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sexta-feira, 23 de junho de 2023

65 Ameaça Pré-Histórica (65, 2022)

65 Ameaça Pré-Histórica (65, 2022). Dir: Scott Beck e Bryan Woods. HBO Max. A Crítica desse filme foi tão ruim que eu estava com a expectativa lá embaixo; não sei se foi por isso, mas não é que achei o filme bom? É curto, enxutos 90 minutos, tem o sempre competente Adam Driver e a premissa é simples e direta.

Driver é um piloto de uma espaçonave que está transportando vários passageiros em estado de hibernação. A nave acaba entrando em um campo de asteroides e sofre um acidente. Por sorte, há um planeta bem perto e Driver cai nele. Todos a bordo estão mortos, a não ser Driver e uma garota de uns nove anos, Koa (Ariana Greenblatt). Ela não fala inglês e os dois têm que se comunicar por gestos e algumas palavras em comum. A nave se partiu em dois e o "bote salva vidas" está na outra metade da nave, a 15 km de distância, e os dois têm que fazer esse trajeto se quiserem escapar do planeta. Ah sim, um detalhe: o planeta é a Terra, só que há 65 milhões de anos, com dinossauros famintos vagando pelas paisagens.

Não é das ideias mais originais. Em muitos aspectos, lembra muito "Depois da Terra" ("After Earth", M. Night Shyamalan, 2013), em que o filho do Will Smith também tem que achar a outra metade de uma nave acidentada para chamar por socorro. O roteiro e direção de "65" é da mesma dupla que escreveu o ótimo "Um Lugar Silencioso" (John Krasinski, 2018). Quase ninguém foi ver o filme e crítica reclamou que ele é parado demais. Ele até poderia ser mais agitado para um filme de dinossauros estrelado por um Adam Driver empunhando um rifle espacial; mas há boas cenas de suspense provocadas por diversas ameaças à dupla de humanos. Há um lado mais "emocional" provocado pelo fato de que Driver perdeu uma filha, que obviamente vai ser "substituída" emocionalmente por esta nova garota que ele tem que cuidar ("The Last of Us" mandou lembranças). O final é bastante absurdo mas, ei, é um filme de dinossauros e Adam Driver. Disponível na HBO Max. 

domingo, 17 de julho de 2022

Casa Gucci (House of Gucci, 2021)

 
Casa Gucci (House of Gucci, 2021). Dir: Ridley Scott. Amazon Prime Video. Tragicomédia de Ridley Scott baseada em uma história real, este filme foi bastante criticado pelo exagero nas interpretações, pelos sotaques italianos em atores americanos e ingleses e pela ridícula interpretação de Jared Leto. Tudo isso, de fato, existe em "Casa Gucci", mas o filme está longe de ser ruim. Pelo contrário, diria que são essas coisas que fazem o filme mais interessante.

Ridley Scott é um mestre visual. Ao adaptar a história real de uma empresa ícone da moda, envolvendo intrigas familiares, personagens histéricos, traições e crimes, Scott resolveu apresentá-la como uma ópera cômica, uma farsa. Veja como Lady Gaga está ótima como Patrizia Reggiani, a filha do dono de uma empresa de caminhões, que se apaixona pelo refinado Maurizio Gucci (Adam Driver, ótimo). Patrizia é um furacão, sempre vestida com roupas provocantes e a certeza de que veio ao mundo para vencer. Scott recria o final dos anos 70 em Milão, Itália, com belíssima fotografia, direção de arte e sucessos da época na trilha sonora. O elenco é uma surpresa atrás da outra, Jeremy Irons como o pai de Maurizio, Al Pacino como um tio. Salma Hayek é uma trambiqueira que "vê o futuro" de Patrizia e alimenta seus sonhos. Jared Leto está irreconhecível como Paolo, um designer de moda incompetente que sonha em criar uma linha de roupas para a Gucci. Leto está tão exagerado e ridículo que, estranhamente, até funciona para seu personagem.

O maior problema com "Casa Gucci" é a duração, longa demais. Não há razão para esta estranha comédia de erros ter duas horas e trinta e oito minutos de duração. Os exageros, que no começo são divertidos e bem vindos, com o (longo) tempo se tornam irritantes e fora de lugar. A paródia acaba se tornando uma tragédia e a graça termina. O filme, porém, nunca perde a beleza visual e o apuro técnico. Teria sido muito melhor com quarenta minutos a menos. Disponível na Amazon Prime Video.

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

O Último Duelo (The Last Duel, 2021)

 
O Último Duelo (The Last Duel, 2021). Dir: Ridley Scott. Superprodução de época que naufragou nas bilheterias, "O Último Duelo" é bastante bom. O roteiro, escrito a seis mãos por Nicole Holofcener, Ben Affleck e Matt Damon, conta uma mesma história por três pontos de vista (estilo "Rashomon"). Na França do século 14, dois homens duelam até a morte pela honra de uma mulher. Pela lógica da época, quem vencesse o duelo estaria manifestando a própria vontade de Deus.


Os homens são Jean de Carrouges (Matt Damon) e Jacques Le Gris (Adam Driver). Carrouges está acusando Le Gris de ter estuprado sua esposa, Marguerite (Jodie Comer). Le Gris não nega ter tido relações com ela, mas alega que não foi estupro. A trama é contada três vezes, primeiro do ponto de vista do personagem de Matt Damon, depois de Adam Driver e finalmente pela visão de Jodie Comer. Nem sempre este "truque" do roteiro funciona. Há uma cena particularmente forte que é vista duas vezes e, apesar dos detalhes serem diferentes, não deixa de parecer exploração.

É um filme de Ridley Scott, o que significa produção classe A, bela direção de fotografia de Dariusz Wolski e trilha sonora de Harry Gregson-Williams. É bastante violento, tanto nas cenas de batalha como na cena do suposto estupro. O que fica é que as mulheres, na época, tinham nenhum controle sobre suas vidas. A decisão do duelo poderia significar não só a morte de um dos combatentes, mas da mulher também, caso "Deus" decidisse pela culpa dela. Jodie Comer (da série "Killing Eve") está excelente. "O Último Duelo" foi mal lançado nos cinemas (e só nos cinemas) e amargou um fracasso enorme. Em época ainda de pandemia, Scott deveria ter fechado um acordo com alguma plataforma de streaming e lançado o filme também na TV.

sexta-feira, 10 de março de 2017

Silêncio (2017)

A fé sempre foi um tema forte no cinema de Martin Scorsese. Logo em um de seus primeiros sucessos, "Caminhos Perigosos" (Mean Streets, 1973), o personagem vivido por Harvey Keitel questionava sua fé em diversas narrações durante o filme. O próprio Jesus é mostrado questionando seu destino em "A Última Tentação de Cristo", filmado por Scorsese em 1988. Não por acaso, Martin Scorsese estudou em um seminário antes de decidir partir para a carreira artística.

Chega finalmente aos cinemas do Brasil seu último filme, "Silêncio"; são quase três horas dedicadas ao questionamento da fé, a existência ou não de Deus e sua ausência (ou seu silêncio) nos momentos em que mais se precisa dele. Não é um filme fácil de se assistir. É longo, bastante lento e praticamente sem trilha sonora, passado no Japão do século 17, quando a religião católica foi proibida e seus seguidores, perseguidos e mortos. O filme parte do desaparecimento no Japão de um jesuíta chamado Ferreira (Liam Neeson), que havia enviado cartas preocupantes sobre o estado da Igreja em terra nipônicas. Dois de seus pupilos, os padres Rodrigues (Andrew Garfield, de "Até o Último Homem") e Garupe (Adam Driver, de "Star Wars Episódio VII") partem para o Japão para tentar encontrar Ferreira. Boatos falam que ele teria praticado "apostasia", que é a renúncia da religião e que estaria vivendo como um japonês.

"Silêncio" tem um visual arrebatador. A belíssima direção de fotografia (indicada ao Oscar) de Rodrigo Pietro se aproveita das belezas naturais da paisagem e usa cavernas para criar molduras ou utiliza da forte neblina para revelar ou esconder personagens. Como o filme quase não tem música, o som do mar, das cigarras, do vento e outros elementos naturais também estão muito presentes. Os dois padres chegam ao Japão e são recebidos como semi deuses por simples vilarejos sedentos de fé. Há algo tanto de louvável quanto de desesperado na atitude destes simples camponeses que arriscam as próprias vidas por uma religião vinda de fora.

Inquisidores japoneses aparecem de vez em quando para apurar denúncias de que a religião católica estaria sendo praticada. Eles aplicam uma série de testes aparentemente simples para distinguir os devotos dos demais. Um dos testes é pisar em uma imagem de Jesus, ou cuspir na cruz. Deus ficaria contrariado se alguém pisasse em sua imagem para salvar a vida? E do ponto de vista da igreja, tal atitude seria considerada pecado? Todas estas questões são apresentadas lentamente por Scorsese, assim como suas consequências. Há uma longa sequência de martírio de um grupo de camponeses que não passou no teste dos inquisidores em que os padres, escondidos ao longe, assistem a tudo, impotentes.

O personagem de Andrew Garfield enfrenta grande parte destes desafios na segunda parte do filme; capturado pelos inquisidores, o Padre Rodrigues assiste muitos fiéis serem torturados ou mortos de uma jaula de madeira. Tudo o que ele tem que fazer para terminar com o sofrimento deles é renegar sua religião. Isso é válido? Deus "entenderia"?

Como disse anteriormente, não é um filme fácil de se ver. As questões de fé podem parecer absurdas do ponto de vista de espectadores do século 21, talvez por isso Scorsese alongue tanto nossa imersão naquele mundo. Mostra-se muita crueldade por parte dos japoneses que querem erradicar a religião, mas fica a questão sobre até que ponto os padres resistem. É pela glória divina ou pela própria salvação?

João Solimeo