregada, Milly (Spencer), concordam em relatar suas histórias a Skeeter, que pretende enviá-las a uma editora em Nova York.

O assunto da segregação racial gerou grandes filmes como "Mississipi em Chamas" (1988), de Alan Parker, e está na raiz do próprio cinema americano. O primeiro longa metragem importante de Hollywood foi "O Nascimento de uma Nação" (1915), de D.W. Grifith, que hoje causa espanto por mostrar os membros da organização racista Ku Klux Klan como heróis. "Histórias Cruzadas" está mais interessado em emocionar a plateia do que em ser um filme de denúncia. A fotografia de Stephen Goldblatt valoriza as paisagens ensolaradas e a recriação de época retrata bem o interior americano dos anos 60. Apesar das ótimas atuações e de momentos emocionantes, a relação entre os personagens é muito simplista, cheia de estereótipos. Há a "vilã" interpretada por Bryce Dallas Howard, uma dona-de-casa que posa de defensora das crianças da África mas propõe uma nova lei que proíbe os negros de usarem o mesmo banheiro que os brancos. A mãe de Skeeter (a ótima Allison Janney) passa por uma transformação rápida demais de mulher racista para defensora das ideias da filha. Falta ao filme um clima maior de tensão; as atitudes de Skeeter e as declarações das mulheres negras certamente causariam reações violentas, possivelmente letais, e não apenas rostos chocados de um grupo de donas-de-casa. Falta, essencialmente, um engajamento maior. Como entretenimento leve, "Histórias Cruzadas" certamente vai agradar o grande público, em particular o feminino, e vale pelas boas interpretações de Davis, Spencer e Chastain.

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