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sábado, 31 de dezembro de 2022

Trem Bala (Bullet Train 2022)

Trem Bala (Bullet Train 2022). Dir: David Leitch. HBO Max. Filme de (ultra) ação que lembra aquelas produções estilizadas e cheias de piadinhas de Guy Ritchie, tipo "Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes" ou "Snatch: Porcos e Diamantes". Múltiplos personagens cheios de manias e frases de efeito mais ação ininterrupta colocados dentro de um trem bala (também estilizado) entre Tóquio e Kyoto, no Japão. O diretor é David Leitch, de filmes como "Deadpool 2" e "Atômica".

O elenco é grande, mas Brad Pitt (por ser Brad Pitt) é o personagem principal, um matador de aluguel que resolveu pegar um "serviço fácil": entrar em um trem bala, roubar uma mala cheia de dinheiro e descer na primeira estação. Claro que não vai ser tão tranquilo. Dentro do mesmo trem estão uma dupla de assassinos (Aaron Taylor Johnson e Brian Tyree Henry), um gângster japonês (Andrew Koji), o pai dele (Hiroyuki Sanada) e uma garota aparentemente inocente (Joey King). Todos estão interligados em uma trama complicada que envolve a tal mala de dinheiro, o sequestro do filho de um chefão do crime e várias pessoas querendo vingança.

Parênteses: eu queria saber o que aconteceu com os editores de cinema. Pelo jeito nenhum deles têm poder para chegar para o diretor e dizer: "Hey, menos é mais". "Trem Bala", como vários filmes recentes, tem aqueles vinte minutos a mais que são desnecessários... o que aconteceu com aqueles filmes de ação de 90 minutos? Enfim, "Trem Bala" é bem feito, estilizado e tem personagens interessantes, embora não seja nenhuma novidade. Se você quiser bons 90 minutos (e desnecessários 30 minutos) de ação desenfreada e diálogos sarcásticos, vai se divertir. Se não... Disponível na HBO Max.

domingo, 18 de maio de 2014

Godzilla

O primeiro filme do monstro Godzilla foi lançado há 60 anos. O Japão havia sido devastado pela 2ª Guerra Mundial, tendo sofrido dois ataques nucleares, em 1945. Menos de dez anos depois o diretor Ishiro Honda lançou "Godzilla", que contava a história de um monstro acordado por um explosão nuclear. Ele fez tanto sucesso que gerou uma série de quase 30 filmes, inclusive uma versão americana (universalmente detestada) dirigida por Roland Emmerich ("Independence Day", "2012", "O Dia depois do Amanhã") em 1998.

Apesar do lagartão ter protagonizado alguns filmes japoneses neste novo milênio, era inevitável que Hollywood acabasse tentando novamente, o que aconteceu agora no aniversário de 60 anos do monstro. O responsável pelo filme é o diretor britânico Gareth Edwards, um garoto prodígio dos efeitos especiais que fez um longa metragem (chamado "Monstros"...claro) em 2010 em que foi diretor, produtor, roteirista e responsável pelos efeitos visuais. O novo "Godzilla", sem mais delongas, é uma decepção. Uma brilhante campanha publicitária criou trailers cheios de suspense em que pouca coisa era revelada; alguns usaram até a música do romeno Gyorgy Ligeti (usada em "2001 - Uma Odisseia no Espaço") e a narração de J. Robert Oppenheimer (o criador da Bomba Atômica) para da um ar mais "sério" ao filme. Pouco se via do próprio Godzilla ou detalhes do roteiro.

(Atenção, o texto abaixo contém SPOILERS sobre o filme. Caso não queira saber detalhes, leia somente depois de vê-lo)


O filme que chega aos cinemas, no entanto, está longe das boas sacadas da campanha publicitária. A começar pelo fato de que Bryan Cranston (famoso pela série "Breaking Bad", mas que também esteve em bons filmes como "Drive" e "Argo") não só não é o protagonista como "desaparece" rapidamente, deixando o filme nas costas de Aaron Taylor-Johnson (de "Anna Karenina"). O vazio deixado pela morte precoce de Cranston é enorme e o filme cai nos clichês de sempre. Johnson é um soldado americano que precisa "voltar para a família" e, convenientemente, é um especialista em bombas, o que já deixa implícito como é que o filme vai terminar. Dois monstros chamados  de "Muto" causam destruição por onde passam e o exército quer tentar matá-los usando bombas nucleares, mesmo tendo sido alertados pelo personagem interpretado pelo japonês Ken Watanabe de que eles se alimentam de radiação. Ele tenta também convencer os americanos de que o melhor é deixar a "Natureza encontrar seu equilíbrio" na forma de Godzilla, um lagarto de centenas de metros de altura que, neste filme, não é o vilão que fomos levados a acreditar. Além disso, o diretor fica brincando de esconde-esconde com Godzilla e os monstros e, estranhamente, deixa de mostrar quase todos os confrontos entre eles, preferindo cortar para os personagens humanos, ainda mais superficiais que os bichões digitais, ou para reportagens na TV. Se a proposta ao menos fosse como a do (tremendamente superior) "Cloverfield", produzido por J.J. Abrams, em que o monstro era visto propositalmente apenas de relance, ainda daria para entender. Do modo como foi feito por Edwards, a opção não faz sentido. E como explicar que a explosão de uma bomba nuclear na baía de São Francisco não cause a morte de toda a cidade?

Bons atores como David Strathairn, Ken Watanabe, Sally Hawkins (de "Blue Jasmine") e Juliette Binoche estão desperdiçados em personagens patéticos ou clichês, e Aaron Taylor-Johnson (que mantém a mesma expressão facial o filme todo) simplesmente não tem carisma para segurar a trama sozinho. O filme (ruim) de 1998, ao menos, sabia se divertir com as próprias falhas.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Anna Karenina

Um clássico russo de Leon Tolstoy, figurinos requintados, recriação de época, muito drama; como fazer para tornar esta história algo mais do que "mais um" filme histórico? A solução encontrada pelo diretor Joe Wright foi bem engenhosa e visualmente interessante. Ele e Keira Knightley já trabalharam juntos antes em adaptações de clássicos da literatura como "Orgulho e Preconceito" (2005) e "Desejo e Reparação"  (2007), mas nenhum destes filmes tinha o requinte empregado na produção do drama de Tolstoy.

Grande parte do filme se passa dentro de um teatro, e o espectador pode ver as mudanças de cenários, iluminação, etc, enquanto os personagens vivem alheios às amarras da sociedade. A metáfora é óbvia, mas não menos interessante: a alta sociedade russa do final do século 19 segue regras de comportamento como atores interpretam um roteiro pré-estabelecido. A bela Anna Karenina (Keira Knightley) sai de São Petesburgo, onde é bem casada e tem um filho de 8 anos, e vai à Moscou tentar convencer a cunhada Dolly (Kelly Macdonald) a perdoar as infidelidades do marido, o Sr. Oblonsky (Matthew Macfadyen, muito divertido). Logo ao chegar a Moscou, no entanto, Anna vai ter a própria fidelidade testada ao conhecer o jovem Conde Vronsky (Aaron Taylor-Johnson, de "Selvagens"); há uma sequência muito bem feita passada em um baile em que Vronsky, que estava prometido para a princesa Kitty (Alicia Vikander, de "O Amante da Rainha"), seduz Karenina e os dois dançam a noite toda, diante dos olhos escandalizados da elite russa. O romance é arrebatador e tão inevitável quanto "errado". Anna é casada com um político importante (Jude Law, bastante sóbrio) que lhe é 20 anos mais velho e avesso a escândalos. Quando Anna confessa o romance ao marido, ele tenta negociar; ela deve terminar tudo, ou então vai perder o lugar na sociedade, cair em desgraça e, ainda por cima, perder o filho. Claro que ela promete, e não cumpre, pagando um preço caro por suas decisões.

Há ainda um outro personagem, Konstantin Levin (Domhnall Gleeson), que representa o lado mais "social" do texto de Tolstoy. Ele é apaixonado pela princesa Kitty mas não consegue viver dentro das regras de Moscou. Ele é dono de uma pequena fazenda no interior, onde arregaça as mangas e trabalha junto dos próprios empregados na colheita. As cenas protagonizadas por Konstantin, seguindo a metáfora visual criada pelo filme, são passadas fora do "teatro", em cenários reais nas paisagens da Rússia. Também as cenas de romance entre Anna e Vronsky são mostradas ao ar livre, como se seu romance estivesse longe do alcance das regras da sociedade. O roteiro foi adaptado pelo conceituado dramaturgo Tom Stoppard (que ganhou o Oscar por "Shakespeare Apaixonado") e "Anna Karenina" tem ótima direção de fotografia (de Seamus McGarvey) e o figurino de Jacqueline Durran foi premiado no último Oscar. Visto no Topázio Cinemas, Campinas.