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domingo, 17 de julho de 2022

Casa Gucci (House of Gucci, 2021)

 
Casa Gucci (House of Gucci, 2021). Dir: Ridley Scott. Amazon Prime Video. Tragicomédia de Ridley Scott baseada em uma história real, este filme foi bastante criticado pelo exagero nas interpretações, pelos sotaques italianos em atores americanos e ingleses e pela ridícula interpretação de Jared Leto. Tudo isso, de fato, existe em "Casa Gucci", mas o filme está longe de ser ruim. Pelo contrário, diria que são essas coisas que fazem o filme mais interessante.

Ridley Scott é um mestre visual. Ao adaptar a história real de uma empresa ícone da moda, envolvendo intrigas familiares, personagens histéricos, traições e crimes, Scott resolveu apresentá-la como uma ópera cômica, uma farsa. Veja como Lady Gaga está ótima como Patrizia Reggiani, a filha do dono de uma empresa de caminhões, que se apaixona pelo refinado Maurizio Gucci (Adam Driver, ótimo). Patrizia é um furacão, sempre vestida com roupas provocantes e a certeza de que veio ao mundo para vencer. Scott recria o final dos anos 70 em Milão, Itália, com belíssima fotografia, direção de arte e sucessos da época na trilha sonora. O elenco é uma surpresa atrás da outra, Jeremy Irons como o pai de Maurizio, Al Pacino como um tio. Salma Hayek é uma trambiqueira que "vê o futuro" de Patrizia e alimenta seus sonhos. Jared Leto está irreconhecível como Paolo, um designer de moda incompetente que sonha em criar uma linha de roupas para a Gucci. Leto está tão exagerado e ridículo que, estranhamente, até funciona para seu personagem.

O maior problema com "Casa Gucci" é a duração, longa demais. Não há razão para esta estranha comédia de erros ter duas horas e trinta e oito minutos de duração. Os exageros, que no começo são divertidos e bem vindos, com o (longo) tempo se tornam irritantes e fora de lugar. A paródia acaba se tornando uma tragédia e a graça termina. O filme, porém, nunca perde a beleza visual e o apuro técnico. Teria sido muito melhor com quarenta minutos a menos. Disponível na Amazon Prime Video.

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

O Último Duelo (The Last Duel, 2021)

 
O Último Duelo (The Last Duel, 2021). Dir: Ridley Scott. Superprodução de época que naufragou nas bilheterias, "O Último Duelo" é bastante bom. O roteiro, escrito a seis mãos por Nicole Holofcener, Ben Affleck e Matt Damon, conta uma mesma história por três pontos de vista (estilo "Rashomon"). Na França do século 14, dois homens duelam até a morte pela honra de uma mulher. Pela lógica da época, quem vencesse o duelo estaria manifestando a própria vontade de Deus.


Os homens são Jean de Carrouges (Matt Damon) e Jacques Le Gris (Adam Driver). Carrouges está acusando Le Gris de ter estuprado sua esposa, Marguerite (Jodie Comer). Le Gris não nega ter tido relações com ela, mas alega que não foi estupro. A trama é contada três vezes, primeiro do ponto de vista do personagem de Matt Damon, depois de Adam Driver e finalmente pela visão de Jodie Comer. Nem sempre este "truque" do roteiro funciona. Há uma cena particularmente forte que é vista duas vezes e, apesar dos detalhes serem diferentes, não deixa de parecer exploração.

É um filme de Ridley Scott, o que significa produção classe A, bela direção de fotografia de Dariusz Wolski e trilha sonora de Harry Gregson-Williams. É bastante violento, tanto nas cenas de batalha como na cena do suposto estupro. O que fica é que as mulheres, na época, tinham nenhum controle sobre suas vidas. A decisão do duelo poderia significar não só a morte de um dos combatentes, mas da mulher também, caso "Deus" decidisse pela culpa dela. Jodie Comer (da série "Killing Eve") está excelente. "O Último Duelo" foi mal lançado nos cinemas (e só nos cinemas) e amargou um fracasso enorme. Em época ainda de pandemia, Scott deveria ter fechado um acordo com alguma plataforma de streaming e lançado o filme também na TV.

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Raised by Wolves (2020)

Raised by Wolves (2020). HBO Max. Série de ficção-científica que tem os primeiros dois capítulos dirigidos por ninguém menos que Ridley Scott, "Raised by Wolves" é tão fascinante quanto decepcionante. A criação de mundo é bela; dá para sentir a influência de Scott na direção de arte, nos cenários, na trilha sonora, em tudo. Há também um bocado de referências a outros filmes dele, como Blade Runner, Alien, Prometheus (particularmente este último, mais discussões à frente). As interpretações são, no geral, muito boas. Discutem-se alegorias religiosas, inteligência artificial e reprodução, destino e acaso, ateísmo e fé. Pena que a série tenha longos 10 capítulos, que acabam esticando demais a trama e caindo em repetições e exageros, sem falar na decepção de chegar ao final do décimo episódio e não ter uma conclusão (uma segunda temporada está em produção).

No século 22, uma pequena nave pousa no planeta Kepler 22B. De dentro dela saem duas figuras humanoides, que tratam um ao outro como "Pai" (Abubakar Salim) e "Mãe" (Amanda Collin). São androides. Eles montam acampamento, preparam a terra e se fixam no local. É então que o "Pai" liga a "Mãe" a uma espécie de incubadora e, nove meses depois, ela gera seis bebês, de várias raças. Eles planejam começar uma nova civilização mas, com o passar dos anos, alguns dos filhos morrem por doenças. Para piorar a situação, uma outra nave chega ao planeta, com tripulantes de uma facção religiosa rival, e uma disputa se estabelece. Os dois primeiros episódios são dirigidos por Ridley Scott e o primeiro, particularmente, é sensacional; com algumas modificações, poderia ter sido lançado como um filme independente.

A questão da maternidade é explorada tanto como uma benção quanto como uma maldição; isso já foi visto antes em filmes de Scott como "Prometheus" (lembram da cena de Noomi Rapace na mesa de operação robótica?). Falando em "Prometheus", há várias pistas de que esta série se passe no mesmo "universo compartilhado"... os androides têm o mesmo sangue branco, por exemplo, e (sem entrar em spoilers) há outras dicas espalhadas pela trama. A "Mãe", vivida pela excelente atriz holandesa Amanda Collin, é programada para cuidar de crianças, o que ela faz com uma dedicação praticamente humana (o que remete a "Blade Runner 2049"). O problema, como disse, é que a trama é esticada para dez episódios, e as discussões e temas se tornam repetitivos. Vários mistérios vão surgindo com o decorrer dos episódios e, como espectador, você espera por uma conclusão que não chega. Claro que a HBO tem interesse em séries que possam ser esticadas por várias temporadas, como "Game of Thrones" e "Westworld", mas "Raised by Wolves" chega ao final não com gosto de "quero mais", mas de "faltou alguma coisa". Ela nunca deixa, porém, de ser fascinante de se assistir. Disponível na HBO Max.
 

domingo, 23 de abril de 2017

Vida (Life, 2017)

"Vida" está longe de ser original, mas é extremamente competente no que se propõe a fazer. O filme acompanha seis ocupantes da Estação Espacial Internacional que acabaram de fazer uma descoberta incrível; uma sonda espacial trouxe de Marte prova incontestável de que existe vida fora do planeta Terra. Esta vida, no início, não passa de uma célula inofensiva que é gradualmente reanimada pelo biólogo Hugh Derry (Ariyon Bakare). Com o passar dos dias, porém, "Calvin" (como é batizada a criatura) cresce em ritmo acelerado; a tripulação, composta por astronautas de várias origens e etnias, demonstra um misto de admiração e cautela. Como este é um filme de terror espacial, é claro que a fascinação vai se transformar eventualmente em pânico, sangue e mortes.

"Vida" é dirigido pelo sueco Daniel Espinosa e escrito por Rhett Reese e Paul Wernick (a dupla por trás de "Deadpool", vejam só). A influência principal, claro, é o "Alien" (1979) de Ridley Scott, mas há também ecos de outros filmes de monstros. O visual (e até um pouco da trama) lembram o recente "Gravidade" (2013). O elenco é multinacional e bastante competente. Ryan Reynolds interpreta o personagem de sempre, engraçado, passional e não muito inteligente. Jake Gyllenhaal  é um médico que está há mais de 400 dias em órbita da Terra e não tem pressa de voltar. Rebecca Ferguson é a "oficial de quarentena", responsável pelos protocolos de segurança da missão, que são constantemente testados e quebrados durante o filme. Hiroyuki Sanada é um piloto japonês que tenta usar a ciência para lutar contra a criatura. Ariyon Bakare é o Dr. Hugh Derry, o biólogo responsável pelo renascimento de "Calvin" e quem ficou mais apegado à criatura,  com consequências funestas. Olga Dihovichnaya é Ekaterina Golovkina, uma russa que é a comandante da Estação Espacial.

Direção e roteiro, aliados a uma ótima qualidade técnica, conseguem imprimir um bom ritmo ao filme, que começa lentamente, dando espaço até para questões filosóficas, antes do tradicional filme de monstros começar. Ainda assim, "Vida" consegue se manter inteligente e verdadeiramente assustador até seu final. 

João Solimeo



sábado, 16 de junho de 2012

Prometheus

O filme começa bem. Um prólogo mostra uma paisagem em planos largos que lembram a grandiosidade de Stanley Kubrick; fica claro que estamos em terreno influenciado por "2001 - Uma Odisséia no Espaço" (1968). E, assim como no filme de Kubrick, uma descoberta no passado faz uma ligação com seres extraterrestres, e uma nave espacial chamada "Prometheus" é enviada pela corporação Weyland para encontrar, talvez, os arquitetos da vida na Terra.

Tudo é extremamente bem feito pelo competente Ridley Scott, que tem no currículo pelo menos uma obra-prima, "Blade Runner" (1982), e que lançou, em 1979, um filme chamado "Alien - O Oitavo Passageiro", que gerou várias continuações inferiores. "Alien" também bebia na fonte de Stanley Kubrick mas, no fundo, não passava de um "filme de monstros", e é este o principal problema com "Prometheus", que traz a história anterior aos acontecimentos do filme de 1979. Por mais ambicioso que possa ser o roteiro, por melhores que sejam os atores e por mais impressionantes que sejam os efeitos especiais, o espectador sabe que, cedo ou tarde, o filme vai cair no terror "B" que, diga-se de passagem, muita gente foi ao cinema assistir. Pena que Ridley Scott não tenha tido coragem de fugir do óbvio mas, enquanto o filme é sério, ele é extremamente bom. O melhor personagem não é um ser humano, mas um andróide chamado David, interpretado pelo incansável Michael Fassbender (de "Shame"). É ele que mantém a nave funcionando na viagem de ida, enquanto a tripulação humana está hibernando, tempo que ele passa estudando línguas ou, em uma homenagem de Scott ao diretor David Lean, assistindo "Lawrence da Arábia" (1962).  David foi a estrela de um vídeo viral muito interessante lançado na internet meses antes do lançamento do filme, em uma esperta campanha de marketing. (veja aqui o discurso de Peter Weyland, interpretado por Guy Pearce, em outro viral)

A atriz sueca Noomi Rapace (a Lisbeth Salander original da série "Os Homens que não Amavam as Mulheres") é uma cientista chamada Elisabeth Shaw que, com o parceiro Charles Holloway (Logan Marshall-Green), foi quem descobriu que os extraterrestres visitaram a Terra há milênios. Rapace é boa atriz e foi uma boa escolha para substituir a figura memorável de Ripley, personagem que Sigourney Weaver interpretou nos filmes anteriores. Ridley Scott tem um senso estético apurado e o filme é bonito de se ver, com cenários e adereços que parecem reais, e não tirados de um videogame. O design da nave alienígena foi baseada no trabalho do artista H.R. Giger, que tem um visual orgânico e assustador.

E então começa o filme de terror, e é uma pena. Há uma cena tão absurda, que envolve Noomi Rapace passando por uma cirurgia no abdômen, que tira do filme qualquer seriedade ou verossimilhança. Apesar de tudo, "Prometheus" não deixa de ser uma experiência interessante e, ao menos durante a primeira parte, um bom filme de ficção científica. Visto no Kinoplex, em Campinas.

sábado, 15 de maio de 2010

Robin Hood

A figura mítica de Robin Hood já foi mostrada no cinema em diversos filmes. Já no cinema mudo, em 1922, Douglas Fairbanks encarnou o "príncipe dos ladrões", imortalizado depois por Errol Flynn em filme de 1938. Uma das versões mais modernas trazia Kevin Costner no papel, em 1991, sem se preocupar com o sotaque americano. Até "007", Sean Connery, viveu um Robin Hood de meia idade, contracenando com Audrey Hepburn como Lady Marion, em filme dirigido por Richard Lester em 1976.

Agora é a vez da dupla formada pelo diretor Ridley Scott e o ator Russell Crowe (que juntos fizeram "Gladiador", "Um Bom Ano", "O Gângster" e "Rede de Mentiras") de darem sua visão da história. Robin Hood é uma lenda com várias versões. Algumas o mostram como um valente cruzado que lutou ao lado do rei Ricardo Coração de Leão e se tornou protetor dos pobres na Inglaterra. Outras o colocam como simples fora-da-lei que se refugiava na floresta de Sherwood, era bom com o arco e flecha e era apaixonado por Lady Marian. Crowe e Scott tentaram criar uma versão diferente para a lenda, mais realista e mostrando o que teria acontecido antes de Robin ser considerado um fora-da-lei. A intenção pode ter sido boa, mas falta foco ao produto final.

Nesta versão, Russell Crowe é Robin Longstride, um arqueiro do exército de Ricardo Coração de Leão (Danny Huston), um decadente rei da Inglaterra no caminho de volta das Cruzadas, após dez anos de campanha. O exército inglês se encontra na França e eles saqueiam tudo que encontram pela frente. As cruzadas (mostradas pelo próprio Ridley Scott em outro filme) são criticadas em um discurso de Crowe, que descreve como os ingleses massacraram mais de duas mil mulheres e crianças muçulmanas em uma cidade. Ricardo Coração de Leão morre de forma estúpida, atingido pela flecha de um cozinheiro francês, e sua coroa deve ser levada para a Inglaterra pelo cavaleiro Robert Loxley. Só que ele morre em uma emboscada de um traidor inglês, Godfrey (Mark Strong, de "Sherlock Holmes") e, por um golpe do destino, a coroa inglesa vai parar nas mãos de Robin Longstride, que assume a identidade de Robert Loxley e parte para a Inglaterra. Lá ele conhece Lady Marian (Cate Blanchett), esposa do verdadeiro Loxley, e Sir Walter Loxley (Max von Sidow), o pai dele.

Robin acaba tomando o lugar de Robert Loxley no coração de Marian e como filho substituto de Sir Walter, mas a situação nunca convence. E, a bem da verdade, será que tudo isso importa? Os personagens "tradicionais" das lendas de Robin Hood estão ali, como João Pequeno (Kevin Durand), o gordo Frei Tuck (Mark Addy), o Sherife de Nottinghan (Matthew MacFadyen) e o Príncipe João (Oscar Isaac), mas a trama, ao invés de focar no herói Robin Hood, envereda por intrigas políticas, longas discussões na corte inglesa e francesa e em um contexto "social" que tenta discutir a opressão da monarquia sobre o povo comum. Tudo muito "nobre", mas será que isso deveria ser o foco principal em um filme sobre Robin Hood?

Ridley Scott, é fato, é um artista, e fotografia, figurino, direção de arte e cenários (que parecem realmente estar lá, ao invés de serem criados em computação gráfica) são impecáveis. Mas roteiro e edição, estranhamente, cometem falhas flagrantes. Há uma gigantesca cena de batalha entre ingleses e franceses que mostra Robin no topo dos penhascos da Inglaterra e, praticamente ao mesmo tempo, cavalgando contra os franceses na praia, lá embaixo. Igualmente confusa é uma sequência em que o vilão Godfrey ataca a propriedade de Lady Marian.

Longo, com quase duas horas e meia de duração, o filme acaba deixando a platéia inquieta pelo passo lento e pelas opções do roteiro. A idéia de dar outra versão à história de Robin Hood pode ter sido boa, mas a execução, infelizmente, fica devendo.


terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Rede de Mentiras

O que leva um diretor como Ridley Scott a fazer um filme como “Rede de mentiras”? Scott é um diretor eclético, tendo dirigido desde ficções científica cultuadas como o primeiro “Aliens” e o clássico “Blade Runner” até épicos como “Gladiador” e “1492”. Mas, de vez em quando, ele embarca em bobagens militares como “Falcão Negro em Perigo” ou este “Rede de Mentiras”. Não que o filme seja um desastre completo. Scott tem bom olho para enquadramentos e um grande senso estético, sendo sem dúvida competente no visual e na técnica cinematográficas. Mas “Rede de Mentiras”, além de ser um amontoado de clichês comuns a vários filmes de guerra e espionagem, tem também paralelos curiosos com outro filme de espionagem chamado “Jogos de Espiões”, dirigido pelo irmão mais novo (e menos talentoso) de Ridley, chamado Tony Scott (de “Top Gun, Ases Indomáveis”).

Em “Jogos de Espiões”, tínhamos um veterano da CIA (interpretado por Robert Redford) que era comandante e “mentor” de um jovem agente (interpretado por Brad Pitt), que era quem ia a campo realizar suas missões. Em “Rede de Mentiras”, também temos um veterano chamado Ed Hoffman (Russell Crowe, sempre camaleão, gordo e envelhecido para o papel) que, de seu posto nos Estados Unidos, supervisiona as operações de um jovem agente chamado Ferris (Leonardo DiCaprio) em missão no Iraque. Em “Jogos de Espiões” o personagem de Brad Pitt se envolvia com uma enfermeira que trabalhava com refugiados de guerra. Em “Rede de Mentiras”, DiCaprio se envolve com a enfermeira de um hospital em Amã, Jordânia, que lhe trata dos ferimentos após ter sido atacado por cães raivosos. A única diferença é que enquanto em “Jogos de Espiões” havia uma camaradagem e amizade entre o velho e o novo espião, em “Rede de Mentiras” há uma estranha relação de amor e ódio entre Ed Hoffman e Ferris. Os dois mantém contato telefônico (que maravilha de conexão têm seus celulares) entre os EUA e o Oriente Médio. Russell Crowe é geralmente visto como um “homem de família”, sempre levando os filhos à escola ou os acompanhando em atividades esportivas enquanto, pelo celular, comanda assassinatos e estratégias do outro lado do Globo. DiCaprio é o “herói” do filme mas, nesses tempos em que a popularidade dos EUA no mundo está em baixa, seu personagem é também um frio assassino e explorador de possíveis fontes de informação.

O filme, no entanto, não se sustenta. O espectador fica sentado por mais de duas horas vendo seqüência após seqüência espetacular de perseguições, explosões de bombas e imagens de satélite enquanto é jogado de um canto a outro do Oriente Médio. “Rede de Mentiras” fica melhor quando acalma um pouco em suas passagens na Jordânia. DiCaprio se aproxima de um líder chamado Hani (Mark Strong) que é possivelmente o melhor personagem do filme. Hani aceita fornecer ajuda da Jordânia à CIA, com uma condição: DiCaprio jamais pode mentir para ele. Claro que isso não vai acontecer. E há uma seqüência passada na casa da enfermeira Aisha (Golshifteh Farahani) que, por um momento, até traz alguma humanidade ao filme. Mas é tudo muito rápido. Logo estamos de volta às mesmas explosões e imagens tecnológicas de sempre. “Rede de Mentiras”, infelizmente, acaba se revelando um desperdício para os talentos de Crowe, DiCaprio e Ridley Scott.