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quarta-feira, 5 de julho de 2023

Silo (2023)

Silo (2023). Criada por: Graham Yost. Apple+. Série de ficção-científica distópica em dez capítulos, "Silo" é bem feita e bem interpretada, mas levanta mais questões do que responde. Em um futuro indeterminado, o que restou da Humanidade vive dentro de um silo gigante debaixo da terra. São 144 andares e aproximadamente 10 mil pessoas moram lá dentro, supostamente protegidas do ar venenoso de fora. As regras dizem que qualquer pessoa pode tentar deixar o Silo em um ritual chamado de "Limpeza", testemunhado por todos os moradores através de grandes monitores.

O design e direção de arte são bem feitos; o Silo é um cilindro enorme interligado por uma gigantesca escada em caracol, no centro. Bons atores como Tim Robbins, Rashida Jones, David Oyelowo, Will Patton e Iain Glenn, entre outros, compõem o elenco, mas não se apegue muito, porque a série tem como característica matar rapidamente vários personagens. A atriz sueca Rebecca Ferguson (dos filmes Missão: Impossível e Duna) é a protagonista, mas sua personagem, Juliette Nichols, é uma heroína um tanto relutante. Ela trabalhava originalmente como operadora do gerador do Silo, nos andares inferiores. Circunstâncias fazem com que ela assuma o papel de xerife e comece a investigar uma série de mortes.

O ritmo é lento e, por vezes, frustrante. Há vários mistérios lançados pela trama, mas não espere por muitas explicações. Os mistérios envolvem quem criou o Silo, e porquê, mas principalmente o que existe fora dele. O roteiro é baseado em uma série de livros escritos por Hugh Howey, que provavelmente são melhor explicados. Uma segunda temporada foi aprovada pela Apple e deve ir ao ar em 2024. 

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Raised by Wolves (2020)

Raised by Wolves (2020). HBO Max. Série de ficção-científica que tem os primeiros dois capítulos dirigidos por ninguém menos que Ridley Scott, "Raised by Wolves" é tão fascinante quanto decepcionante. A criação de mundo é bela; dá para sentir a influência de Scott na direção de arte, nos cenários, na trilha sonora, em tudo. Há também um bocado de referências a outros filmes dele, como Blade Runner, Alien, Prometheus (particularmente este último, mais discussões à frente). As interpretações são, no geral, muito boas. Discutem-se alegorias religiosas, inteligência artificial e reprodução, destino e acaso, ateísmo e fé. Pena que a série tenha longos 10 capítulos, que acabam esticando demais a trama e caindo em repetições e exageros, sem falar na decepção de chegar ao final do décimo episódio e não ter uma conclusão (uma segunda temporada está em produção).

No século 22, uma pequena nave pousa no planeta Kepler 22B. De dentro dela saem duas figuras humanoides, que tratam um ao outro como "Pai" (Abubakar Salim) e "Mãe" (Amanda Collin). São androides. Eles montam acampamento, preparam a terra e se fixam no local. É então que o "Pai" liga a "Mãe" a uma espécie de incubadora e, nove meses depois, ela gera seis bebês, de várias raças. Eles planejam começar uma nova civilização mas, com o passar dos anos, alguns dos filhos morrem por doenças. Para piorar a situação, uma outra nave chega ao planeta, com tripulantes de uma facção religiosa rival, e uma disputa se estabelece. Os dois primeiros episódios são dirigidos por Ridley Scott e o primeiro, particularmente, é sensacional; com algumas modificações, poderia ter sido lançado como um filme independente.

A questão da maternidade é explorada tanto como uma benção quanto como uma maldição; isso já foi visto antes em filmes de Scott como "Prometheus" (lembram da cena de Noomi Rapace na mesa de operação robótica?). Falando em "Prometheus", há várias pistas de que esta série se passe no mesmo "universo compartilhado"... os androides têm o mesmo sangue branco, por exemplo, e (sem entrar em spoilers) há outras dicas espalhadas pela trama. A "Mãe", vivida pela excelente atriz holandesa Amanda Collin, é programada para cuidar de crianças, o que ela faz com uma dedicação praticamente humana (o que remete a "Blade Runner 2049"). O problema, como disse, é que a trama é esticada para dez episódios, e as discussões e temas se tornam repetitivos. Vários mistérios vão surgindo com o decorrer dos episódios e, como espectador, você espera por uma conclusão que não chega. Claro que a HBO tem interesse em séries que possam ser esticadas por várias temporadas, como "Game of Thrones" e "Westworld", mas "Raised by Wolves" chega ao final não com gosto de "quero mais", mas de "faltou alguma coisa". Ela nunca deixa, porém, de ser fascinante de se assistir. Disponível na HBO Max.
 

domingo, 18 de setembro de 2016

ARQ (2016)

Acho que já passou da hora dos roteiristas de ficção-científica aposentarem a ótima premissa da comédia "Feitiço do Tempo" (1993), utilizada muito bem em filmes como "Contra o Tempo" (2011) e "No Limite do Amanhã" (2014). A nova produção original da Netflix, "ARQ", segue exatamente a mesma ideia (com uma pequena modificação) mas não faz muito de novo com ela.

Renton (Robbie Amell, primo de Stephen Amell, de "Arrow") é um engenheiro que criou uma máquina que ele chama de "ARQ", que tem a aparência de um tubo metálico que fica girando constantemente. A tal máquina seria a lendária "máquina de movimento perpétuo", ou seja, ela gera a energia consumida por ela mesma (algo, até agora, fisicamente impossível). De quebra, a "ARQ" ainda tem um efeito colateral: ela é uma espécie de máquina do tempo que repete o mesmo dia seguidamente. Renton descobre isso por acaso. Todas as manhãs ele é acordado por três homens mascarados que o tiram da cama e o amarram, junto com a namorada Hannah (Rachel Taylor) e exigem que ele lhes dê todos os seus "créditos" (o dinheiro usado nesta distopia futura). Renton eventualmente é morto por algum de seus captores e acorda novamente no mesmo dia, pontualmente, às 6:16 da manhã.

E é isso. Você já viu este filme antes e, sinceramente, não há muita novidade aqui. O roteirista e diretor Tony Elliot acrescenta apenas uma mudança: com o passar das repetições, as outras pessoas ao redor de Renton também percebem que eles já viveram aquele dia antes e agem de acordo. O roteiro, porém, não aproveita muito as oportunidades que surgiriam com isto. Os diálogos são quase todos expositivos, ou seja, os personagens não conversam normalmente, mas apenas falam para explicar ao espectador o que está acontecendo. Sabemos que "alguma coisa" destruiu quase todo o mundo. Sabemos que há uma espécie de vírus solto no ar. Sabemos que existe uma "mega corporação do mal" (pleonasmo nestes filmes) chamada Torus que luta contra os "rebeldes" de um tal "Bloco". Nada, porem, é muito explicado. As repetições, depois de algum tempo, deixam de fazer sentido e parecem seguir apenas a conveniência do roteirista. Há uma cena em que o Renton e Hannah finalmente deixam a casa onde passaram todo o filme e você acha que vai ver alguma grande revelação lá fora, mas eles simplesmente voltam para dentro e tudo continua como antes. Ou seja, "ARQ" não tem nada de muito novo e não é uma boa pedida.

João Solimeo