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sexta-feira, 9 de junho de 2023

Império da Luz (Empire of Light, 2022)

Império da Luz (Empire of Light, 2022). Dir: Sam Mendes. Star+. Superficialmente, "Império da Luz" é um filme belíssimo. Passado, em grande parte, em um luxuoso cinema, a direção de arte de Mark Tildesley e a fotografia de Roger Deakins transformam cada plano em uma pintura. Tudo isso embalado por uma bela trilha de Trent Reznor e Atticus Ross. A grande Olivia Colman encabeça um elenco que ainda conta com Colin Firth e Toby Jones, entre outros. Tudo é ricamente mostrado, interpretado e bonito de se ver.

No entanto, nem tudo funciona direito. O roteiro de Sam Mendes atira para todos os lados. O filme lida com vários assuntos relevantes como saúde mental, racismo e feminismo. No meio destes assuntos pesados, tenta também encaixar uma "carta de amor ao cinema" aos moldes de "Cinema Paradiso" (Giuseppe Tornatore, 1981) ou, talvez, "A Rosa Púrpura do Cairo" (Woody Allen, 1985). O resultado, no entanto, soa artificial. Colman interpreta Hillary, a gerente de um cinema em uma cidade costeira da Inglaterra. Ela é solitária, toma ansiolíticos e tem um "relacionamento" com o dono do cinema (Colin Firth), que mais parece uma série de abusos sexuais.

Um dia começa a trabalhar no cinema um rapaz negro e bonito chamado Stephan (Micheal Ward). Hillary se apaixona pelo moço, que corresponde, mas fica difícil entender a relação entre os dois. É amor? Carência? Há uma cena (até bonita) envolvendo um pombo com a asa quebrada que carrega demais no simbolismo. O fato de Stephan ser negro rende algumas cenas de racismo, mas o filme não perde o tom de um belo cartão postal nem em uma cena que deveria ser violenta. Há subtramas que não vão a lugar algum (como uma ex-namorada de Stephan que aparece e desaparece sem efeito nenhum). Há alguma cenas melodramáticas quando Hillary para de tomar os remédios.

No meio de tudo isso ainda há o "amor pelo cinema", em sequências perdidas como uma premiere de "Carruagens de Fogo" (Hugh Hudson, 1981) ou quando Hillary assiste, sozinha, a "Muito Além do Jardim" (Hal Ashby, 1979). Enfim, um filme tecnicamente belíssimo mas, ao contrário da fotografia do mestre Roger Deakins, bastante sem foco. Disponível na Star+.

terça-feira, 21 de junho de 2022

A Escada (The Staricase, 2022)

 
A Escada (The Staricase, 2022). Dir: Antonio Campos. HBO Max. Minissérie em oito capítulos baseada na história real de Michael Paterson (Colin Firth), um escritor americano acusado de matar a esposa. Em dezembro de 2001, Paterson chamou uma ambulância para socorrer a mulher, que encontrou caída na escada; ela estava em uma poça de sangue e Paterson foi acusado de assassinato, apesar de jurar que a esposa havia simplesmente sofrido um acidente. A minissérie é muito bem produzida e tem um elenco e tanto; Colin Firth, Toni Collette, Juliette Binoche, Michael Stuhlbarg, Sophie Turner, Rosemarie DeWitt, Parker Posey, entre muitos outros.

A trama faz um vai e vem entre várias linhas de tempo, informadas por letreiros na tela ou indicadas por mudanças no visual dos personagens. A série também é metalinguística; uma equipe de documentaristas acompanhou a história real (o documentário está na Netflix, aliás) e a equipe técnica (diretor, produtor, editora) estão presentes como personagens. Colin Firth está muito bem como Paterson, uma pessoa difícil de decifrar, mas que tem um ego enorme e gosta de estar no centro das atenções (quem aceitaria a presença de câmeras durante uma investigação de assassinato?).

Independentemente de ser um assassino ou não, Paterson é bem contraditório, aquele tipo de pessoa que pode elogiar a esposa ou os filhos em uma frase e, em seguida, falar alguma coisa horrível. O ritmo é bem lento, são oito capítulos de uma hora de duração e o roteiro dá espaço para revelar as facetas de várias personagens. Toni Collette, como a esposa Kathleen, é uma personagem trágica, sempre exausta, lutando para manter o trabalho, a casa, os filhos e o marido, que mais parece outro filho. As várias teorias sobre a morte dela são mostradas em cenas bastante sangrentas. Binoche, uma das maiores atrizes do cinema, também é uma figura trágica como uma mulher que acredita em Paterson, mas nunca consegue realmente compreendê-lo. A direção é de Antonio Campos, americano nascido em Nova York filho do jornalista brasileiro Lucas Mendes. Harrison Ford estava escalado originalmente para viver Paterson, mas desistiu. A série me lembrou muito “O Reverso da Fortuna” (1990), de Barbet Schroeder, em que Jeremy Irons era acusado de matar a esposa. "A Escada" está disponível na HBO Max.

sábado, 21 de janeiro de 2012

O Espião que Sabia Demais

Nem James Bond ou Ethan Hunt podem ser vistos no ambiente esfumaçado da central de Inteligência britânica. No lugar de agentes impecáveis e de boa aparência, o que se vê são homens gastos pelo tempo, cheios de rugas e desconfiados da própria sombra. Este é o mundo da espionagem mostrado em "O Espião que Sabia Demais", baseado em livro do escritor John Le Carre. São os anos 70, na Inglaterra, em plena Guerra Fria. Uma série de vazamentos de informações sugerem que há um traidor dentro do serviço secreto inglês, alguém da alta cúpula. Após uma operação desastrosa em Budapeste, em que um agente britânico é baleado e aparentemente morto, o Primeiro Ministro pede a cabeça de Control (John Hurt), o chefe de operações do serviço secreto, e de seu principal aliado, o agente George Smiley (Gary Oldman). Control morre misteriosamente em seguida, e Smiley é chamado pelo Primeiro Ministro para investigar, agora de fora das operações, os principais agentes britânicos na ativa, todos suspeitos de serem o traidor. São eles Bill Haydon (Colin Firth, de "O Discurso do Rei"), Roy Bland (Ciáran Hinds), Percy Alleline (Toby Jones) e Toby Esterhase (David Dancik).

Dirigido com extrema competência por Tomas Alfredson (diretor sueco conhecido por "Deixe ela entrar", 2008), "O Espião que Sabia Demais" é um ótimo thriller de espionagem. A trama é apropriadamente complicada, deixando a maioria dos espectadores menos atentos perdida. Este não é um filme de perseguições em alta velocidade ou tiroteios como em uma aventura de Jason Bourne; é uma obra lenta, lapidada cena a cena e lidando com um mundo em que a desconfiança faz parte do dia-a-dia. Gary Oldman,  54 anos, foi envelhecido para o papel e está extremamente comedido, diferentemente de seus papéis habituais. George Smiley é um enigma. É gentil e calmo em suas investigações; é o tipo de pessoa a quem os outros sabem que podem confiar um segredo, e a trama se desenrola através de várias narrações e flashbacks. A recriação de época é precisa e o espectador se encontra em um mundo diferente do de hoje. Um mundo em que pessoas mais velhas tomavam as decisões (certas ou erradas), um mundo essencialmente masculino. Há apenas um papel feminino de mais destaque, Irina (Svetlana Khodchenkova), que é a esposa de um possível desertor russo. As outras mulheres são vistas de passagem; são secretárias, funcionárias, esposas, amantes, e a mulher de um dos agentes acaba tendo uma importância surpreendente na trama, apesar de quase nem ser vista.

A fotografia é do suíço Hoyte Van Hoytema (que também fotografou "O Vencedor", 2010), em tela larga que mostra locações em Londres, Budapeste e Istambul. A trilha é do preferido de Almodóvar, Alberto Iglesias. Um filme cheio de nuances e de pequenas pistas deixadas pelo roteiro complicado de Bridget O´Connor e Peter Straughan, que não perdoa espectadores desatentos. "O Espião que Sabia Demais" é bom cinema, com destaque para o elenco acima da média.


domingo, 27 de fevereiro de 2011

Vencedores OSCAR 2011

Melhor Direção de Arte
Alice no País das Maravilhas

Melhor Direção de Fotografia
Wally Pfister, por A Origem

Melhor Atriz Coadjuvante
Melissa Leo, por O Vencedor

Melhor Animação Curta-Metragem
The Lost Thing

Melhor Animação Longa-Metragem
Toy Story 3

Melhor Roteiro Adaptado
Aaron Sorkin, por A Rede Social

Melhor Roteiro Original
David Seidler, por O Discurso do Rei

Melhor Filme Estrangeiro
Em um mundo melhor

Melhor Ator Coadjuvante
Christian Bale, por O Vencedor

Melhor Trilha Sonora
Trent Reznor e Atticus Ross, por A Rede Social

Melhor Mixagem de Som
A Origem

Melhor Edição de Som
A Origem

Melhor Maquiagem
O Lobisomen - Rick Baker e Dave Elsey

Melhor Figurino
Alice no País das Maravilhas - Colleen Atwood

Melhor Documentário Curta-Metragem
Strangers no More, de Karen Goodman e Kirk Simon

Melhor Curta-Metragem
God of Love, de Luke Matheny

Melhor Documentário Longa-Metragem
Inside Job, Charles Ferguson e Audrey Marrs

Melhores Efeitos Especiais
A Origem

Melhor Edição
A Rede Social, Angus Wall e Kirk Baxter

Melhor Canção
We belong together, de Randy Newman em Toy Story 3

Melhor Direção
Tom Hooper, por O Discurso do Rei

Melhor Atriz
Natalie Portman, em O Cisne Negro

Melhor Ator
Colin Firth, em O Discurso do Rei

Melhor Filme
O Discurso do Rei

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O Discurso do Rei

Histórias de superação quase sempre dão bons filmes. E que extraordinária história é contada em "O Discurso do Rei", dirigido por Tom Hooper e produzido pelos antigos donos da Miramax, os irmãos Bob e Harvey Weinstein.

São os anos 30, na Inglaterra. O Duke de York, Albert (Colin Firth), tem um problema que o acompanhou a vida inteira: ele é gago. No início do filme, ele tenta, sem sucesso, fazer um discurso em um evento esportivo. Ele não é o primeiro na linha de sucessão do rei George V (Michael Ganbom) mas, como príncipe, sua gagueira é um problema nestas ocasiões públicas. Após vários médicos falharem em curá-lo, sua esposa Elizabeth (Helena Bonhan Carter) encontra Lionel Logue (Geoffery Rush), um terapeuta australiano com um método particular de corrigir defeitos de fala. Para Lionel, o problema não é apenas físico, mas emocional. Mas como conseguir uma relação pessoal com um príncipe da Inglaterra?

Geoffrey Rush (um dos produtores do filme) interpreta Lionel como um homem extremamente seguro de si e que se torna o único "homem comum" a tratar o Duque de York de igual para igual. Ele insiste em chamá-lo de "Bertie" (diminutivo de Albert) e exige ser chamado pelo primeiro nome. Colin Firth, também excelente, interpreta um homem que foi a vida toda colocado para baixo pelo pai George e pelo irmão mais velho, David (Guy Pearce), que caçoava de seu defeito de fala. Aos poucos, Lionel consegue revelar os medos interiores do príncipe e mostrar que ele, na verdade, pode estar destinado a se tornar o futuro rei da Inglaterra. Ele não é o único a pensar assim. Após a morte de George V, David foi coroado com o rei Eduardo VIII, mas sua insistência em se casar com uma mulher divorciada causa desconforto na corte e na política britânica. Além disso, na Alemanha, Hitler está se revelando uma ameaça a toda Europa, e David não parece capaz de lidar com isso. O Duke de York, assim, acaba subindo ao trono como o rei George VI, às portas do início da II Guerra Mundial.

Todos estes nomes e fatos podem parecer confusos, mas o roteiro de David Seidler deixa tudo muito claro. O foco está na relação pessoal entre o terapeuta e seu paciente nobre que, de repente, tem que fazer seu primeiro pronunciamento à nação: a declaração de guerra à Alemanha nazista. Tecnicamente impecável, "O Discurso do Rei" tem bela fotografia de Danny Coen, que usa o foco para destacar seletivamente partes da imagem. A trilha original é de Alexander Desplat, mas se faz também bom uso de músicas clássicas de Mozart e Beethoven. O roteiro abre espaço para mostrar o relacionamento de Lionel com a esposa e os filhos, assim como os bastidores da família real britânica. Mas é nos diálogos (às vezes duelos verbais) entre Geoffrey Rush e Colin Firth que o filme tem seus melhores momentos.

"O Discurso do Rei" venceu (em 22 de janeiro) o Producer´s Guild Award; nos últimos três anos, o vencedor deste prêmio também levou o Oscar de Melhor Filme. Colin Firth ganhou o Globo de Ouro como melhor ator em drama. O filme se torna, assim, o principal concorrente de "A Rede Social" no próximo dia 27 de fevereiro, dia da entrega do Oscar.

Atualização: "O Discurso do Rei" foi o recordista de indicações ao Oscar deste ano, concorrendo a Melhor Filme, Diretor (Tom Hooper), Roteiro Original (David Seidler), Ator (Colin Firth), Atriz Coadjuvante (Helena Bonhan Carter), Ator Coadjuvante (Geoffrey Rush), Direção de Arte, Fotografia (Danny Coen), Figurino, Edição (Montagem), Trilha Sonora (Alexander Desplat) e Mixagem de Som.