domingo, 18 de setembro de 2016

ARQ (2016)

Acho que já passou da hora dos roteiristas de ficção-científica aposentarem a ótima premissa da comédia "Feitiço do Tempo" (1993), utilizada muito bem em filmes como "Contra o Tempo" (2011) e "No Limite do Amanhã" (2014). A nova produção original da Netflix, "ARQ", segue exatamente a mesma ideia (com uma pequena modificação) mas não faz muito de novo com ela.

Renton (Robbie Amell, primo de Stephen Amell, de "Arrow") é um engenheiro que criou uma máquina que ele chama de "ARQ", que tem a aparência de um tubo metálico que fica girando constantemente. A tal máquina seria a lendária "máquina de movimento perpétuo", ou seja, ela gera a energia consumida por ela mesma (algo, até agora, fisicamente impossível). De quebra, a "ARQ" ainda tem um efeito colateral: ela é uma espécie de máquina do tempo que repete o mesmo dia seguidamente. Renton descobre isso por acaso. Todas as manhãs ele é acordado por três homens mascarados que o tiram da cama e o amarram, junto com a namorada Hannah (Rachel Taylor) e exigem que ele lhes dê todos os seus "créditos" (o dinheiro usado nesta distopia futura). Renton eventualmente é morto por algum de seus captores e acorda novamente no mesmo dia, pontualmente, às 6:16 da manhã.

E é isso. Você já viu este filme antes e, sinceramente, não há muita novidade aqui. O roteirista e diretor Tony Elliot acrescenta apenas uma mudança: com o passar das repetições, as outras pessoas ao redor de Renton também percebem que eles já viveram aquele dia antes e agem de acordo. O roteiro, porém, não aproveita muito as oportunidades que surgiriam com isto. Os diálogos são quase todos expositivos, ou seja, os personagens não conversam normalmente, mas apenas falam para explicar ao espectador o que está acontecendo. Sabemos que "alguma coisa" destruiu quase todo o mundo. Sabemos que há uma espécie de vírus solto no ar. Sabemos que existe uma "mega corporação do mal" (pleonasmo nestes filmes) chamada Torus que luta contra os "rebeldes" de um tal "Bloco". Nada, porem, é muito explicado. As repetições, depois de algum tempo, deixam de fazer sentido e parecem seguir apenas a conveniência do roteirista. Há uma cena em que o Renton e Hannah finalmente deixam a casa onde passaram todo o filme e você acha que vai ver alguma grande revelação lá fora, mas eles simplesmente voltam para dentro e tudo continua como antes. Ou seja, "ARQ" não tem nada de muito novo e não é uma boa pedida.

João Solimeo

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