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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Os Miseráveis

Interessante ver como uma obra pode ser traduzida para diferentes mídias, com diferentes graus de sucesso. "Os Miseráveis" é um livro  escrito por Victor Hugo em 1862. A trama segue a vida de Jean Valjean, um homem condenado a 20 anos de trabalhos forçados por roubar um pedaço de pão. Ao ser solto, ele foge da condicional e assume diversas outras identidades para não ser preso pelo cruel Inspetor Javert. A história de Victor Hugo foi transformada em um musical por Claude-Michel Schönberg e Alains Boublil em 1980, em Paris, e depois ganhou apresentações em Londres, Nova York e, com o grande sucesso, no resto do mundo.

A versão cinematográfica do musical de Schömberg ficou a cargo do diretor britânico Tom Hooper, que ganhou o Oscar de diretor pelo simpático "O Discurso do Rei", em 2010. O filme é uma superprodução pomposa com 157 minutos de duração, é todo cantado e tem um elenco estelar. Hugh Jackman (o eterno "Wolverine") é Jean Valjean, um ex-presidiário que assume outra identidade (o Sr. Madeleine), prospera e se torna o prefeito de uma cidade ao sul da França. Em seu encalço está o Inspetor Javert (Russel Crowe, de "Intrigas de Estado", "72 Horas"), um policial com um firme código de conduta que, mesmo após anos, ainda procura por Valjean. Anne Hathaway (do último "Batman") é Fantine, uma mãe solteira que é levada à prostituição após perder o emprego em uma das fábricas de Valjean; ela se prostitui para enviar dinheiro para um casal que cuida da filha dela, Cossete (Isabelle Allen quando criança, Amanda Seyfried quando adulta). O destino leva Valjean a prometer a Fantine, no leito de morte, que cuidará da filha dela como se fosse sua, e após fugir mais uma vez de Javert, Valjean se refugia em um mosteiro com a menina. A trama pula para 1832, quando um grupo de revolucionários parisienses planeja uma rebelião. Cosette, já adulta, atrai a atenção de um dos rebeldes, o jovem Marius (Eddie Redmayne, de "Sete dias com Marilyn"). Tudo poderia terminar em uma sangrenta batalha em Paris, mas a trama ainda se estende até os últimos suspiros de Jean Valjean, já velho e ainda procurando pela paz.

O diretor Tom Hooper tomou algumas decisões arriscadas nesta versão de "Os Miseráveis". Uma, que deu certo, foi fazer os atores cantarem ao vivo durante as filmagens, ao invés de dublarem uma trilha pré-gravada. Isso trouxe mais realismo para as interpretações, que soam mais naturais do que geralmente se vê em musicais. Outra decisão, que não funcionou bem, foi aproximar a câmera o máximo possível dos atores durante as quase três horas de filme. Anne Hathaway tem grandes chances de levar o Oscar de melhor atriz coadjuvante por sua interpretação de "I dreamed a dream", a melhor música do filme, realizada em um plano ininterrupto de mais de três minutos de duração. A câmera fechada em Hathaway, sem cortes, passa todo o desespero da mãe que um dia teve uma vida feliz e que agora chegou ao fundo do poço, cabelos e dentes arrancados, trabalhando como prostituta e longe da filha. O problema é que o diretor usa a mesma tática em quase todos os números musicais, o que torna o filme desnecessariamente claustrofóbico. Percebe-se por trás dos atores grandes cenários (ou a sugestão deles) que simplesmente não são vistos, porque o diretor insiste em filmar em plano fechado. Há um solo de Russell Crowe em que a cidade de Paris está em segundo plano, mas é noite e podemos ver apenas as torres da Notre Dame, o resto da cidade fica na penumbra (o que é um velho truque para disfarçar efeitos especiais). O filme é longo e melodramático, o que causa tanto o choro de parte da platéia quanto a falta de paciência de outros, que abandonaram a sessão. "Os Miseráveis" foi indicado a oito Oscars, incluindo melhor filme, ator (Hugh Jackman) e atriz coadjuvante (Anne Hathaway).

ps: o longo plano de Hathaway já ganhou uma paródia no youtube em que a atriz Emma Fitzpatrick (cantando muito bem) brinca com a cena. A letra diz coisas como "eu perdi metade do meu peso, mas eles não fizeram nenhum plano aberto". Veja aqui.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Vencedores OSCAR 2011

Melhor Direção de Arte
Alice no País das Maravilhas

Melhor Direção de Fotografia
Wally Pfister, por A Origem

Melhor Atriz Coadjuvante
Melissa Leo, por O Vencedor

Melhor Animação Curta-Metragem
The Lost Thing

Melhor Animação Longa-Metragem
Toy Story 3

Melhor Roteiro Adaptado
Aaron Sorkin, por A Rede Social

Melhor Roteiro Original
David Seidler, por O Discurso do Rei

Melhor Filme Estrangeiro
Em um mundo melhor

Melhor Ator Coadjuvante
Christian Bale, por O Vencedor

Melhor Trilha Sonora
Trent Reznor e Atticus Ross, por A Rede Social

Melhor Mixagem de Som
A Origem

Melhor Edição de Som
A Origem

Melhor Maquiagem
O Lobisomen - Rick Baker e Dave Elsey

Melhor Figurino
Alice no País das Maravilhas - Colleen Atwood

Melhor Documentário Curta-Metragem
Strangers no More, de Karen Goodman e Kirk Simon

Melhor Curta-Metragem
God of Love, de Luke Matheny

Melhor Documentário Longa-Metragem
Inside Job, Charles Ferguson e Audrey Marrs

Melhores Efeitos Especiais
A Origem

Melhor Edição
A Rede Social, Angus Wall e Kirk Baxter

Melhor Canção
We belong together, de Randy Newman em Toy Story 3

Melhor Direção
Tom Hooper, por O Discurso do Rei

Melhor Atriz
Natalie Portman, em O Cisne Negro

Melhor Ator
Colin Firth, em O Discurso do Rei

Melhor Filme
O Discurso do Rei

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Indicados ao Oscar

Os indicados ao Oscar foram anunciados hoje em Los Angeles. Veja a lista a seguir e faça suas apostas.

Melhor filme
Cisne Negro (texto)
O Vencedor (texto)
A Origem (texto)
O Discurso do Rei (texto)
A Rede Social (texto)
Minhas Mães e meu Pai (texto)
Toy Story 3 (texto)
127 Horas (texto)
Bravura Indômita (texto)
Inverno da Alma (texto)

Melhor diretor
Darren Aronovsky - Cisne Negro
David Fincher - A Rede Social
Tom Hooper - O Discurso do Rei
David O. Russell - O Vencedor
Joel e Ethan Coen - Bravura Indômita

Melhor ator
Jesse Eisenberg - A Rede Social
Colin Firth - O Discurso do Rei
James Franco - 127 Horas
Jeff Bridges - Bravura Indômita
Javier Bardem - Biutiful

Melhor atriz
Nicole Kidman - Reencontrando a Felicidade
Jennifer Lawrence - Inverno da Alma
Natalie Portman - Cisne Negro
Michelle Williams - Blue Valentine
Annette Bening - Minhas Mães e meu Pai

Melhor roteiro original
Minhas Mães e meu Pai
A Origem
O Discurso do Rei
O Vencedor
Another Year

Melhor roteiro adaptado
A Rede Social
127 Horas
Toy Story 3
Bravura Indômita
Inverno da Alma

Melhor ator coadjuvante
Christian Bale - O Vencedor
Jeremy Renner - Atração Perigosa
Geoffrey Rush - O Discurso do Rei
John Hawkes - Inverno da Alma
Mark Ruffalo - Minhas Mães e meu Pai

Melhor atriz coadjuvante
Amy Adams - O Vencedor
Helena Bonham Carter - O Discurso do Rei
Jacki Weaver - Animal Kingdom
Melissa Leo - O Vencedor
Hailee Steinfeld - Bravura Indômita

Melhor longa metragem de animação
Como Treinar o Seu Dragão (texto)
O Mágico (texto)
Toy Story 3 (texto)

Melhor filme em lingua estrangeira
Biutiful
Fora-da-Lei
Dente Canino
Incendies
Em um Mundo Melhor

Melhor direção de arte
Alice no País das Maravilhas
Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte I (texto)
A Origem (texto)
O Discurso do Rei (texto)
Bravura Indômita (texto)

Melhor documentário
Lixo Extraordinário
Exit Through the Gift Shop
Trabalho Interno
Gasland
Restrepo

Melhor trilha sonora
Alexandre Desplat - O Discurso do Rei
John Powell - Como Treinar o seu Dragão
A.R. Rahman - 127 Horas
Trent Reznor e Atticus Ross - A Rede Social
Hans Zimmer - A Origem

Melhor edição
127 Horas
Cisne Negro
A Rede Social
O Discurso do Rei
O Vencedor

Melhor fotografia
A Origem
Cisne Negro
A Rede Social
O Discurso do Rei
Bravura Indômita

Melhor figurino
O Discurso do Rei
Bravura Indômita
Alice no País das Maravilhas
I am Love
The Tempest

Melhor canção original
"Coming Home", de Country Strong
"I See the Light", de Enrolados
"If I Rise", de 127 Horas
"We Belong Together", de Toy Story 3

Melhor mixagem de som
Salt
A Origem
O Discurso do Rei
Bravura Indômita
A Rede Social

Melhor edição de som
Toy Story 3
Tron - O Legado
A Origem
Bravura Indômita
Incontrolável

Melhor maquiagem
O Lobisomem
Caminho da Liberdade
Minha Versão para o Amor

Melhores efeitos visuais
Além da Vida
A Origem
Homem de Ferro 2
Alice no País das Maravilhas
Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1

Melhor curta-metragem
The Confession
The Crush
God of Love
Na Wewe
Wish 143

Melhor documentário em curta-metragem
Poster Girl
Strangers no More
Killing in the Name
Sun Come Up
The Warriors of Qiugang

Melhor curta-metragem de animação
Day & Night
Let's Pollute
The Lost Thing
The Gruffalo
Madagascar, Carnet de Voyage

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O Discurso do Rei

Histórias de superação quase sempre dão bons filmes. E que extraordinária história é contada em "O Discurso do Rei", dirigido por Tom Hooper e produzido pelos antigos donos da Miramax, os irmãos Bob e Harvey Weinstein.

São os anos 30, na Inglaterra. O Duke de York, Albert (Colin Firth), tem um problema que o acompanhou a vida inteira: ele é gago. No início do filme, ele tenta, sem sucesso, fazer um discurso em um evento esportivo. Ele não é o primeiro na linha de sucessão do rei George V (Michael Ganbom) mas, como príncipe, sua gagueira é um problema nestas ocasiões públicas. Após vários médicos falharem em curá-lo, sua esposa Elizabeth (Helena Bonhan Carter) encontra Lionel Logue (Geoffery Rush), um terapeuta australiano com um método particular de corrigir defeitos de fala. Para Lionel, o problema não é apenas físico, mas emocional. Mas como conseguir uma relação pessoal com um príncipe da Inglaterra?

Geoffrey Rush (um dos produtores do filme) interpreta Lionel como um homem extremamente seguro de si e que se torna o único "homem comum" a tratar o Duque de York de igual para igual. Ele insiste em chamá-lo de "Bertie" (diminutivo de Albert) e exige ser chamado pelo primeiro nome. Colin Firth, também excelente, interpreta um homem que foi a vida toda colocado para baixo pelo pai George e pelo irmão mais velho, David (Guy Pearce), que caçoava de seu defeito de fala. Aos poucos, Lionel consegue revelar os medos interiores do príncipe e mostrar que ele, na verdade, pode estar destinado a se tornar o futuro rei da Inglaterra. Ele não é o único a pensar assim. Após a morte de George V, David foi coroado com o rei Eduardo VIII, mas sua insistência em se casar com uma mulher divorciada causa desconforto na corte e na política britânica. Além disso, na Alemanha, Hitler está se revelando uma ameaça a toda Europa, e David não parece capaz de lidar com isso. O Duke de York, assim, acaba subindo ao trono como o rei George VI, às portas do início da II Guerra Mundial.

Todos estes nomes e fatos podem parecer confusos, mas o roteiro de David Seidler deixa tudo muito claro. O foco está na relação pessoal entre o terapeuta e seu paciente nobre que, de repente, tem que fazer seu primeiro pronunciamento à nação: a declaração de guerra à Alemanha nazista. Tecnicamente impecável, "O Discurso do Rei" tem bela fotografia de Danny Coen, que usa o foco para destacar seletivamente partes da imagem. A trilha original é de Alexander Desplat, mas se faz também bom uso de músicas clássicas de Mozart e Beethoven. O roteiro abre espaço para mostrar o relacionamento de Lionel com a esposa e os filhos, assim como os bastidores da família real britânica. Mas é nos diálogos (às vezes duelos verbais) entre Geoffrey Rush e Colin Firth que o filme tem seus melhores momentos.

"O Discurso do Rei" venceu (em 22 de janeiro) o Producer´s Guild Award; nos últimos três anos, o vencedor deste prêmio também levou o Oscar de Melhor Filme. Colin Firth ganhou o Globo de Ouro como melhor ator em drama. O filme se torna, assim, o principal concorrente de "A Rede Social" no próximo dia 27 de fevereiro, dia da entrega do Oscar.

Atualização: "O Discurso do Rei" foi o recordista de indicações ao Oscar deste ano, concorrendo a Melhor Filme, Diretor (Tom Hooper), Roteiro Original (David Seidler), Ator (Colin Firth), Atriz Coadjuvante (Helena Bonhan Carter), Ator Coadjuvante (Geoffrey Rush), Direção de Arte, Fotografia (Danny Coen), Figurino, Edição (Montagem), Trilha Sonora (Alexander Desplat) e Mixagem de Som.