quarta-feira, 21 de abril de 2021

A Voz Suprema do Blues (Ma Rainey´s Black Botton, 2020)

"A Voz Suprema do Blues" (Ma Rainey´s Black Botton, 2020). Dir: George C. Wolfe. Netflix. Último trabalho de Chadwick Boseman antes de morrer, precocemente, aos 43 anos, "A voz suprema do blues" é baseado em uma peça de August Wilson. Ao contrário de "Uma Noite em Miami", também baseado em uma peça e que me pareceu muito teatral (no mau sentido), o diretor George C. Wolfe conseguiu um trabalho bastante cinematográfico nesta adaptação. As cores da fotografia de Tobias Schliessler, aliadas à bela recriação de época, retratam uma Chicago do final dos anos 1920 quente e vibrante.

A grande Viola Davis interpreta Ma Rainey, a "rainha do blues". Ela é chamada a Chicago para gravar um disco em um estúdio comandado por brancos, e é daquelas pessoas que não levam desaforo para casa. Todos tentam agradá-la e fazer suas vontades, menos Levee (Chadwick Boseman), um trompetista que sonha em ter a própria banda e gravar seus discos. Ele é criativo e talentoso, mas jovem e impaciente. Os outros membros da banda (muito bem interpretados por Colman Domingo, Glynn Turman e Michael Potts) reconhecem o talento do rapaz, mas tentam fazê-lo entender que quem manda é Ma Rainey. Viola Davis, como sempre, está extraordinária. Ela tem o olhar de quem já engoliu muito sapo mas sabe que está em uma situação de poder, ao menos enquanto os brancos do estúdio não têm sua voz gravada. Com muita maquiagem e a pele suada, Davis comanda cada cena em que aparece. Boseman não fica atrás, e um monólogo em que Levee relata um trauma da infância é de tirar o fôlego.

É um bom filme. Viola Davis e Chadwick Boseman estão indicados ao Oscar e é aposta certa que Boseman leve um prêmio póstumo de melhor ator no próximo domingo. O filme também está indicado aos prêmios de melhor maquiagem, figurino e direção de arte. Tá na Netflix.
 

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