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sexta-feira, 14 de junho de 2024

Maratona da Morte (Marathon Man, 1976)

Maratona da Morte (Marathon Man, 1976). Dir: John Schlesinger. Antes tarde do que nunca? Eu com certeza vi partes deste filme na TV em algum "Corujão" da Globo, mas só hoje posso dizer que o assisti "de verdade". Filmão anos 1970 clássico, cru, bem filmado e editado, com crédito extra a Garrett Brown, o inventor da "steadycam", que deve ter corrido um bocado para acompanhar Dustin Hoffman por Nova York. O grande Laurence Olivier está ótimo, claro, como um nazista fugido que vota à "big apple" atrás de uma fortuna em diamantes. E o que dizer do sempre competentíssimo Roy Scheider, que fez nos anos 70 filmes como "Operação França", "Tubarão", "Marathon Man", "Comboio do Medo" e "All that Jazz", entre outros?


O roteiro de William Goldman tem cenas como a clássica sessão de tortura usando instrumentos de dentista e a ótima sequência em que Olivier, um nazista em Nova York, se vê em pleno bairro judeu tentando avaliar uns diamantes. Onde assistir: tem uma cópia porca no canal Looke, da Amazon, mas achei uma muito mais decente na internet.

terça-feira, 13 de abril de 2021

Sleepers: A Vingança Adormecida (Sleepers, 1996)

Sleepers: A Vingança Adormecida (Sleepers, 1996). Dir: Barry Levinson. Netflix. A última vez que vi este filme foi em VHS, ou seja, faz tempo, rs. Os créditos iniciais impressionam: direção de Barry Levinson, fotografia de Michael Ballhaus, trilha sonora de John Williams. E que elenco: Robert De Niro, Dustin Hoffman, Kevin Bacon, Brad Pitt, Jason Patrick (lembram quando ele ia ser um astro?), Billy Crudup, Minnie Driver, Vittorio Gassman, Bruno Kirby.

Quanto ao filme, ele é bem bom, embora nem tanto quanto eu lembrava. É a história de quatro garotos de 13 anos que fazem uma bobagem (tentam roubar um carrinho de cachorro quente) que quase leva à morte de um homem. Eles são condenados a 18 meses de reclusão em um reformatório barra pesada. Lá eles são constantemente abusados por um cruel guarda, interpretado por Kevin Bacon. Anos depois, nos anos 80, um crime junta os quatro amigos, agora adultos, em um tribunal. Alguns do lado da acusação, outros na defesa, e Jason Patrick no meio de campo. Estou sendo vago para não revelar detalhes.

O que mais me incomodou nesta revisão é a constante narração de Jason Patrick. O roteiro (de Barry Levinson) é adaptado de um livro e dá a impressão que Levinson não deixou nenhuma linha de fora. Não há um momento de silêncio o filme todo, a narração sempre entra para falar, muitas vezes, o óbvio, tipo "dois caras entraram no restaurante", quando estamos VENDO isso acontecer. Há um "esquema" por trás do julgamento que acho meio difícil de acreditar. Já Robert De Niro está bastante bem como um padre que tem que enfrentar uma decisão difícil. Com duas horas e vinte e sete minutos, o filme poderia seria melhor com vinte minutos a menos, fácil. Mas é bom de assistir, o elenco é afinado e muito bem feito. Tá na Netflix (onde um filme de 1996 é quase pré-histórico, rs).
 

domingo, 30 de outubro de 2016

O Contador (2016)

"O Contador" é o tipo de filme que eu costumo chamar de "bobagem divertida". Imagine um personagem que é um gênio matemático como o John Nash interpretado por Russell Crowe em "Uma Mente Brilhante" (2001), ou o Will Hunting de Matt Damon em "Gênio Indomável" (1997); acrescente a isso o autismo de Dustin Hoffman em "Rain Man" (1988). Para finalizar, imagine que este personagem também é um mestre em artes marciais e um sniper capaz de acertar uma mosca a um quilômetro de distância. Este é Christian Wolff (Ben Affleck), um rapaz discreto e metódico que o resto do mundo conhece como um pacato contador do sul de Chicago.

Acontece que o chefe do Departamento do Tesouro americano (o grande J.K. Simmons) está atrás dele. Wolff aparece anonimamente como uma figura misteriosa em diversas fotos de traficantes e outros criminosos famosos mundo afora e estaria ligado ao massacre de um grupo de mafiosos. Simmons recruta uma jovem analista (Cynthia Addai-Robinson) para descobrir quem é este misterioso "contador" que, milagrosamente, ainda não foi morto por nenhum destes criminosos.

O roteiro (divertidamente absurdo) empilha uma série de tramas e subtramas nos confusos vinte minutos iniciais do filme. Flashbacks nos mostram a infância sofrida do personagem de Affleck, uma criança problemática que acaba afugentando a mãe e provocando no pai (um rigoroso homem do exército) uma forte reação: ele treina o filho autista, mais seu irmão pequeno, em artes marciais, técnicas diversas de defesa e, na escola, a não levar desaforo para casa. "Todo mundo que é diferente acaba assustando as pessoas", recita o pai.

No presente, Ben Affleck é contratado por uma firma de robótica para analisar os livros de contabilidade. Uma jovem funcionária, Dana (Anna Kendrick, que já está um pouco velha para o visual adolescente), havia desconfiado de um desvio no dinheiro da empresa e Affleck é chamado para descobrir se é verdade. Isso dá ao filme a desculpa para mostrar aquelas cenas clichês de gênios matemáticos trabalhando, escrevendo furiosamente fileiras de números nas paredes de vidro de uma sala gigante e fazendo contas impossíveis na cabeça. Quando Affleck descobre que, de fato, alguém estava fazendo "caixa dois" na firma, uma série de assassinatos estranhos começam a acontecer, e logo o filme muda para a fase "Jason Bourne" e Ben Affleck pode mostrar as outras habilidades de seu personagem em grandes cenas de ação.

É tudo, como disse, uma grande bobagem, mas uma bobagem divertida. Há a participação especial de bons atores como John Lithgow, Jeffrey Tambor, Jean Smart e o já citado J.K. Simmons. Jon Bernthal chama a atenção como um assassino contratado para pegar o personagem de Affleck. Uma série de clichês culminam com um grande tiroteio no terceiro ato, em que revelações "surpreendentes" serão feitas. Se você entrar no jogo, pode se divertir com o filme. Se começar a pensar demais, os rombos de lógica vão por tudo a perder. Eu, confesso, me diverti.

João Solimeo

sexta-feira, 15 de março de 2013

O Quarteto

"O Quarteto" marca a estréia do ator Dustin Hoffman na direção. Aos 75 anos, Hoffman escolheu temas próximos a sua realidade: a arte e a velhice. O filme tem muitas semelhanças com o recente "O Exótico Hotel Marigold", inclusive dividindo uma atriz em comum, Maggie Smith, e trata do tema da terceira idade da mesma forma fantasiosa e edificante. Ou seja, a anos luz do soco no estômago que é "Amor", de Michael Haneke.

A trama se passa na Inglaterra, em uma casa de repouso exclusiva para músicos aposentados. O som de andadores, bengalas, tosse e juntas doloridas se mistura à música constante de quartetos de câmara, solistas, tenores e todo tipo de músicos praticando diariamente. Um diretor tirano (Michael Gambon, ótimo) está ensaiando vários números para um show de gala anual que a casa de repouso apresenta no aniversário de Giuseppe Verdi. A renda do show vai para a manutenção da casa, que corre o risco de fechar. A chegada da diva Jean Horton (Maggie Smith) causa rebuliço; ela havia sido casada com Reggie Paget (Tom Courtenay), que ainda guarda a mágoa de ter sido traído por ela décadas atrás. Já Wilf (Billy Connolly) e Cissy (Pauline Colins) vêm na chegada de Horton a chance deles reunirem o quarteto que fez muito sucesso apresentando o "Rigoletto" de Verdi.

O filme tem boas intenções e é gostoso de se ver, mas não passa de uma série de clichês envolvendo personagens da terceira idade e artistas em decadência. Há o personagem "safado" que ainda só pensa em sexo; há as inevitáveis piadas envolvendo a perda da memória ou outras enfermidades relacionadas à idade; há várias sequências musicais mostrando os diversos grupos se preparando para a apresentação final, e assim por diante. Tudo filmado sob o sol dourado da primavera, como se a Inglaterra fosse sempre um país ensolarado e agradável. Os créditos finais mostram como vários dos figurantes e personagens secundários são músicos e artistas de verdade, em uma montagem de fotos que os mostra no passado e agora. Divertido e inofensivo. Em cartaz no Topázio Cinemas, em Campinas.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Kung Fu Panda 2

"Kunf Fu Panda 2" é um avanço considerável em relação ao primeiro filme, tanto tecnicamente quanto em roteiro. Sim, é um filme infantil do século 21, o que significa inevitáveis piadas escatológicas. Neste episódio descobrimos as origens de Po, o urso panda que se tornou mestre de kung fu e que pensava ser filho de um ganso (que surpresa, ele não é).

O malvado mestre Shen, um pavão com penas afiadas, descobriu que a pólvora pode ser usada não só para fazer fogos de artifício e criou armas de guerra que, aparentemente, podem acabar com o Kung Fu. Só há um problema; uma cabra, prevendo o futuro, disse que Shen seria destruído por uma criatura preta e branca. Em uma clara referência bíblica, Shen envia seus lobos para matar todos os ursos pandas do reino, o que força a mãe de Po a colocá-lo em uma cesta, que vai parar em um rio e, finalmente, no restaurante do Ganso. Qualquer semelhança com Moisés não é mera coincidência. Estas cenas são visualizadas em belas animações que simulam o 2D tradicional, contrastando bem com a rica animação tridimensional com que é feito o filme.

Há muita "filosofia de biscoito da sorte", dita principalmente pelo mestre Shifu (voz original de Dustin Hoffman), que ensina a Po que ele deve encontrar sua "paz interior". A animação em computação gráfica chegou a um nível de refinamento que nos faz esquecer que estamos vendo um conjunto de "pixels" se movendo na tela e, lição que a Pixar vem dando há muito tempo, o cuidado com o roteiro ajuda muito a envolver o público. Po e seus amigos (uma tigreza, um louva-deus, uma garça, um macaco e uma cobra, todos mestres em seus estilos de Kung Fu, claro) vão até Gongmen City tentar libertar a cidade das garras (ou penas) de Shen, impedir seus planos de dominar a China e, de quebra, restaurar a honra do Kung Fu.

O roteiro tem humor na dose certa, bons personagens e cenas de ação e luta que certamente farão a alegria da criançada. Os adultos podem aproveitar o visual requintado e algumas boas piadas. A produção é da Dreamworks Animation, com direção de Jennifer Yuh Nelson.


quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Perfume - A história de um assassino

A CPFL, em Campinas, exibe toda quarta-feira, às 19 horas, um filme em 35mm, gratuitamente. A programação é muito boa, e pode ser conferida aqui. Nesta quarta-feira pude conferir o ótimo "Perfume - A História de um Assassino". O filme foi baseado em um livro de Patrick Süskind e dirigido pelo alemão Tom Tykwer. Ele foi o diretor responsável por "Corra, Lola, Corra", de 1998, com seu visual contemporâneo e edição de videoclip. Nada poderia ser mais distante do que o estilo de "Perfume", passado na França do século 18. É lá que nasceu Jean-Baptiste Grenouille, um órfão que veio ao mundo em pleno mercado de Paris. Segundo o narrador (John Hurt), um dos lugares com pior cheiro na cidade. Curioso que o sentido do olfato seja um dos poucos que ainda não puderam ser incorporados ao cinema, de modo que o diretor teve que se valer de outros sentidos para tentar passar os cheiros, que são tão importantes neste filme.

Tykwer mostra uma Paris que realmente parece mal cheirosa, suja, com suas ruas enlameadas, o chão do mercado coberto por restos de peixe, vermes, verduras, excremento. É neste ambiente que o recém-nascido Jean-Baptiste é abandonado pela mãe logo depois do parto. Ele é encontrado e levado a um orfanato, onde logo se vê que ele não é uma criança normal. A edição do filme mostra em planos rápidos as coisas que o bebê consegue cheirar com seu senso de olfato fora do comum. Além das imagens e da ótima reconstituição de época, a música também é usada para conseguir transmitir o cheiro das coisas. Há uma ótima seqüência quando vemos a primeira vez que Jean-Baptiste, já crescido (interpretado por Ben Whishaw), vai parar nas ruas de Paris. É lá que ele descobre o cheiro mais maravilhoso que já sentiu, o do corpo de uma vendedora de frutas, que ele passa a seguir. Mesmo adulto, ele ainda é como uma criança crescida e curiosa, e a garota acaba se tornando, acidentalmente, sua primeira vítima. Mas aparentemente ele nem se dá conta do que aconteceu. A única coisa que importa para ele é cheirar todo o corpo da moça, da cabeça aos pés. É então que descobre seu propósito na vida: ele quer descobrir como preservar o cheiro das coisas.

"Perfume" é daquele tipo de filme fascinante que, mesmo a contragosto, nos faz torcer pelo assassino. Jean-Baptiste é uma espécie de artista, misto de gênio e de psicopata, cuja vida complicada não lhe deu as condições mínimas de saber se comportar como um ser humano decente. Sua figura maltrapilha andando por entre as ruas de Paris me fez lembrar de Mowgli, o menino-lobo, ou mesmo de Tarzan, o homem-macaco. Ele sem dúvida é um assassino, e cada vez mais calculista com o decorrer do filme, mas parece agir mais por instinto do que por maldade. Dustin Hoffman (cuja persona atrapalha um pouco a aceitação dele como um perfumista italiano) passa a Jean-Baptiste seus conhecimentos em troca das fórmulas para novos perfumes, que lhe rendem uma fortuna. É também de Hoffman que Jean-Baptiste aprende que um bom perfume é feito com 12 essências (mais uma 13ª, que pode ser apenas lendária), que formam seus "acordes". Jean-Baptiste parte para a cidade de Grasse onde aprende a técnica da "eflorescência", que consistiria em retirar lentamente o perfume de uma flor enquanto ela está morrendo. Não demora muito, Jean-Baptiste está usando desses conhecimentos para tentar retirar a "essência" do próprio ser humano (ou, no caso, mulheres jovens e bonitas), que ele começa a matar para suas experiências.

Pena que, mais para o final, o filme tome ares cada vez mais fantásticos, fugindo completamente do plausível, culminando com um final, em aberto, que me pareceu simbólico. Mesmo assim, ele não deixa de ser sempre fascinante. O bom elenco ainda conta com Alan Rickman como o pai de uma das garotas que atraem a atenção de Jean-Baptiste. Disponível em DVD.