quinta-feira, 10 de julho de 2014

O lugar onde tudo termina

Este é daqueles filmes em que a inevitabilidade do destino parece ditar cada passo, cada respiro dos personagens. É, ao mesmo tempo, opressor e liberador. Sobreviver ou não depende do quanto se aceita ou se luta contra a própria sorte.

Luke (Ryan Gosling, de "Drive", em personagem estranhamente parecido) nasceu para pilotar motos. Ele tem o corpo todo tatuado e leva uma vida errante, acompanhando um parque de diversões como piloto no Globo da Morte. Ao retornar para a pequena cidade de Schenectady, Nova York, descobre que um caso passageiro que teve no ano anterior resultou em um filho, Jason. A mãe, Romina (Eva Mendes), trabalha como garçonete e está morando com um homem honesto e trabalhador, Kofi (Mahershala Ali, de "House of Cards"). Ao saber do filho, Luke sonha em reconquistar Romina e prover para o garoto, mas a única forma que ele consegue imaginar para fazê-lo é roubando bancos da região, dos quais foge, como raio, em sua motocicleta. (leia mais abaixo)


Avery Cross (Bradley Cooper, diferente dos papéis em "Trapaça" e "O Lado Bom da Vida") é um policial que é ferido ao trocar tiros com um bandido também na cidade de Schenectady. Os meses de recuperação colocam pressão sobre seu casamento e o expõem a um lado corrupto da polícia que ele não conhecia. É só a figura do grande ator Ray Liotta aparecer como policial para que o espectador saiba que há algo de muito errado na corporação. Avery tem que decidir se embarca nos esquemas de corrupção ou tenta sair deles. Quem sabe ele não poderia usar da oportunidade para se promover politicamente?

O filme acompanha também as vidas de dois adolescentes de 16 anos, Jason (Dane DeHaan, de "O Espetacular Homem-Aranha 2") e A.J. (Emory Cohen). Os dois frequentam a mesma escola, em Schenectady, e começam a se envolver com drogas e pequenos delitos. Jason não sabe quem é seu pai de verdade. A mãe diz que ele morreu em um acidente de carro.

Não vou revelar o modo como estas três histórias se ligam. O fato é que o roteiro do diretor Derek Cianfrance ("Namorados para Sempre") é ambicioso e não foge de grandes decisões. Causas nem sempre são acompanhadas por consequências de forma imediata. Um espaço de 15 anos separa a primeira cena (um ótimo plano sequência mostrando Ryan Gosling caminhando para o Globo da Morte) da última (outro personagem partindo em uma moto). Com 140 minutos de duração, "O lugar onde tudo termina" é grande cinema, para ser visto com atenção. Disponível na Netflix.

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