sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras

A versão "bombada" de Sherlock Holmes criada pelo diretor Guy Ritchie e pelo ator Robert Downey Jr está de volta. O cerebral detetive criado por Arthur Conan Doyle no século XIX teve várias encarnações cinematográficas, mas o Holmes de Downey Jr é uma mistura do charme do ator com a hiperatividade paranóica dos filmes de ação do século XXI. Downey já encarnou o personagem em filme de 2009, tendo Jude Law como seu companheiro Watson. A produção foi muito bem sucedida nas bilheterias do mundo, o que trouxe esta inevitável continuação.

O bom elenco quase consegue fazer a coisa funcionar. Downey Jr sempre foi bom ator e, mesmo americano, já encarnou britânicos antes no cinema (como Charles Chaplin, em filme de 1992), e trabalha bem ao lado de Jude Law. O problema é que o filme trata o personagem como um alucinado, e a técnica acompanha. Os cortes rápidos e a estética de vídeo clip prejudicam a direção de arte e o espectador mal tem tempo de apreciar as paisagens de Londres, Paris e da Suíca no final do século XIX. No início do filme, Holmes tem dois problemas: um é seu inimigo, o professor James Moriarty (Jared Harris), um gênio quase tão inteligente quanto o detetive e, claro, com um plano diabólico; uma série de atentados a bomba acontecem por toda Europa, supostamente executados por anarquistas. Na verdade, é Moriarty que, dono de uma fábrica de armas, planeja fornecer material para uma guerra mundial. Mas Holmes está preocupado com seu outro problema: o casamento de Watson. Se o "relacionamento" entre Holmes e Watson foi apenas sugerido no primeiro filme (e é motivo de debate há décadas), "Jogo de Sombras" só falta colocar os dois na mesma cama. Há uma série de piadas bem diretas e cenas de ciúme entre os dois companheiros enquanto, em plena lua-de-mel, combatem Moriarty Europa afora. O ator Stephen Fry faz uma participação especial (e desperdiçada) como Mycroft, o irmão de Holmes.

Com duas horas e dez minutos de filme, há diversas cenas de ação que variam de lutas corpo a corpo (estilizadas e em câmera lenta) a verdadeiros bombardeios, com os atores desviando de balas de diversos tipos e calibres. Em meio a toda correria, há boas cenas isoladas entre Holmes e Moriarty, embora Jared Harris interprete o vilão de forma fria demais (é o único a levar o filme a sério, aparentemente). O filme termina com uma sequência que quase engana os espectadores, mas é claro que a franquia precisa deixar a porta aberta para "Sherlock 3". Resta saber até quando o charme de Robert Downey Jr, sozinho, vai conseguir trazer bilheteria para a série. Visto no Topázio Cinemas.


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