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terça-feira, 10 de agosto de 2021

Val (2021)

Val (2021). Dir: Ting Poo e Leo Scott. Amazon Prime. Bom documentário sobre a vida do ator Val Kilmer. O filme apareceu sem nenhuma propaganda na Amazon Prime, mas eu o aguardava há algum tempo. Val Kilmer nunca chegou ao status de "astro" como Tom Cruise ou Harrison Ford, longe disso, mas foi sempre um ator marcante mesmo nas produções "B" que fizeram parte de seu currículo nos últimos anos. Recentemente foi atacado por um câncer de garganta que acabou com sua voz forte e debilitou sua aparência. Ele sobreviveu, mas é triste ver o que a doença fez com sua figura.

Sem poder falar (a não ser tampando um buraco na garganta com os dedos), Val Kilmer resolveu contar a própria história, usando centenas de horas de filmagens feitas por ele mesmo desde criança. Sim, é um projeto cheio de vaidade, mas Kilmer é um ator, acostumado à própria imagem a vida inteira. Ele e os irmãos brincavam de fazer filmes amadores em um rancho na Califórnia e Kilmer continuou gravando a própria vida; bastidores de filmes, testes para diretores como Scorsese (ele tentou o papel de Ray Liotta em "Os Bons Companheiros") e Stanley Kubrick, ensaios, conversas com a família, etc. Há cenas curiosas dos bastidores de "Top Gun", "Batman", "The Doors", "Fogo contra Fogo", "Tombstone" e o caos que foram as filmagens de "A Ilha do Dr. Moreau", com Marlon Brando.

Todo o "glamour" do passado contrasta com a situação presente de Kilmer. Há uma sequência bem desconfortável em que o vemos assinando centenas de autógrafos para fãs em uma convenção qualquer; Kilmer passa mal e tem que interromper a sessão de autógrafos. Sem poder fazer mais filmes, ele agora depende de aparições públicas para ganhar algum dinheiro. O documentário é narrado pelo filho de Kilmer, Jack, que tem a voz bem parecida com a do pai. O trabalho de edição é muito bem feito, misturando centenas de imagens de várias décadas diferentes para contar a história de um grande ator. Disponível na Amazon Prime.

terça-feira, 13 de abril de 2021

Sleepers: A Vingança Adormecida (Sleepers, 1996)

Sleepers: A Vingança Adormecida (Sleepers, 1996). Dir: Barry Levinson. Netflix. A última vez que vi este filme foi em VHS, ou seja, faz tempo, rs. Os créditos iniciais impressionam: direção de Barry Levinson, fotografia de Michael Ballhaus, trilha sonora de John Williams. E que elenco: Robert De Niro, Dustin Hoffman, Kevin Bacon, Brad Pitt, Jason Patrick (lembram quando ele ia ser um astro?), Billy Crudup, Minnie Driver, Vittorio Gassman, Bruno Kirby.

Quanto ao filme, ele é bem bom, embora nem tanto quanto eu lembrava. É a história de quatro garotos de 13 anos que fazem uma bobagem (tentam roubar um carrinho de cachorro quente) que quase leva à morte de um homem. Eles são condenados a 18 meses de reclusão em um reformatório barra pesada. Lá eles são constantemente abusados por um cruel guarda, interpretado por Kevin Bacon. Anos depois, nos anos 80, um crime junta os quatro amigos, agora adultos, em um tribunal. Alguns do lado da acusação, outros na defesa, e Jason Patrick no meio de campo. Estou sendo vago para não revelar detalhes.

O que mais me incomodou nesta revisão é a constante narração de Jason Patrick. O roteiro (de Barry Levinson) é adaptado de um livro e dá a impressão que Levinson não deixou nenhuma linha de fora. Não há um momento de silêncio o filme todo, a narração sempre entra para falar, muitas vezes, o óbvio, tipo "dois caras entraram no restaurante", quando estamos VENDO isso acontecer. Há um "esquema" por trás do julgamento que acho meio difícil de acreditar. Já Robert De Niro está bastante bem como um padre que tem que enfrentar uma decisão difícil. Com duas horas e vinte e sete minutos, o filme poderia seria melhor com vinte minutos a menos, fácil. Mas é bom de assistir, o elenco é afinado e muito bem feito. Tá na Netflix (onde um filme de 1996 é quase pré-histórico, rs).
 

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O lado bom da vida

Há uma generosa dose de clichês em "O lado bom da vida". É daqueles filmes feitos para casais modernos, cheios de problemas (como todos os casais), em que as dificuldades serão superadas e tudo vai terminar no beijo final. Acrescenta-se uma dose de remédio tarja preta (também "na moda"), menções (mas não imagens) de sexo, cenas chorosas entre pais e filhos e, claro, uma competição a ser vencida. Ou melhor: duas. É de se admirar que o filme tenha sido feito pelo mesmo diretor de "Três Reis" (1999) e "O Vencedor" (2010), David O. Russell.

O roteiro (de Russell, baseado no livro de Matthew Quick) conta a história de Pat (Bradley Cooper), um cara que foi condenado a passar 8 meses em uma instituição psiquiátrica após ter surrado o amante da esposa. Ele sofre da versão hollywoodiana de "transtorno bipolar" e acredita piamente que a ex-esposa, Nikki (Brea Bee) vai voltar para ele. Ao sair da instituição ele vai morar com os pais, interpretados por Robert DeNiro e Jacki Weaver. DeNiro está um pouco melhor do que nos papéis fracos que tem feito ultimamente, embora ainda seja apenas uma sombra do talento do passado. Ele também tem problemas como transtorno obsessivo compulsivo e vício em apostas. Pat não perde tempo e, apesar de uma ordem judicial que o obriga a ficar longe da ex-esposa, tenta o tempo todo retomar o contato. Seria trágico se, neste filme, não fosse cômico. O roteiro arruma um par para Pat na figura também conturbada de Tiffany (Jennifer Lawrence, de "Inverno da Alma" e "Jogos Vorazes", mais adulta e bonita). O marido policial morreu recentemente e ela compensou a solidão transando com todos os homens (e mulheres) que encontrou pela frente, e tenta fazer sexo com Pat assim que o conhece. Ele, convicto, aponta para a aliança no dedo e diz que é casado. "Eu também sou", diz ela.

O roteiro de Russell perde oportunidades mas não perde a piada, e várias situações que poderiam render melhor dramaticamente são desperdiçadas. Não fica muito claro porque Tiffany deseja passar tanto tempo com Pat, a não ser pelo fato dele ser Bradley Cooper. O caso é que surge uma competição de dança que Tiffany quer participar e ela usa de chantagem emocional para transformar Pat, que nunca dançou na vida, em seu parceiro no torneio. Segue-se então aquelas montagens musicais em que vemos os dois ensaiando passos de dança no estúdio de Tiffany e, claro, os dois começam a se apaixonar. Só que ao invés de partir logo para um final "bonitinho" de comédia romântica, o filme estica mais meia hora misturando a trama do torneio de dança com uma aposta absurda feita pelo pai de Pat, que pode levar todos à ruína financeira. O lado sério do problema de jogo do personagem de DeNiro é esquecido em favor da piada fácil, e uma cena que deveria ser emocionante, em que DeNiro chora ao pedir para que o filho assista a um jogo com ele, perde o significado. Assim, "O lado bom da vida" é filme fácil para se assistir a dois em um sábado à noite, no DVD e comendo uma pizza. Apesar disso, ele foi indicado a oito Oscars: filme, direção, ator (Bradley Cooper), atriz (Jennifer Lawrence), ator coadjuvante (DeNiro), atriz coadjuvante (Jacki Weaver), edição e roteiro adaptado.


terça-feira, 30 de setembro de 2008

A Missão

A primeira vez que vi "A Missão" foi em 1987, quando estava no colegial. O filme, feito em 1986, havia saído em VHS e minha professora de literatura resolveu mostrá-lo para os alunos. Vinte de um anos depois, entrando em uma dessas lojas "express" das Americanas, encontro o filme em DVD Especial por meros nove reais e noventa centavos. Por algum motivo que não sei dizer, nunca mais havia tido a oportunidade de revê-lo, e minhas memórias eram escarsas. Eu me lembrava da sensacional trilha de Ennio Morricone e de Robert De Niro escalando as Cataratas do Iguaçu, mas não muito mais do que isso.

Pude agora revê-lo em "widescreen" e som 5.1 e é realmente impressionante. Não é apenas um filme histórico. Filmado em locações próximas aos locais onde realmente aquelas missões jesuítas existiram, o filme é como uma máquina do tempo nos transportando para o século 18, quando espanhóis e portugueses disputavam os territórios onde hoje fica a fronteira entre o Brasil, o Paraguay e a Argentina. É também um registro de como os filmes costumavam ser produzidos, fotografados e editados há vinte anos. Não é muito tempo, mas de lá para cá muita coisa mudou na maneira de se fazer filmes, pricipalmente nos recursos de efeitos digitais e trucagens. Dirigido por Roland Joffé, "A Missão" é um filme das antigas, feito realmente nas Cataratas do Iguaçu. Quando Jeremy Irons começa a subir a queda d´água, sobre pedras escorregadias, tem-se a impressão que ele realmente está correndo perigo de morte. O DVD contem um "lado B" com extras que ainda não conferi, mas que contém um making of.

Há várias belas passagens, mas uma das mais memoráveis é a transformação pela qual passa o personagem de Robert DeNiro. No começo do filme ele é Mondoza, um cruel traficante de escravos que caça e mata índios na floresta virgem para vender para os espanhóis. Após matar o próprio irmão em um duelo por uma mulher, Mendoza fica com remorso e vai para um convento jesuíta e se recusa a comer. O jesuíta Gabriel (Jeremy Irons) o força a sair da inércia e o desafia a enfrentar sua penitência. Na sequência seguinte nós os vemos subindo as Cataratas, DeNiro carregando um fardo enorme e pesado nas costas. Ele enfrenta as águas, a floresta e o barro e se recusa a aceitar ajuda. Finalmente eles chegam em contato com os índios Guarani, muitos dos quais haviam sido mortos por Mendoza. Ele acha que vai ser morto, mas eles o acolhem. Emocionado, ele chora abertamente e podemos ver sua transformação de cruel mercenário em um ser humano de verdade. O grande elenco ainda conta com Liam Neeson (de A Lista de Schindler), como outro jesuíta.

A fotografia deslumbrante de Chris Menges lhe rendeu o Oscar. Foi o único do filme (indicado a outros seis prêmios). A maravilhosa trilha de Ennio Morricone foi apenas indicada, mas é dos pontos altos do filme. Um clássico que valeu ser revisitado.