domingo, 27 de julho de 2014

Planeta dos Macacos: O Confronto

O primeiro nome a aparecer nos créditos ao final de "Planeta dos Macacos: O Confronto" é o de Andy Serkis. É impressionante, uma vez que Serkis nunca é visto "em carne e osso". Ele interpreta novamente o personagem principal, o macaco evoluído César. O ator ficou famoso depois de dar vida a Gollun na trilogia do "Senhor dos Anéis" e se tornou uma espécie de ator símbolo de um novo tipo de interpretação cinematográfica, tornada possível graças a uma tecnologia chamada de performance capture, uma evolução no processo de motion capture (em que os movimentos do ator são capturados pelo computador e transformados em computação gráfica).

"O Confronto" é a continuação de "Planeta dos Macacos: A Origem" e é, sob todos os aspectos, muito superior. Passado dez anos após os eventos do primeiro filme, "O Confronto" mostra como quase toda a Humanidade foi aniquilada pela "gripe símia", doença criada artificialmente em laboratório na mutação de uma droga contra o Mal de Alzheimer. A droga foi também responsável pela evolução extraordinária de macacos usados como cobaias, que se rebelaram e fugiram para as florestas próximas à cidade de São Francisco, Califórnia. O grupo, liderado por César (Serkis), construiu uma sociedade razoavelmente evoluída, que sabe usar o fogo, montar em cavalos, se comunica por meio da linguagem de sinais e voz e conhece até os rudimentos da escrita. Os Humanos estavam desaparecidos há anos e tudo ia bem na comunidade dos macacos até que um grupo de sobreviventes de São Francisco entra na floresta em busca de uma usina hidroelétrica. Eles são liderados por Malcolm (Jason Clarke, muito melhor do que James Franco, do filme anterior), que tenta dialogar com César. O problema é que tanto entre os humanos quanto entre os macacos há os que acham que a convivência pacífica é impossível. Os macacos são fisicamente superiores mas os humanos têm armas de fogo. (leia mais abaixo)


Dirigido por Matt Reeves, o filme é tanto um assombro técnico quanto é uma narrativa extremamente competente. Tenho certa ressalva com o modo como os macacos se comunicam, com uma linha de raciocínio que me pareceu humana demais. O uso de legendas, em vários momentos, é redundante (é necessário escrever "Pare" quando um macaco vira para o outro e levanta a mão?). O roteiro, de Mark Monback, Rick Jaffa e Amanda Silver, aliado aos ótimos efeitos especiais, é bem sucedido em criar tanto a comunidade dos macacos quanto a dos humanos sobreviventes, assustados e sem recursos, que se aglomeram em São Francisco. Gary Oldman, como o líder dos humanos, não é o vilão maniqueísta que se poderia esperar, mas um homem que perdeu muito e tem que proteger os seus. Quando a diplomacia fracassa e o confronto do título se inicia, há uma série de cenas épicas de luta entre os macacos, empunhando armas e cavalgando cavalos, e os humanos barricados em uma São Francisco destruída pelos anos de abandono.

"Planeta dos Macacos: O Confronto", é muito superior ao anterior e eleva os efeitos especiais a outro nível. Há quem diga que Andy Serkis deveria ser indicado ao Oscar por sua interpretação, mesmo que virtual. Se formos levar em conta que filmes construídos quase todos no computador como "Gravidade" e "Avatar" já ganharam o Oscar de Melhor Fotografia, talvez tenhamos chegado à era em que personagens virtuais deveriam ser premiados por suas interpretações. O sucesso deste filme, com certeza, vai gerar continuações, que vão ter que se esforçar muito para se igualar a este capítulo.

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