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sexta-feira, 2 de abril de 2010

Atraídos pelo Crime

Não há nada de novo em "Atraídos pelo crime", filme policial que estréia neste final de semana. O que o impede de ser dispensável, no entanto, é um bom elenco sob a direção segura de Antoine Fuqua. O filme conta a história de três policiais, em situações que você já viu antes: Eddie (Richard Gere) é um policial que está a uma semana da aposentadoria. Ele é alcoólatra e mal visto pelos colegas de farda. Sal (Ethan Hawke) é casado, tem vários filhos e a esposa está grávida de gêmeos. Para complicar, ela é asmática e sofre com o mofo nas paredes da casa velha onde vivem. Sal não é exatamente um tira corrupto, mas vem roubando dinheiro apreendido em batidas policiais para comprar uma casa nova para a família. Tango (Don Cheadle) é um policial infiltrado na comunidade negra e amigo do chefão local, Caz (Wesley Snipes), que acabou de sair da prisão. O sonho de Tango é deixar o trabalho infiltrado e ter um trabalho policial "normal", atrás de uma mesa de escritório.

Todas essas histórias são clichês do gênero policial, assim como a estratégia do roteiro de mantê-las em linhas separadas de ação, entrecortadas pela montagem. Mas, como disse, a direção e interpretação mantêm a experiência interessante. Don Cheadle, particularmente, está muito bem como o policial infiltrado que, como costuma acontecer nestas situações, não sabe mais direito a quem deve lealdade. Todas as suas cenas com Wesley Snipes são muito bem conduzidas, em diálogos rápidos e bem interpretados. Ethan Hawke é um ótimo ator, apesar de estar se repetindo. Ele já interpretou o mesmo "tipo", até com o mesmo penteado e barba, em vários outros filmes, como "Antes que o diabo saiba que você está morto", ou "Dia de Treinamento", do mesmo Antoine Fuqua. Richard Gere faz o que pode com o velho clichê do policial que está para se aposentar. As três histórias (ou quatro, contando Wesley Snipes) se cruzam em alguns momentos, mas vão em um crescendo até um ótimo (e violento) final, que vale o filme.

ps: há várias cenas neste filme em que as legendas brancas do cinema são praticamente invisíveis. Para quem entende inglês, tudo bem, mas várias pessoas estavam reclamando. As distribuidoras deveriam investir no tipo de legenda com borda ou sombra, mais visíveis.


sábado, 3 de maio de 2008

Não estou lá


Robert Allan Zimmerman. Cantor de música folk. Ativista político. Gênio. Fraude. Rock star. Pastor evangélico. Arrogante. Bob Dylan. Estou falando da mesma pessoa? Foi este o desafio que o diretor Todd Haynes enfrentou ao querer filmar a biografia de Dylan, uma "metamorfose ambulante" que desafiou todos os rótulos que quiseram lhe colocar. A solução encontrada por Haynes foi audaciosa mas bem sucedida: contratou seis atores diferentes para interpretar as várias fases (reais ou imaginárias) da vida de Bob Dylan. Detalhe: nenhum deles é chamado de "Bob Dylan" durante o filme, mas por nomes diferentes. Há um garoto (negro) de 11 anos interpretado por Marcus Carl Franklin. Christian Bale interpreta Dylan em duas fases, como "Jack Rollins" ele é Dylan em sua fase de música folk mais tradicional; como o "Pastor John" ele interpreta Dylan como um pastor evangélico. Ben Whishaw empresta o nome do poeta "Arthur Rinbaud" em uma entrevista. Richard Gere é "Billy the Kid" em uma fase imaginária da vida de Dylan em um cenário de faroeste. Heath Ledger (que morreu recentemente de overdose de remédios) interpreta um ator de cinema chamado "Robbie Clark" que, vejam a ironia, está fazendo um filme sobre um cantor chamado Jack Rollins (o personagem de Christian Bale). E há Cate Blanchett em uma interpretação maravilhosa como Jude Quinn, que representa a fase "elétrica" de Dylan, quando ele deixou a guitarra acústica e entrou de cabeça no rock ´n roll, o que desapontou (e enfureceu) seus fãs tradicionais. Blanchett, ironicamente, é quem está mais parecida com o Bob Dylan original. Há vários videos no YouTube (como este) que mostram Dylan nesta fase...vejam como Blanchett conseguiu pegar seu tom de voz, maquiagem e maneirismos perfeitamente.

"I´m not there" não foi feito para esclarecer a vida de Dylan. Pelo contrário, é possível que se saia do cinema ainda mais confuso sobre sua biografia. Como filme, os episódios vividos por Cate Blanchett e por Heath Ledger são os melhores. Como já disse, Blanchett se transforma em Dylan e nos mostra seu lado mais "estrela"; ele usa drogas, bebe, é arrogante e cruel com os jornalistas e com as mulheres com quem teve algum relacionamento. É também um artista em luta com os próprios fãs, que não o perdoam por ter deixado de lado a música acústica de protesto para se "vender" para o rock ´n roll. Já Ledger mostra um lado mais humano do personagem. Ele tem um romance atribulado com uma bela artista francesa com quem tem duas filhas. Mas o casamento desmorona por causa de sua carreira e a esposa pede pelo divórcio, o que o separa das filhas.

Para conhecer mais sobre o Bob Dylan "real", há dois bons documentários que devem ser vistos: "Don´t look back", de 1967, mostra Dylan em uma turnê em sua fase mais arrogante e encrenqueira. Martin Scorsese, em 2005, lançou "No Direction Home", um documentário mais abrangente sobre a vida e a obra de Dylan.