sábado, 16 de junho de 2012

Prometheus

O filme começa bem. Um prólogo mostra uma paisagem em planos largos que lembram a grandiosidade de Stanley Kubrick; fica claro que estamos em terreno influenciado por "2001 - Uma Odisséia no Espaço" (1968). E, assim como no filme de Kubrick, uma descoberta no passado faz uma ligação com seres extraterrestres, e uma nave espacial chamada "Prometheus" é enviada pela corporação Weyland para encontrar, talvez, os arquitetos da vida na Terra.

Tudo é extremamente bem feito pelo competente Ridley Scott, que tem no currículo pelo menos uma obra-prima, "Blade Runner" (1982), e que lançou, em 1979, um filme chamado "Alien - O Oitavo Passageiro", que gerou várias continuações inferiores. "Alien" também bebia na fonte de Stanley Kubrick mas, no fundo, não passava de um "filme de monstros", e é este o principal problema com "Prometheus", que traz a história anterior aos acontecimentos do filme de 1979. Por mais ambicioso que possa ser o roteiro, por melhores que sejam os atores e por mais impressionantes que sejam os efeitos especiais, o espectador sabe que, cedo ou tarde, o filme vai cair no terror "B" que, diga-se de passagem, muita gente foi ao cinema assistir. Pena que Ridley Scott não tenha tido coragem de fugir do óbvio mas, enquanto o filme é sério, ele é extremamente bom. O melhor personagem não é um ser humano, mas um andróide chamado David, interpretado pelo incansável Michael Fassbender (de "Shame"). É ele que mantém a nave funcionando na viagem de ida, enquanto a tripulação humana está hibernando, tempo que ele passa estudando línguas ou, em uma homenagem de Scott ao diretor David Lean, assistindo "Lawrence da Arábia" (1962).  David foi a estrela de um vídeo viral muito interessante lançado na internet meses antes do lançamento do filme, em uma esperta campanha de marketing. (veja aqui o discurso de Peter Weyland, interpretado por Guy Pearce, em outro viral)

A atriz sueca Noomi Rapace (a Lisbeth Salander original da série "Os Homens que não Amavam as Mulheres") é uma cientista chamada Elisabeth Shaw que, com o parceiro Charles Holloway (Logan Marshall-Green), foi quem descobriu que os extraterrestres visitaram a Terra há milênios. Rapace é boa atriz e foi uma boa escolha para substituir a figura memorável de Ripley, personagem que Sigourney Weaver interpretou nos filmes anteriores. Ridley Scott tem um senso estético apurado e o filme é bonito de se ver, com cenários e adereços que parecem reais, e não tirados de um videogame. O design da nave alienígena foi baseada no trabalho do artista H.R. Giger, que tem um visual orgânico e assustador.

E então começa o filme de terror, e é uma pena. Há uma cena tão absurda, que envolve Noomi Rapace passando por uma cirurgia no abdômen, que tira do filme qualquer seriedade ou verossimilhança. Apesar de tudo, "Prometheus" não deixa de ser uma experiência interessante e, ao menos durante a primeira parte, um bom filme de ficção científica. Visto no Kinoplex, em Campinas.

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