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sábado, 26 de novembro de 2022

À procura do amor (Enough said, 2013)

 
À procura do amor (Enough said, 2013). Dir: Nicole Holofcener. Star+. Comédia romântica que tem a triste honra de ser um dos últimos filmes do ator James Gandolfini, que morreu de ataque cardíaco com apenas 51 anos. Gandolfini ficou famoso interpretando o mafioso Tony Soprano na série da HBO e ficou meio marcado pelo papel; aqui ele mostra um lado totalmente diferente, vulnerável, carinhoso. Roteiro e direção são de Nicole Holofcener, que se especializou em um tipo de comédia romântica mais inteligente que a média (como "Amigas com dinheiro", de 2006, e "Gente de bem", 2018).

Julia Louis-Dreyfus (a Elaine de "Seinfeld") é Eva, uma mãe divorciada que está passando por aquele drama bem americano; a filha está de partida para a faculdade, o que nos EUA significa sair de casa e praticamente cortar os laços com a família. Eva é massagista e carrega uma mesa de massagem para cima e para baixo em Los Angeles. Em uma festa, ela conhece um homem divorciado chamado Albert (Gandolfini), que é careca, gordo e meio desleixado. O fato de que ele também tem uma filha partindo para a faculdade acaba aproximando os dois, que engatam um romance inesperado. Na mesma festa, Eva conhece uma mulher misteriosa interpretada por Catherine Keener (de outros filmes com Holofcener), que se torna sua cliente de massagem.

Há algumas reviravoltas dignas de um "sitcom" mas, no geral, o roteiro é bom e o elenco tem coadjuvantes como a ótima Toni Collette. A trama da mãe sofrendo com a partida da filha para a faculdade foi reciclada por Holofcener na série "Mrs. Fletcher", da HBO, com Kathryn Hahn. Visto na Star+.

terça-feira, 21 de junho de 2022

A Escada (The Staricase, 2022)

 
A Escada (The Staricase, 2022). Dir: Antonio Campos. HBO Max. Minissérie em oito capítulos baseada na história real de Michael Paterson (Colin Firth), um escritor americano acusado de matar a esposa. Em dezembro de 2001, Paterson chamou uma ambulância para socorrer a mulher, que encontrou caída na escada; ela estava em uma poça de sangue e Paterson foi acusado de assassinato, apesar de jurar que a esposa havia simplesmente sofrido um acidente. A minissérie é muito bem produzida e tem um elenco e tanto; Colin Firth, Toni Collette, Juliette Binoche, Michael Stuhlbarg, Sophie Turner, Rosemarie DeWitt, Parker Posey, entre muitos outros.

A trama faz um vai e vem entre várias linhas de tempo, informadas por letreiros na tela ou indicadas por mudanças no visual dos personagens. A série também é metalinguística; uma equipe de documentaristas acompanhou a história real (o documentário está na Netflix, aliás) e a equipe técnica (diretor, produtor, editora) estão presentes como personagens. Colin Firth está muito bem como Paterson, uma pessoa difícil de decifrar, mas que tem um ego enorme e gosta de estar no centro das atenções (quem aceitaria a presença de câmeras durante uma investigação de assassinato?).

Independentemente de ser um assassino ou não, Paterson é bem contraditório, aquele tipo de pessoa que pode elogiar a esposa ou os filhos em uma frase e, em seguida, falar alguma coisa horrível. O ritmo é bem lento, são oito capítulos de uma hora de duração e o roteiro dá espaço para revelar as facetas de várias personagens. Toni Collette, como a esposa Kathleen, é uma personagem trágica, sempre exausta, lutando para manter o trabalho, a casa, os filhos e o marido, que mais parece outro filho. As várias teorias sobre a morte dela são mostradas em cenas bastante sangrentas. Binoche, uma das maiores atrizes do cinema, também é uma figura trágica como uma mulher que acredita em Paterson, mas nunca consegue realmente compreendê-lo. A direção é de Antonio Campos, americano nascido em Nova York filho do jornalista brasileiro Lucas Mendes. Harrison Ford estava escalado originalmente para viver Paterson, mas desistiu. A série me lembrou muito “O Reverso da Fortuna” (1990), de Barbet Schroeder, em que Jeremy Irons era acusado de matar a esposa. "A Escada" está disponível na HBO Max.

sábado, 23 de abril de 2022

O Beco do Pesadelo (Nightmare Alley, 2021)

O Beco do Pesadelo (Nightmare Alley, 2021). Dir: Guillermo del Toro. Star+. Visualmente belíssimo e com um elenco e tanto, "O Beco do Pesadelo" é, também, depressivo e pesado. A trama já foi contada antes de um filme noir de 1947 e o roteiro é uma adaptação de um livro; mesmo assim, o estilo de Guillermo del Toro está em cada plano magnificamente filmado.

Nos final dos anos 1930, Bradley Cooper é Stanton Carlisle, um vigarista que se junta a uma feira itinerante. O espetáculo de horrores é comandado por Willem Dafoe, excelente, e apresenta shows de vários tipos. Toni Collette e David Strathairn fazem um número de "mentalismo", em que Collette consegue adivinhar os pensamentos da plateia através de códigos secretos. Rooney Mara é a "mulher elétrica". Ron Perlman é o homem mais forte do mundo. Mark Povinelli é o menor homem do mundo. E há o "selvagem", uma figura humana exibida por Dafoe como um animal exótico.

Metade do (longo) filme é passado neste ambiente de circo. Na segunda parte, Bradley Cooper e Rooney Mara partem para a cidade grande e fazem fortuna com um show de mentalismo que atrai a alta sociedade. É então que Cooper se envolve com uma mulher misteriosa (Cate Blanchett), que o apresenta para pessoas ricas que querem se comunicar com parentes mortos. A chance de fazer fortuna mexe com o personagem de Cooper, que ignora alertas da esposa e amigos. O ritmo é bastante lento e del Toro nos transporta para uma época pré-guerra que mistura charlatanismo e misticismo. Bradley Cooper está ótimo como Stan, um "self made man" que entra em um jogo perigoso com a personagem de Blanchett.

O elenco, como disse, é excelente. A todo momento você se surpreende com algum ator famoso fazendo um papel coadjuvante, como Mary Steenburgen, Richard Jenkins, Holt McCallany, Tim Blake Nelson, entre outros. "O Beco do Pesadelo" foi indicado a quatro Oscars e é bonito de se ver, apesar dos temas pesados. O final é ótimo. Disponível na Star+.

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Madame (2017)

Madame (2017). Dir: Amanda Sthers. Amazon Prime. Comédia dramática que poderia ter rendido bem mais, "Madame" lembra um pouco "Que horas ela volta?", filme brasileiro em que Regina Casé interpretava uma empregada "da família" em uma casa de São Paulo. Aqui, uma família americana rica tem uma casa enorme em Paris. O casal principal é interpretado pelos grandes Harvey Keitel e Toni Collette, excelentes. A empregada é Rossy de Palma, espanhola vista em vários filmes de Almodóvar.

A americana organiza um jantar de gala em que até o prefeito de Londres estará presente, mas há um problema: o filho de Harvey Keitel, Steven (Tom Hughes) aparece de surpresa, o que faz com que a mesa tenha 13 convidados. Para fazer um número par, a patroa pede que a empregada coloque um vestido e se sente à mesa ("fale pouco, beba pouco"). Só que um convidado, um vendedor de arte inglês (Michael Smiley), acaba se apaixonando pela espanhola (que ele acredita ser da realeza da Espanha).

Está armada uma comédia de erros em que o rico inglês começa a sair com a empregada espanhola, acreditando que ela é uma rica excêntrica, enquanto que a patroa americana não se conforma que a empregada tenha uma vida amorosa melhor do que a dela. Toni Collette está muito bem como uma mulher rica mas mal amada, que acha que a empregada deve voltar "ao seu lugar". O tom cômico se torna mais dramático conforme o ciúme da patroa aumenta e ela começa a interferir no romance da empregada. Harvey Keitel está divertido e Rossy de Palma está muito bem. É um filme bem europeu, com produção francesa mas falado em inglês. O tema poderia ter rendido mais, mas não é um filme ruim. Disponível na Amazon Prime.
 

quarta-feira, 5 de maio de 2021

Passageiro Acidental (Stowaway, 2021)

Passageiro Acidental (Stowaway, 2021). Dir: Joe Penna. Netflix. O diretor Joe Penna é um brasileiro de São Paulo que foi um dos primeiros sucessos mundiais do YouTube. Com o nome "Mystery Guitar Man", Penna lançava vídeos semanais muito bem feitos com animações, música e efeitos especiais. O próprio youtuber estrelava vários dos vídeos, sempre cheio de energia e movimento. Curioso que seus dois longas metragens, "Ártico" (2018, com Mads Mikkelsen) e este "Passageiro Acidental" sejam filmes lentos e meditativos.

Estrelado por Anna Kendrick, Daniel Dae Kim, Shamier Anderson e a grande Toni Collette, "Passageiro Acidental" está mais para "Gravidade" do que para "Perdido em Marte". Três astronautas (Kendrick, Kim e Collette) partem da Terra para uma missão de dois anos até Marte. A câmera de Penna acompanha o lançamento quase em tempo real e nunca vemos o pessoal do controle terrestre. Eles atingem a órbita, acoplam com a nave principal e estão a caminho de Marte quando o impossível acontece: um homem desacordado cai de um dos painéis. Não fica bem explicado se foi um acidente ou se ele se escondeu antes do lançamento, o caso é que os três astronautas têm que lidar com o fato de terem um passageiro a bordo. Só que a nave já havia sido projetada para, no máximo, três passageiros, e há um problema com o coletor de dióxido de carbono. Há o suficiente para todos chegarem à Marte ou alguém vai ter que se sacrificar pelo bem maior?

É um filme lento, não espere grandes cenas de ação. Em "Ártico", Joe Penna mostrava Mads Mikkelsen tentando sobreviver ao frio em um filme praticamente mudo. Aqui os personagens tentam solucionar os problemas à base do diálogo, mas a Natureza e o equipamento não estão colaborando. Não há um Matt Damon fazendo piadas ou centenas de técnicos da NASA tentando resolver o problema em Houston. O que resta são cenas com boas interpretações e momentos humanos. Dá pra ver que os roteiristas (Joe Penna e Ryan Morrison) tentaram ser cientificamente corretos, há longas cenas mostrando a disposição da nave e como funciona o sistema de gravidade artificial. É um bom filme, com algumas cenas bonitas mas, ao final, fica a sensação de que faltou alguma coisa. Tá na Netflix.

domingo, 5 de outubro de 2008

Ao Entardecer

Há um diálogo em "Ao Entardecer" que praticamente resume todo o filme. Já em idade avançada, Lila Ross (Meryl Streep) e Ann Grant (Vanessa Redgrave) estão conversando sobre suas vidas, e Lila diz que teve bons e maus momentos. "Eu não esperava tanto da vida como você", diz ela. "Ah, eu esperava muito!", responde Redgrave. "Ao Entardecer" é daqueles dramas sensíveis que tratam da vida sob a perspectiva de alguém que a está deixando. Ann Grant está à beira da morte, permanentemente na cama e sob os cuidados de uma enfermeira. Suas filhas Nina (Toni Collette) e Constance (Natasha Richardson) sabem que o final está próximo, e fazem o que podem para mantê-la tranquila. Só que Ann começa a falar sobre pessoas de quem elas nunca ouviram falar antes, sobre um tal "Harris" e sobre "Buddy", que ela teria "matado". A enfermeira e Constance atribuem as falas aos remédios e a delírios, mas Nina está determinada em descobrir quem são aquelas pessoas. Em flashbacks, acompanhamos então a história de Ann quando era uma jovem alegre e independente (interpretada por Claire Danes), que é escolhida para ser a dama de honra de Lila (Mamie Gummer). O casamento vai acontecer em uma bela mansão à beira do mar, propriedade da família Wittenborn, encabeçada por Glenn Close (sim, o elenco feminino deste filme é impressionante).


A família Wittenborn é descrita por Buddy (Hugh Dancy), o filho rebelde e melhor amigo de Ann, como desinteressante até para um vampiro. "Não há sangue o suficiente neles", descreve ele. Buddy é um rapaz sempre alegre (e com um copo de bebida na mão) que quer ser escritor, mas todas suas grandes idéias vêm de livros que já foram escritos. Ele diz a Ann que eles devem convencer Lila a não ir em frente com o casamento, pois ela claramente não está apaixonada pelo futuro marido, Carl (tão desinteressante que passa praticamente o filme todo mudo). Ela estaria interessada em Harris (Patrick Wilson), filho de uma antiga criada da casa e amigo da família. Harris, na verdade, é o ponto chave do filme. Sério, sensato e formado em medicina, o rapaz atrai a atenção tanto das garotas quanto do próprio Buddy, que sobre uma paixão enrustida por ele.


A dinâmica entre Ann, Buddy e Harris me lembrou um pouco do livro de Evelyn Waugh, "Memórias de Brideshead" (transformado em uma espetacular minissérie britânica da Granada Television, nos anos 1980). Em "Brideshead" também havia um rapaz sério (Charles Ryder, interpretado por Jeremy Irons), uma moça independente (Julia Flyte, interpretada por Diana Quick), e o irmão homossexual e alcóolatra (Sebastian Flyte, interpretado por Anthony Andrews). "Ao Entardecer", baseado no livro de Susan Minot, explora estes dias entre a véspera e o dia seguinte ao casamento de Lila. Ao mesmo tempo, intercala cenas do presente, com a relação complicada entre as filhas de Ann. Toni Collette está muito bem como uma mulher confusa e com medo de se comprometer com qualquer carreira ou namorado. Ela está grávida do namorado atual mas ainda não sabe se vai em frente com a gravidez ou com o relacionamento. A direção é do húngaro Lajos Koltai, um competente diretor de fotografia que já havia fotografado filmes como "Adorável Júlia" e "O Clube do Imperador".


"Ao Entardecer" é sim um filme mais voltado ao público feminino mas, ao contrário de vários exemplos do gênero, não tenta alienar o público masculino e trata os personagens com respeito e sensibilidade.