A Mulher na Janela (The Woman in the Window, 2021). Dir: Joe Wright. Netflix. Lendo sobre os bastidores deste filme deu para entender porque ele é tamanha bagunça. Originalmente programado para ser lançado em 2019, "A Mulher na Janela" foi massacrado em exibições teste, o que forçou o estúdio (20th Century Fox) a refilmar várias cenas. Aí chegou 2020 e... claro, pandemia, o que atrasou novamente o lançamento nos cinemas. O filme acabou sendo comprado pela Netflix e lançado ontem na telinha. E é uma bomba.
Amy Adams se entrega totalmente ao papel de uma psiquiatra infantil que sofre constantes ataques de pânico e está confinada em uma casa enorme em Manhattan, NY. Como ela não consegue sair, o mundo chega até ela através de telefonemas com o ex-marido e a filha, entregadores de todos os tipos e o psiquiatra, interpretado por Tracy Letts (que escreveu o roteiro). Parece a descrição de qualquer um na pandemia, não? Em uma clara homenagem/cópia à "Janela Indiscreta", obra prima de Hitchcock, Amy Adams passa o tempo observando os vizinhos pela janela. Claro que ela acaba vendo (ou não?) um crime do outro lado da rua. Ela chama a polícia, mas quem acreditaria em alguém que toma antidepressivos com taças e mais taças de vinho?
Poderia ser um bom suspense se fosse apenas uma cópia honesta de Hitchcock, mas o filme complica com tramas sobre violência doméstica, pessoas que desaparecem, alucinações, traumas do passado e uma trilha sonora irritante que simplesmente não para de tocar. Atores do calibre de Gary Oldman, Julianne Moore, Jennifer Jason Lee, Anthony Mackie, Wyatt Russell, entre outros, estão desperdiçados em um roteiro mirabolante que resolve terminar tudo com vários clichês. Tá na Netflix.
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quarta-feira, 19 de maio de 2021
A Mulher na Janela (The Woman in the Window, 2021)
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segunda-feira, 8 de abril de 2013
Anna Karenina
Um clássico russo de Leon Tolstoy, figurinos requintados, recriação de época, muito drama; como fazer para tornar esta história algo mais do que "mais um" filme histórico? A solução encontrada pelo diretor Joe Wright foi bem engenhosa e visualmente interessante. Ele e Keira Knightley já trabalharam juntos antes em adaptações de clássicos da literatura como "Orgulho e Preconceito" (2005) e "Desejo e Reparação" (2007), mas nenhum destes filmes tinha o requinte empregado na produção do drama de Tolstoy.
Grande parte do filme se passa dentro de um teatro, e o espectador pode ver as mudanças de cenários, iluminação, etc, enquanto os personagens vivem alheios às amarras da sociedade. A metáfora é óbvia, mas não menos interessante: a alta sociedade russa do final do século 19 segue regras de comportamento como atores interpretam um roteiro pré-estabelecido. A bela Anna Karenina (Keira Knightley) sai de São Petesburgo, onde é bem casada e tem um filho de 8 anos, e vai à Moscou tentar convencer a cunhada Dolly (Kelly Macdonald) a perdoar as infidelidades do marido, o Sr. Oblonsky (Matthew Macfadyen, muito divertido). Logo ao chegar a Moscou, no entanto, Anna vai ter a própria fidelidade testada ao conhecer o jovem Conde Vronsky (Aaron Taylor-Johnson, de "Selvagens"); há uma sequência muito bem feita passada em um baile em que Vronsky, que estava prometido para a princesa Kitty (Alicia Vikander, de "O Amante da Rainha"), seduz Karenina e os dois dançam a noite toda, diante dos olhos escandalizados da elite russa. O romance é arrebatador e tão inevitável quanto "errado". Anna é casada com um político importante (Jude Law, bastante sóbrio) que lhe é 20 anos mais velho e avesso a escândalos. Quando Anna confessa o romance ao marido, ele tenta negociar; ela deve terminar tudo, ou então vai perder o lugar na sociedade, cair em desgraça e, ainda por cima, perder o filho. Claro que ela promete, e não cumpre, pagando um preço caro por suas decisões.
Há ainda um outro personagem, Konstantin Levin (Domhnall Gleeson), que representa o lado mais "social" do texto de Tolstoy. Ele é apaixonado pela princesa Kitty mas não consegue viver dentro das regras de Moscou. Ele é dono de uma pequena fazenda no interior, onde arregaça as mangas e trabalha junto dos próprios empregados na colheita. As cenas protagonizadas por Konstantin, seguindo a metáfora visual criada pelo filme, são passadas fora do "teatro", em cenários reais nas paisagens da Rússia. Também as cenas de romance entre Anna e Vronsky são mostradas ao ar livre, como se seu romance estivesse longe do alcance das regras da sociedade. O roteiro foi adaptado pelo conceituado dramaturgo Tom Stoppard (que ganhou o Oscar por "Shakespeare Apaixonado") e "Anna Karenina" tem ótima direção de fotografia (de Seamus McGarvey) e o figurino de Jacqueline Durran foi premiado no último Oscar. Visto no Topázio Cinemas, Campinas.
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