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quarta-feira, 19 de maio de 2021

A Mulher na Janela (The Woman in the Window, 2021)

A Mulher na Janela (The Woman in the Window, 2021). Dir: Joe Wright. Netflix. Lendo sobre os bastidores deste filme deu para entender porque ele é tamanha bagunça. Originalmente programado para ser lançado em 2019, "A Mulher na Janela" foi massacrado em exibições teste, o que forçou o estúdio (20th Century Fox) a refilmar várias cenas. Aí chegou 2020 e... claro, pandemia, o que atrasou novamente o lançamento nos cinemas. O filme acabou sendo comprado pela Netflix e lançado ontem na telinha. E é uma bomba.

Amy Adams se entrega totalmente ao papel de uma psiquiatra infantil que sofre constantes ataques de pânico e está confinada em uma casa enorme em Manhattan, NY. Como ela não consegue sair, o mundo chega até ela através de telefonemas com o ex-marido e a filha, entregadores de todos os tipos e o psiquiatra, interpretado por Tracy Letts (que escreveu o roteiro). Parece a descrição de qualquer um na pandemia, não? Em uma clara homenagem/cópia à "Janela Indiscreta", obra prima de Hitchcock, Amy Adams passa o tempo observando os vizinhos pela janela. Claro que ela acaba vendo (ou não?) um crime do outro lado da rua. Ela chama a polícia, mas quem acreditaria em alguém que toma antidepressivos com taças e mais taças de vinho?

Poderia ser um bom suspense se fosse apenas uma cópia honesta de Hitchcock, mas o filme complica com tramas sobre violência doméstica, pessoas que desaparecem, alucinações, traumas do passado e uma trilha sonora irritante que simplesmente não para de tocar. Atores do calibre de Gary Oldman, Julianne Moore, Jennifer Jason Lee, Anthony Mackie, Wyatt Russell, entre outros, estão desperdiçados em um roteiro mirabolante que resolve terminar tudo com vários clichês. Tá na Netflix.
 

domingo, 27 de julho de 2014

Planeta dos Macacos: O Confronto

O primeiro nome a aparecer nos créditos ao final de "Planeta dos Macacos: O Confronto" é o de Andy Serkis. É impressionante, uma vez que Serkis nunca é visto "em carne e osso". Ele interpreta novamente o personagem principal, o macaco evoluído César. O ator ficou famoso depois de dar vida a Gollun na trilogia do "Senhor dos Anéis" e se tornou uma espécie de ator símbolo de um novo tipo de interpretação cinematográfica, tornada possível graças a uma tecnologia chamada de performance capture, uma evolução no processo de motion capture (em que os movimentos do ator são capturados pelo computador e transformados em computação gráfica).

"O Confronto" é a continuação de "Planeta dos Macacos: A Origem" e é, sob todos os aspectos, muito superior. Passado dez anos após os eventos do primeiro filme, "O Confronto" mostra como quase toda a Humanidade foi aniquilada pela "gripe símia", doença criada artificialmente em laboratório na mutação de uma droga contra o Mal de Alzheimer. A droga foi também responsável pela evolução extraordinária de macacos usados como cobaias, que se rebelaram e fugiram para as florestas próximas à cidade de São Francisco, Califórnia. O grupo, liderado por César (Serkis), construiu uma sociedade razoavelmente evoluída, que sabe usar o fogo, montar em cavalos, se comunica por meio da linguagem de sinais e voz e conhece até os rudimentos da escrita. Os Humanos estavam desaparecidos há anos e tudo ia bem na comunidade dos macacos até que um grupo de sobreviventes de São Francisco entra na floresta em busca de uma usina hidroelétrica. Eles são liderados por Malcolm (Jason Clarke, muito melhor do que James Franco, do filme anterior), que tenta dialogar com César. O problema é que tanto entre os humanos quanto entre os macacos há os que acham que a convivência pacífica é impossível. Os macacos são fisicamente superiores mas os humanos têm armas de fogo. (leia mais abaixo)


Dirigido por Matt Reeves, o filme é tanto um assombro técnico quanto é uma narrativa extremamente competente. Tenho certa ressalva com o modo como os macacos se comunicam, com uma linha de raciocínio que me pareceu humana demais. O uso de legendas, em vários momentos, é redundante (é necessário escrever "Pare" quando um macaco vira para o outro e levanta a mão?). O roteiro, de Mark Monback, Rick Jaffa e Amanda Silver, aliado aos ótimos efeitos especiais, é bem sucedido em criar tanto a comunidade dos macacos quanto a dos humanos sobreviventes, assustados e sem recursos, que se aglomeram em São Francisco. Gary Oldman, como o líder dos humanos, não é o vilão maniqueísta que se poderia esperar, mas um homem que perdeu muito e tem que proteger os seus. Quando a diplomacia fracassa e o confronto do título se inicia, há uma série de cenas épicas de luta entre os macacos, empunhando armas e cavalgando cavalos, e os humanos barricados em uma São Francisco destruída pelos anos de abandono.

"Planeta dos Macacos: O Confronto", é muito superior ao anterior e eleva os efeitos especiais a outro nível. Há quem diga que Andy Serkis deveria ser indicado ao Oscar por sua interpretação, mesmo que virtual. Se formos levar em conta que filmes construídos quase todos no computador como "Gravidade" e "Avatar" já ganharam o Oscar de Melhor Fotografia, talvez tenhamos chegado à era em que personagens virtuais deveriam ser premiados por suas interpretações. O sucesso deste filme, com certeza, vai gerar continuações, que vão ter que se esforçar muito para se igualar a este capítulo.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Os Infratores

"Os Infratores" vale mais pelos aspectos técnicos e pelo elenco do que pelo filme. Passado nos anos 1930 durante a "lei seca", ele é extremamente violento e trata da família Bondurant, formada por três irmãos, Forrest (Tom Hardy, de "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge"), Howard (Jason Clarke) e Jack (Shia Labeouf, de "Wall Street"). A "lei seca" proibia a fabricação e comercialização de bebidas alcoólicas, o que causou o surgimento de milhares de produtores ilegais de bebida. No condado de Franklin, no estado da Virginia, havia tantos fabricantes que, à noite, as florestas ficavam iluminadas pelo fogo dos alambiques ilegais. A família Bondurant é uma das mais prósperas, e há uma lenda que diz que os irmãos são invencíveis, quase imortais.

Os negócios da família são ameaçados pela chegada do agente federal Charlie Hakes (Guy Pearce, de "Prometheus"), um homem elegante mas extremamente cruel. Vestido sempre com roupas sociais, gravata borboleta e luvas, Hakes tem os cabelos tingidos e a fala suave, mas é um homem corrupto que quer uma parte do negócio dos Bondurant. Forrest, o mais velho, se recusa a colaborar e começa uma guerra particular com o agente federal. O problema é que o roteiro (escrito pelo músico e ator Nick Cave), uma vez estabelecida a premissa da história, não consegue desenvolvê-la direito. Fica clara logo no início a situação de antagonismo entre os irmãos Bondurant e Charlie Hakes mas, estranhamente, nada acontece por boa parte do filme. Ou, quando acontece, não há as consequências esperadas. Há uma sequência, por exemplo, em que Hakes dá uma surra em Jack, o irmão mais novo, interpretado por Shia Labeouf. É de se esperar que os irmãos mais velhos de Jack, cabeça quente que são, ataquem Hakes, mas nada acontece. Não só isso, depois de ser surrado violentamente no rosto, Jack aparece com apenas alguns hematomas na cena seguinte. Para um filme tão cuidadoso na direção de arte e recriação de época, falhas como esta chamam a atenção. Em meio a tanta testosterona, há duas mulheres na trama. Uma é Maggie, interpretada por uma das atrizes mais belas hoje em Hollywood, Jessica Chastain (de "A Árvore da Vida", "Coriolano", "Histórias Cruzadas"). Ela é uma ex-dançarina de Chicago que deixa a cidade grande para, ironicamente, procurar por uma vida mais calma no interior. Ela arruma emprego no restaurante dos Bondurant e, aos poucos, ganha o coração duro do irmão mais velho, Forrest. A outra mulher é Bertha (Mia Wasikowska, de "Inquietos"), a filha do pastor da cidade. Ela atrai a atenção do personagem de LaBeouf, que faz de tudo para impressionar a moça, como comprar roupas novas e um carro caro.

"Os Infratores" é dirigido pelo australiano John Hillcoat e tinha tudo para ser muito bom, mas o espectador fica esperando o filme decolar. Há boas cenas de suspense e tiroteio entre os irmãos e a polícia, e cenas ternas de romance entre Shia Labeouf e Mia Wasikowska, mas é tudo muito longo e, o que é pior, inconsequente. O grande ator Gary Oldman, que faz o gângster Floyd Banner, é simplesmente esquecido pelo roteiro no meio do filme. A lenda sobre os Bondurant serem imortais, ao invés de ser contrariada pelo roteiro, acaba sendo confirmada por várias situações difíceis de acreditar. Jessica Chastain é atacada por dois gângsters violentos em uma cena e, pouco depois, aparece intocada. E o próprio caráter dos Bondurant é incongruente. Eles são vistos praticando atos de extrema violência em alguns momentos, mas são incapazes de fazer mal a Charlie Hakes, cada vez mais sanguinário. Assim, "Os Infratores" pode ter seus bons momentos, mas acaba sendo uma experiência decepcionante. Visto no Kinoplex, Campinas.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge

Oito anos se passaram desde os eventos relatados em "Batman: O Cavaleiro das Trevas" (2008). Gothan City está livre da ameaça dos bandidos graças a uma lei de "tolerância zero" idealizada por Harvey Dent (Aaron Eckhart) e Batman está desaparecido. Ele foi declarado culpado pela morte de Dent e, com a cidade em paz, está aposentado. Bruce Wayne vive recluso em sua mansão e as pessoas pensam nele como uma espécie de Howard Hughes. A paz, claro, está para terminar. Um Vilão (com "V" maiúsculo) está chegando à cidade; ele é Bane (Tom Hardy), um gigante musculoso e assustador que fala com a voz distorcida por uma máscara. Retomando a trama de "Batman Begins" (2000), Bane é um membro da "Liga das Sombras", organização liderada por Lian Neeson que planejava reduzir Gothan City a cinzas.

"O Cavaleiro das Trevas Ressurge" é o capítulo final da franquia regida por Christopher Nolan, diretor que, apesar de extremamente competente, não é conhecido nem pela modéstia ou pela humildade; Nolan gosta de espetáculos grandiosos e um pouco auto-importantes demais. Há quem o ache um gênio, enquanto outros o consideram um charlatão competente. O fato é que, com apenas 42 anos, o britânico Nolan conquistou um lugar entre os grandes diretores hoje no cinemão americano. O espectador que conseguir passar por cima da mão pesada do diretor vai gostar bastante deste episódio final do Homem Morcego. O filme tem 164 minutos de duração e muito pouco humor, e seria mais fácil de digerir se não se levasse tanto a sério. É o tipo de filme de super-herói que não faz auto-paródia, como "Os Vingadores", por exemplo.

Nolan trabalha com um elenco que o acompanha não só desde o primeiro "Batman", mas muitos deles também trabalharam com ele em "A Origem" (2010), como Michael Caine (o mordomo Alfred), Tom Hardy (irreconhecível como Bane), Joseph Gordon-Levitt (o policial Blake) e a francesa Marion Cotillard (Miranda Tate). Morgan Freeman volta como o "professor pardal" Lucius Fox e Gary Oldman reassume o papel do Comissário Gordon. Anne Hathaway estréia como a Mulher Gato, que não é necessariamente uma vilã. Christian Bale interpreta novamente Wayne e Batman. A trama é, como todo roteiro de Nolan, complicada. Bane se apodera de um reator desenvolvido pelas empresas Wayne que geraria energia limpa para a cidade de Gothan, mas que nunca havia sido usado porque Bruce Wayne temia, com razão, que ele pudesse ser transformado em uma arma. É exatamente o que faz Bane, com a ajuda de um cientista russo que ele captura em uma sequência espetacular que abre o filme. De posse da bomba nuclear, Bane faz toda cidade de Gothan de refém, cortando as ligações com o resto do mundo. Gothan, neste filme, foi filmada em Nova York, e não em Chicago, como nos outros filmes, para reforçar o isolamento da ilha de Manhattan.

(AVISO DE SPOILERS) Bane destrói a Bolsa de Valores, implode um estádio de futebol americano (em uma cena espetacular já revelada nos trailers) e faz um discurso aos cidadãos da cidade que é uma mistura de anarquismo com um socialismo deturpado. Muito pesado para um filme de super-heróis? Talvez, mas este é o cinema de Christopher Nolan. E onde está Batman, em meio a tudo isso? Ele, ou Bruce Wayne, está no fundo de um poço/prisão daqueles que só existem em filmes, pois dão ao herói a chance de escapar (um vilão de verdade simplesmente mataria Bruce Wayne, mas aí não teríamos o filme, certo?). Pena que, depois de tanta pompa e circunstância, o final de "Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge" caia no clichê de uma luta corpo a corpo e em uma bomba daquelas que tem um contador grande e vermelho mostrando quantos segundos faltam para ela explodir. Apesar disso tudo, para quem gosta de um filme lento e bem feito, "Batman" é bom de se ver. Nolan, indo na contra-mão do cinema digital, é dos diretores que ainda usam película para filmar e, mais louvável ainda, se recusou a fazer o filme em três dimensões, como dita a "moda" corrente. Assim como nos outros capítulos, partes do filme foram filmadas em sistema IMAX, com película de bitola de maior resolução, o que dá ao filme um visual espetacular. E apesar de estar sendo divulgado como o último filme do super-herói, o final deixa aberta a porta para possíveis continuações.

sábado, 21 de janeiro de 2012

O Espião que Sabia Demais

Nem James Bond ou Ethan Hunt podem ser vistos no ambiente esfumaçado da central de Inteligência britânica. No lugar de agentes impecáveis e de boa aparência, o que se vê são homens gastos pelo tempo, cheios de rugas e desconfiados da própria sombra. Este é o mundo da espionagem mostrado em "O Espião que Sabia Demais", baseado em livro do escritor John Le Carre. São os anos 70, na Inglaterra, em plena Guerra Fria. Uma série de vazamentos de informações sugerem que há um traidor dentro do serviço secreto inglês, alguém da alta cúpula. Após uma operação desastrosa em Budapeste, em que um agente britânico é baleado e aparentemente morto, o Primeiro Ministro pede a cabeça de Control (John Hurt), o chefe de operações do serviço secreto, e de seu principal aliado, o agente George Smiley (Gary Oldman). Control morre misteriosamente em seguida, e Smiley é chamado pelo Primeiro Ministro para investigar, agora de fora das operações, os principais agentes britânicos na ativa, todos suspeitos de serem o traidor. São eles Bill Haydon (Colin Firth, de "O Discurso do Rei"), Roy Bland (Ciáran Hinds), Percy Alleline (Toby Jones) e Toby Esterhase (David Dancik).

Dirigido com extrema competência por Tomas Alfredson (diretor sueco conhecido por "Deixe ela entrar", 2008), "O Espião que Sabia Demais" é um ótimo thriller de espionagem. A trama é apropriadamente complicada, deixando a maioria dos espectadores menos atentos perdida. Este não é um filme de perseguições em alta velocidade ou tiroteios como em uma aventura de Jason Bourne; é uma obra lenta, lapidada cena a cena e lidando com um mundo em que a desconfiança faz parte do dia-a-dia. Gary Oldman,  54 anos, foi envelhecido para o papel e está extremamente comedido, diferentemente de seus papéis habituais. George Smiley é um enigma. É gentil e calmo em suas investigações; é o tipo de pessoa a quem os outros sabem que podem confiar um segredo, e a trama se desenrola através de várias narrações e flashbacks. A recriação de época é precisa e o espectador se encontra em um mundo diferente do de hoje. Um mundo em que pessoas mais velhas tomavam as decisões (certas ou erradas), um mundo essencialmente masculino. Há apenas um papel feminino de mais destaque, Irina (Svetlana Khodchenkova), que é a esposa de um possível desertor russo. As outras mulheres são vistas de passagem; são secretárias, funcionárias, esposas, amantes, e a mulher de um dos agentes acaba tendo uma importância surpreendente na trama, apesar de quase nem ser vista.

A fotografia é do suíço Hoyte Van Hoytema (que também fotografou "O Vencedor", 2010), em tela larga que mostra locações em Londres, Budapeste e Istambul. A trilha é do preferido de Almodóvar, Alberto Iglesias. Um filme cheio de nuances e de pequenas pistas deixadas pelo roteiro complicado de Bridget O´Connor e Peter Straughan, que não perdoa espectadores desatentos. "O Espião que Sabia Demais" é bom cinema, com destaque para o elenco acima da média.