quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Raised by Wolves (2020)

Raised by Wolves (2020). HBO Max. Série de ficção-científica que tem os primeiros dois capítulos dirigidos por ninguém menos que Ridley Scott, "Raised by Wolves" é tão fascinante quanto decepcionante. A criação de mundo é bela; dá para sentir a influência de Scott na direção de arte, nos cenários, na trilha sonora, em tudo. Há também um bocado de referências a outros filmes dele, como Blade Runner, Alien, Prometheus (particularmente este último, mais discussões à frente). As interpretações são, no geral, muito boas. Discutem-se alegorias religiosas, inteligência artificial e reprodução, destino e acaso, ateísmo e fé. Pena que a série tenha longos 10 capítulos, que acabam esticando demais a trama e caindo em repetições e exageros, sem falar na decepção de chegar ao final do décimo episódio e não ter uma conclusão (uma segunda temporada está em produção).

No século 22, uma pequena nave pousa no planeta Kepler 22B. De dentro dela saem duas figuras humanoides, que tratam um ao outro como "Pai" (Abubakar Salim) e "Mãe" (Amanda Collin). São androides. Eles montam acampamento, preparam a terra e se fixam no local. É então que o "Pai" liga a "Mãe" a uma espécie de incubadora e, nove meses depois, ela gera seis bebês, de várias raças. Eles planejam começar uma nova civilização mas, com o passar dos anos, alguns dos filhos morrem por doenças. Para piorar a situação, uma outra nave chega ao planeta, com tripulantes de uma facção religiosa rival, e uma disputa se estabelece. Os dois primeiros episódios são dirigidos por Ridley Scott e o primeiro, particularmente, é sensacional; com algumas modificações, poderia ter sido lançado como um filme independente.

A questão da maternidade é explorada tanto como uma benção quanto como uma maldição; isso já foi visto antes em filmes de Scott como "Prometheus" (lembram da cena de Noomi Rapace na mesa de operação robótica?). Falando em "Prometheus", há várias pistas de que esta série se passe no mesmo "universo compartilhado"... os androides têm o mesmo sangue branco, por exemplo, e (sem entrar em spoilers) há outras dicas espalhadas pela trama. A "Mãe", vivida pela excelente atriz holandesa Amanda Collin, é programada para cuidar de crianças, o que ela faz com uma dedicação praticamente humana (o que remete a "Blade Runner 2049"). O problema, como disse, é que a trama é esticada para dez episódios, e as discussões e temas se tornam repetitivos. Vários mistérios vão surgindo com o decorrer dos episódios e, como espectador, você espera por uma conclusão que não chega. Claro que a HBO tem interesse em séries que possam ser esticadas por várias temporadas, como "Game of Thrones" e "Westworld", mas "Raised by Wolves" chega ao final não com gosto de "quero mais", mas de "faltou alguma coisa". Ela nunca deixa, porém, de ser fascinante de se assistir. Disponível na HBO Max.
 

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