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sábado, 28 de agosto de 2021

Estranho Passageiro - Sputnik (2020)

Estranho Passageiro - Sputnik (2020). Dir: Egor Abramenko. Netflix. Ficção científica russa com charme de filme B, "Sputnik" tem mais a ver com "Vida" (Life, 2017), do que com "Alien" (1979), mas bebe da mesma fonte. Passado em 1983, em plena Guerra Fria, a trama começa com dois astronautas soviéticos em órbita, se preparando para voltar para casa. Eles então percebem que "alguma coisa" está fora da nave, tentando entrar. Corta para uma base soviética, algum tempo depois; uma cientista chamada Tatiana (Oksana Akinshina) é chamada por um coronel para examinar um dos astronautas, Konstantin (Pyotr Fyodorov). Ele é o único sobrevivente daquele voo e carrega consigo algo assustador; um alien está alojado dentro do corpo dele, e sai todas as noites pela boca para explorar em volta. O design do alien é apropriadamente assustador, com longos braços e vários olhos, como uma aranha.

E é basicamente isso. O resto do filme é um embate entre a cientista, que quer salvar a vida do astronauta, e do coronel, que quer transformar o alien em algum tipo de arma. Há alguns segredos desagradáveis que o coronel não contou à cientista, que rendem as cenas mais violentas do filme. Há também uma discussão leve sobre o papel de pais e filhos (o astronauta teria largado um filho ilegítimo em um orfanato) e sobre a ligação simbiótica entre o alien e o astronauta. O filme é escuro e passa o visual utilitário (e analógico) de uma base soviética na Guerra Fria. A primeira parte é melhor que a segunda, mas é um filme interessante. Tá na Netflix.
 

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Raised by Wolves (2020)

Raised by Wolves (2020). HBO Max. Série de ficção-científica que tem os primeiros dois capítulos dirigidos por ninguém menos que Ridley Scott, "Raised by Wolves" é tão fascinante quanto decepcionante. A criação de mundo é bela; dá para sentir a influência de Scott na direção de arte, nos cenários, na trilha sonora, em tudo. Há também um bocado de referências a outros filmes dele, como Blade Runner, Alien, Prometheus (particularmente este último, mais discussões à frente). As interpretações são, no geral, muito boas. Discutem-se alegorias religiosas, inteligência artificial e reprodução, destino e acaso, ateísmo e fé. Pena que a série tenha longos 10 capítulos, que acabam esticando demais a trama e caindo em repetições e exageros, sem falar na decepção de chegar ao final do décimo episódio e não ter uma conclusão (uma segunda temporada está em produção).

No século 22, uma pequena nave pousa no planeta Kepler 22B. De dentro dela saem duas figuras humanoides, que tratam um ao outro como "Pai" (Abubakar Salim) e "Mãe" (Amanda Collin). São androides. Eles montam acampamento, preparam a terra e se fixam no local. É então que o "Pai" liga a "Mãe" a uma espécie de incubadora e, nove meses depois, ela gera seis bebês, de várias raças. Eles planejam começar uma nova civilização mas, com o passar dos anos, alguns dos filhos morrem por doenças. Para piorar a situação, uma outra nave chega ao planeta, com tripulantes de uma facção religiosa rival, e uma disputa se estabelece. Os dois primeiros episódios são dirigidos por Ridley Scott e o primeiro, particularmente, é sensacional; com algumas modificações, poderia ter sido lançado como um filme independente.

A questão da maternidade é explorada tanto como uma benção quanto como uma maldição; isso já foi visto antes em filmes de Scott como "Prometheus" (lembram da cena de Noomi Rapace na mesa de operação robótica?). Falando em "Prometheus", há várias pistas de que esta série se passe no mesmo "universo compartilhado"... os androides têm o mesmo sangue branco, por exemplo, e (sem entrar em spoilers) há outras dicas espalhadas pela trama. A "Mãe", vivida pela excelente atriz holandesa Amanda Collin, é programada para cuidar de crianças, o que ela faz com uma dedicação praticamente humana (o que remete a "Blade Runner 2049"). O problema, como disse, é que a trama é esticada para dez episódios, e as discussões e temas se tornam repetitivos. Vários mistérios vão surgindo com o decorrer dos episódios e, como espectador, você espera por uma conclusão que não chega. Claro que a HBO tem interesse em séries que possam ser esticadas por várias temporadas, como "Game of Thrones" e "Westworld", mas "Raised by Wolves" chega ao final não com gosto de "quero mais", mas de "faltou alguma coisa". Ela nunca deixa, porém, de ser fascinante de se assistir. Disponível na HBO Max.
 

domingo, 23 de abril de 2017

Vida (Life, 2017)

"Vida" está longe de ser original, mas é extremamente competente no que se propõe a fazer. O filme acompanha seis ocupantes da Estação Espacial Internacional que acabaram de fazer uma descoberta incrível; uma sonda espacial trouxe de Marte prova incontestável de que existe vida fora do planeta Terra. Esta vida, no início, não passa de uma célula inofensiva que é gradualmente reanimada pelo biólogo Hugh Derry (Ariyon Bakare). Com o passar dos dias, porém, "Calvin" (como é batizada a criatura) cresce em ritmo acelerado; a tripulação, composta por astronautas de várias origens e etnias, demonstra um misto de admiração e cautela. Como este é um filme de terror espacial, é claro que a fascinação vai se transformar eventualmente em pânico, sangue e mortes.

"Vida" é dirigido pelo sueco Daniel Espinosa e escrito por Rhett Reese e Paul Wernick (a dupla por trás de "Deadpool", vejam só). A influência principal, claro, é o "Alien" (1979) de Ridley Scott, mas há também ecos de outros filmes de monstros. O visual (e até um pouco da trama) lembram o recente "Gravidade" (2013). O elenco é multinacional e bastante competente. Ryan Reynolds interpreta o personagem de sempre, engraçado, passional e não muito inteligente. Jake Gyllenhaal  é um médico que está há mais de 400 dias em órbita da Terra e não tem pressa de voltar. Rebecca Ferguson é a "oficial de quarentena", responsável pelos protocolos de segurança da missão, que são constantemente testados e quebrados durante o filme. Hiroyuki Sanada é um piloto japonês que tenta usar a ciência para lutar contra a criatura. Ariyon Bakare é o Dr. Hugh Derry, o biólogo responsável pelo renascimento de "Calvin" e quem ficou mais apegado à criatura,  com consequências funestas. Olga Dihovichnaya é Ekaterina Golovkina, uma russa que é a comandante da Estação Espacial.

Direção e roteiro, aliados a uma ótima qualidade técnica, conseguem imprimir um bom ritmo ao filme, que começa lentamente, dando espaço até para questões filosóficas, antes do tradicional filme de monstros começar. Ainda assim, "Vida" consegue se manter inteligente e verdadeiramente assustador até seu final. 

João Solimeo



sábado, 16 de junho de 2012

Prometheus

O filme começa bem. Um prólogo mostra uma paisagem em planos largos que lembram a grandiosidade de Stanley Kubrick; fica claro que estamos em terreno influenciado por "2001 - Uma Odisséia no Espaço" (1968). E, assim como no filme de Kubrick, uma descoberta no passado faz uma ligação com seres extraterrestres, e uma nave espacial chamada "Prometheus" é enviada pela corporação Weyland para encontrar, talvez, os arquitetos da vida na Terra.

Tudo é extremamente bem feito pelo competente Ridley Scott, que tem no currículo pelo menos uma obra-prima, "Blade Runner" (1982), e que lançou, em 1979, um filme chamado "Alien - O Oitavo Passageiro", que gerou várias continuações inferiores. "Alien" também bebia na fonte de Stanley Kubrick mas, no fundo, não passava de um "filme de monstros", e é este o principal problema com "Prometheus", que traz a história anterior aos acontecimentos do filme de 1979. Por mais ambicioso que possa ser o roteiro, por melhores que sejam os atores e por mais impressionantes que sejam os efeitos especiais, o espectador sabe que, cedo ou tarde, o filme vai cair no terror "B" que, diga-se de passagem, muita gente foi ao cinema assistir. Pena que Ridley Scott não tenha tido coragem de fugir do óbvio mas, enquanto o filme é sério, ele é extremamente bom. O melhor personagem não é um ser humano, mas um andróide chamado David, interpretado pelo incansável Michael Fassbender (de "Shame"). É ele que mantém a nave funcionando na viagem de ida, enquanto a tripulação humana está hibernando, tempo que ele passa estudando línguas ou, em uma homenagem de Scott ao diretor David Lean, assistindo "Lawrence da Arábia" (1962).  David foi a estrela de um vídeo viral muito interessante lançado na internet meses antes do lançamento do filme, em uma esperta campanha de marketing. (veja aqui o discurso de Peter Weyland, interpretado por Guy Pearce, em outro viral)

A atriz sueca Noomi Rapace (a Lisbeth Salander original da série "Os Homens que não Amavam as Mulheres") é uma cientista chamada Elisabeth Shaw que, com o parceiro Charles Holloway (Logan Marshall-Green), foi quem descobriu que os extraterrestres visitaram a Terra há milênios. Rapace é boa atriz e foi uma boa escolha para substituir a figura memorável de Ripley, personagem que Sigourney Weaver interpretou nos filmes anteriores. Ridley Scott tem um senso estético apurado e o filme é bonito de se ver, com cenários e adereços que parecem reais, e não tirados de um videogame. O design da nave alienígena foi baseada no trabalho do artista H.R. Giger, que tem um visual orgânico e assustador.

E então começa o filme de terror, e é uma pena. Há uma cena tão absurda, que envolve Noomi Rapace passando por uma cirurgia no abdômen, que tira do filme qualquer seriedade ou verossimilhança. Apesar de tudo, "Prometheus" não deixa de ser uma experiência interessante e, ao menos durante a primeira parte, um bom filme de ficção científica. Visto no Kinoplex, em Campinas.